Três Jogadas

Três Jogadas – Capítulo 32

Três Jogadas.

Capítulo 32

“Se matamos uma pessoa somos assassinos. Se matamos milhões de homens, celebram-nos como heróis.”

Charles Chaplin

Cena 1. Rio de Janeiro – Leme / Lanchonete / Dia

Amanda saindo do local. Luigi entra e cruza com a menina. O jovem se senta à mesa, onde Júlia está.

Luigi se senta: Vim assim que você me ligou. Por que marcou numa lanchonete? Eu preferia ter ido à sua casa. Você acabou de sair do hospital.

Júlia ergue a cabeça: Eu estou bem. Muito bem. Não precisa se preocupar com a minha saúde. Eu marquei aqui, para evitar mais sofrimento.

Luigi sem entender: Do que você está falando? Aconteceu alguma coisa?

Júlia triste: Eu não posso continuar com você, Luigi. Acabou.

Luigi ri de nervosismo: Isso só pode ser alguma brincadeira. E de muito mau gosto. Para, Júlia.

Júlia séria: Eu estou falando sério. Será que você ainda não percebeu que nossas famílias compraram uma guerra uma com a outra?

Luigi segura nas mãos da moça: Deixa nossa família de lado. O que importa é o que a gente quer. Não me afasta de você por causa de família. Nós dois somos uma família!

Júlia tira as mãos: Não somos! Para com isso.

Luigi sem entender: Não somos por que você não quer. Eu te pedi em casamento. Você nem resposta me deu. E agora do nada surge com essa ideia de família? Não me afaste de você.

Júlia: Olha ao nosso redor. A guerra que está se formando. Nossas mães se odeiam. Como é que alguém consegue viver desse jeito? Não dá!

Luigi: Não dá por que você não quer tentar. – ele começa a chorar. – Já sei, a gente sai daqui. Eu compro uma passagem hoje mesmo e a gente vai embora daqui. Só não me deixa viver sem você.

Júlia: Você tem noção do que está falando? Você está querendo fugir das responsabilidades, querendo fugir da guerra que se formou, sem nem ser culpa da gente.

Luigi pega nas mãos da jovem: Então. Se a gente não tem culpa, pra que se separar?

Júlia chorando: Eu não sei amar com essa guerra toda. Eu não vou conseguir ser feliz sabendo que tem uma louca querendo acabar com a minha mãe. Me perdoa. Mas eu não posso continuar com você. Me perdoa.

Luigi enxuga as lágrimas: Não complica as coisas. É por que a gente descobriu que somos primos, é isso?

Júlia enxuga as lágrimas também: Claro que não. Eu sempre dei maior apoio a Paloma e ao Igor. Eu quero cuidar de mim primeiro. Cuidar da minha mãe. Mesmo sem querer, minha vida também está em jogo nesse jogo delas duas. Por favor, não complica.

Luigi se exalta: Não complica você! – ele se acalma. – Eu cansei de tentar te entender. Não vou ficar te sufocando. Se é isso que você quer.

Júlia se levanta: Me desculpa. Eu não queria te magoar. – ela dá um beijo na testa do jovem. – Fica bem!

Júlia sai apressada, aos prantos. Luigi fica na mesa, aos prantos.

A praia está lotada. As pessoas se divertem no sol escaldante. Os parques e grandes atrações do Rio bem movimentado. Em um prédio na Zona Sul, a placa da delegacia. 

Cena 2. Rio de Janeiro – Delegacia / Tarde

Simone está trabalhando em sua sala. William entra, sem bater.

Simone furiosa: Quantas vezes eu vou ter que te falar pra bater na porta antes de entrar? Você é muito folgado mesmo.

William se senta: Qual nome do cara?

Simone gargalha: Era só o que me faltava. Do que você está falando? – William mostra a carta e ela puxa. – Não vou contar. Não vou contar. Você não se acha o TAL DETETIVE. – ela sorri. – Descubra sozinho.

Simone se levanta e vai para trás de William. O homem vira a cadeira.

William sorri: Esse cara que te mandou essa carta só pode ser ultrapassado. – Barros entra na hora. – Por falar no cara. Meu Deus. Chegamos ao ápice.

Barros fecha a porta: Algum problema comigo?

William o olha: Pessoal? Olha, não estou muito a fim de contar não.

Simone abre a carta e lê. Ela fica perplexa.

William gargalha: Ih, pelo visto ela não gostou Barros. Escreve outra melhor.

Simone dá um tapa em William: Cala a boca! Se não quer ajudar não atrapalha. É sério essa carta. A pessoa que matou o Petrônio teve a coragem de me enviar uma carta, marcando um encontro. O assassino quer se revelar! Mas quem faria isso, sabendo que vai ser preso?!

William assustado: Você sabe que isso é sempre armadilha, né? Não vale arriscar.

Simone se senta: Claro que vale. Nosso trabalho é disso: arriscar. Sem adrenalina não vivemos. Eu não sou burra o suficiente para cair num golpe assim. Eu sou esperta, meu caro William.

Barros ri: Acho que alguém hoje vai chorar no travesseiro. Podia ter ficado sem essa, amigão.

William ri: Isso foi um fora? Não, se foi diz, eu vou começar a me doer.

Simone sem paciência: Para com essa infantilidade vocês dois. Que insuportável. Eu vou precisar de um dos dois para mais tarde. Não vou ir sozinha.

William recebe uma mensagem de Kiara, ele sorri, tentando disfarçar: Eu não vou poder. Tenho compromisso.

Simone se levanta: Sua vida pessoal sempre em primeiro lugar, né? Você sabe que o Barros é novo com a gente. Mas deixa, ele se mostrará mais competente que você. Mania de colocar sempre sua vida pessoal em primeiro lugar.

Barros se incomoda: Ei, eu to aqui, viu? Sou novato, mas não sou burro. Fiz anos de treinamento e sei lidar com essas coisas. Pode dispensar esse sem noção, eu vou com você.

William se levanta e pega sua pasta: É bom que vá. Ir resolver problemas na rua ajuda na experiência. E você tá precisando. – ele coloca a pasta executiva no ombro. – Não vou vir hoje à noite fechar a delegacia. Pede que o Gelado faça isso.

Simone furiosa: Como é que é?! Seu irresponsável! Custa você nos ajudar também? – William não da mínima e manda um beijo para Simone e Barros, na ironia. – IRRESPONSÁVEL! EU VOU TE TIRAR DA CORPORAÇÃO! IDIOTA! – ela se senta furiosa. – Ai que ódio. Esse homem me tira do sério.

Barros se senta: Você fica linda irritada.

Simone sorri sem graça: Vamos começar o planejamento de hoje à noite? Nada pode sair errado. Não quero ninguém ferido. Hoje a gente pega de uma vez esse assassino.

Barros: Ou assassina.

Cena 3. Rio de Janeiro – Leme / Rua / Tarde

Em uma rua deserta, perto do apartamento de Clarice. Dentro do carro…

Kiara mostrando a arma: Uma preciosidade, não?!

William pega a arma: Pistola 380. Isso aqui faz um estrago. Você é doida de mexer com isso. Onde arrumou?

Kiara sorri: Arrumei na casa do meu primo. Tem muito tempo. Sempre deixei essa arma bem guardada. Você é a primeira pessoa que eu mostro.

William devolve a arma: Corajosa em me mostrar. Você sabe que eu sou policial e utilização de armas sem liberação é crime!

Kiara guarda a arma na bolsa: Você não vai contar isso para ninguém. Se eu te mostrei, é por que confio.

William beija o pescoço da mulher: Que bom saber que tenho sua confiança. Hoje levei uma bronca da minha ex quase mulher.

Kiara se afasta: Você já foi casado?!

William sorri: Quase fui. Ela é delegada. Simone.

Kiara ri: Você já foi namorado dessa delegada? Ela arrumou um inferno na vida da minha irmã. Mas não quero falar disso. Qual foi o motivo da bronca?

William coloca a mão na nuca de Kiara: Nosso compromisso. E ela tem uma pequena operação policial para resolver hoje à noite. Mas enfim, já arrumou alguém que me substitua. – ele sorri. – A gente podia ir para um lugar mais calmo e mais confortável.

Kiara sorri: Safado! – ela ri. – Vai com calma. A gente mal se conhece.

William beijando o rosto da mulher: Assim que é bom. Atiça mais a curiosidade. – ele se afasta. – Quando é que você vai me levar para conhecer sua família?

Kiara se incomoda: William eu acho que você está levando isso tudo para um lado que não existe. Eu não quero te magoar e muito menos me envolver com alguém. Não agora.

William se afasta: E por que não? A gente tá num clima tão legal. Eu quero me envolver com você.

Kiara sorri: É melhor a gente parar por aqui. Foi ótimo aquele dia com você, mas eu estou começando a perceber que você entendeu tudo errado. Eu não quero compromisso sério. E muito menos te iludir. – ela abre a porta do carro. – Eu só tenho desejos e compulsões e se você não consegue resolver o meu problema somente com isso, eu não quero continuar. Não quero magoar ninguém.

William a segura: Espera. Eu aceito ir com calma. Ir no seu tempo. É só sexo que você quer? Então. Nossa relação vai ser extremamente ligada a isso: sexo. Somente sexo.

Kiara desce do carro: Me liga depois. Eu comecei a me interessar por essa proposta.

Ela bate a porta do carro e sai.

Cena 4. Rio de Janeiro / Tarde

Clarice utilizando uma peruca e um óculos, para se disfarçar, entra numa loja de armas e compra uma arma, pagando o dinheiro à vista.

Paralelo à cena.

Júlia entra em outra loja de armas e compra uma.

Paralelo à cena.

Sérgio entra no quarto de Alice e tranca a porta. O homem revira o quarto e encontra uma arma no meio de suas roupas. Ele sai abre a porta apressado, vai em seu quarto de empregado, pega sua mochila e retorna ao quarto da madame. Lá, ele põe a arma dentro de sua mochila e a fecha. Arruma as coisas e sai do quarto.

Paralelo à cena.

Kiara em seu quarto analisa a arma que mostrou para William. Ela sorri, dá um beijo na arma e simula um tiro, assoprando o cano da pistola em seguida. A mulher enrola a arma num pano e guarda.

Paralelo à cena.

Gisele pega a arma e mostra a arma para Luíza, que tenta tocar na arma, mas Gisele se levanta. Ela mira na filha, que ri. Gisele simula um tiro e Luíza cai para trás, simulando uma morte.

Paralelo à cena.

Célia pega a arma da maleta e sorri, com o olhar afirmando que aquela arma teria ainda alguma utilidade. Ela analisa a arma, sorrindo.

Paralelo à cena.

Alice entra no carro e bate a porta forte. A mulher abre o porta-luvas e tira uma arma, enrolada dentro de um envelope. Ela sorri e olha para retrovisor. Olhar fatal. O carro arranca.

Cena 5. Rio de Janeiro – Urca / Casa da Vanessa / Tarde

Vanessa e Tiago tomam café juntos. A mesa em silêncio.

Vanessa quebra o silêncio: Vou pedir que depois do café você vá embora. Eu já disse que não quero mais nada com você. Você não pode continuar aqui em casa,

Tiago sem entender: Não entendo essa sua insistência em não querer que eu fique aqui. Qual problema? Vamos agir feito um casal. Você sempre quis isso.

Vanessa se levanta e recolhe a mesa: Sempre quis! Disse certo. Eu não quero mais. Eu estou descolada, Tiago. Não quero mais ficar sofrendo por quem não me ama. Eu demorei para cair em si, mas caí. Você nunca me amou de verdade, comigo sempre foi sexo, diversão. Antes de amar alguém, de me entregar alguém, eu preciso de alguém que me ame e principalmente, de me amar primeiro.

Tiago se levanta: E quem disse que eu não te amo? Hein? Eu gosto de você.

Vanessa: Há uma grande diferença entre gostar e amar. Gostar é simpatia. Amar não. Amar vem do coração. É a sensação de querer estar sempre perto da pessoa. De entender e compreender que ela é o combustível da sua vida. Que faz seu coração disparar quando se aproxima. Que faz suas pernas bambear, sua boca ressecar e suas pupilas dilatarem. Isso é amor. Gostar é empatia, é sentimento vazio, sentimento de amizade.

Ela vira-se para lavar a louça e Tiago encosta atrás da mulher.

Tiago beijando o pescoço dela: Claro que não. Você tá enganada. Eu te amo, Vanessa. O verdadeiro significado do amor eu encontrei em você. Nunca quis diversão e sexo com você, sempre quis ir além.

Vanessa ri: Larga de ser mentiroso. Descarado. Sempre me tratou como a outra, como a segunda opção. Sempre me tratou como a substituta dos seus desejos noturnos quando a Eliane era incapaz de te satisfazer.

Tiago alisando o corpo de Vanessa: Você não sabe do que está falando. A gente pode se divertir junto.

Vanessa vira-se e fica de frente para o homem: Esse é o seu problema: só querer diversão. – ela o empurra. – Eu preciso de um tempo para colocar minha vida no lugar e entender que eu posso e eu consigo ser muito feliz sozinha. Eu já te deixei tomar banho, já te ajudei com esses machucados, já comprei roupa para você e já te alimentei. Agora por favor, vá embora.

Tiago rasga a blusa de Vanessa, brutalmente: Agora vai querer me negar?! – Vanessa se assusta. – QUANDO EU ERA CASADO PRESTAVA PRA VOCÊ? DEVIA TER OUVIDO O JORDAN E TER ME LARGADO DE VOCÊ. POR CULPA SUA MEU CASAMENTO ACABOU!

Vanessa furiosa: Culpa minha?! Eu não transava sozinha. Você também quis. Tanto quis que deve a ideia brilhante de me fazer aproximar da Eliane, virar amiga íntima para que a pobre coitada não desconfiasse de nada do que estava acontecendo. Você é sujo e vem querer bancar o limpo, me culpando por um erro que eu não cometi sozinha.

Tiago puxa o sutiã de Vanessa: Eu quero! E você vai ter que fazer o que eu quero.

Vanessa assustada se afasta: Para com isso ou eu grito! Eu banco a louca, faço um escândalo. Não duvida de mim!

Tiago sorrindo, rodeando Vanessa, que foge: Eu sei que você quer! Para de negar. Vem cá pro tio Tiago, vem cá, vem.

Vanessa corre, rodeando a mesa e Tiago vai atrás, tentando lhe cercar. A mulher pega uma faca e aponta para Tiago, que se assusta e para.

Vanessa trêmula, com a faca apontada: Se afasta de mim ou eu te enfio a faca!

Os dois se encaram.

Cena 6. Rio de Janeiro – Gávea / Revista Luz / Tarde

Melissa trabalha separando notícias para lançar no blog.

Eliane bate na porta: Atrapalho?

Melissa vira-se e sorri: Claro que não. Entra. Eu não estou ocupada.

Eliane entra e fecha a porta lentamente: Eu vi você separando as pautas para lançar no blog. Achei que fosse atrapalhar.

Melissa se senta: De jeito nenhum. Senta. – ela aponta para a cadeira. – Aceita alguma coisa?

Eliane coloca a bolsa na mesa: Não. Eu sem fome. Eu vim sem ânimo nenhum de trabalhar, mas ficar em casa me trazia lembranças da péssima e fracassada noite da minha revista.

Melissa se ajeita na cadeira: Eu vi em alguns sites. Esses sites venenosos por aí. A situação da revista não é nada boa. Começando pela parte do Tiago, que saiu como o mentor dos escândalos.

Eliane triste: Encosto. Se eu pudesse tirar de uma vez por todas esse homem da minha vida. Eu não sei mais o que faço para controlar essa situação. Parece que minha vida virou de cabeça pra baixo e eu estou de ponta para cima. Totalmente perdida e sem saber o que fazer.

Melissa segura às mãos de Eliane: Eu prometi te ajudar no que fosse necessário. Mas eu ainda acho que você deve chamar a Jaqueline. Ela administrava isso aqui melhor do que ninguém. Mas minha vida tá igual a sua. Eu não sei te contei, mas já foi marcada a audiência com para assinar a separação. Graças a Deus vou me livrar do traste do Ferraz.

Eliane surpresa: Você não tinha me contado. Mas que bom que ele aceitou o divórcio.

Melissa se ajeita na cadeira: Aceitou porque está com outra. Bandido. Canalha. Fez-me de idiota esse tempo todo. O importante é que aceitou o divórcio. E agora eu estou livre. Estou até pensando em viajar. – ela ri.

Eliane ri: Por falar em viagem: eu fui chamada para representar a Revista lá em Nova York. Ao que me parece, eles estão produzindo um desfile bombástico e eles ficaram felizes com o resultado do primeiro desfile que fizemos em 2010. Fiquei feliz com o convite.

Melissa: E você aceitou. Claro! Ou não?

Eliane: Estou pensando. Não sei se devo. Minha vida é toda aqui. Não quero me privar da minha vida aqui e ter que recriar outra lá. Recomeçar. Refazer tudo novo… de novo.

Melissa: E não é o que você está fazendo aqui? Recomeçar aqui e lá não tem diferença. Se eu fosse você não perdia essa oportunidade. É a sua chance de esquecer dos problemas e embarcar nessa nova vida. Eu não pensava duas vezes.

Eliane fica pensativa.

Cena 7. Rio de Janeiro – Lagoa / Apt. Da Alice / Tarde

A campainha toca e Gioconda vai atender. Gisele desce a escadaria da casa e senta-se no sofá.

Gioconda abre a porta: Boa tarde. É eletricista, encanador, bombeiro ou algo do tipo?

Ferraz ri: Não. Eu sou apenas um amigo da Gisele. Ela se encontra?

Gioconda sem paciência: Quanta folga desse porteiro. Esse velho gagá trabalha como porteiro pra quê? Nem pra avisar que tinha alguém subindo. Tempo de entrar um bandido.

Ferraz: Mas eu não sou um bandido. Só quero falar com a Gisele. Chama-a por favor. Ou vai permitir minha entrada?

Gioconda abre mais a porta: Entra. Ela tá na sala.

Ferraz sai. Ele vai até a sala. Gisele se levanta surpresa.

Gisele surpresa: Ferraz?! O que você está fazendo aqui?

Ferraz sorri: Amanhã eu assino o divórcio e estarei livre. Você me passou esse endereço e eu resolvi vir aqui. Que belo apartamento. Pelo visto seu ex marido tinha uma grande fortuna.

Gisele: Esse apartamento não é meu. É de uma amiga. Mas isso não vem ao caso. Fala logo o que você quer.

Ferraz radiante: Eu quero morar com você. Como tínhamos combinado. Amanhã mesmo eu quero me mudar. É aqui que você mora?!

Os dois se encaram. Gisele sem saber o que responder.

Cena 8. Rio de Janeiro – Leme / Apt. Da Clarice / Tarde

Leandro ao telefone: Tudo bem. Eu vou pedir para fazerem a anulação do contrato. Até mais.

Leandro desliga o telefone, frustrado. Igor desce a escada e percebe o semblante do homem.

Igor chega por trás e abraça o pai: Que cara triste é essa?

Leandro beija a mão do filho: Oi filho. – o jovem senta-se ao lado do pai. – Minha cara de que tanta coisa ruim tem acontecendo. Já não bastasse esse furacão passando pela nossa família, eu acabei de perder o contrato com a Perfumaria.

Igor o encara: Pai, eu sei que não devia falar da mamãe/ – ele é interrompido.

Leandro: Não fala dela. Por favor. Meu dia já está péssimo. Não estraga mais. Se é que isso é possível.

Igor: Ficar fugindo desse assunto não vai adiantar em nada. Uma hora vai ter que conversar sobre isso. Pode ser difícil pra você assumir, mas você está mal por conta do que aconteceu e pelo fato da mãe ter ido morar na favela.

Leandro entristecido: Eu amo tanto sua mãe, filho. Mas é difícil perdoá-la depois de tudo que descobri. Ela sabe muito bem que eu não admito mentira e que eu odeio isso.

Igor: Mas ela mentiu para nos proteger. Olha o caos que nossa família virou. Tudo bem que mentir não é a melhor maneira, mas foi por proteção. Foi por amor. Ela sabia que se tivesse contado tudo antes, hoje a minha tia não teria uma relação bonita com a Paloma. E pai, ela não mentiu sobre o passado, ela omitiu o passado. Vocês nunca pararam para conversar sobre isso. Nunca teve oportunidade. Talvez se tivesse, ela teria aberto o jogo e teria contado tudo.

Leandro: É pode ser. O problema é que eu não consigo olhar para ela da mesma forma de antes. Eu olho para ela e vejo uma assassina. Uma mulher egoísta, que tirou a vida da própria irmã, para que outra vida nascesse.

Igor pega na mão do pai: Esquece isso. Todo mundo merece uma segunda chance. Imagina que tudo o que aconteceu desse exato momento para trás, tenha ficado no passado. Tentar de novo não custa nada. Pedir perdão e ser perdoado também não. Procura a mãe e conversa com ela.

Os dois se encaram. Leandro fica pensativo.

No quarto de Júlia…

Júlia sorrindo: Quem diria: irmãs.

Paloma senta-se na cadeira: Meia-irmã. Mas isso também não faz muita diferença. Sempre tivemos uma relação tão aconchegada e tão próxima, acho que era ligação e o destino indicando nossa irmandade.

Júlia abraça a prima irmã: Eu sempre disse que você era a irmã que eu não tive. Agora eu posso dizer isso com certeza. – ela sorri. – Desde crianças prometemos crescer juntas e realizarmos nossos sonhos juntas. Tem um site que está aceitando inscrições para curso de moda. Topa?

Paloma sorri: Pra ontem!

Mais tarde…

 Cena 9. Rio de Janeiro – Laranjeiras / Hospital Santo André / Noite

Sheyla entra no CTI, especificamente ao quarto de Stênio. Ela se aproxima do homem e dá um beijo na testa dele, com nojo, em seguida, limpa a boca.

Stênio desperta e esfrega os olhos: O que você está fazendo aqui? Cadê o Gustavo? Eu preciso falar com ele!

Sheyla séria: Morreu! – Stênio a olha assustado e ela gargalha, em seguida. – Você é muito trouxa. Acredita em tudo que as pessoas que te falam. Seu irmão está vivo, por enquanto.

Stênio irritado: Você não vai fazer nada com ele. Deixa meu irmão em paz. Já não basta roubar todos os meus bens e me matar aos poucos? Nessa tortura que parece que não acaba.

Sheyla: Não vou fazer nada com ele? O imbecil tentou me matar. Me sufocou e por falta de coragem, o que não é novidade, não concluiu. Eu devia denunciar ele. Ainda estou com a marca.

Stênio com dificuldade: Era para ele ter continuado. Só assim se livraria de você de uma vez por todas. Você é má, Sheyla.

Sheyla: Má não! Eu aproveito as situações. – ela dá um tapa nos pés de Stênio. – Stênio! Você já ia morrer de qualquer jeito. Eu só estou te ajudando. Você mesmo está reclamando da tortura que não acaba. Imagina se eu não tivesse dado o empurrão. Você não vai ter outra oportunidade de falar com o Gustavo. Quer que eu anote o recado? Eu anoto. Faço a recepcionista e anoto. Vou pegar o papel e a caneta.

Ela revira as gavetas da sala e encontra uma caderneta e uma caneta. A mulher arranca uma folha e se senta na maca.

Sheyla sorri: Vamos lá. Qual recado? Você podia começar fazendo uma pequena declaração de amor pra mim. Dizendo que com muita saudade vai me deixar e que me passou tudo por amor. Olha que lindo. Vai, com suas palavras. Eu só vou escrever.

Stênio puxa o papel: Para com isso. Para de me torturar. Sua vadia. Arrependimento de ter me casado com você. Mas um dia a conta chega. A vida ainda vai te passar uma rasteira e você vai pagar caro por isso.

Sheyla vira os olhos: Essa historinha de novo? Muda o disco. Bom, antes de você partir vou te contar as novidades: Você vai ser tio. Gustavo vai ser pai. E a maior das maiores novidades: o testamento já ficou pronto, assinado e tudo direitinho esperando você morrer para ser validado e tudo vir para o meu nome.

Stênio tossindo: Me deixa em paz. Deixa eu morrer sozinho. Só isso que eu te peço.

Sheyla sorri: Aí não tem graça. – ela se aproxima dos aparelhos de Stênio. – Você vai fazer muita falta. Viu? Mas… Hora de descansar amor!

Stênio desesperado: SHEYLA NÃO! EU PRECISO TE CONTAR QUE/ – A mulher desliga os aparelhos. Ele vai perdendo o ar e não consegue finalizar.

A mão de Stênio cai e treme. O homem dá seus últimos suspiros, tentando puxar ar, desesperando, sofrendo, morrendo aos poucos, vendo a mulher que tanto amou lhe desprezando, impiedosa, assistindo sua morte. Stênio morre e não deixa o seu último recado, tentando contar o acordo que fez com Gustavo. Sheyla pega sua bolsa. Liga os aparelhos e coloca a máscara em Stênio, para que ninguém perceba algo de errado. Ela abre a porta, olha ao redor e não vê ninguém. A mulher sai apressada, cabisbaixa. Retorna em Stênio, morto. Tempo nele.

Cena 10. Rio de Janeiro – Leme / Restaurante / Noite

Kiara está jantando sozinha. Jordan entra e avista a mulher.

Recepcionista: Acompanha-me, por favor.

Jordan olhando para Kiara: Não precisa. Estou com aquela mulher. – ele aponta para Kiara, que está de costas. Ele vai em direção à mulher. – Kiara!

Kiara vira-se e se depara com Jordan: Que surpresa desagradável. – ela se levanta. – Deu pra me perseguir agora?

Jordan se senta: Não perderia meu tempo fazendo isso. Foi coincidência. Já que está sozinha, acho que posso lhe fazer companhia.

Kiara larga o guardanapo na mesa: Não. Não pode. Eu já terminei minha janta.

Jordan olha o prato da mulher: O prato está cheio.

Kiara pega a bolsa: Perdi a fome. Se quiser pega o resto. Você já é acostumado com isso.

Kiara vai saindo e Jordan lhe segura.

Jordan sorri: Que ódio é esse? – Kiara se solta. – Nunca te fiz nada para receber esse ódio gratuito. Tomar dores de outra pessoa é feio, sabia?

Kiara furiosa: Defendo quem eu quiser. Clarice é minha irmã!

Jordan se levanta: E uma criminosa. Assassina! E tem que pagar pelo o que fez. Tirou a vida da própria irmã e ainda me fez acreditar que tinha morrido. Como eu fui burro.

Kiara sorri: Como foi? Sempre foi. Tanto que acreditou nessa mentira toda durante anos e só descobriu pela amizade que fez com o Leandro. Senão, estaria sendo enganado até hoje. Burro você sempre foi. Demorou para reconhecer, amigão.

Jordan: Pois é. Uma hora a gente cai em si. Agora falta sua irmã reconhecer que é uma assassina e você uma cachorra.

Kiara lhe dá um tapa: Cala essa boca! Não te dou nem um pingo de confiança para você falar desse jeito comigo. Mau apetite!

Kiara sai furiosa.

Cena 11. Rio de Janeiro / Noite

Alice sai de casa, entra no carro, pega a arma no porta-luvas e sorri.

Paralelo à cena…

Clarice sai da favela, de madrugada, carregando uma bolsa. Ela sai apressada, olhando para trás, desconfiada de que alguém esteja lhe seguindo.

Paralelo à cena…

Júlia desce a escada de casa, que está em silêncio, enquanto todos dormem. Ela pega a bolsa e sai, fazendo o mínimo de barulho possível.

Paralelo à cena…

Gisele vem da cozinha, com sua bolsa. Ao perceber que Sérgio sai do apartamento com uma mochila, a mulher se esconde e estranha o mordomo saindo a essa hora da noite. Ela dá um tempo e o espera sair, logo em seguida sai.

Paralelo à cena…

Célia pega a arma da maleta, enrola num lenço, coloca dentro da bolsa e sai apressada. Ela passa pela portaria e o porteiro estranha a saída, tarde da noite, hesita em falar, porém a mulher passa tão apressada, que não tem tempo.

Cena 12. Rio de Janeiro – Local não identificado / Rua deserta / Noite

Dentro do carro de Barros…

Simone abre a porta do carro: Nada pode sair errado. Fica atento. Se ouvir algum barulho de tiro, abre a porta o mais rápido possível.

Barros aponta: Fica naquele vidro ali. Tem o banco. O tiro não vai atravessar, vai dá tempo de correr, como combinamos. Eu mando o alerta se perceber algum movimento estranho.

https://www.youtube.com/watch?v=SsLRUlIF_tE

Simone confirma e sai, tensa.

Uma pessoa misteriosa, vestida totalmente de preto, completamente encapuzado, impossível de reconhecer, sobe a escada de uma casa abandonada e vai parar na laje. Do retrovisor do carro, Barros vê a pessoa se posicionando e manda o alerta. Simone recebe e se levanta do banco onde sentou, ela está trêmula, com medo, mas tenta não demonstrar. A pessoa se agacha e mira em Simone.

POV DO CANO DA ARMA.

O som abafa. Respiração ofegante do/a assassino/a. O tiro é disparado e só é possível ver a bala saindo do cano da arma. CAM lenta. Simone vira-se no exato momento. Barros olha do retrovisor e vê o tiro disparado. A câmera retorna ao normal e a bala pega a velocidade. Inesperado, a bala ultrapassa o vidro, que ambos acharam ser a prova de balas. O vidro quebrado. Barros olha para o lado, desesperado.

Fim do Capítulo 32!

Gabriel Adams

O que é necessário para Ser Humano? Quais são as atitudes que devemos tomar em situações difíceis sem que possamos ferir ou machucar alguém? Será que Ser Humano é ser cruel? Ou é errar, acertar, errar tentando acertar...Afinal, o que é ser humano? Dia 23 de fevereiro, às 20hrs, estréia a web-novela SER HUMANO.

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O que é necessário para Ser Humano? Quais são as atitudes que devemos tomar em situações difíceis sem que possamos ferir ou machucar alguém? Será que Ser Humano é ser cruel? Ou é errar, acertar, errar tentando acertar...Afinal, o que é ser humano? Dia 23 de fevereiro, às 20hrs, estréia a web-novela SER HUMANO.

3 thoughts on “Três Jogadas – Capítulo 32

  • Creio que o Stênio gostaria de ter falado algo muito importante que só saberemos logo mais, tomara que seja algo que deixe Sheyla na ruína, desgraçada.
    Tiago pensou que seria fácil reconquistar Vanessa? Pensou que era somente sexo… mas se ferrou. Tomara que ela corte o *#@$% dele.
    Ferraz foi procurar por Gisele, pelo visto ela foi outra que se ferrou legal. Inventou essa história de convidá-lo para ir morar junto com ela… deu no que deu.
    Estou triste com o fim do relacionamento de Júlia e Luigi, apesar de o casal ter sido formado através de uma armação… gostava muito deles juntos.
    Melissa e Eliane podiam se unir mais ainda e fazer a revista se tornar um estrondo, mas não, ficam aí esperando a volta de Jaqueline.
    Kiara humilhou Jordan, e também foi levemente humilhada… só troca de farpas nesta web!! hehehe
    A Simone não é boba não! Quem é que tenha mandado essa carta, se enganou. Porém, não esperava por esse contratempo do final… será que a delegada morreu? Quem foi o assassino? 😯

    • Oi Felipe. Eu tive uns problemas para resolver ontem e acabou que não deu tempo de postar. Mas hoje postarei o capítulo 33 e 34. Logo sai o capítulo 33! 😀

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