Meu Rio

MEU RIO – Capítulo 24 (Penúltimo)

 [Aeroporto de Jacarepaguá, Rio de Janeiro, Fim da Tarde]

TEODORO – Bom, eu consegui um jato para nos levar até Mororó, um amigo meu vai nos emprestar, sai em meia hora.
RICARDO – Acho que não vai dar tempo de voltarmos em casa, melhor ficarmos por aqui.
TEODORO – Vamos comer alguma coisa antes de partirmos.
ANITA – Eu não to com fome não.
MARCELO – Saco vazio não para em pé amor. (abraça Anita) Coma um pouco.

Na lanchonete do aeroporto.

ANITA – Pensar que tudo isso é culpa minha, uma decisão de embarcar para o Rio e acabou afetando todas essas vidas.
TEODORO – Você não pode se culpar, não tinha como prever que iria ser escravizada.
RICARDO – Ele tem razão, você não tinha como adivinhar que ia ter todo esse desdobramento.
ANITA – Ainda sim, me sinto culpada.
MARCELO – Amor, larga disso.
TEODORO – Essa história começou a muito tempo, e ainda vivemos o reflexo de tudo o que aconteceu em Mororó anos atrás.
ANITA – Como assim?
TEODORO – Uma série de acontecimentos que acabaram gerando isso, pensando por um lado bom, essa sua vinda para o Rio de Janeiro, poderia ser uma peça do destino para reunir todos nós de novo, uma história que terminou mal contada lá atrás, com várias lacunas e que, talvez, esteja sendo dado uma oportunidade para preenchê-las.

Um homem se aproxima do grupo.

FERNANDO – Parece que dessa vez a história é contigo, meu amigo.
TEODORO – Sinto muito não te conhecer ainda naquela época, mas obrigado por estar aqui e por me emprestar seu jato.
HELENA – De modo alguma deixaríamos um amigo de lado em uma situação como essa, eu sei como eu sofri quando a Cristiana foi sequestrada pelo louco do Tony, meu ex-marido.
CRISTIANA – Felizmente acabou tudo bem.
TEODORO – Que bom ver todos vocês aqui. Venham, deixa eu apresentar, este é meu filho Ricardo, que vocês já conhecem, A Anita,filha de uma amiga e o Marcelo namorado dela.
FERNANDO – Prazer em conhecê-los
ANITA – Igualmente.
FERNANDO – Bom, eu vim aqui para desejar boa sorte, dizer que estaremos rezando por vocês, se precisar de qualquer coisa só me ligar.
TEODORO – Não sei nem como agradecer.
FERNANDO – Deixa disso, o avião já está pronto e vocês podem embarcar.
ANITA – Obrigado mais uma vez.

***

[Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, Noite]

Maxwell chega ao apartamento de Lia e Bate na porta.

LIA – (Abrindo a porta) Pois não?
MAXWELL – Podemos conversar?
LIA – Se for para pedir desculpas pelo o que aconteceu, não precisa perder seu tempo. Eu não quero a suas des…

Maxwell abraça Lia e beija ela com vontade.

MAXWELL – (Separando de Lia) Eu não vim pedir desculpas, eu vim pedir para você ficar comigo, eu sei que eu já fui muito guiado pela beleza externa das pessoas, namorei modelos, atrizes. Mas a cegueira, não poder ver as pessoas me fez prestar atenção de como elas são de verdade e eu me apaixonei por você, por você ser meiga, uma boa companhia, alguém extraordinário, poderia ficar listando a noite todas adjetivos sobre você, mas eu quero você, quero ficar com você. Porque o que importa é a beleza que está dentro de você.
LIA – Eu também quero ficar com você.

O celular de Maxell toca.

MAXWELL – Alô!?
TEODORO – Filho?
MAXWELL – Oi pai, aconteceu alguma coisa?
TEODORO – A sua mãe foi sequestrada, estamos indo para o Maranhão atrás dela.
MAXWELL – Como assim sequestrada? Como isso aconteceu? Quando? Eu vou com vocês.
TEODORO – Não precisa, já estamos embarcando em um jato particular, cuide da casa, da empresa.
MAXWELL – Mas pra onde vocês vão?
TEODORO – Brejo no Maranhão, preciso desligar, já vamos descolar.
MAXWELL – Ta bom, me mantem informado. (desliga)
LIA – Que história é essa de sequestro?
MAXWELL – Minha mãe foi sequestrada, meu pai e meu irmão estão indo atrás deles, acho que é em outro estado, cidade, sei lá. Vamos lá para casa, por favor!
LIA – Claro
MAXWELL – Deixa eu ligar pra uma pessoa (disca o telefone)
PILAR – Fala cunhado!
MAXWELL – A mãe foi sequestrada, O mano foi com o pai atrás deles lá em Brejo no Maranhão
PILAR – Que horas foi isso?
MAXWELL – Eu não sei, a única informação que eu tenho é essa.
PILAR – Qualquer coisa me liga, por favor!
MAXWELL – Tudo bem (desliga e abaixa a cabeça)
LIA – (abraçando Maxwell) vai ficar tudo bem.

***

[Em algum lugar atemporal]

BEATRIZ – (acordando sonolenta) Onde estou? Que lugar é esse? (levanta e grita) Alguém ai? Meu Deus, que lugar é esse? Estou no inferno? No purgatório?

Beatriz corre de um lado para o outro, um lugar todo branco, sem começo e fim.  De repente o cenário muda e ela é transportada para a beirada de um rio. Beatriz olha as duas meninas conversando, mas elas não conseguem vê-la.

Mororó – Maranhão – Anos atrás

BEATRIZ – Como você está se sentindo Susy?
SUSANA – Como você imagina, um vazio enorme…

 As duas caminhas juntas pelas margens do velho monge, a água correndo pelos pés delas.

BEATRIZ – Sua mãe parece estar bem forte com tudo isso
SUSANA – Ela sempre foi uma mulher batalhadora e guerreira e to tentando ser como ela, entende?
BEATRIZ – Sim, e você estar conseguindo.
SUSANA – Ele era tudo para mim sabe, meu herói, podia contar com ele pra tudo, contar meus segredos, os meus medos, era um amigo, além de pai, agora parece apenas um vazio enorme aqui dentro, quem vou contar as minhas coisas agora?
BEATRIZ – Oxi e eu? (rir) você pode sempre contar comigo, vou estar sempre ao seu lado.

 Beatriz tenta se aproximar, mas a cena muda.

BEATRIZ – Susy, tava com muitas saudades.
SUSANA – Eu também, acho que tem muitas coisas pra me contar, não é?
BEATRIZ – E não é.
TEODORO – (Pigarreia) Não vai me apresentar que é essa outra moça bonita?
BEATRIZ – Me desculpa, que falta de educação minha, Susana esse aqui é o irmão de minha mãe o Teodoro, ele é filho do coronel. Teodoro essa é Susana minha melhor amigar, na verdade mais que melhor amiga, minha irmã de coração.
SUSANA – Filho do coronel?
TEODORO – Não por opção, corte essa parte, satisfação em conhece-la (pega a mão de Susana e a beija) pelo visto esta cidade está cheia de mulheres bonitas.
SUSANA – Fico agradecida com o elogio.
TEODORO – E como se conheceram?
BEATRIZ – Longa história que pretendo te contar outro dia. (rir juntamente com Susana)

Beatriz olha atenta cada cena.

JOANA –A sua amiga Suzana está vindo morar aqui.
BEATRIZ – Sério? Ai!Que bom estava me sentindo tão só nessa casa.
JOANA –Ela deve chega daqui a pouco com a mãe, ela conseguiu o emprego aqui no casarão.
BEATRIZ –Que bom, não quero que minha amiga passe fome.
JOANA – E você acha que eu ia deixar, não tem cabimento.

A cena some e o lugar branco volta aparecer. Beatriz chora  com as lembranças.

BEATRIZ – Que inferno é esse? Será que fui condenada a ficar revivendo o passado?

***

[Espaço Aéreo de Brejo, Maranhão, Jato – Noite]

EUPÁTRIDA – Vamos iniciar o processo de aterrissagem, vamos aterrissar na cidade de Brejo e de lá vamos para essa cidade de Mororó.
BENEDITA – Ótimo, gostei muito desse seu brinquedinho, essas câmaras, bem interessante.

O avião aterriça em uma pista de voo particular.

BENEDITA – Ainda bem que chegamos, não aguentava mais esse avião.
EUPÁTRIDA – Vamos passar a noite aqui, antes de ir para Mororó.
BENEDITA – Você conseguiu pegar o celular da trouxa da minha irmã né?
EUPÁTRIDA – Claro que sim.
BENEDITA – Pegue, vamos ligar pedindo o resgate.

***

[São Luís, Maranhão, Aeroporto Internacional Cunha Machado – Noite]

ANITA – Não gosto muito de avião.
RICARDO – Chegamos bem, não se preocupe.
TEODORO – Acho melhor viajarmos pela manhã, as estradas a noite são perigosas. Vou ligar para o Maxwell para avisar que chegamos aqui em São Luís.

O celular de Teodoro toca.

TEODORO – Alô?
EUPÁTRIDA – 20 milhões de reais pela sua mulher e a amiga dela.
TEODORO – Como?
EUPÁTRIDA – 20 milhões, até amanhã a noite. Venha buscar a sua esposa, ela vai estar onde tudo começou
TEODORO – Eu sei disso e já estamos indo para ai.
EUPÁTRIDA – Ótimo, tragam o dinheiro e nada de polícia.
TEODORO – Vou tentar conseguir o dinheiro, é uma quantia bem elevada.
EUPÁTRIDA – Vai tentar não, vai conseguir. (desliga)
ANITA – Eram os sequestradores?
TEODORO – Sim, estão exigindo 20 milhões de resgate
ANITA – Isso é muito dinheiro.
TEODORO – Vou ligar para o meu gerente do banco para ver o que eu consigo.
ANITA – Será que o senhor vai conseguir?
TEODORO – Eu preciso conseguir, eu que fui o estopim desse tornado.

***

[São Luís, Maranhão, Hotel – Manhã]

TEODORO – (Mesa do café da manhã) Eu liguei para o meu gerente e ele liberou a quantia apesar de elevada, só tenho que passar em uma agência que ele me indicou para pegar a grana, de lá partimos para Mororó.
ANITA – Ótimo, melhor irmos, não quero perder tempo.

O celular de Teodoro toca.

TEODORO – Alô!?
EUPÁTRIDA – Sou estou ligando para avisar que seu tempo está passando.
TEODORO – Já tenho a quantia que você quer, deixa eu falar com minha mulher.
EUPÁTRIDA – Infelizmente ela não pode falar, elas estão no purgatório. (desliga)
TEODORO – Como assim no purgatório? Alô!? Alô!?
RICARDO – O sequestrador?
TEODORO – Sim e temo que sua mãe esteja correndo perigo.
ANITA – Então rumbora gente.

***

[Brejo, Maranhão, Hotel – Manhã]

BENEDITA – Então vamos repassar o plano, vamos até Mororó, iremos deixar lá as duas câmaras, vamos marcar de eles deixarem as malas de dinheiro aqui em brejo, pois o avião ficará aqui e fica mais fácil para escaparmos, certo?
EUPÁTRIDA – Isso, ai deixaremos uma pista para eles irem atrás dessas mulheres, enquanto saímos daqui para outro país.
BENEDITA – Ótimo e se a polícia se meter?
EUPÁTRIDA – Ai metemos bala (entrega uma arma para Benedita)
BENEDITA – Ótimo.

***

[São Luís, Maranhão – Manhã]

ANITA – Ainda acho que não deveríamos dar esse dinheiro todo para eles, ainda mais depois do que ele disse.
TEODORO – Melhor entregarmos o que eles pedem.
MARCELO – É amor, é a vida de duas pessoas, não se deve brincar.
ANITA – Mas não temos nenhuma garantia que elas ainda estão vivas.
TEODORO – Vira essa boca para ela, vão estar vivas sim.
ANITA – Vamos colocar só a metade do dinheiro na bolsa, a parte debaixo preenchemos com papel, assim não perdemos esse dinheiro todo.
TEODORO – Ainda sim, acho perigoso.
ANITA – Você mesmo disse que ele falou que elas estavam no purgatório.
TEODORO – Tudo bem, mas vamos fazer de um jeito que não dê para perceber.
ANITA – Vamos começar, para irmos logo para Mororó.

***

[Hospital São Francisco de Assis, Rio de Janeiro – Manhã]

MÉDICO – E então garotão, como você está se sentindo?
LEONARDO – Como sempre, péssimo.
MÉDICO – Mas se sente mais forte fisicamente?
LEONARDO – Do que adianta está forte fisicamente, se emocionalmente e psicologicamente estou péssimo?
MÉDICO – É pra curar exatamente isso que vou te apresentar uma pessoa, vamos?
LEONARDO – Não acho que psicologo vai ajudar em alguma coisa, as pessoas continuarão ser ruins.
MÉDICODá uma chance? Vai só uma vez, se não se sentir melhor você não vai mais.
LEONARDO – Tá, mas se não der certo não quero mais ninguém enchendo o meu saco, entendido?
MÉDICO – Sim senhor.

***

[Maranhão, BR 222 – Manhã]

TEODORO – Então o plano está definido.
ANITA  – Sim, só vamos entregar o dinheiro quando recebemos a salvo minha mãe e a dona Beatriz.
MARCELO – E se eles não quiserem entregar
ANITA – Ai não tem trato
RICARDO – Ainda acho que deveríamos ter chamado a polícia
ANITA – Pra atrapalharem, como fizeram no Rio? Estamos por nós mesmo.
RICARDO – E se eles tiverem armados?
ANITA – Sem pensamento negativo, vai dar tudo certo.

***

[Em algum lugar atemporal]

Uma certa volta a se formar no espaço branco na frente de Beatriz.

[Cidade de Mororó – Maranhão – Fazenda dos Araribe – Noite – Quarto – Anos Atrás]

BEATRIZ – (bati na porta) Posso entrar Susy?
SUSANA – (enxugando as lágrimas) pode sim.

Beatriz senta na cama perto de sua amiga.

BEATRIZ – O que aconteceu?
SUSANA – Nada Bia
BEATRIZ – Se foi nada, por que está chorando? Não confia em mim? Sou ou não sou sua amiga.

Susana volta a chorar.

BEATRIZ – Vem aqui, deita no meu colo e desabafa.
SUSANA – Eu só quero parar de existir.
BEATRIZ – Nunca mais fale isso, me diga o que aconteceu.
SUSANA –Eu não posso te contar
BEATRIZ – Eu não vou sair daqui até que me diga o que ta acontecendo.
SUSANA –Abusaram de mim
BEATRIZ – Abusaram como?
SUSANA –Me forçaram a fazer sexo, hoje.
BEATRIZ- Quem foi ele que eu capo.
SUSANA – Deixa pra lá.
BEATRIZ –Deixo não, me conte logo.
SUSANA – Eu só quero esquecer, não me faça lembrar daquela cena horrível.
BEATRIZ – Tudo bem, mas eu vou querer saber. Eu também tenho uma coisa pra ti contar.
SUSANA – Pois fale.
BEATRIZ – O Teodoro me beijou
SUSANA – (gaguejando) onde, como?
BEATRIZ – Hoje de tardinha no jardim.
SUSANA – A mãe dele não vai gostar nada disso
BEATRIZ – É segredo
SUSANA – De mim não vão saber, só quero que você seja feliz.

***

BEATRIZ – (Gritando) Que infernooooo! Isso nunca vai terminar? (voltando ao espaço branco)
SUSANA – (Surge no espaço branco e Aproximando-se de Beatriz) Acho que estamos recebendo o que vivemos. Relembrar essas cenas não são por acaso, o destino que nos mostrar alguma coisa.
BEATRIZ – Nada disso muda o que você fez, sua assassina.
SUSANA – Por que não deixamos o passado, no passado?
BEATRIZ – Você está louca? Você matou o meu pai
SUSANA – (cortando) porque ele me estrupou, matou meu pai
BEATRIZ – Isso é coisa que você inventou,  além de ter traído a minha amizade quando dormiu com o Teo.
SUSANA – Eu não sei como isso aconteceu
BEATRIZ  – Aconteceu, porque você é uma traíra.
SUSANA – Eu desisto Susana, fiz muito por você, mas já estou casada.

***

[Hospital São Francisco de Assis, Rio de Janeiro, Sala da psicologia – Tarde]

PSICOLOGO – E então  Leonardo,  como posso ajuda você?

Leonardo  não responde

PSICOLOGO – Se você não falar, eu não vou poder lhe ajudar.
LEONARDO – E quem disse que eu preciso de ajuda?
PSICOLOGO – Então me conte o porquê de você ter feito o que fez?

Leonardo olha para frente como não se enxerga-se nada e lágrimas escorrem pelo seu rosto.

LEONARDO – A tristeza vai tomando conta de você, vai mudando você e você sente ela se apropriando de cada parte de sua vida e mesmo que você tente escapar, não consegue, porque é mais forte que você. As coisas que você fazia parecem agora não ter mais o mesmo sentido, aliás as coisas começam a perder o sentido.
Você sente como se não tivesse mais forças e os dias começam a parecer um inferno e todo o que você quer é que ele termine logo, mas os teus pensamentos não deixam você dormir, então os dias começam a parecer que tem mais de 24 horas, que nunca tem fim. E você se sente tão cansado, as pequenas coisas começam a irritar você, e as vezes tudo o que você quer é um simples momento, de paz, tranquilidade, mas que a sua mente não deixa você ter. Você tenta fazer com que o looping de pensamentos parem em sua cabeça, mas eles não param.
Você deita na cama, já exausto, e vira de um lado para o outros, e todos os seus pensamentos vem a tona, lembranças que ferem você, feridas ainda abertas em sua alma e as horas passam e você vira novamente, se cobre, troca de lado da cama, na tentativa de que eles, os pensamentos, se calem e você possa dormir.

Mais lágrimas escorrem no rosto de Leonardo e o psicologo oferece lenços de papel a ele.

LEONARDO – O sol nasce e com ele mais um dia fatídico, e o ciclo infernal volta a tona e você quer somente uma válvula de escape, mas parece que ela não existe. E sua mente traz as feridas da alma ao longo desse dia. Para alguns é apenas drama, ou sem importância, claro que é sem importância, não dói nas outras pessoas dói em você.
E você luta pra tentar manter o equilíbrio, luta para não demonstrar a sua tristeza, tenta parecer que está bem, porque sabe que ninguém vai entendê-lo, ou que alguém se importe de verdade.
A tristeza traz consigo as lembranças, as mais doloridas e algumas pessoas podem perguntar: Por que você se deixa levar por coisas que já passaram? e só demonstra que elas não entendem. Cada momento que você vive trás de volta as memórias que ti machucam.
É você se interessar por alguém e sua mente dizer “você sabe que ninguém se interessa por ti”, “olha para você, acha mesmo que vai gostar de ti?” “Gordo, feio!”
E mesmo que você tente afastar esses pensamentos, sabe que no fundo eles estão certos, sabe que ninguém pode amar, gostar do monstro que você é e você se pergunta o que tem de errado com você, porque ninguém pode gostar de você, porque as pessoas riem de você e cada episódio a dor aumenta, o vazio aumenta.
A sociedade diz para você se amar, mas como se amar, se a própria sociedade faz você se odiar?
Me sinto um monstro, assim que você se sente. Um monstro, é o que você é.
PSICOLOGO – Você não é um monstro.
LEONARDO – Eu sei que sou, um monstro feio.
PSICOLOGO – Você me disse que a cada momento traz lembranças que ti machucam? Certo?
LEONARDO – Sim, todos os momentos do dia.
PSICOLOGO – Leo, não quero ser rude ou parecer que estou ignorando a sua dor, mas você não pode muda o que já passou, temos que pensar no agora, o que você quer agora?
LEONARDO – Que essa dor pare, que essas lembranças, esses pensamentos sumam da minha mente.
PSICOLOGO – Para isso precisamos fazer com que o passado deixe de nos afetar de forma negativa. Não existe uma pílula mágica que faça você esquecê-lo, a questão não é esquecer, mas não deixar o passado te machucar.
LEONARDO – E como eu faço isso?
PSICOLOGO – É um processo, cada dia um passo, vou ser sincero, até porque acho que você deve saber, você pode ter outras crises. Mas com o tempo e se seguir as minhas  orientações elas vão sumir, e você vai viver tranquilamente. Vamos estar juntos nessa caminhada, vou te ajudar no máximo que eu puder. Mas você tem que dar o primeiro passo.

[Brejo, Maranhão, Fim da Tarde]

TEODORO – Chegamos, é aqui o local de entrega do dinheiro.
ANITA – Fiquem atentos.

 Telefone toca.

Lucas Serejo

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