Sombras do Passado

Sombras do Passado – Capítulo 16

Capítulo 16: Sem saída!

 “Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas”.

Então agora eu tenho uma irmã gêmea?

A garota que se dizia minha irmã gêmea era realmente idêntica a mim. Tinha cabelos pretos que chegavam até a cintura, com levíssimas ondas nas pontas. Seus olhos eram castanhos escuros, com um tom de mel. Sua pele era branca e seu corpo era magro.

– O plano de vocês é horrível! _ eu disse tentando parecer corajosa.

– Isso é o que veremos! _ Alexia disse.

Rodrigo me segurou rapidamente enquanto Alexia colocava uma corrente presa ao meu tornozelo e a outra extremidade presa ao chão. Em seguida ela andou pela sala, e começou a derrubar objetos no chão. Ela quebrou vidros, derrubou objetos que pareciam valiosos, derrubou a estante de livros, e também pegou algumas pedras brilhantes e as colocou no bolso de sua jaqueta. Eu fiquei parada no mesmo lugar. Não conseguia me mover. Estava paralisada de medo, de raiva e de tristeza, além de estar presa ao chão, claro.

Por fim, Alexia foi até a única porta da sala, e lhe deu alguns chutes, até que a porta cedeu e se quebrou. Ouviu-se um uivo ao longe, parecia de um lobo.

– Eu ainda acho nosso plano fantástico! _ Rodrigo disse.

– Vamos sair daqui! _ Alexia disse ao Rodrigo. _ Foi bom te conhecer irmãzinha. _ ela sorriu para mim.

Os dois saíram. Eu os observei e, pude perceber que eles estavam entrando na sala onde a Daiana estava. O que eles vão fazer com ela?

Eu tenho que sair daqui. Olhei para a corrente presa ao meu tornozelo. De onde eu vou tirar forças para me transformar em demônio? Estava tremendo, com medo e surpresa por tudo que havia acabado de acontecer.

Respirei fundo. Então, comecei a ouvir um trotar de cavalos, o chão estava estremecendo um pouco. O barulho foi ficando cada vez mais perto. O que será isso?

Ouvi um uivo novamente. Não são cavalos, são lobos. Esse barulho todo são de lobos, e pareciam estar vindo em minha direção.

Preciso sair daqui. Meu desespero desencadeou algo dentro de mim e me fez ter forças para me transformar. Tentei quebrar a corrente, estava difícil, mas eu não desisti. Usei o máximo de força possível e, finalmente, consegui.

Foi quando entraram na sala vários lobos. Eles eram enormes, bem maiores que qualquer lobo que eu já tenha visto, bem maiores que o Meia-Noite. Tinham dentes enormes. Pareciam monstros.

Então era isso. Alexia queria que os cães de guarda do castelo me matassem.

Os lobos me atacaram. Eu me defendi com todas as minhas forças. Estava conseguindo afastar alguns, mas eles eram muitos. Eu estava cansada. Não sabia por quanto tempo eu ainda suportaria tantas mordidas. Tentei gritar por socorro. Mas aquilo era inútil. Ninguém poderia me ajudar. Eu estava sozinha. E o pior é que eu era culpada. Eu realmente estava ali para pegar algo que não me pertencia. Eu nem pensei em outras maneiras de conseguir o Sombras do Passado, apenas quis roubá-lo. Confiei em que não deveria, mais uma vez.

Eu nunca iria conseguir vencer esses lobos. Decide desistir, e parar de lutar.

Eles me morderam me derrubaram no chão, dilaceraram cada membro meu. Havia sangue por toda parte. Eles sugaram quase toda minha vida. Minha visão já estava ficando embaçada, eu já não estava mais conseguindo gritar, e não sentia mais dor. Será que esse será meu fim?

Eu vi dois homens se aproximando em meio aos lobos. Pareciam estar gritando ordens. Mas então, eu caí no inconsciente.

 

Estava voltando à consciência e, ainda não havia abrido os olhos. Senti que meu corpo esta sobre uma superfície macia. Tentei mover meu corpo, mas senti um dor terrível. Acho que eu não morri. Abri os olhos. O teto era de madeira. Olhei para os lados.

Provavelmente eu estava em um quarto. Aquelas paredes eram iguais as do castelo. Será que eu ainda estava no castelo? Tentei me levantar.

– Ai! _ gemi de dor e logo desisti da ideia de tentar me mover.

Foi quanto à porta do quarto se abriu, e entrou um homem. Ele era alto, de pele branca. Seus olhos eram castanhos escuros e pareciam ter mel dentro deles. Seus cabelos eram pretos. Ele estava com uma roupa toda preta. Então, eu me lembrei. Aquele homem era o mesmo homem que segurou meu braço quando eu estava na porta da minha casa. Naquele dia ele me disse umas coisas estranhas, estava tentando me alertar sobre o Rodrigo, me disse para tomar cuidado com minhas companhias. Ele devia ter uns quarenta anos.

– Você acordou! Como está se sentindo? _ o homem me perguntou, enquanto entrava no quarto e fechava a porta.

– Com muita dor! Quem é você? E onde estou? _ eu o perguntei.

Ele se aproximou da cama e tocou em minha testa com as costas das mãos.

– Você está com febre. _ ele se virou e saiu do quarto.

Pouco tempo depois ele entrou novamente no quarto, trazendo uma xícara marrom.

– Você consegue se sentar? _ ele me perguntou.

– Talvez! Mas eu estou sentindo muita dor. _ eu gemi _ você pode, por favor, me dizer quem é você?

Ele me olhou nos olhos por um instante.

– Vou te ajudar a se sentar! _ ele disse e logo em seguida colocou a xícara em algum lugar ao lado da cabeceira da cama onde eu estava deitada, provavelmente era um criado mudo, mas não dava para ver.

– Tudo bem! Você não quer falar! _ eu disse com a voz um pouco fraca já que minhas costelas estavam doendo bastante. _ então, que tal você me dizer pelo menos onde eu estou? Eu ainda estou no castelo do demônio?

– Não _ ele diz _ Você está na casa que também pertence ao dono do castelo.

Ele se aproximou de mim e me ajudou a me sentar. Eu gemi bastante, pois estava muito dolorida. Logo em seguida, ele pegou a xícara novamente e me entregou.

– Beba isso! _ ele me disse. _ eu não vou te fazer nenhum mal e, garanto que você vai melhorar!

Eu o encarei por um momento e ele fez o mesmo.

Naquele dia em frente à porta de minha casa, aquele homem havia me olhado daquela mesma forma. Era um olhar de preocupação. Naquele dia ele havia me dito que eu nem parecia à garota cheia de atitudes que ele havia conhecido. Parecia que ele me conhecia tão bem. Comigo não acontecia a mesma coisa, para mim ele era completamente estranho, talvez com apenas alguns traços familiares.

Agora, ele segurava a xícara logo a minha frente, esperando que eu a pegasse. Estendi minhas mãos em direção à xícara, mesmo sentindo dor, e percebi que meus braços estavam enfaixados, mas não dei importância, peguei a xícara e a trouxe para perto do meu rosto. Observei o liquido que estava dentro da xícara. Parecia ser um simples chá, mas tinha uma cor estranha. Fiquei em duvida se deveria tomar ou não. Muita gente nesse mundo está louca para me matar, e não conhecia o homem que estava á minha frente.

Decidi tomar um gole e, me surpreendi, pois tinha um gosto maravilhoso e estava na temperatura certa. O homem ficou sentado na beirada da cama onde eu estava. Ele me observou até que eu terminasse de tomar todo o chá. Assim que eu terminei, eu lhe entreguei a xícara.

– Boa garota. _ ele sorriu para mim. _ agora tente dormir mais um pouco.

– Por que você não me diz seu nome? _ eu o perguntei novamente.

– Durma um pouco, e quando você acordar nós conversaremos. Deixe as perguntas para depois!

Eu apenas assenti. Ele sorriu e me ajudou a deitar-me novamente. Logo em seguida ele saiu do quarto. Eu fechei os olhos e pouco tempo depois adormeci.

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