Coração Paralelo

Coração Paralelo – Capítulo 1

RIO DE JANEIRO/NOITE

1996

O CELULAR ESTÁ TOCANDO.

BRUNO-Quem é?

VOZ-É você Vitor?

BRUNO-Sim. Ah deve ser você né patrão?

VOZ-Sim sou eu. Eu tenho um servicinho pra você.

BRUNO-Pode mandar.

VOZ-Existe uma mulher chamada Vitória. Ela trabalha numa empresa de perfumes. Você conhece?

BRUNO-Romero Cosmético?

VOZ-Sim.

BRUNO-O que você quer que eu faça com ela.

VOZ-Eu preciso que você apague ela de uma vez por todas.

BRUNO-Você quer que eu mate essa mulher?

VOZ-Sim. Mas não faça nada com a filha dela.

BRUNO-Ok chefinho.

VOZ-Mate ela quando estiver no caminho de casa. Existe um caminho escuro, eu preciso que você finja que foi atropelado e mate ela.

BRUNO-Sem problemas. Mas isso não vai sair de graça.

VOZ-Eu vou te pagar. Você sabe muito bem como eu recompenso os meus amigos.

BRUNO-Tá bom. O serviço vai ser feito sem problemas.

ROMERO COSMÉTICOS/LADO DE FORA

VITÓRIA-E aí minha filha, gostou de conhecer a empresa?

CRISTINA-Sim mamãe.

VITÓRIA-Quando eu morrer, você vai tomar conta dela.

CRISTINA-Para de pensar em besteiras. Eu só tenho doze anos.

VITÓRIA-Filha eu te amo.

CRISTINA-Também te amo. Pra mim você é a melhor mãe do mundo.

VITÓRIA (emocionada)-Seu pai estaria orgulhoso de você.

CRISTINA-Vamos pra casa?

VITÓRIA-Vamos, eu estou morrendo de fome.

VITÓRIA PEGA O CARRO E VAI A CAMINHO DE SUA CASA

VITÓRIA (dentro do carro)-Nossa você já está dormindo? – OBSERVANDO CRISTINA

VITÓRIA ENTRA NA VIELA QUE FICA PRÓXIMO A CASA DELA.

VITÓRIA (trocando de CD)-Ai com eu amo esse CD. – UM HOMEM PULA NO VIDRO DELA. – MEU DEUS!

CRISTINA ACORDA

CRISTINA (assustada)-Mãe, o que isso?

VITÓRIA-Filha, não saia do carro.

CRISTINA-Sim mamãe.

VITÓRIA DESCE DO CARRO E VÊ UMA PESSOA NO CHÃO

VITÓRIA (desesperada)-Rapaz, você está bem?

BRUNO-Sim dona, me ajude a levantar.

NO CARRO, CRISTINA VÊ QUE BRUNO GUARDA UMA ARMA

CRISTINA-MÃE! – SAI DO CARRO.

VITÓRIA-O que?

CRISTINA-Esse homem vai te matar!

LOGO BRUNO SACA A ARMA E DISPARA DUAS VEZES NO PEITO DE VITÓRIA. BRUNO SAI CORRENDO.

CRISTINA-Mãe!

VITÓRIA (sangrando pela boca)-Minha filha, eu te amo.

CRISTINA-Eu sei, também te amo. Não vá embora. Eu vou te levar para o hospital, mesmo eu não sabendo dirigir, mas não morra, eu já perdi meu pai, não vou perder a minha mãe.

VITÓRIA-Não há mais tempo.

CRISTINA-NÃO!

VITÓRIA-Fique com os anjinhos.

VITÓRIA MORRE NOS BRAÇOS DE CRISTINA QUE FICA CHORANDO SEM PARAR

CRISTINA-MÃE! O que eu fiz meu Deus pra merecer isso?

20 ANOS DEPOIS…

CASA DE CRISTINA/MANHÃ

CRISTINA ACORDA DE SEU PESADELO

CRISTINA-Mãe!

CÉLIA E LÍDIA CORRE ATÉ O QUARTO

CÉLIA-Teve aquele sonho com a sua mãe de novo, né?

CRISTINA-É verdade. Aquele dia em que ela morreu vai ficar marcado.

LÍDIA-Mãe, não se preocupe, nós vamos estar sempre do teu lado.

CRISTINA-Obrigado filha. – ABRAÇA LÍDIA

CÉLIA-Lidinha, você tem que ir pra escola agora.

LÍDIA-Eu quero ficar.

CÉLIA-Mas você tem ir. É para o seu bem.

LÍDIA-Tá bom.

CRISTINA-Me dá um beijo.

CÉLIA-Eu também quero um beijo seu.

LIDINHA BEIJA AS DUAS E SAI DO QUARTO

CÉLIA-Desce pra tomar café.

CRISTINA-Já vou.

CÉLIA SAI DO QUARTO

CRISTINA-Meu Deus, espero que o Senhor esteja tomando conta da minha mãe.

CRISTINA DESCE

CRISTINA-Tia, você sabe onde está o Daniel?

CÉLIA-Ele saiu cedo pra ir à empresa. Por que a pergunta?

CRISTINA-Nada.

CÉLIA-Querida, o seu olho tá inchado?

CRISTINA-Eu caí.

CÉLIA-Eu conheço quando uma pessoa cai. Alguém te bateu, não é mesmo?

CRISTINA-Não. Isso daqui não é nada.

CÉLIA-Me conte a verdade.

CRISTINA-Ai tia. Eu já contei a verdade.

CÉLIA-É para o seu bem.

CRISTINA-A verdade é que o Daniel…

CÉLIA-Termina de contar. O Daniel te bate? Aquele desgraçado covarde te agride?

CRISTINA-Sim. Olha as marcas.

CRISTINA LEVANTA A CAMISA E MOSTRA AS MARCAS DAS AGRESSÕES

CÉLIA-Mas não é possível. Eu vou matar aquele desgraçado. Por que você não me contou isso antes?

CRISTINA-Ele disse que seu eu contasse até pra minha sombra ele me mataria.

CÉLIA-Você tem que contar pra polícia, porque senão vai ficar muito pior. Quando acontecia isso? Eu e a sua filha nunca percebemos isso.

CRISTINA-Quando você a levava pra passear.

CÉLIA-Meu Deus, que monstro.

CRISTINA-Eu tenho uma ideia. Vou o fazer sofrer, você vai ver.

CÉLIA-Tome muito cuidado com ele.

CRISTINA-É a minha única forma.

CÉLIA-Você foi desiludida no amor.

CRISTINA-Pois é. Não tenho sorte mesmo, mas uma pessoa que me faça feliz de verdade, que eu possa amar até o fim.

MORRO DOS MACACOS/MANHÃ

(Apresentação de cenário)

CASA DE RODRIGO

RAFAEL-Oh delícia. Gostou dessa rapidinha?

VANESSA-Foi o máximo. Tô até soando.

RAFAEL-Aquele otário do seu marido nem desconfia de nada.

VANESSA-É um babaca mesmo. Enquanto a gente tá aqui no bem-bom ele tá lá trabalhando duro pra nos sustentar.

BAR DO DONIZETI/MANHÃ

DONIZETI-Rafael! Vai atender aquela mesa por gentileza.

RODRIGO-Certo patrão.

DONA MARIA-Ele é bem esforçado.

DONIZETI-É um bom rapaz. Não é igual esses outros da idade dele que fica roubando e assaltando gente inocente.

DONA MARIA-Verdade.

RIO DE JANEIRO/PRAIA DE COPACABANA

LUCILEIDE-Finalmente Zé, Rio de Janeiro.

ZÉ MARIA-A cidade maravilhosa, mas eu não queria ter saído da nossa cidadezinha.

LUCICLEIDE-Não me faça ter que se lembrar do passado.

ZÉ MARIA-Foi sua culpa.

LUCICLEIDE-Por quê?

ZÉ MARIA-Se não fosse essa mania sua de tentar calotear os outros a gente estaria lá. Ainda bem que meu primo nos ajudou senão nós tínhamos morrido lá.

LUCILEIDE-Esquece do passado. Vamos viver o presente. Vamos procurar um Hotel.

ZÉ MARIA-Não, a gente vai pra favela.

LUCICLEIDE-É perigoso demais.

ZÉ MARIA-É mais barato, nós temos que ir.

LUCICLEIDE-Eu não quero ir.

ZÉ MARIA-Pare de folegarem e ande logo. – PEGA LUCICLEIDE PELO BRAÇO.

ROMÉRO COSMÉTICOS/MANHÃ

SALA DE DANIEL

MARINA-Aqui estão alguns papéis pra você assinar.

DANIEL-Pode deixar aqui na minha mesa.

MARINA-A Cristina chegou?

CRISTINA CHEGA BEM NA HORA

CRISTINA-Eu estou aqui.

MARINA-Oi amiga.

CRISTINA-Olá – ABRAÇANDO MARINA.

MARINA-Com licença.

MARINA SE RETIRA E FECHA A PORTA

MARINA-Boba, otária.

DANIEL-Por que você demorou pra chegar?

CRISTINA-Eu estava conversando com a minha tia. Eu não te devo satisfações.

DANIEL-Deve sim. – LEVANTA A MÃO PARA CRISTINA.

CRISTINA-Isso me bate. Eu contei toda a verdade para a minha tia.

DANIEL DÁ UM TAPA NA CARA DE CRISTINA.

DANIEL-VAGABUNDA!

CRISTINA-Esse foi o último tapa que você me deu. – CRISTINA DÁ OUTRO TAPA NA CARA DE DANIEL.

DO LADO DE FORA DA SALA…

MARINA-Vish, tá pegando fogo.

SECRETÁRIA-O que está acontecendo?

MARINA-Não te interessa sua fofoqueira. Volta para o seu trabalho, anda!

SALA DE DANIEL

DANIEL-Não, você não foi capaz de fazer isso. Você tá louca?

CRISTINA-Eu não tenho mais medo de você. Ou você da o fora da minha empresa, da minha vida, da minha casa, ou eu vou correndo pra delegacia te denunciar pela lei.

DANIEL-Você não seria capaz. Eu te mato sua vaca! – DANIEL AGARRA O PESCOÇO DE CRISTINA.

CRISTINA-Me solta!

DO LADO DE FORA.

SECRETÁRIA-Eu vou chamar o segurança.

MARINA-Não!

SECRETÁRIA-Por que não? Ele vai matar ela. – SAI CORRENDO.

MARINA-Eu vou entrar.

DANIEL-Vagabunda é isso que você merece, nunca mais você não vai querer me enfrentar.

MARINA-Solta ela!

DANIEL-Cala a boca você também.

MARINA PEGA UM VASO E QUEBRA NA CABEÇA DE DANIEL.

MORRO DOS MACACOS/MANHÃ

RUA.

VALEUSCA-E aí filé.

VANESSA-O que você quer. Não vou ficar perdendo o meu tempo com uma qualquer que nem você.

VALEUSCA-Eu só queria te mostrar isso.

VALEUSCA MOSTRA UMAS FOTOS DO CELULAR.

VALEUSCA-Você reconhece isso?

VANESSA-O que é?

VALEUSCA-Como você é burra mesmo, é você e o seu amante transando, eu tirei algumas fotos. Lembra que a gente é vizinha? Você deixou a janela aberta eu tirei as fotos.

VANESSA-Não sou eu.

VALEUSCA-Não importa se é você ou não, mas é. O que importa é que eu vou mostrar para o Rodrigo e ele vai saber a vadia que você é.

ROMERO COSMÉTICOS/SALA DE DANIEL/MANHÃ

DANIEL (com a mão na cabeça)-Desgraçada.

MARINA-Esta tudo bem com você, amiga?

CRISTINA-Sim.

MARINA-Que bom.

CRISTINA-Você não conseguiu me matar, desgraçado.

O SEGURANÇA ENTRA

SEGURANÇA-O que está acontecendo aqui?

CRISTINA-Demorou esse covarde quase me matou.

O SEGURANÇA PEGA DANIEL PELOS BRAÇOS

DANIEL-Me solte seu retardado.

SEGURANÇA-Eu vou chamar a polícia e nós vamos resolver na delegacia.

DANIEL-Eu tenho direito no meu advogado.

SEGURANÇA-Você tem direito é de ficar calado, agora vamos.

O CELULAR DE MARINA TOCA

MARINA-Alô.

ANTÔNIO-É o seu pai. Eu preciso de você urgente.

MARINA-Pra quê?

ANTÔNIO-Venha logo! – DESLIGA O CELULAR

MARINA-Amiga, eu tenho que ir a minha casa. Meu pai está precisando de mim.

CRISTINA-Pode ir e obrigada pela ajuda.

MARINA-Foi nada.

CRISTINA-Tchau.

MARINA-Tchau.

MARINA SAI

CASA DE MARINA/MANHÃ

ANTÔNIO-Você demorou.

MARINA-Fala logo o que você quer.

ANTÔNIO-Eu preciso de dinheiro.

MARTA-Nos ajude, por favor.

MARINA-Pra quê?

ANTÔNIO-Sua irmã precisa de medicamentos.

MARINA-Eu não tenho dinheiro.

MARTA-Por favor, filha.

MARINA-Vocês parecem dois mendigos pedindo dinheiro.

ANTÔNIO-Pela sua irmã.

MARINA-Eu não vou gastar o meu dinheiro com uma aleijada.

MARTA-Se ela não tomar o remédio, tem riscos de morrer.

MARINA-Que morra. Eu não estou um pouco preocupada com vocês.

MARTA-Você mudou.

MARINA-Não interessa, agora vão embora da minha casa.

ANTÔNIO-O que aconteceu com você, minha filha.

MARINA-Eu comprei essa casa com o meu dinheiro.

ANTÔNIO-Somos a sua família.

MARINA-Eu quero que vocês morram.

ANTÔNIO DÁ UM TAPA NA CARA DE MARINA

ANTÔNIO-É assim que você trata os seus pais?

MARTA-Antônio, por favor.

ANTÔNIO-Por favor, nada! Ela tem que nos respeitar.

MARINA-Fora da minha casa agora!

MARINA PEGA UMA FACA E VAI CORRENDO PARA O QUARTO DA IRMÃ E OS PAIS TAMBÉM. SABRINA ESTAVA DORMINDO E ACORDA.

MARINA-Eu mato essa aleijada dos infernos! – APONTA A FACA PARA SABRINA.

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