Três Jogadas

Três Jogadas – Capítulo 36

Três Jogadas.

Capítulo 36.

“O ódio é a vingança do covarde.”

George Bernard Shaw

Cena 1. Rio de Janeiro – Lagoa / Ristorante Massa Italiana / Noite

Alice e Soninha continuam conversando, enquanto tomam vinho. Neto entra no restaurante e conversa com a recepcionista, que lhe oferece um lugar. O homem termina e vai em direção à mesa das mulheres.

Neto sorrindo, tira os óculos: Cheguei! – ele sorri. – Eu disse que um dia voltaria. Aqui estou.

Alice o olha: Neto. Que bom que veio. Senta-se.

Neto se senta: Já jantaram? Podiam ter esperado por mim.

Soninha sorri: Sim, já jantamos. E nem sabíamos se viria mesmo. Mas já que veio, faça seu pedido.

Neto: Antes me expliquem o motivo de terem me chamado aqui. Qual problema dessa vez?

Soninha o olha: Relembrar os velhos tempos. Alguma informação sobre a Revista?

Neto olhando o cardápio: Tiago está fora da empresa. Ele e a Eliane se separaram e a mulher o expulsou de lá.

Alice puxa o cardápio: Mas isso não é novidade. Eu participei do dia da briga dos dois. Eu quero saber de mais coisas.

Neto: É o que eu sei. Acabei de chegar aqui. Dê tempo ao tempo. Isso foi o que eu descobri. Logo descubro outras coisas. Ao que me parece também é que quem vai assumir a presidência da revista será a Jaqueline. A Revista está falindo.

Alice interessada: Disso eu não sabia. Então quer dizer que a Jaqueline que vai assumir?! Eu não posso deixar que isso aconteça. Ela é mais esperta do que a trouxa da Eliane. Nosso plano não dará certo aqui.

Soninha: Então desiste de explodir a Revista e faça o que tínhamos combinados: compre a revista.

Neto olhando para Alice: É o melhor há se fazer. Qualquer coisa precipitada pode acabar levando nosso plano por água abaixo.

Alice sorri: Então é isso. Vou comprar a revista e levar aquilo à falência. Sei que o Tiago ainda tinha umas fortunas garantidas. No meu computador tinha a movimentação de dinheiro da Revista. Ela já está indo à falência mesmo. Só vou poupar o tempo.

Os três sorriem. O telefone de Alice toca.

Alice, pega o telefone e atende: Com licença. – ela se afasta. – Alô?!

Voz masculina, ao telefone: Problema resolvido. Depois acertamos os valores!

Alice desliga o telefone, radiante: Vai com Deus, querida delegada. Você fará falta. – ela sorri, maleficamente.

Cena 2. Rio de Janeiro – Urca / Apt. da Eliane / Noite

Eliane e Jaqueline sentadas no sofá. A última chorando, e Eliane segurando a mão da irmã.

Jaqueline: Eliane, não me tortura com isso. Esquece essa história. Por favor.

Eliane: Você precisa contar essa história. Uma hora ela vai começar a te correr. Desabafa comigo. Nunca teve segredo entre nós. Por favor.

Jaqueline se levanta: Tá bom. – ela enxuga as lágrimas. – Eu vou contar. Eu saí daqui a Rio com 18 anos, em 1992. Fui junto com a Adriana me formar no exterior.  Quando eu cheguei lá eu conheci um homem chamado Chicago. Ele era violento demais. Me agredia, me humilhava constantemente. Ele também era brasileiro. No meu aniversário de 20 anos, a gente passou pela primeira vez nossa noite juntos e eu acabei engravidando. Ele detestava a ideia e odiava a possibilidade de ter um filho. Me deu dinheiro para que eu fizesse o aborto, mas isso ia contra mim. Eu não queria fazer isso. Só que eu sabia também que eu era jovem demais para ter aquela criança, ia acabar com meus planos. A Adriana já tinha 20 anos e tinha acabado de concluir o curso. Foi quando eu perguntei se ela cuidava da minha filha. E ela aceitou. Assim que minha filha nasceu, ela contou para a mãe e o padrasto, que foram correndo. E eu vim embora para o Rio, onde assumi a presidência da Revista.

Eliane assustada: Disso eu lembro. Mas e qual a conclusão da história?

Jaqueline senta-se novamente: A Adriana me mandava mensagens desesperada, falando que estava apanhado da mãe, por ter continuado com a criança. Minha consciência começou a pesar e eu comecei a perceber a burrada que tinha feito. Ela então largou a criança para trás e veio para o Brasil. Isso foi o primeiro motivo da briga entre as duas.

Eliane perplexa: Meu Deus… Eu estou horrorizada. Pelas minhas contas essa menina tem 21 anos. Você tem ideia de é que essa menina está?

 Jaqueline: Não. Mas você pode me ajudar. Eu sei que a Adriana continuou trabalhando, depois que eu fui para o exterior novamente. Você deve ter o endereço dela.

Eliane chocada: Tenho. Eu mandei o convite para ela da festa da revista. Eu devo ter anotado ainda. Eu te passo depois. Só que tem uma coisa que não está batendo nessa história toda. Você voltou para Nova Iorque em 1995, um ano depois disso. Foi quando você indicou a Adriana para ficar no teu lugar. No início de 1996, ela disse que teria que fazer uma viagem e foi novamente para o exterior. Quando voltou, disse que tinha brigado novamente com a mãe e pelo mesmo motivo da primeira. Você contando agora isso, eu consigo interligar uma história na outra. Se o primeiro problema foi conta de filho, a segunda vez também.

Jaqueline assustada: Dessa história eu não sabia. Então a Adriana teve uma filha?! Dela?! Eu não sabia que ela tinha viajo novamente depois. Você que está me contando agora.

Eliane boquiaberta: Que confusão! Meu Deus!

https://www.youtube.com/watch?v=DX8FKO3aRUU

No dia seguinte…

Cena 3. Rio de Janeiro – Leme / Apt. do Jordan / Dia

Jordan abre a porta: Leandro! – eles se cumprimentam. – Que bom que atendeu o meu pedido e veio. Entre.

Leandro entra: Eu fiquei surpreso com sua ligação. Aconteceu alguma cosia?

Jordan fecha a porta: Eu só queria conversar para saber o que ficou resolvido com a Clarice. E pedir liberdade para ir à sua casa visitar minha filha, aproveitar que a Clarice não mora mais lá.

Leandro sem graça: Eu nem sei como te contar isso. Talvez você vá ficar com um ódio mortal de mim. Mas eu prefiro que você fique sabendo através de mim.

Jordan sem entender: Aconteceu alguma coisa?! Você está me assustando.

Leandro cabisbaixo: Eu perdoei a Clarice. Ela já voltou a morar comigo.

Jordan boquiaberto: Você só pode estar fazendo uma brincadeira comigo. Como é que você foi capaz disso?! A mulher matou a própria irmã. É uma assassina!

Leandro: Não coloca a culpa só nela. Você também tem uma parcela de culpa nisso.

Jordan perplexo: Eu não acredito que agora você vai me culpar de ter se casado com uma assassina e nunca ter percebido isso.

Leandro ri: Você fala como se somente ela fosse à culpada de tudo isso. Lembre-se que você causou a revolta nela. E eu não vou ficar me privando de amar por uma coisa que aconteceu no passado.

Jordan inconformado: Claro! Eu tenho total culpa nisso. Óbvio que tenho.

Leandro: Eu não disse que você tinha culpa nisso, falei em parcela.

Jordan sorri: Eu não vou me meter na sua vida. Ela é tua e dela você faz o que você bem entender. O dia que você precisar dela, você vai saber o que é ingratidão. Depois não diga que eu não avisei. E quer saber?! Eu não vou ficar acobertando isso. Você fez suas escolhas e eu fiz as minhas. Mas eu realmente achei que você não fosse cair na lábia dela. Antes que eu tenha que te falar “eu te avisei” é melhor que nossa amizade, se é que eu posso chamar isso de amizade, acabe por aqui.

Leandro sorri: Você não sabe o que é amar. O dia que souber, vai entender o que eu estou te falando e entender o sentido da palavra perdão e saudade. São duas coisas primordiais em nossas vidas. Boa sorte na vida… parceiro!

Leandro vai embora.

Cena 4. Rio de Janeiro – Leme / Ristorante Lagoa Azul / Dia

Júlia chega ao estabelecimento e vai falar com Luigi. Eles se cumprimentam com beijos no rosto e a jovem se senta.

Júlia preocupada: Fiquei preocupada com suas mensagens e suas ligações frenéticas. Aconteceu alguma coisa?

Luigi: Muita coisa. Eu descobri tudo sobre a Alice. Descobri que ela não passa de uma assassina e que é a verdadeira vilã dessa história toda. Começo a notar que sua mãe é a inocente. Não vou falar vítima, mas inocente perto das barbaridades que a Alice anda fazendo.

Júlia assustada: Você está me deixando assustada. Me explica do começo.

Luigi nervoso: A Luíza, sobrinha da Alice, descobriu que o meu pai estava vivo até pouco tempo atrás. E ela o matou! Aquele acidente que saiu no jornal.

Júlia perplexa: Peraí. Esse acidente que levou a minha mãe ser presa. A Adriana, advogada lá de casa, chegou dizendo que minha mãe havia sido presa por causa desse assassinato. Se isso que você está me contando for verdade, a sua mãe adulterou a placa do carro.

Luigi ainda mais surpreso: Eu não espero mais nada dela. E para de falar que ela é minha mãe. Mas voltando. A Luíza ainda descobriu que minha mãe biológica está viva. Ela não disse onde, mas disse que está. E eu preciso descobrir. Eu quero ter essa chance de conhecer a minha mãe.

Júlia: Você já me contou todas as barbaridades da sua mãe e eu nem devia ficar assustada e surpresa, diante desse passado tenebroso. Mas a pergunta é: onde é que eu entro nessa história.

Luigi segura as mãos de Júlia: Eu quero a sua ajuda. Eu me uni com a minha prima para colocar a Alice na cadeia. Só que antes eu preciso reunir provas e sua mãe pode saber muito mais coisa desse passado. Você não consegue tirar nada dela?

Júlia pensativa: Tudo o que aconteceu no passado é essa história que todos nós já sabemos. Nada de novidade.

Luigi: Então me ajuda Júlia. Me ajuda a encontrar a minha mãe e a colocar essa assassina da Alice atrás das grades. Alguém precisa parar ela antes que seja tarde demais.

Os dois se encaram. Luigi preocupado, tenso.

Cena 5. Rio de Janeiro – Hospital / Dia

Simone dorme e Barros observa a mulher dormindo.

Simone despertando: Barros! – ela sorri. – Eu não quero que você me veja nesse estado.

Barros sorri: Você continua linda. Que bom que acordou. Estava ficando preocupado. Está sentindo alguma dor?

Simone se ajeita na cama: Um pouco de dor no corpo. – ela olha seus braços. – Não estou nada roxa né. – brinca.

Barros senta-se na cama: O importante é que está viva e que logo sai daqui. A polícia conseguiu reconhecer o carro, está fazendo as buscas. Aliás, William se empenhou nesse caso. Mandou uma mensagem preocupado.

Simone entristecida: E eu fui toda ingrata e injusta com ele. Ainda bem que estou viva. Dá tempo de pedir desculpas.

Barros sorri: Não precisa se preocupar com isso. Depois vocês conversam. O importante é sua recuperação.

Simone preocupada: O médico falou alguma coisa sobre previsão de alta? Não sei se vou aguentar ficar aqui nesse inferno por muito tempo. Tenho muitos casos para resolver ainda.

Barros ri: Só pensa em trabalho, né? Você acabou de sofrer um acidente.

Simone: Acidente não! Atentado! A mesma pessoa que matou o Petrônio e tentou me matar da primeira vez, encomendou minha morte dessa vez. Eu preciso reunir provas para descobrir quem está por trás disso tudo. Mesmo tendo minha suspeita.

Barros: Não é hora para isso. Foca na sua recuperação. Quando sair daqui, tudo irá se resolver, pode apostar.

Simone determina: Pode anotar: eu não vou sossegar enquanto não colocar a bandida da Alice na cadeia. Nada me tira da mente que ela está por trás disso tudo. Eu tenho certeza absoluta disso!

Simone e Barros se encaram. A delegada determinada.

Cena 6. Rio de Janeiro – Leme / Apt. do Clarice / Dia

Kiara lê umas revistas. Clarice desce a escadaria da casa.

Clarice sorrindo: Você e sua mania de revistas.

Kiara fecha as revistas: Acho que eu deveria ser escritora. Perco-me nesses textos. Estava lendo um texto sobre amores.

Clarice senta-se, rindo: Apaixonada, Kiara? Você nunca foi disso e eu te conheço bem.

Kiara se acomoda: Talvez. Tem uma pessoa que está mexendo comigo. Mas ao mesmo tempo em que eu não quero me entregar, meu corpo clama por estar cada vez mais perto.

Clarice séria: Não confunde sentimento com desejo, Kiara. Eu te conheço bem e você nunca foi de amar ninguém. Sempre sentiu desejos.

Kiara sorri: Mas agora está tudo tão diferente. Não é desejo. Cada vez que eu me aproximo dele meu coração palpita mais forte, minhas pernas começam a bambear. Algo diferente. Sabe?

Clarice ri: Isso se chama amor! Sim, minha irmã. Bem vinda ao time.

Kiara ri: Eu não posso acreditar que isso está acontecendo comigo. Eu não quero embarcar nesse sentimento. Eu aprendi que sentimento é como o mar: seduz e depois pode afogar. Eu tenho medo.

Clarice: Esse é o seu problema. Ter medo de tudo. Se você olhar a vida como ela realmente é e encarar os desafios sem medo, terá certezas dos seus sentimentos. – elas se encaram sorrindo. – Posso saber quem é o felizardo?

Kiara desvia o olhar: William. Ele é delegado. – ela sorri. – Digamos que estou entrando num jogo perigoso.

Clarice ri: Eu também diria isso. Eu não sei se devo te ajudar tanto. Você não tem certeza dos seus sentimentos e eu não quero que você fique confusa.

Kiara determinada: Já tomei minha decisão. – ela sorri. – Quanto tempo não conversamos assim. Acho que estamos voltando aos velhos tempos.

Clarice segura às mãos da irmã: Lembra que uma vez fizemos um pacto? Que seríamos para sempre unidas e parceiras. Até nos piores momentos! Talvez eu nunca tenha demonstrado tanto, mas eu te amo tanto irmã!

Kiara sorri e abraça a irmã. As duas se emocionam com o abraço.

Cena 7. Rio de Janeiro – Ilha do Governador / Aeroporto / Dia

Aeroporto faz o pouso.

Corte descontínuo…

Uma mulher misteriosa passa pelo saguão do aeroporto.

Paralelo à cena… No Apartamento de Alice / Quarto de Luigi

Luíza preocupada: Será que aquele maldito mordomo já chegou?

Luigi troca a blusa: Provavelmente sim. E não adianta ficar fugindo por muito tempo. Eles já devem ter percebido que a porta foi arrombada.

Luíza perambulando pelo quarto: Você disse que tinha colocado a porta no lugar. Quer dizer, tentou colocar.

Luigi passa perfume: Tentei. Mas ele vai querer ir lá saber como você está.

Luíza nervosa: Não. Minha mãe já chegou. Eu ouvi a voz dela. Ele não faria isso.

Luigi abre a porta: Vou descer. Você fica?

Luíza senta-se: Não espera. Me fala sobre o seu encontro com a Júlia. Ela vai te apoiar?

Luigi volta e senta-se na cadeira do computador, contando a história para Luíza.

Na copa do apartamento…

Gisele e Alice tomam café.

Gisele inquieta: Estou preocupada. Desde ontem que não vejo a Luíza e o Ferraz. Será que aconteceu alguma coisa?

Alice venenosa: Se eu fosse você tomava cuidado com esses dois. Vamos combinar que a Luíza é uma bela mulher. Chama atenção de qualquer homem.

Gisele furiosa: Eles não seriam capazes de fazer isso comigo. Você só pensa nisso, né?! – ela olha para Sérgio e Alice, desconfiada. – Isso não tem dedo de vocês dois né?!

Alice sorri: Um dos dois eu matei. Tente adivinhar qual.

Gisele se levanta, apavorada: Como é que é?! DO QUE VOCÊ ESTÁ FALANDO?!

Alice se irrita: Ou! Eu quero tomar meu café em paz. Gosto de silêncio. Mas se é isso que você quer saber. Sim, matei. Um dos dois. A outra pessoa está na beira do limite. Um passo fora do meu compasso, eu me livro também.

Gisele furiosa: Eu não estou de brincadeira. Não gosto desse tipo!

Alice limpa a boca com o guardanapo e se levanta: Como sou uma boa pessoa, vou revelar. O pobre Ferraz foi dessa para melhor. – ela sorri. – Agora vou me retirar. Tenho uns problemas para resolver na rua.

Gisele vai atrás: Alice vem aqui! Eu não estou de gracinha. – ela puxa a mulher pelo braço. – O que você fez com o Ferraz?! Cadê minha filha?!

Alice sorri: Vai ao canteiro do prédio que você descobre o que eu fiz com o Ferraz. Quanto a sua filha, se você não sabe dela, quem dirá eu. E não precisa fingir que está assustada. Você é tão fria quanto eu. Esse é o fim de quem me ameaça. Aprende!

Alice se solta e sai. Gisele fica chocada.

Gisele pega o abajur: DESGRAÇADA! VOCÊ ME PAGA! – e taca longe.

Sérgio aparece: Foi caro. Não é você que paga.

Gisele pega a bolsa: CALA A BOCA. EMPREGADINHO!

A mulher sai.

Sérgio indignado: EMPREGADO NÃO! MORDOMO! – a mulher bate a porta forte. – Vaca.

Pouco depois…

Sérgio está arrumando os copos da casa. Gioconda aparece.

Gioconda ri: Você trabalhando? Milagre! Achei que tivesse na aba da toda poderosa.

Sérgio analisando os copos: Não me provoca. Estou assustado no inferno que essa casa tem se transformado.

Gioconda colocando seu uniforme: Podemos ser grandes aliados. Só você me contar o segredo daquela carta de jurado. Quem é você, Sérgio?

Sérgio continua arrumando os copos, tenso: Já mandei esquecer isso. Aquela carta não tem validade nenhuma. E mesmo se tivesse, jamais trairia a confiança da Alice.

Gioconda sorri: Nem por dinheiro?!

Sérgio vira-se: Não sei o que você está insinuando.

Gioconda: Alguma coisa com o passado da Alice você tem. Essa história de adoção do Luigi é pouca. Você conhece coisa além disso tudo. Ou melhor você participou disso tudo! Me conta essa história e a gente pode se tornar uma boa dupla. Além disso, você não vai precisar ficar bancando esse papel ridículo e forçado que você anda fazendo.

Sérgio tenso: Eu já disse que não tem história nenhuma! E pare de ficar me torrando a paciência. Se tivesse, não te contaria. Dá licença.

Cena 8. Rio de Janeiro – Urca / Rua / Dia

Tiago dorme na rua. Em cima de um papelão e se cobrindo com outro. Vanessa sai da padaria e vê o homem naquele estado. A mulher se aproxima aos poucos.

Vanessa se abaixa e o acorda: Tiago! Tiago! Acorda!

Tiago desperta aos poucos: Vanessa! – ele sussurra. – O que você está fazendo aqui?

Vanessa: Será que a gente pode conversar?!

Corte descontínuo.

Cena 9. Rio de Janeiro – Urca / Casa da Vanessa / Dia

Vanessa entra com Tiago.

Tiago confuso: Não entendi o motivo de ter me chamado até aqui depois do escândalo que você deu me expulsando de casa.

Vanessa fecha a porta: Eu repensei sobre nossas conversas e acho que você merece uma segunda chance. Eu desisti de viajar para minha cidade natal. Vou ficar por aqui mesmo.

Tiago sorri: Fico feliz. Mas eu acho que depois de todas as nossas brigas e conversas, nosso conturbado e acabado relacionamento ficou claro que não teremos mais nada. Chances zero.

Vanessa sorri: Não. Eu repensei e eu quero que você volte a morar aqui comigo. E que você me perdoe, primeiramente.

Tiago radiante: É claro que eu te perdoo. E eu aceito o convite também!

Os dois se encaram sorrindo.

Cena 10. Rio de Janeiro – Dentro do Carro de William / Dia

Kiara entra no carro. William tenta lhe beijar, mas a mulher se afasta.

William estranha: Aconteceu alguma coisa? Achei que a mensagem que me enviou era de saudade.

Kiara sorri: Foi uma mensagem de despedida.

William confuso: Não entendi. Seja mais clara.

Kiara séria: O que mal começou já acabou. Eu decidi que não quero mais me envolver com você. A gente precisa se afastar.

William sem entender: Você me deixou confuso. Eu respeitei sua decisão de não querer se envolver agora e tínhamos combinado que nossa relação seria apenas de sexo. O que foi que mudou?

Kiara: Tudo! Meus sentimentos, por exemplo. William estou tão confusa. Eu nunca me apaixonei por ninguém e essa sensação que eu estou sentindo é horrível.

William sorri, radiante: Você está apaixonada por mim?! É isso?! – ele tenta tocá-la, mas a mulher afasta o braço dele.

Kiara chateada: Não força. Por favor. E eu não sei bem se estou e é por isso que eu quero me afastar definitivamente. Eu nunca me envolvi sério com ninguém. E nem pretendo.

William ri, confuso: Mas foi isso que tínhamos decidido. Eu também não quero me envolver. Acabei de sair de um relacionamento conturbado. Da mesma forma que você busca em mim diversão, eu busco em você diversão. Somente isso.

Kiara: Eu não estou falando de você. Estou falando de mim! Os meus sentimentos mudaram e eu estou confusa. Nunca me apaixonei por ninguém e não sei nem qual é a sensação disso. Na verdade, estou começando a descobrir e é disso que tenho medo. Quero cortar logo, antes que vire amor e se torne um caso perdido.

William chateado: A gente se dá tão bem.

Kiara é direta: Na cama! A gente nunca vai conseguir montar uma família e eu nem penso nisso. Nunca pensei em família, filhos. Eu gosto desse jogo de sedução. Quando passa disso, eu sou capaz de qualquer coisa para esquecer o que aconteceu. Enfim, mesmo que você não entenda os meus motivos, entenda pelo menos as minhas razões e o que eu realmente quero. – ela abre a porta do carro. – Esse nosso jogo começou a passar de apenas uma sedução. E eu sou muito jovem para passar o resto da minha vida na cadeia. Foi bom te conhecer!

Kiara sai do carro. William fica sem reação.

William confuso: Ela devia ter medo de contar isso a um delegado.

Cena 11. Rio de Janeiro – Leme / Apt. do Clarice / Dia

Clarice está sozinha na sala, lendo uma revista de moda. Kiara entra.

Clarice guarda a revista: E o encontro com o tal delegado. Como foi?

Kiara chateada: Fiz o certo. Disse que quero me afastar definitivamente. Espero que dessa vez eu consiga.

Clarice sorri: Medo de amar causa isso. Kiara eu nunca te vi com nenhum homem. Custa tentar? Deixar o teu coração mandar pelo menos uma vez?

Kiara senta-se: Não confio nem em mim. Vou confiar no meu coração? Não! Aprendi que nunca devemos ouvir a voz do coração e sim a voz da razão. E era isso que minha razão dizia.

Clarice: Isso é coisa da sua cabeça.

Júlia entra.

Clarice sorri: Filha! E então. Como é que foi a conversa com o Luigi?

Júlia ainda chocada: Aterrorizante.

Kiara ri: Nossa, esse garoto é tão chato assim?

Júlia se senta: Antes fosse. Mãe, tia, ele me contou cada coisa bárbara sobre a Alice. Eu achei que vindo dela nada mais me surpreendia. Me enganei!

Clarice assustada: Até eu me assustei agora. O que foi que essa bruxa aprontou?

Júlia olha para Clarice: O Luigi me contou que uma prima dele, tal de Luíza, a ouviu conversando com uma pessoa ao telefone. E nessa conversa, ela confessou ter matado o Petrônio e pior: encomendou a morte da delegada Simone. Além disso, revelou que a mãe do Luigi está viva.

Clarice se levanta.

FLASHBACK

Clarice invade a casa: CADÊ A VAGABUNDA DA ALICE.

Petrônio reconhece Clarice. Ele se assusta. Célia também reconhece. Os dois disfarçam. Clarice chega na sala e flagra Alice diante de Sérgio, segurando a arma.

Clarice assusta: ASSASSINA! VOCÊ MATOU MAIS UMA PESSOA! VOCÊ NÃO PARA NUNCA?!

FIM

Clarice perplexa: Então aquela mulher no apartamento da Clarice, na primeira vez que eu fui até lá é a Aurora, a mãe do Luigi. Eu sabia que aquele rosto me era familiar.

Júlia assustada: Você conhece a mãe dele?!

Clarice: Conheci na época que eu fui morar com ele em São Paulo. Mas se passaram 30 anos, tanta coisa mudou e eu nem a reconheci. Além do que eu passei minha vida que essa mulher tinha morrido no incêndio do Teatro e que o meu primo estava morto.

FLASHBACK

Clarice liga uma coisa na outra: Foi você! – ela se levanta furiosa. – CLARO QUE FOI. VOCÊ MATOU ESSE HOMEM E CONSEGUIU DE ALGUMA MANEIRA ME INCRIMINAR. EU NEM SEI QUEM MORREU. MAS VOCÊ SIM! VOCÊ É A ASSASSINA DISSO TUDO. ASSASSINA!

Alice se levanta e vira-se de costas: Estranho você não conhecer seu próprio primo.

Clarice sem entender, abismada: Primo?! Do que você está falando?!

Alice vira-se, sorrindo: Vai dizer que você não sabia que o ENRICO estava vivo?

Clarice horrorizada: Não pode ser.

FIM

Clarice perplexa: Eu só fui descobrir que o Enrico estava vivo uns meses antes da festa. Da vez que fui presa por ter matado o tal homem, cujo era o próprio Enrico. Até então eu nem sabia que ele estava vivo. E justamente quem me contou foi a Alice. Claro que foi ela que o matou! Se eu não sabia de quem se tratava e ela sabia e era a única que tinha interesse em se livrar do meu primo. Agora tudo começa a se encaixar.

Kiara perplexa: Essa história é pior do que eu imaginava.

Júlia: O Luigi quer minha ajuda para tentar encontrar a mãe biológica dele. E eu prometi ajudá-lo a recolher provas para incriminar a Alice. E essa história dela ter ido à delegacia revelar pra você que quem tinha morrido era o Enrico, no caso teu primo, é uma prova e tanto. Pode ajudar na investigação.

Clarice determinada: Júlia eu quero te pedir um favor. Faça o que for preciso e leve o Leandro e o Igor para longe daqui. Essa guerra já passou dos limites e eu vou esperar você fazer isso para fazer o que tenho para fazer.

Júlia sem entender: Eu te ajudo. Mas antes me fala o que você tem para fazer.

Clarice com sangue nos olhos: Acertos de contas! Alguém precisa parar essa mulher. E quem vai fazer isso sou eu. Nem que seja com a morte!

Fim do Capítulo 36!

Gabriel Adams

O que é necessário para Ser Humano? Quais são as atitudes que devemos tomar em situações difíceis sem que possamos ferir ou machucar alguém? Será que Ser Humano é ser cruel? Ou é errar, acertar, errar tentando acertar...Afinal, o que é ser humano? Dia 23 de fevereiro, às 20hrs, estréia a web-novela SER HUMANO.

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One thought on “Três Jogadas – Capítulo 36

  • Simone está viva e prontinha para outra!! Não vejo a hora de ela prender logo a Alice e acabar com essa insanidade da megera.
    Leandro deu um belo discurso sobre perdão e amor, agora resta saber se Jordan irá escutá-lo.
    Tiago e Vanessa de novo? Pelo amor de Deus, esses dois já estão me irritando com esse chove e não molha. Daqui a pouco entro nessa web e dou uns belos tapas na cara de ambos.
    Alice, Neto e Sônia juntos para tomarem a revista de Jaqueline e Eliane, realmente… as coisas estão cada vez mais críticas.
    Gioconda pressione mais que daqui a pouco o Sérgio deixa escapar algo sobre esse passado dele.
    Jaqueline confirmou as minhas suspeitas: Stacy é filha dela 😯 que bafão master.
    Kiara se deixe apaixonar ao menos uma vez… não se torture,mulher. O Willian vai adorar te ter como companheira, tenho certeza disso, pois com a Simone ele não arranja mais nada kkk só discussão.
    Agora a jiripoca vai piar, quero só ver o que Clarice vai aprontar contra a Alice. Vai ser tiro, porrada e bomba!!

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