Eventyr

Eventyr – Capítulo 7

Corremos direto para a cozinha. Lifa estava estirada no chão, com uma jarra de porcelana quebrada ao seu lado. Tanto eu quanto Neandro estávamos apavorados.

Neandro a pegou no colo e colocou em sua cama. Ele pediu para que eu trouxesse um copo d’água. Corri imediatamente, tropecei em meus pés com a pressa e peguei o jarro que estava em cima da mesa, quase furei meu pé com os cacos.

Antes de sair da cozinha, tive que voltar novamente, o jarro era de leite. Peguei então o jarro que estava em cima do que parecia ser uma geladeira, mas na verdade era um armário e fui, sem correr para evitar tropeços, de volta ao quarto de Lifa e Neandro.

Quando voltei, Lifa ainda estava desacordada e Neandro dando leves tapinhas em suas bochechas. Ele me pediu para ficar com Lifa que ele chamaria um médico. Não demorou muito para Neandro estar de volta e com ajuda. Lifa ainda não havia acordado, mas o médico a examinou mesmo assim.

Ele disse que aparentemente estava tudo bem e que deveria ser apenas uma queda de pressão. Recomendou algumas coisas que não entendi e foi embora. Lifa começou a acordar.

– Oi amor? – Neandro passava as mãos nos olhos dela.

– O que aconteceu? – Lifa abriu os olhos.

– Você desmaiou, mas já está tudo bem! – Neandro respondeu.

Lifa olhou para mim e eu acenei para ela com o sorriso mais positivista que pude. Não queria parecer preocupada, mas era quase impossível não demonstrar.

O resto do dia foi totalmente dedicado a paparicar Lifa. Neandro ficou cuidando dela, enquanto eu fiquei por conta de arrumar a casa. Por motivos óbvios Neandro ficou com a parte da cozinha – lugares com facas e fogo não são muito bem os meus locais favoritos.

A noite chegou e eu estava exausta. Foi um longo trabalho, mas também havia sido um trabalho divertido. Fora que era por uma boa causa. Fui dormir cedo, não sabia exatamente que horas, mas sabia que era mais cedo do que costumava dormi.

– Beatriz? – Neandro bateu na porta do meu quarto – Já vai dormir?

– Sim, sim! – respondi enquanto arrumava os lençóis – por quê?

– Nada em especial, descanse um pouco. – ele fechou a porta.

Apaguei as velas que estavam acessas no candelabro e fechei os olhos. Não sei exatamente por quanto tempo havia dormido, mas sabia que era muito pouco tempo. Ainda estava escuro quando uma voz masculina começou a me chamar.

– Beatriz? – era Neandro. – Acorde!

– Que horas são? – perguntei sonolenta.

– São exatamente 05:00 da manhã! – ele respondeu como se já fosse quase meio-dia.

– Me deixe dormir mais um pouco! – ainda estava falando sonolenta.

– Não! – ele puxou meu lençol – Nem mais um segundo!

Ele acendeu as velas e colocou em cima da cômoda. Já havia entendido, era para um me vestir.

Peguei um vestido de tecido leve, mas aparentemente muito resistente. Ele era branco e havia uma gola alta, que tapava todo o pescoço, de cor vermelha. Havia detalhes em amarelo e um corte em “V” na mangas, que batiam até os meus pulsos.

O vestido não era muito grande, pouca coisa abaixo do joelho, mas era bem confortável e havia ficado lindo em mim.

– Neandro, qual razão de ter me acordado tão cedo? – perguntei seguindo para sala, Neandro estava sentado.

– Pronta para começar a aprender magia? – ele segurava um livro na mão. Seu sorriso era inocente e malicioso ao mesmo tempo. Eu provavelmente estava com cara de espanto.

Ele me levou até as montanhas atrás da casa dele. Apesar de escuro, consegui apreciar a paisagem.

– Como ficamos ontem o dia inteiro cuidando da Lifa, temos que adiantar a suas aulas de magia! – ele sorriu e eu ainda estava brava por ter acordado tão cedo. – Eu só não sei exatamente por onde começar, nunca havia ensinado magia a ninguém.

– Comece por onde começou. – sugeri.

Ele me olhou confuso, pensou, balançou a cabeça como quem estivesse pesando os prós e contras da ideia, fez uma careta, riu e depois finalizou com uma expressão que dizia claramente “Se não tem outro jeito…”

– Mulheres costumam ter uma iniciação diferente na magia, mas acho que o que sei vai servir para você! – Neandro deu um leve sorriso, como se lembrasse de algo divertido.

Ele pegou uns galhos de árvore, algumas folhas secas, amontoou em um pequeno circulo e quando menos esperei… Fogo!

– Fazer fogo é uma das, se não a, primeira das magias que aprendemos. É muito simples, você só precisa de algo para queimar. – ele olhou para mim tão confuso quanto eu provavelmente deveria estar – Acho que não é a melhor forma de explicar. Eu sabia que não daria certo.

– Eu não sei se seria confiável. – temi pela segurança alheia.

– Como assim? – ele realmente não me conhecia. – Eu tenho um “pequeno” histórico de… Ahn, bem… Como posso dizer… Catástrofes, ou quase catástrofes, envolvendo fogo.

– Mas se você não souber executar uma magia tão simples como esse, eu realmente não sei o que Alexis quer que eu ensine a você!

– É apenas uma sugestão, eu não confio em mim mesma perto do fogo! – me afastei da pequena fogueira.

Por um momento vi Alexis em Neandro. Ele bufou, balançou negativamente com a cabeça e olhou para o alto. Seriam uns trejeitos de família?

– Vamos tentar de qualquer forma! – ele parecia querer se tranquilizar.

– Tudo bem, mas se alguma coisa acontecer…

– Eu sei uma magia ótima para apagar fogo instantaneamente. – ele me interrompeu. Só neste momento notei que ele realmente estava falando serio.

– Então, vamos fazer fogo!

Passamos a manhã toda treinando uma única magia. Não sabia exatamente como canalizar o calor e explodir a chama que existe dentro de mim. Foi um grande custo até eu conseguir – quase na hora do almoço – criar uma pequenina fogueira, que se apagou ao primeiro vento que passou.

– É um começo. – Neandro segurou o riso – Acho que você tem razão. O fogo não é seu forte. Precisamos descobrir qual é sua especialidade.

– Especialidade? – estranhei. Como sempre.

– Cada pessoa tem um elemento da natureza que domina melhor – Neandro se afastou um pouco de mim – Alguns dominam o elemento fogo, outro a água. Nós, de Nebro, temos facilidade com o vento. Já os padjianos são os únicos que conseguem dominar o elemento terra.

– Que interessante! – sentia-me como em um filme.

– Existe ainda um tipo muito raro de pessoa que consegue dominar mais de um elemento da natureza – Neandro deixou o silêncio criar um clima de suspense – mas esse são realmente raros e, como já é de se esperar, muito poderosos.

Demos uma pausa para o almoço. Ninguém consegue aprender e nem ensinar de barriga vazia. E a minha parecia um poço sem fundo de tanta fome que estava.

– Você precisa ter mais confiança em si própria! – disse Neandro enquanto ajudava a Nifa e a tirar a mesa. – A sua incredulidade na magia que existe em você só vai te atrapalhar.

– Como eu posso acreditar em magia se até dias atrás eu tinha  certeza de que isso não passava de truques baratos feitos por charlatões? – tentava mostra a dura realidade de um ser humano na Terra.

– Mas se você continuar a achar que não pode, você não vai conseguir! – ele fazia parecer tão fácil.

– Eu estou tentando, mas ainda não me acostumei por completo com essa minha nova “realidade temporária”.

– Vamos Neandro. – Lifa acariciou seus cabelos – Tente ir com calma. Ponha-se no lugar dela.

– É, ponha-se no meu lugar! – sorri tentando parecer engraçada.

Ele novamente bufou e olhou para cima. Em seguida olhou para mim e abriu um longo sorriso. Talvez agora as coisas pudessem começar a dar certo.

O resto do dia foi dedicado aos princípios básicos da magia. Além de fazer fogo, aprendi a mover objetos e a controlar-los ao meu favor. Mas sem duvida a melhor lição do dia foi a de destruir objetos, essa eu não precisava nem de magia para fazer. Já era uma expert.

Por incrível que pareça, eu estava começando a aprender mais rápido as magias que Neandro me ensinava. Parecia que elas já estavam na minha mente há décadas, mas eu apenas não me lembrava. Segui o final do dia triunfante.

O segundo dia de aula foi mais intenso. Tive que aprender a controlar o que a natureza me oferecia, para usar-la como arma em uma luta. Confesso que a palavra “luta” fez minhas pernas tremerem e quase desisti, mas no fim foi bem legal aprender a controlar a água, as folhas, a terra, as pedras e até alguns animas – como pássaros e peixes.

O restante da semana foi muito puxado. As partes mais pesadas – e assustadoras – das aulas eram quando ele me ensinava magias para batalha. As magias sempre envolviam fogo e tive que aprender a usar um arco e flecha – a idéia original era uma espada, mas quase rolei morro abaixo quando tentei pegar uma.

– Neandro? – perguntei enquanto mirava em um alvo na árvore – Eu realmente preciso aprender isso? Tipo… Eu não vou precisar lutar certo?

Já havia feito essa pergunta antes, mas nunca obtive resposta. Ele apenas olhava para mim e tentava me encorajar da melhor maneira possível. Por algum motivo aquele olhar causava reação contraria, eu ficava apenas com mais medo.

Atirei a primeira flecha. Errei. Atirei a segunda flecha. Errei. Atirei a terceira flecha. Errei. Atirei a última flecha e… Errei.

Junto com as alas de magia, aprendi também a ler as escritas estranhas de Monterra. Demorei um pouco para pegar qual letra significava cada símbolo, mas depois que peguei o jeito foi só alegria!

No final da semana eu já estava lendo e escrevendo em monteres muito bem. Eu estava – apesar de um pouco assustada – adorando todas essas novidades.

As ultimas aulas foram as piores. Digamos que os dois últimos dias foram uma revisão de tudo o que havia aprendido. Para minha surpresa, eu havia aprendido muitas coisas. Muitas coisas mesmo. Eu realmente havia aprendido magia e isso me deixava muito feliz.

Neandro contou que a minha facilidade em aprender magia provavelmente era um reflexo do feitiço que estava sobre mim. Provavelmente o nível de magia que me foi “doado” me ajudou a entender mais rápido as magias que me eram ensinadas. Isso era um tanto surreal para mim, as vezes até sem noção.

No final do ultimo dia, minhas aulas foram interrompidas da pior forma que eu poderia querer imaginar.

Lifa estava trazendo um lanche para nós dois, como fez durante toda a semana. Neste dia ela havia demorado um pouco e fomos ver o que havia acontecido. Novamente Lifa estava desmaiada, desta vez na montanha e seu estado não parecia nada bem.

Seu rosto estava pálido demais e seu corpo estava muito quente. Havia pequenas bolinhas rochas em volta de seus olhos e sua boca estava muito inchada. Ela suava muito e estava demorando demais em acordar. Levamos imediatamente para dentro de casa.

– Eu vou chamar um médico! – Neandro já estava na porta – Fique e vigie!

Fique e vigie? Vigie o que exatamente? Além de nervosa com o estado de Lifa, estava agora ficando com medo também. O que poderia acontecer? Vigiar o que? Não demorou muito para as respostas chegarem.

Estava olhando para porta, quanto vi algo se movendo. Não havia visto o que era, mas tinha certeza que havia visto alguma coisa. E não era nada agradável estar sozinha com uma “coisa” rondando a casa.

Com muito medo, fui até a porta – que estava semi aberta – e olhei pela greta tentando encontrar o que eu havia visto. Nada.

Tomei coragem e continuei procurando, mas continuei sem achar nada. Teria sido uma ilusão da minha cabeça? Provavelmente devido a essa minha semana cheia somado ao estado de saúde de Lifa.

Estava voltando aliviada para casa quando, novamente, vi um vulto passando, desta vez seguindo para montanha. Tentei ignorar, mas acabei indo verificar o que era. Se eu estivesse na Terra não estaria com tanto medo, saberia que era mais provável ser minha imaginação. Mas em Monterra eu já não tinha certeza de nada, tudo ali poderia acontecer e isso não era nem um pouco reconfortante.

Cheguei perto da montanha e então vi, parado bem na minha frente, um lobo imenso. Realmente imenso. Sem dúvida o maior que já havia visto. Meu corpo estremeceu de cima a baixo.

Era um lobo de pelo menos dois metros e meio de altura – não queria nem saber quanto ele media sob duas patas –, sua cor era meio alaranjada e por alguns instantes pensei que fosse uma raposa, mas como se lesse meus pensamentos, o lobo mudou de cor e ficou um cinza prateado. Em seus olhos estavam dois buracos vazios, apenas com uma mecha de fogo que às vezes saia de dentro dos buracos.

Suas presas eram como espadas de samurai e as suas patas eram quase do meu tamanho. Seu rabo balançava lentamente de um lado para o outro e senti minhas pernas me abandonarem.

Tentei ficar calma, mas não conseguia – era impossível ficar calma. Ele era o ser mais assustador que já havia visto. Era o momento de maior medo que já havia passado e sem dúvida naquele momento pensei ter certeza de que nunca mais voltaria para casa.

Foi quando reparei que já se passara um bom tempo e o lobo não havia sequer se mexido. Só então percebi que ele ainda não havia notado a minha presença. Ou pelo menos estava muito concentrado com alguma coisa.

Continuei parada, se ele não havia me visto , era melhor fazer o máximo para não chamar a sua atenção.

Ele continuou ali por mais alguns minutos, depois virou o rosto para as montanhas, como se tivesse ouvido algo. Ele pareceu olhar fixamente para o sol, que já estava se pondo.

Tentei sair sem ser percebida, mas ao meu primeiro passo seu rosto virou em minha direção. Ele farejou o ar e pareceu surpreso. Abaixou a cabeça e começou a farejar as coisas, até chegar perto de mim. Pensei que também iria desmaiar quando ele cheirou o meu cabelo.

Para minha sorte, ele novamente olhou para as montanhas. Ele começou a correr entre as árvores – que passavam por dentro dele – e literalmente voou e sumiu no ar.

Permiti-me cair no chão e esperar que tudo acabasse logo. Era impossível viver com tanta adrenalina.

Quando Neandro chegou com o médico pensei em contar sobre o lobo, mas ele estava tão aflito com o estado de saúde de Lifa que preferi deixar para depois.

– Isso é grave? – Neandro estava muito preocupado e ansioso.

– Serei sincero, o estado dela não é nada bom! – o médico examinava os olhos dela. Ela ainda estava desacordada. – Pelos sintomas…

– O que pode ser? – Neandro esfregava as mãos.

– Acredito que seja envenenamento!

– Envenenamento? – Neandro.

– Envenenamento? – perguntei em seguida.

– Envenenamento! – ele assentiu – E, apesar de conhecer pouco, acredito que seja magia!

– Mas quem poderia ter feito isso? – Neandro estava apavorado.

– E tudo o que posso descobrir. – o médico parecia tão preocupado quanto Neandro, mas disfarçada melhor. – Enquanto ela não acordar não poderemos saber exatamente o que aconteceu.

Neandro agradeceu ao médico e o levou até a porta. Suas feições eram extremamente depressivas e nesse momento achei importante contar sobre o lobo.

– Neandro? – chamei.

– Sim? – sua voz estava chorosa.

– Eu… Hoje… Bem… Hoje, pouco depois de você sair, aconteceu uma coisa muito estranha. – ele ouviu, mas não respondeu nada – Eu não sei dizer exatamente, mas acho que vi um lobo rondando a casa.

– Um lobo? – ele estranhou.

– Sim, um lobo! – confirmei. – Mas não era um lobo comum, ele era…

– Neandro? – uma voz rouca e quase sem forças ecoou pela casa. Era Lifa.

Neandro correu para o quarto e eu fui junto com ele. Esqueci-me completamente da história do lobo na esperança de ver Lifa melhor. Mas não foi exatamente isso que encontrei.

O estado de Lifa estava pior do que quando o médico a estava examinando e ela parecia suar ainda mais. Seus olhos estavam com grandes voltas roxas, como se ela não tivesse dormido há meses e sua pele estava ficando alaranjada.

Lembrei imediatamente da hora em que o lobo estava alaranjado, que cheguei a pensar que era uma raposa. Teria aquele monstro feito algo a Lifa?

Tentei terminar de contar sobre o lobo, mas não tive oportunidade e nem forças. Estava tão preocupada com o estado de Lifa que não consegui proferi mais nenhuma palavra, por menor que fosse.

Aquela noite foi difícil. Revezamos eu e Neandro para ficar de olho na porta. Os soldados, que durante o dia ficavam entre as fronteiras da cidade com a casa, ficaram a noite inteira cercando as montanhas. Todo cuidado era pouco.

Tive um sonho muito estranho quando terminou o meu turno de vigia. Mas eu esperava sonhar com ele aquela noite. O maldito lobo.

“Ela não sssssobreviverá” uma voz feminina estranha ecoava entre as montanhas.

“Ainda existe a esperança” uma voz masculina também ecoou em minha cabeça.

“Eu não acredito que elesssss chegaram a tempo!” a voz feminina. “Todosssss morreram”

“Para de dizer besteiras” a voz masculina se mantinha seria.

“Não haverá mortes, nem tragédias. A menina chegou, esqueceram?” uma voz masculina calou todos os sons. Era uma voz grossa e poderosa. Uma voz intimidadora e imponente.

“Masssss ela pode não ssssser a menina!” a voz feminina mantinha o pessimismo na conversa.

“Impossível!” a voz imponente soprava um vento forte nas montanhas “A profecia irá se cumprir!”

“Sim, ele deve se cumprir” a outra voz masculina.

“Masssss e ssssse ela não sssssse cumprir?” a voz feminina já estava me irritando. Notei que a voz feminina parecia com uma voz reptiliana, como se uma cobra estivesse falando – caso isso fosse possível.

“Ela irá se cumprir” outro vento forte soprou neste momento “Eu já vi, ela irá se cumprir. Independente da escolha que a menina tomar, a profecia irá se cumprir!”

“Eu ainda não acredito” a voz feminina. “Masssss, vamosssss dar tempo ao tempo. Talvez eu esssssteja enganada”

“Eu acredito em você!” a voz masculina parecia querer acalmar a voz imponente.

Então ele apareceu. O lobo, com seus dois metros e meio, seus olhos flamejantes e com seus dentes afiados parecia estar olhando diretamente para mim. O vento era muito forte e seus pelos estavam se inclinando para direita, alguns fios se soltando e seguindo juntos com folhas, grama e areia na direção do vento.

O lobo abaixou a cabeça e abriu sua imensa boca. Ele deixou cair um pequeno objeto, parecia uma aranha de metal.

Não era uma aranha muito grande, pouca coisa menor que a palma da minha mão, porém pesada. Sua cor metálica brilhante estava escurecendo e se tornando preta e abrumada.

Acordei com o sacolejo de Neandro. Percebi que estava no quarto dele e de Nifa e que estava com algo na mão.

– Beatriz? – consegui ouvir melhor a voz dele – Você está bem?

– Eu… Eu… Eu… – estava sem palavras.

– Você estava andando pelo quarto e começou a procurar algo no chão. – Neandro acendeu as velas – Fiquei preocupado.

Olhei para minha mão. Lá estava ela, a aranha. Sua cor voltava a ser de um prateado brilhante e parecia mais ameaçadora nos meus sonhos. Quase mortal.

– Pelo visto você achou o que procurava. – Neandro me fitava desconfiado.

– O que é isso? – perguntei assustada.

– Isso – ele estava serio – É um recipiente para líquidos. Isso é geralmente usado para guardar um liquido que queira passar despercebido, na maioria das vezes e usado para transportar veneno.

Eu estava extremamente assustada e Neandro me olhava de um jeito ainda mais assustador. Ele parecia estar seriamente desconfiado. Poderia ser impressão minha, mas acho que Neandro não gostou de me ver com aquilo na mão.

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