Filho Amado

Último Capítulo Parte 3 – Filho Amado

FILHO AMADO.

 

CAPÍTULO 80 PARTE III.

 


 

Éssio fica em estado de choque: A culpa é minha…- Ele olha para Noronha fixamente- Se não fosse por mim naquela maldita noite da festa, nada disso taria acontecendo, ou melhor, se eu não tivesse maltratado o Noronha, tudo estaria melhor- Ele começa a chorar- Me perdoa, Noronha, por nunca termos sido cumplices e irmão de verdade…Mas ainda dá pra reatar essa relação, seja forte, e aguente firme porque de agora em diante sua vida nunca mais será a mesma…- E pega na mão do irmão- Vou pagar a minha dívida com a sociedade, e provavelmente não te verei tão cedo…Mas desejo do fundo do meu coração que se recupere, que reconstrua sua vida- Fica comovido- E que seja muito muito feliz, como merecia há muitos anos. E que esteja livre de todo ódio e rancor no coração, inclusive pela minha pessoa.

 

Éssio vai saindo quando Noronha pega forte em sua mão. Ele fica comovido. Noronha continuava a dormir. Não havia explicação pra tamanho fenômeno.

 

Mas como aquilo havia acontecido? Amor de irmão? Finalmente esse sentimento estava dominando o coração de Noronha?

 

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DIAS DEPOIS…

 

Noronha está na cadeira de rodas ao lado de Aurora, Marinez e José do Gado. Prestes a falar em público. Uma multidão se concentrava no local para ouvir sua mensagem.

 

Noronha pega o microfone: Quero aqui anunciar a todos que renuncio o cargo de prefeito que havia me sido proposto, já que o Coronel Bravejo está foragido e em regime penal, e faço isso não só por problemas de saúde como todos podem ver, mas também há uma série de coisas que não valem a pena serem esclarecidas, portanto, diante de fato inédito na cidade, anuncio que José do Gado é oficialmente o novo prefeito da cidade.

 

José aperta a mão de Noronha e é aclamado com uma salva de palmas por toda a população.

 

José, emocionado: Demorou meu povo, mas finalmente eu consegui o que queria há tanto tempo e conquistei a confiança desse cargo. Farei da cidade o que sempre sonhei. Obrigado. Muito obrigado- Ele acena enquanto todos vibram.

 

Marinez o beija: Meu campeão!

 

Na multidão, Bravejo e Ruper assistem tudo, desesperados.

 

Bravejo, inconformado: Não é possível, essa Castanha tirana conseguiu o que queria e roubou o cargo que me era de direito. Estou incrédulo, Ruper, como diziam naquela novela, estou rosa-bala!

 

Ruper: Era rosa-chiclete, Coronel…Mas tanto faz, o que importa é que estamos fora de assuntos políticos, vamos sair daqui antes que nos achem! Eu não desejo ser linchado!

 

Bravejo tira o chapéu que fazia parte de seu disfarce e bate palmas bem forte, atraindo a atenção de todos: MEU POVO, NÃO DEIXEM QUE ESSE INFAME ASSUMA A PREFEITURA! ELE NÃO TEM COMPETÊNCIA, É UM CASTANHA QUE ARRUINARÁ TUDO!

 

José aponta o dedo: É o Bravejo!! O foragido!

 

Algúem da multidão grita: ERA O HOMEM QUE ROUBAVA NOSSO DINHEIRO HÁ ANOS E DESVIAVA PRA PRÓPRIA CONTA!

 

Outro acrescenta: VAMOS ACABAR COM A RAÇA DESSE SUJEITO!

 

Bravejo, assustado: Acho que eu não devia ter feito isso…- Ele e Ruper começam a correr- CORRE! CORRE!

 

O povo corre furioso atrás do político.

 

Ruper o puxa: Vamos aproveitar que estamos perto da casa do Johne e nos esconder lá, e seja o que Deus quiser…

 

Bravejo, sem fôlego, olha pra cara das pessoas que o perseguem: Eu não tô mais rosa-chiclete, eu tô vermelho-pimentão, e não mereço isso…EU FIZ MUITO POR ESSA CIDADE E É ASSIM QUE O POVO RETRIBUI? A VIDA É CRUEL COM OS QUE SÃO BONS!- Grita, deixando todo mundo ainda mais irado.

 

Em frente a casa de Johne/ Dia.

 

Johne termina de colocar as malas no taxi: Acho que já podemos ir pro Aeroporto…Rio aí vou eu, me espere cidade maravilhosa! E os atores do projaqui que se cuidem, eu serei melhor que o Fagundes, Zé Mayer e Tony Ramos juntos! A Rede Grobo terá uma nova estrela- Ele coloca a chave da casa embaixo da pedra- Acho que tio Ruper sabe onde escondo, ele tem 15 dias pra deixar essa casa antes que os moradores novos cheguem.

 

De repente se escuta o barulho de milhares de passos.

 

Johne se assusta: Mas o que esse povo todo tá fazendo aqui?

 

Bravejo e Ruper chegam correndo.

 

Bravejo entra no taxi: VAMOS! ARRANCA COM ESSE CARRO, ME LEVA PRA CUIABÁ, PRA SANTANA DO AGRESTE OU PRA TUBIACANGA, SÓ ME TIRA DAQUI!

 

O taxista o reconhece: Ladrão! É o homem que roubava o dinheiro do povo!- Berra.

 

Bravejo sai desesperado do taxi, quando dá de cara com um policial, segurando as algemas.

 

Bravejo é algemado e levado para a viatura, a população rasga sua roupa e tenta mata-lo de qualquer maneira: EU NÃO MEREÇO ISSO! EU SOU HONESTO!

 

Ruper observa tudo de longe: Sinto muito Coronel, mas o senhor mesmo dizia que esse mundo é dos fortes, e dessa vez só eu fui forte o suficiente. Tenho que sair daqui…- Ele entra na casa de Johne.

 

No palanque…

 

Noronha e Aurora estão de mãos dadas: Tudo está bem quando acaba bem. Nossos filhos estão bem, eu também, você…O Caio, a Jasmine…

 

Aurora sorri: Somos fortes, meu amor, não é com uma besteirinha daquela que iriamos morrer.

 

Noronha olha para seus pés: As vezes a vida deixa cicatrizes eternas na gente, como aconteceu comigo- Ele engole em seco- Merecidamente- Ele lembra de tudo o que fez- Mas agora estou livre, Aurora, livre pra te amar.

 

Aurora sorri: E eu vou te amar pra sempre- Ela se abaixa e o beija.

 

José do Gado acena para o resto da população que havia sobrado: Ah…A vida…Ela dá tantas reviravoltas…

 

FLASHBACK. MESES ANTES.

 

Éssio se aproxima lentamente do carro que era do pai: Eu preciso fazer alguma coisa…- Ele não percebe que está sendo monitorado por alguém em outro carro todo escuro. 
José do Gado fala: Ele está em um ponto perfeito. Atira!- Ordena- ATIRA! Esse menino vai aprender a nunca mais mexer comigo, ele provocou minha derrota, e vai ter o que merece.
Éssio fica sentado um pouco no capô, refletindo. 
A arma misteriosa mira em Éssio, que está de costas para o atirador. Com precisão ele atira duas vezes nas costas do irmão de Noronha. 
Éssio despenca no chão, e continua caído. O carro arranca com tudo.
José o olha pelo vidro escuro do carro: Bem feito…

 

VOLTA A CENA.

 

José olha para Noronha: A vida dá muitas reviravoltas mesmo…- Ele pega na mão de Marinez.

 

DIAS DEPOIS…

 

Noronha e Américo estão frente a frente com Bravejo.

 

Noronha, sério: Pode falar, estamos esperando…Vou ter que repetir a pergunta? Pois bem, repito. Qual o crime que minha mãe cometeu pra ter fugir de Cuiabá se abrigar contigo em Vila Varzeônica.

 

Bravejo, tenso: Eu ainda não acredito que ela te contou toda a nossa história, ela não tinha esse direito…O Éssio sabe que…

 

Noronha completa: Que você é pai dele? Não. Agora responde logo.

 

Bravejo ironiza: O seu detetive aí não descobriu? Não foi ele que achou fotos antigas de mim tacando fogo na orquestra? Ele não viu uma foto antiga minha e da Alízia?

 

Américo mostra: Essa foto aqui?

 

Noronha: A mesma que achei no livro de receitas da minha mãe certa vez…

 

Bravejo ri: Pois bem, essa foto foi tirada em Cuiabá, semanas antes de acontecer a tragédia…

 

Noronha, irritado: Que tragédia?

 

Bravejo conta: A Alízia e eu tinhamos ideais em comum. Mas a família dela era muito conservadora, nunca aceitou nosso namoro, eramos jovens e rebeldes, queríamos liberdade, e quando avisamos que iriamos pra o Rio de Janeiro, o pai dela Almirante tratou de nos separar e proibiu que eu a visitasse. A Alízia tinha outra irmã, mais velha, a Cecília, que era praticamente uma carola. Quando marcamos uma fuga, a idiota ouviu tudo e contou pros pais…

 

FLASHBACK.

 

CUIABÁ/ FIM DE 1973.

 

Elmano entra no quarto de Alízia pela janela.

 

Alízia pega as malas: Vamos logo porque meu pai acordou pra beber água e pode flagrar tudo.

 

Elmano saca sua arma: Qualquer problema, usamos isso. Agora me dê a bagagem pra eu colocar no carro- Ele coloca a arma na janela.

 

No mesmo momento a porta se abre e Cecília juntamente com o pai Almirante entram.

 

Almirante, com o cinto em mãos: Tentando fugir de mim, Alízia?

 

Cecília sorri: Ainda bem que eu avisei.

 

Alízia, furiosa: Você tem inveja de mim Cecília, porque ao contrário de você, eu sou feliz, livre, leve e solta. Mas eu não mereço viver nessa família cheia de trouxas, vou embora e quero ver quem me obriga do contrário!

 

Almirante a pega pelo braço: Não fala assim da sua irmã porque ela só quer o melhor pra você! Fugindo com esse bandidozinho que futuro pode ter? Que pessoa vai se tornar? QUEREMOS O SEU MELHOR E VOCÊ NÃO RECONHECE ISSO!

 

Alízia se solta: Esse é o futuro que eu escolhi e nenhum de vocês tem o direito de fazer isso comigo! Querendo mudar minha vida? Não permito isso porque já sou dona do meu próprio nariz. ME DEIXA EM PAZ!

 

Cecília: Estamos tentando levar você pro lado bom, Alízia!

 

Alízia, furiosa: A mamãe era a única que tinha a capacidade de me compreender e não tentar mudar minha vida com fofoca e intriga! CHEGA!- Ela vai saindo quando Almirante a pega.

 

Almirante: VOLTA AQUI!

 

Alízia exige: ME LARGA!

 

Elmano a apoia: LARGA ELA!

 

Almirante a puxa pra cama e a enche de cintadas.

 

Elmano pega a arma e faz Cecília de refém: Larga a Alízia ou sua outra filha morre!!

 

Almirante: BANDIDO! CRETINO!

 

VOLTA A CENA.

 

Noronha, curioso: Você matou os dois?

 

Bravejo ri: Eu? Meu bem…Não sou tão frio assim.

 

FLASHBACK.

 

Alízia dá um soco no pai e sai pela porta, Elmano a segue.

 

Almirante, dolorido: Não vou te deixar fugir!- Ele a persegue pela casa.

 

Alízia está na porta quando é alcançada pelo pai, ela pega a arma das mãos do namorado: INFELIZ!- E atira duas vezes no peito do próprio pai.

 

Cecília vê a cena, chocada: Como você é capaz de fazer isso com o homem que te criou e te deu amor esse tempo todo enquanto você só retribuia com tapas e ofensas?!?

 

Alízia a olha: É verdade, não pode haver testemunha- Ela aperta o gatilho e atira na cabeça da irmã, que cai.

 

VOLTA A CENA.

 

Américo, boquiaberto: É pior do que eu pensava…Anna realmente é a pessoa mais cruel que conheci, por ter a frieza de matar o próprio pai e a irmã.

 

Bravejo termina de contar: Mas a tal da Cecília antes de morrer contou pros policiais o que tinha acontecido…E tivemos de fugir pra Vila Varzeônica.

 

Noronha, sem folego: Nossa…Bem impressionante essa história. E com tudo isso o que ela ganhou? Tá morta, acabou a vida sofrendo e nenhuma pessoa foi ao seu enterro nem ao velório. Ninguém a amava. Aliás, só você, se é que ainda tinha esse sentimento por ela.

 

Bravejo pigarreia: Eu…Não. Não amo ninguém além de mim mesmo- Mente.

 

Noronha vai até a porta com Américo.

 

Noronha, irônico: Até mais, Coronel!

 

Bravejo, sério: Eu nunca vou te perdoar por ter deixado o José do Gado assumir a prefeitura.

 

Noronha ri: Não quero o seu perdão, apenas fiz o que era certo. Ele merecia ganhar. É mil vezes mais honesto que o senhor…A primeira medida certa que fiz foi ter entregado os papéis que provam a sua corrupção pra polícia, em anonimato, obviamente.

 

Bravejo, furioso: Você fez o quê? Então foi você que me entregou…- Noronha e Américo saem da sala de visita- VOCÊ MERECE ESTAR NESSA CADEIRA DE RODAS! IDIOTA! EU VOU ME VINGAR QUANDO SAIR DAQUI EM 2030!!

 

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MESES DEPOIS.

 

Igreja Varzeônica/ Noite.

 

Acontece um casamento.

 

Padre:…E quero que me respondam com toda a verdade possível! Bruno Emanoel de Gracindo, você aceita Margot Praxeds como sua legitima esposa?

 

Bruno, feliz: Eu…

 

Helder interrompe: ESPERA! CALMA! ANTES DE RESPONDER EU VOU TIRAR UMA FOTO, NINGUÉM SE MEXE…- Ele tira- AGORA SIM, PODEM CONTINUAR!

 

Bruno responde: EU ACEITO!

 

Padre: E você, Margot Praxeds aceita Brun…

 

Margot o interrompe: Aceito sim, agora eu posso beija-lo? Pois bem- Ela agarra Bruno.

 

Todos aplaudem os recém casados.

 

Na festa…

 

Bruno vê Noronha chegar: Meu amigo, achei que não viesse do Rio pra festa!

 

Noronha e Aurora o cumprimentam.

 

Noronha explica: Infelizmente não deu tempo de chegar pra cerimônia, mas aqui estamos nós, na festa, e quero lhe fazer um outro convite.

 

Margot chega: Que convite?

 

Noronha propõe: Quero fazer uma sociedade com você e com seus pais!

 

Ema e Helder chegam: O QUÊ?

 

Noronha explica: Exatamente, mas pra isso…Todo mundo vai ter que morar no Rio.

 

Ema, explodindo de alegria: Meu Deus, é o melhor dia da minha vida, eu vou amar morar na cidade maravilhosa! E ainda fazer sociedade contigo!- Ela pula de felicidade.

 

Helder, com champanhe na mãos: E o nosso filho finalmente desencalhou!! VIVA! VIVA!

 

Ema completa: E NÃO SE CASOU COM A MOCREIA DA BETÂNIA! VIVA DUPLO!

 

Ema e Helder pulam: VIVA! VIVA!

 

Cadeia Municipal/ Refeitório/ Noite.

 

Lara cozinha para os presos: Aqui está o feijãozinho que você adora Maria Lacraião!- Ela coloca no prato da presidiária- BOM APETITE!

 

Betânia chega: Animada, hein Larinha?

 

Lara coloca feijão em seu prato: Eu finalmente estou fazendo o que gosto, Betty, e isso poderá reduzir a minha pena, fora que as presidiárias amam a minha comida!

 

Betânia pensa: “ Idiota como sempre…”

 

Uma das carcereiras chega: Lara, tem visita!

 

Lara estranha: Na hora do jantar? Ué?!

 

Sala de Visitas/ Noite.

 

Lara ri: Outro cruzeiro pai? Dessa vez vai pra que país?

 

Leopoldo, animado: Vou pra Índia, filha, tenho sonho de conhecer aquele país e depois que ganhei na loteria, posso ir até pra Antartida, amore mio. Eu até pagaria a sua fiança mas você não quer sair daqui.

 

Lara, eufórica: Nunca sairei, descobri que amo esse lugar, ainda mais podendo ser chef de cozinha, vou ficar aqui pra sempre!

 

Leopoldo, surpreso: Are baba, filha! Não diga uma coisa dessa…Bom, tenho que ir- Ele a beija na testa- Quando eu voltar, vamos conversar mais sobre isso.

 

Lara: Sim, mas me diz uma coisa, como está a tia Alminha que nunca mais a vi?

 

CORTA PARA:

 

Programa da Venenosa/ DIAS DEPOIS.

 

Toca a vinheta da volta do intervalo comercial.

 

Suzane, animada: E aqui estou eu de volta pra alegrar a sua manhã chatérrima…E hoje o programa tá imperdível, antes de o Xay Suedhy- A platéia grota- Calma, meninada! CALEM A BOCA!- Ela sorri- Bem antes do Xay entrar no palco, vamos receber uma das maiores videntes da atualidade( em peso também), quero que todos se levantem para a chegada da querida Alminha Dávila.

 

Alminha entra no palco, acenando, ela cumprimenta Suzane.

 

Suzane: Senta aí no meu sofá confortável, aqui é o único programa que tem esse conforto…Bem, e antes da Alminha ver o meu futuro com a bola de cristal dela, vamos falar sobre a previsão que deu o que falar…Você revelou pra todo o Brasil que o avião onde a cantora Madanna estava iria cair e isso aconteceu…

 

Alminha conta: É verdade, um espirito falou isso pra mim e tentei avisar a loira mas ela não acreditou…É uma peninha…Agora tá morta.

 

Suzane: Quer dizer que os espíritos falam contigo também?

 

Alminha ri: É claro, minha querida Venenosa! Muitas vezes! Sou polividente, uso cartas, tarô, a bola de cristal, falo com espíritos, inclusive de famosos que morreram, esses dias falei com aquele piloto famoso lá o Ailton Cena, ele me disse que…

 

Suzane, boquiaberta: GENTE, PARA TUDO! ELA FALA COM GENTE MORTA! VEM WALKING DEDDY!- Ela pega algumas cartas- Você conquistou uma legião de fãs, Alminha, tem umas cartas aqui e vou selecionar umas pra ler…Essa é da Marizete, amiga que nome brega, ela é de Porto dos Milagres e quer saber se tu já ficou arrependida de alguma coisa que fez.

 

Alminha ri: Eu não sou mulher de me arrepender, querida! Se bem que…

 

FLASHBACK…

 

Casa de Noronha/ Jardim/ Noite/ Dia do assassinato de Anna.

 

Guido brinca com uma enxada quando percebe alguém chegar e a larga por lá.

 

Anna se esconde em uma moita.

 

Aurora passa por ela com uma arma e atira pro escuro: Ah…Eu cometi uma loucura- Ela sai correndo.

 

Marinez e os outros correm atrás dela.

 

Alminha aparece e a vê perto da moita, ela pega a enxada: Infeliz…Matou o meu irmão…Arruinou com a família. Tava envolvida na morte da Helena…Gente assim não merece viver, não!- O espirito de Bento toma conta de seu corpo- Ela…Destruiu a vida do meu filho, Noronha…E do Éssio também…

 

Anna olha pra frente, mas vê apenas um vulto, o jardim estava sem iluminação, a luz da lua já era pouca, não favorecia em nada.

 

Anna, tentando identificar a pessoa: Quem é? Quem é?! Eu ainda tenho o meu canivete aqui…- Ela o aponta- E NÃO TENHO MEDO DE USA-LO!- Ela se levanta- APARECE, COVARDE, FALA ALGUMA COISA!- Provoca.

 

Mas tudo o que recebe é um golpe de enxada que a faz cair no chão. 

 

Alminha, ainda possuída por Bento: Você não merece a vida!

 

Anna não consegue identificar a pessoa, apenas a voz: B-Bento?- E sangra.

 

Depois recebe mais um.

 

E outro, que atinge sua cabeça e a decapita.

 

Alminha joga a enxada na casa do vizinho e sai andando, zonza, até que bate a cabeça em uma lamparina apagada, e recupera a consciência: O que…Eu fiz?- Ela vê o corpo de Anna e sai correndo.

 

VOLTA A CENA.

 

Alminha responde: Não me arrependo de nada. Afirmo isso.

 

Suzane ri: ADORO! É DAS MINHAS! Eu vou fazer um merchanCHATO e volto logo, fica aí porque depois tem o Pra Quem Você Tira o Boné com Alminha Dávila!! E não se esqueça que hoje estreia o meu primeiro programa biográfico de famosos…E você nem queira saber quem será o primeiro famoso de quem vou contar a história- Ela dá uma gargalhada.

 

Horas depois…

 

Estúdio de TV/ Tarde.

 

João, irritado: Se esse programa não der certo eu perco a minha crediblidade e é capaz de os artistas arranjarem outro assessor de imprensa!

 

Suzane anda de um lado pro outro: Calma “ bacana” o tal do Helder não passou pra gente todas as informações da vida do Noronha por um precinho camarada? E já está tudo gravado, agora é só esperar a hora da estreia!

 

João ajeita a gravata: É, e sabe do que mais? Não preciso desse programa pra sobreviver, eu sou assistente de mais de cinquenta artistas, dentre eles Clarice Gavião, Claudinha Café, até da Renata Sorrá eu consegui conquistar a confiança. Não tem pra ninguém- O celular toca- Alô? Ah, oi Ivete Sangalinha, com licença que vou ver se tenho horário pra almoçar contigo na minha agenda…- Ele sai da sala- De noite nos vemos, Suzane.

 

À noite…

 

Começa agora o programa Bio da Venenosa. 

 

Suzane aparece em cena, com o chroma-key ao fundo: Estou aqui na cidade de Vila Varzeônica pra contar a história de Noronha Dávila antes de ele virar deputado federal…Menino calado, rejeitado pela mãe, humilhado pelo irmão, a história que contarei aqui é digna de folhetim, inclusive se alguém por ventura um dia resolver transcreve-la e transformar em uma web novela em um portal na internet, terá muito sucesso. Sentem-se, peguem a pipoca e escutem o que irei falar!

 

Mostra a imagem dos personagens assistindo ao programa. No Rio, Noronha assiste juntamente a Aurora, com um barrigão, Caio e Jasmine; Josélia assiste com Benê no sítio; Jurema assiste sozinha; Alminha em sua nova mansão com o namorado; Bruno e Margot na casa que haviam comprado em Copacabana, sonho de Ema, que estava com eles e Helder vendo; José e Marinez com Conceição e Guido na mansão, entre outros…

 

No fim do programa…

 

Suzane termina de contar:…E depois de vencer as eleições e demolir a casa onde vivia, Noronha finalmente pode fazer sua vingança contra a mãe e o irmão. Prende-los no porão, transformar Anna em sua própria empregada, usar de seu poder…Isso é justo? O que você acha disso telespectador? Até que limite uma vingança por conta de uma preferência maternal pode chegar? Eu particularmente acho justíssimo mas não opinarei pois posso ser apedrejada…De qualquer forma, esse foi o primeiro programa Bio da Venenosa, espero que tenham gostado, mas uma pergunta ainda paira no ar: POR ONDE ANDA NORONHA DÁVILA?

 

Noronha desliga a tv e fica quieto, todos na sala já dormiam.

 

DIAS DEPOIS…

 

Noronha está nos corredores do hospital quando os médicos chegam: E então, eles nasceram? Como foi?

 

José está mais preocupado ainda: Eu vim do Mato Grosso somente pra esse parto, doutor, me diga que foi tudo bem ou eu surto! Deixei a prefeitura nas mãos do meu vice!

 

Conceição ri: Calma, seu Zé, surtar você não surta mais…

 

José, de um lado pro outro: Eu devia ter deixado você lá em Vila Varzeônica, ingrata! Te trago pra conhecer o mar e você me vem com indiretas?

 

O médico ri: Calma gente…Tá tudo bem, quer ir ver seus filhos, Noronha?

 

Noronha empurra a cadeira de rodas: É CLARO!

 

No quarto…

 

Aurora segura os dois bebês, Noronha se emociona.

 

Aurora lhe dá ambos, um menino e uma menina: Que nomes daremos?

 

Noronha, emocionado: Bento e Helena, pode ser? Em homenagem aos meus pais…Meus verdadeiros pais.

 

Aurora sorri: Lindos nomes.

 

Vila Varzeônica/ Ruas do Centro/ Dia.

 

Ruper entra em uma loja, disfarçado, ele olha algumas camisas quando Natércia o atende: Gostaria de experimentar? O provador é logo ali…

 

Ruper a reconhece: Natércia? É você? Como vai?- Ele a abraça- E o Batista? Não tenho notícias dele!

 

Natércia, nervosa: Há meses não o vejo…Depois da fuga da cadeia ele sumiu, foi engolido pela lua provavelmente.

 

Ruper coloca a roupa novamente na arara de camisas: Ah sim, então até mais ver, não diga que me viu aqui, ok?- Ele sai.

 

Na rua, um homem conta uma história pra crianças.

 

Homem: Ele era um lobisomem, que toda noite de lua cheia nas sextas saia pra cumprir seu destino!

 

Ruper o reconhece: Batista, é você?

 

O homem esconde o rosto: O senhor está me confundindo, desculpe.

 

Ruper estranha: Então tudo bem- Ele sai andando.

 

Cadeia Municipal/ Dia.

 

Betânia sai algemada da cela: Não…É impossível que alguém tenha pago a minha fiança- Fala ao carcereiro- Ah, já sei, foi a baleia do Bruno achando que eu o quero! Coitado…Mas tem gente idiota pra tudo nesse mundo, não é?- Ela chega na recepção e vê uma pessoa- NÃO É POSSÍVEL…JUREMA?!

 

Jurema está a sua espera.

 

Betânia tem seus pertences devolvidos: Mas…Espera…Então você pagou minha fiança? Mas me expulsou da sua casa, disse que me odiava e me xingou…Não entendo…

 

Jurema pigarreia: Bem…Acontece, Betty, que eu andava muito solitária ultimamente e…AH EU ADMITO, NÃO CONSIGO FICAR LONGE DE VOCÊ, SUA BANDIDA!

 

Betânia larga tudo e a abraça: Eu sabia…SABIA!

 

Jurema ri: Olha, esses dias eu achei uma mala velha dentro e…Tinha um bilhete dentro…Pensei na hora em você e resolvi te libertar dessa cadeia…Tá disposta a ir comigo procurar um novo tesouro.

 

Betânia pensa um pouco: BEM…É CLARO QUE SIM!- As duas saem abraçadas.

 

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5 ANOS DEPOIS.

 

Éssio é libertado, ele tem seus trajes devolvidos: Cada dia aqui…Cada sofrimento…No fim paguei por tudo. Finalmente meu débito com todos e comigo mesmo foi pago.- Ele suspira- Agora quero recomeçar.- Os portões são abertos e ele sai caminhando- Será que o Noronha ainda se lembra de mim? A última vez que o vi foi quando consegui a autorização e pude caminhar novamente…Acho que ninguém mais liga pra minha existência- Ele vê uma mulher e se alegra- JASMINE! NÃO ACREDITO QUE VOCÊ ME ESPEROU! JASMINE!- E sai ao seu encontro.

 

A mulher se vira: Acho que você tá me confundindo com outra pessoa- Ela sai.

 

Éssio se decepciona: Nossa…Que mancada a minha…- Ele olha para um lado e para o outro porém não há ninguém- Não sei como vou recomeçar- Ele se senta no meio-fio e suspira.

 

Éssio estava sozinho? Não.

 

Noronha se aproxima na cadeira de rodas: Tá fazendo o quê aí, Éssio?

 

Éssio se vira, muito alegre e emocionado: NORONHA?- Ele corre pra abraça-lo.

 

Noronha, feliz: Que rio de lágrimas é esse?

 

Éssio não contém o choro: Há tanto tempo que não nos vemos, tava sentindo sua falta, mas que besteira a minha, você parece muito bem e eu tô um trapo e ainda com cheiro de prisão.

 

Noronha ri: Como se eu ligasse pra isso!

 

Aurora e duas crianças se aproximam: Éssio…

 

Éssio a abraça: Aurora? Como vai? Pelo visto muito bem e linda como sempre…E esses dois são meus sobrinhos?

 

Noronha confirma: Sim, Bento e Helena! Digam oi pro tio Éssio, crianças.

 

As crianças estão tímidas.

 

Éssio passa a mão na cabeça deles: Linda homenagem ao papai…Estão envergonhados porque não me conhecem.

 

Caio também surge: Como vai, tio Éssio?- Fala, com a voz meio rouca.

 

Éssio não acredita: Caio, é você? Nossa, tá grande! O que eu perdi tanto?

 

Noronha, feliz: 12 anos, nadador, bom aluno, por enquanto tá ótimo pra mim!

 

Éssio o abraça: Mas tudo mudou mesmo com vocês…Caio, você tá quase um galã!

 

Jasmine surge: Não fala isso que eu já me sinto avó!

 

Éssio se levanta, está fascinado com o que vê, Jasmine estava mais bela do que nunca.

 

Éssio sorri: Jasmine?

 

Jasmine se aproxima dele: Eu te esperei esse tempo todo, Éssio!- Ela lhe abraça e lhe dá um beijo.

 

Noronha brinca: Olha, com esse casal, somos oficialmente família de comercial de margarina, claro, com um cadeirante aqui, mas tudo bem…

 

Aurora empurra a cadeira de rodas: Para de besteira e vamos logo pro helicóptero ou perderemos a competição de nado do Caio amanhã!

 

Éssio abraça Jasmine: Eu não acredito…Jasmine, você é tão linda, aliás, tá mais linda do que nunca, porque perdeu o seu tempo me esperando? Que bobagem.

 

Jasmine o abraça: Bobagem, é amor Éssio, eu te amo e agora mais do que nunca! E seja em que situação você estiver, sempre vou te amar!- Os dois se beijam.

 

Caio observa tudo, rindo.

 

MANSÃO DE NORONHA NO RIO DE JANEIRO/ TARDE.

 

Éssio chega: Nossa…Uma bela casa!

 

Noronha entra: São três, a do lado é de Bruno e da família dele…Estão vivendo muito bem e agora que abrimos uma mini fábrica de sabão em pó tá tudo melhor ainda…A outra é da Jasmine mas a casa é praticamente colada nessa, considero uma só.

 

Éssio: E é aqui que eu vou morar a partir de agora?

 

Noronha sorri: Eu faço questão, e não se preocupe, aqui não tem porão!- Brinca.

 

MAIS TARDE…

 

Caio ganha a competição de nado e ergue o troféu.

 

Noronha tira uma foto: Campeão!!!

 

Caio se joga na piscina, e todos fazem o mesmo com roupa e tudo.

 

DIAS DEPOIS…

 

Aurora liga a tv: Ainda não consigo acreditar que o Américo e a Taléfica se casaram e ainda conseguiram virar deputados!

 

Noronha está na sala, ele liga no canal político: Olha, é ela discursando.

 

Taléfica, em meio a vários deputados: E é por isso que crio aqui a lei que proíbe qualquer individuo que cometa atos de pedofilia a sair da prisão! Serão presos e nunca mais sairão, porque qualquer ser humano que tem a noção se fazer isso com uma criança, sinto muito, mas não deve ter de volta a sua liberdade, já que cometendo esse ato, tira direitos de muitas pessoas e não só da criança afetada- Ela é aplaudida.

 

Noronha se impressiona: Nossa, falou bem…

 

Jasmine chega com Caio: Vamos dar uma caminhada na praia, querem ir?

 

Aurora se levanta: Eu quero sim, preciso pegar uma corzinha…

 

Lá…

 

Aurora empurra Noronha na cadeira de rodas, Éssio vai com Jasmine e Caio com os primos Bento e Helena, Bruno com Margot, e Ema com Helder.

 

Bento chega em Aurora e puxa a barra de seu vestido: Mamãe, a Lena tá falando que você gosta mais dela do que de mim, isso é verdade?

 

Aurora trata de esclarecer: Nada disso…Amo os dois igualmente e não dou privilégio pra ninguém. Pare com essa besteira- Ela lhe dá um beijo- Agora volte a brincar.

 

Éssio e Noronha observam tudo.

 

Noronha ri: Essa era uma pergunta que eu fazia frequentemente pra Anna, mas ela não me respondia assim. Ela me batia inclusive.

 

Éssio engole em seco: Eu me arrependo de tud…

 

Noronha o corta: Tudo o que era pra ser foi, e aqui estamos nós, da vida que se passou não adianta mais reclamar Éssio, o que importa é que nós somos irmãos, unidos, e que tudo mudou na nossa vida…Pra melhor. Depois da chuva veio o nosso arco-íris, e tá sendo maravilhoso…

 

Éssio ri: Sabe que quando iamos fazer as pazes, colocávamos o dedo menor e apertávamos um ao outro. Quer fazer as pazes comigo? Pra sempre?

 

Noronha sorri: Éssio, isso era coisa de…

 

Éssio pede: Significa muito pra mim, o que você fez está fazendo pela minha pessoa só mostra a pessoa tão generosa que é. Vai, por favor- Ele levanta o dedo menor- Símbolo de paz.

 

Noronha levanta o dedo menor: Ai…Tá bom- Eles apertam e selam paz- Pronto?

 

Éssio: Pronto, IRMÃO!

 

Jasmine está na beira do mar: Éssio, a água tá uma delícia, vem ver!

 

Éssio sai correndo: Tô indo!

 

Noronha o observa, Aurora chega.

 

Noronha nota: Tava chorando, não acredito…

 

Aurora escorre as lágrimas: É porque achei muito bonita a cena de vocês dois, irmão, únidos. Isso é lindo, para de ser turrão e aceita!

 

Noronha ri: Tá bom, é lindo mesmo…

 

Aurora vê os filhos brincando na areia em meio a praia vazia: E você não vai contar pra ele que não são irmãos?

 

Noronha reflete: O Éssio não merece saber daquilo tudo, Aurora. É muita sujeira. De agora em diante só alegria. E ele é meu irmão sim, mesmo que seja só de coração- A voz começa a ficar embargada- Agora para de falar disso, vamos pra perto do mar, adoro a brisa marinha…

 

Aurora empurra a cadeira de rodas com dificuldade pela areia.

 

Todos se sentam a beira-mar e molham os pés. Éssio, Bruno e Helder conseguem carregar Noronha até a areia e ele se senta na areia.

 

Noronha fica observando seu reflexo, quantas coisas havia feito, quantas maldades…Passado…Mas que nunca seria esquecido por ninguém. E a história do filho que queria ser vingar da mãe e do irmão, acaba com dois irmãos mais unidos do que nunca. Não havia mais os pais,  não havia mais Filho Amado.

 

FIM.

Victor Morais

Escrevi as webs novelas Beira-Mar e Filho Amado que foram publicadas no portal. Atualmente escrevo " Ser Humano", que se passa nos anos 80 e trata da relação complicada entre mãe e filha. Drama, emoções, cotidiano, conflitos familiares...Esse é o meu estilo.

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