A Ilha

Último Capítulo – A Ilha

Não consegui dormi direito aquela noite. Estava com uma péssima sensação. Era quase como se estivesse prevendo que algo de muito ruim iria acontecer.

– Você está bem? – ouvi Richard falar baixinho.

– O que? – respondi meio grogue.

– Você parecia estar tendo um pesadelo ou coisa assim! – Richard se aproximou de mim.

– Não sei – fui sincera – Estou com uma sensação ruim.

– O que foi? – Richard começou com seu deboche – Virou vidente?

– Pare Richard! – dei um tapa em seu ombro – Estou falando sério.

– Relaxa! – Richard sorriu – Acho que tudo o que poderia acontecer de ruim já aconteceu.

– Será mesmo? – perguntei para mim mesma.

– Susi? – era a voz de Savite – Tudo bem?

– Mais ou menos. – respondi tentando me levantar.

– O que aconteceu? – Savite se aproximou de mim – O Richard fez alguma coisa?

– Ei! – Richard gritou – Você acabou de chegar na história! Baixa essa bola!

– Está bem! – ouvi Savite bufar.

– E que tenho sentido que algo de ruim está para acontecer.

– O que? – Savite perguntou como se eu soubesse.

– Não sei dizer. – estava ficando nervosa – Apenas não estou gostando desta sensação que está invadindo meu peito.

De repente ouvi um barulho estranho, como se algo estivesse se movendo muito rapidamente. Notei que Richard e Savite também estavam atentos ao barulho. Seria esse o perigo que estava pressentindo?

– Vocês dois não saiam daí! – Savite saiu correndo da tenda.

Estava ficando preocupada. Os barulhos continuavam e ficavam cada vez mais fortes. Era como se um exército estivesse se aproximando. Só então que me veio a mente: Tajita!

– Richard me ajude a levantar! – ordenei.

– Está maluca? – Richard tentava me segurar – O mascarado não disse para ficarmos aqui!

– Pare de besteira Richard! – gritei – Se não me ajudar a levantar eu mesma faço isso!

– Não vou deixa você sair daqui! – Richard tentava a todo o custo me manter sentada.

Tentei escapar dele sem precisar usar de métodos sujos, mas não teve jeito. Tive que acertar no ponto fraco de todo homem.

O que vi do lado de fora da cabana foi apavorante. Várias pessoas montadas em onças gigantescas se aproximavam da cidade. Por hora não estavam fazendo nada, mas ainda assim pareciam assustadores.

Assim como os Karvals, a tribo Rambek também usava máscaras, porém eram bem menores – mas não menos assustadoras. Eram todas pretas e vermelhas e tinham chifres dos mais diversos formatos. Mas o mais assustador de tudo eram as onças. Como se não bastasse o tamanho, elas também tinham grandes olhos vermelhos que brilhavam no meio da escuridão da noite.

– Misericórdia! – Richard engoliu as palavras com o susto.

Tentei andar rápido, mas ainda estava tendo dificuldade. Richard resolveu me ajudar e me pegou no colo. Sabia que o momento não era adequado, mas não pude evitar de me sentir bem nos braços de Richard. E isso ainda era muito confuso para mim.

– O que está fazendo aqui? – Savite tentava não falar alto – Não mandei que ficassem na tenda.

– Eu não podia fazer isso enquanto você ficava aqui resolvendo… Isso. – respondi apontando para o exército que se aproximava.

– Atenção tribo de Karval! – era uma voz feminina que vinha do centro da cidade – Estou dando a última chance de entregarem o que é nosso por direito!

Fomos para o centro ver o que estava acontecendo. Nos deparamos com uma belíssima mulher, sem máscara, sentada em uma onça maior do que as demais. Seus cabelos eram longos e pretos e com um brilho espetacular. Seu corpo era perfeito, tinha tudo no lugar e usava trajes que realçavam bem seus atributos. Parecia ter saído de algum quadrinho do Conan.

– Essas terras já não são de vocês faz décadas! – o tal zabi que havia aparecido no dia anterior era quem falava – Vocês precisam aceitar que perderam!

– Nunca! – a mulher do corpo perfeito gritou – Essa é sua resposta final!

– Sim! – o zabi respondeu bem seguro. Notei que estavam todos preparados para atacar. – Tajita, você deveria saber que não desistiríamos tão fácil.

Foi então que aconteceu. Tajita levantou a mão e com um jesto rápido fez metade dos homens voarem para longe. E tudo começou.

Estava perdida com o que estava acontecendo. Nunca tinha visto algo daquela forma. Homens e onças se atracando, pessoas sendo atiradas, flechas sendo atiradas. Estava tudo acontecendo tão rápido e de maneira tão confusa que não conseguia sequer pensar.

– Vamos sair daqui agora! – Savite me tomou do colo de Richard e começou a correr. Richard veio atrás.

– Mas o que foi que aconteceu? – estava confusa – Isso… Isso…

– Calma! – Savite passou a mão em meu rosto – Vou te levar para um lugar seguro.

Olhei rapidamente para a confusão que se formou no centro da cidade. Era um verdadeiro pandemônio. Uma batalha sem pé nem cabeça, mas que estava sendo terrivelmente brutal. Pude notar que já haviam mortos no local.

– Savite? – estava desesperada – Savite! O que está acontecendo, Savite?!

Richard parecia estar cansado de correr. Notei que Savite estava correndo e pulando atrás de grandes construções e Richard não conseguia acompanhar.

– Existe uma passagem secreta por aqui! – Savite começou a explicar – Vou deixar vocês e voltarei.

– Não! – gritei – Você não pode.

– Eu não posso deixar meu povo! – Savite me tranquilizou – Mas não tem erro. Vocês podem seguir direto por essa passagem que sairão na entrada da divisão da ilha. Se puderam entrar, poderão sair.

– Será que dá para ir mais devagar? – ouvi Richard reclamar.

– Se formos mais devagar poderemos ser pegos! – Savite não parou de correr.

– Mas e você Savite? – perguntei.

– Eu realmente preciso ajudar meu povo. – Savite parecia muito triste.

– É aqui! – Savite me colocou no chão.

Estávamos em frente a um amontoado de folhas. Savite as jogou para o lado revelando uma porta escondida.

– Vocês podem descer e seguir, eu dou cobertura! – Savite abriu a porta.

– O que é isso? – Richard perguntou ofegante.

– Não ouviu o que Savite disse? – tentei não gritar.

– Eu quase não cheguei até aqui! – Richard ficou bravo – Quanto mais ouvi o que esse aí falou!

– Isso já não importa mais! – Savite cortou a possível briga que estava se formando – O fato é que vocês precisam seguir por essa passagem. Não tem erro, só seguiam e saíram do outro lado da ilha.

– Mas você não disse que aquele lado é dos Rambeks? – perguntei.

– Não creio que eles estão interessados neste lado da ilha. – Savite tentava me acalmar – Se não apareceram por lá antes, não creio que aparecerão por lá agora. Pelo menos por enquanto vocês estão protegidos.

De repente senti algo se aproximando de nós. Me virei já sabendo o que iria encontrar. E realmente estava certa, era um dos Rambeks. Na verdade uma das Rambeks.

Ela desceu da grande onça se dizer uma palavra. A garota tinha um aspecto de ser bem nova, pelo menos por seu corpo que ainda parecia de uma menina. Ela se aproximou de mim com muita tranquilidade. Era como se já nos conhecêssemos. E realmente havia algo de muito familiar nela.

– Susi! – eu conhecia aquela voz. E não estava acreditando – Que bom te ver aqui!

Foi então que ela retirou a máscara e revelou o seu rosto. Tanto eu quanto o Richard ficamos sem palavras. Era inacreditável o que acabávamos de presenciar.

– Não acredito que é você! – Richard conseguiu falar o que eu não conseguia – Lila?!

FIM DA 1ª TEMPORADA

3 thoughts on “Último Capítulo – A Ilha

  • Não pude acompanhar sua web, mas me parecia uma ótima história, que venha a próxima para quer eu possa acompanhar do início ao fim, parabéns!!!! 🙂

Deixe um comentário

Séries de Web

Séries de Web