O Anjo abre suas Asas

O Anjo Abre Suas Asas – Capítulo 08

Capítulo 08

Cena 01 – Casa dos Oliveira.
Laura serve o café para Antônio.
Antônio: Bom dia meu amor.
Laura: Bom dia querido, hoje nós vamos até a delegacia falar sobre o desaparecimento da Maria?
Antônio: Claro, eu teria que falar com o seu Paulo pra ele me liberar pra irmos até a cidade, mas acredito que ele vai entender.
Laura: Vai, não acha que é melhor que ele vá com a gente noticiar o sumiço do filho dele?
Antônio: Eu sugeri isso, mas ele não quer chamar a polícia, e se eu pressioná-lo posso acabar sendo demitido.
Laura: Ele deve ter os seus motivos. Eu vou chamar o Felipe se não ele vai perder o ônibus.
Laura vai até o quarto dos filhos.
Laura entra no quarto: Felipe, é hora de…
Quando entra, Laura encontra a cama de Felipe vazia, desarrumada e o guarda-roupa aberto e vazio, as coisas de Felipe sumiram também.
Laura, preocupada: Ah meu Deus, não pode ser, até o Felipe…

Cena 02 – Mais tarde. Floresta.
Os três garotos continuam sua caminhada pela floresta. Gabriel está vestindo uma camisa, já se acostumando a esconder novamente suas asas.
Felipe, cansado: Gente, por favor, estamos andando há horas, vamos fazer uma pausa?
Gabriel: Tá bem Felipe, se assim você vai parar de reclamar, pausa de alguns minutos.
Felipe pega uma garrafinha de água de sua mochila: Que sede! Será que estamos perto? Pra todo lado eu só vejo árvores.
Gabriel: Bem, pelo que vejo, estamos perto do lago, então, estamos no caminho certo.
Maria: Ah, o lago! Vamos até ele, eu estou precisando molhar os pés.
Os três seguem para perto do lago, dar uma merecida descansada perto da água. Maria logo que chega, se senta na margem e tira os sapatos, logo em seguida ela coloca os pés dentro da água.
Maria, aliviada: Ah, eu precisava disso!
Maria repara da corcova nas costas de Gabriel.
Maria: Puxa Gabriel, sua corcova tá maior do que nunca.
Gabriel: É, já faz bastante tempo desde que cortei as minhas asas.
Felipe, que veio mais atrás, chega pra junto dos dois com um pedaço de pau com dois furos nas pontas e duas cordas molhados.
Felipe: Gente, olha o que eu achei ali, duas cordas velhas e um pedaço de madeira furado.
Gabriel: É, as pessoas jogam muita coisa fora, na água isso polui.
Maria: Olha Felipe, era você quem tava reclamando, por que ao invés de ficar catando lixo não se senta e descansa?
Felipe: Porque eu tive uma ideia bem melhor!
Felipe chega perto de uma árvore bem na margem do lago e sobe nela. Felipe amarra cada corda em um dos buracos das pontas do pedaço de madeira.
Maria: Felipe, pode nos dizer o que você tá fazendo aí em cima?
Felipe: Não me atrapalha Maria, você já vai saber o que é.
Felipe amarra cada corda em um galho da árvore, fazendo um balanço. Ele desce da árvore.
Felipe: Tcharam!
Gabriel: Continuo sem entender nada.
Maria: Felipe, pode nos dizer pra que isso aí?
Felipe: Ah, qual é? Eu só acho que já é hora de um pouco de diversão.
Maria: Diversão? Felipe, você ainda não tem noção da tremenda enrascada em que nós estamos metidos?
Felipe: Por isso, a gente tá cansado, com calor, depois disso de fugir de casa, vamos pelo menos nos divertir e relaxar um pouco.
Gabriel: Felipe você acha que esse seu balanço improvisado aí é seguro?
Felipe: É claro que sim, eu vou mostrar pra vocês.
Felipe tira a camisa e entrega a Gabriel, em seguida tira os sapatos e entrega o par a Maria. O garoto vai até o balanço e fica de pé nele, pulando.
Felipe: Veem? Aguenta!
Felipe se senta no balanço e começa a balançar.
Gabriel: Isso parece divertido!
Maria: Aposto R$ 5,00 que a corda vai arrebentar.
Felipe continua a balançar mais forte. De repente ele pula do balanço e se joga na água. Gabriel e Maria riem e se afastam um pouco para trás para não se molharem. Felipe submerge.
Felipe: Vem gente, a água tá muito boa.
Maria: Eu tô dentro.
Maria corre para trás de uma moita com sua mochila para trocar de roupa. Ela volta de short curto e uma blusa regata curta. Maria sobe no balanço, se balança algumas vezes e se joga na água. Gabriel fica na margem, rindo.
Maria: Vem Gabriel, vem também.
Felipe: Olha lá Maria, vai ver o Gabriel não sabe nadar. Ou ele “voa” debaixo d’água como os pinguins?
Gabriel: Ah é Felipe? Vamos ver…
Gabriel tira a camisa e a joga no chão. Ele então alça voo e quando está na altura das árvores, mergulha com velocidade como um mergulhão. Gabriel vai para debaixo d’água e parece voar dentro dela, como os pinguins. Ele nada para a superfície, chegando a ela, abre suas asas e começa a batê-las na água, atirando ela em seus amigos.

Cena 03 – Meia hora depois.
Depois da brincadeira na água, Gabriel está sentado sozinho na beirada da margem enquanto Felipe e Maria estão se secando. Ele olha pra cima, está pensativo, pensando como vai ser quando chegar na fazenda e enfrentar seu pai. Felipe chega para perto dele.
Felipe: E aí Gabriel, tá aí, parado, tá pensando em quê?
Gabriel: Oi Felipe, eu só tava pensando no que eu vou ter que enfrentar quando eu chegar em casa.
Felipe: Tá falando do seu pai?
Gabriel: Tô sim, e eu acho que dessa vez é oficial, eu nunca mais vou poder voar de novo.
Felipe: Gabriel, eu já falei, eu e a Maria podemos voltar e inventar uma história sem te envolver, nós nunca fomos amigos, ninguém vai desconfiar que nós dois fugimos por sua causa.
Gabriel: Não, é melhor não. Eu pude voar, me senti livre, foi bom enquanto durou. Eu pude conhecer bem você e a Malu e vocês me ajudaram muito, obrigado, eu não sabia como era ter amigos.
Felipe, irônico: Amigos?
Gabriel: O que foi? É que eu pensei que fôssemos…
Felipe: Ah Gabriel, será que você ainda não percebeu?
Gabriel: Não percebi o quê?
Felipe: A Maria, ela gosta de você!
Gabriel: Então, eu também gosto dela, foi o que acabei de dizer, somos amigos…
Felipe: Não cara, ela tá à fim de você, ela se apaixonou por você!
Gabriel: O quê? Ah, nada a ver Felipe, às vezes suas piadas são muito sem graça.
Felipe: Fala sério Gabriel, ela fugiu de casa e entrou nessa floresta sozinha e olha que ela é bem fresca, deixou todos preocupados, arriscou a vida por sua causa, isso já não basta?
Gabriel: E daí? Você também fez isso, e você tá à fim de mim?
Felipe: É lógico que não, acontece que ela foi porque quis e eu não tive escolha. Olha Gabriel…
Gabriel: Shh, para de falar.
Felipe: Não, agora que eu comecei eu tenho que terminar…
Gabriel: Não shh, para. Escuta.
Ouve-se o som de um carro e o pio de pássaros e o barulho de macacos, muitos e parecem nervosos.
Gabriel: Tá ouvindo? É o som de um carro e de animais.
Felipe: Aqui é uma floresta Gabriel, é lógico que se ouve os animais.
Gabriel: Não, parecem muitos animais, e em apuros.

Cena 04 – Acampamento dos caçadores.
Os três homens estão terminando de encaixotar e colocar todas as gaiolas e animais nas caçambas das caminhonetes.
Eduardo: Então, como estão as coisas na fazenda?
José: Nada até agora, nenhuma pista do garoto desaparecido.
Eduardo: E vocês não deixaram ninguém chegar perto do acampamento, certo?
João: Não senhor, ninguém.
Eduardo: Ótimo, e quanto aos animais e às gaiolas?
José: Estamos quase terminando de colocar tudo nas caminhonetes.
Eduardo: Ótimo, então hoje mesmo nós desmontamos o acampamento e seguimos com esses animais pra cidade antes que sejamos descobertos.
Atrás de um arbusto não muito longe dali, Gabriel, Felipe e Maria observam de longe os três homens carregando as gaiolas cheias de animais e colocando nas caminhonetes.
Maria: Gente, vocês estão vendo o que eu estou vendo?
Felipe: Depende, se você tá vendo um monte de animais engaiolados e uns caras carregando eles, então estamos vendo o que você tá vendo.
Gabriel: Espera aí, eu conheço dois daqueles caras, são o José e o João, eles trabalham pro meu pai.
Felipe: E pelo jeito eles trabalham pra mais alguém, né Gabriel?!
Gabriel: O que será que eles vão fazer com esses animais?
Felipe: Você não ouviu? Vão levá-los pra cidade.
Maria: Meu Deus, isso é tráfico de animais silvestres, isso é crime!
Felipe: Exatamente, e é melhor a gente não se meter com bandidos, vamos seguir nosso caminho.
Gabriel: Ah não, a gente não vai a lugar algum antes de libertar esses animais.
Maria: O que você disse?
Gabriel: Eu sei muito bem o que é prisão, não podemos deixar eles fazerem isso com esses pobre animais.
Felipe: Tá, mas o que você sugere que a gente faça Gabriel? Se aqueles dois trabalham pro seu pai eles também estão atrás de você!
Gabriel: Chega mais gente, o plano é o seguinte…

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