Sombras do Passado

Sombras do Passado – Capítulo 25

Capítulo 25: Perseguição.

” É nas pequenas batalhas que nos tornamos mais fortes”.

Eu já estava me acostumando a lidar com anjos, demônios e mestiços, mas ainda não tinha lidado com a policia. Nenhum de nós sabíamos o que de fato estava acontecendo. A policia poderia ter vindo falar sobre a explosão da casa, ou sobre o assassinato de Rodrigo. Poderiam fazer perguntas ou nos prender logo de cara. As hipóteses eram umas piores que as outras. Alexia havia fugido, mas antes nos lançou um desafio, ela queria que nós tentássemos impedi-la apenas para tornar tudo divertido. Não conseguia ver diversão nenhuma naquilo tudo. Pelo menos ela havia nos dado uma dica, ela disse para descobrirmos como e quando ela acabará com os mestiços, e isso significava que existia uma forma e uma data para isso acontecer. O problema é que o tempo estava correndo e não poderíamos deixar que a policia nos atrasasse.
– O que a gente faz? _ Karina disse.
– Vamos fugir! _ eu disse.
Nos entreolhamos e assentimos. Todos concordando que essa era a melhor alternativa.
– E o corpo do meu irmão? _ Daiana perguntou.
Era verdade. Havia um corpo jogado no quintal dos fundos da casa de Karina.
– É possível que Rodrigo volte a vida, como você voltou? _ eu perguntei á Daiana.
– Possível é. Mas existe um feitiço que pode impedir isso. _ Karina respondeu por ela.
– Você sabe fazer esse feitiço? _ Pedro perguntou para Karina.
Karina negou com a cabeça e em seguida todos nós olhamos para Daiana. Ela nos olhou entendendo o que queríamos.
– Eu não vou fazer isso. Ele é meu irmão. _ ela disse.
– Daiana, você mesma viu que estávamos certos. Alexia estava esse tempo todo engando vocês e Rodrigo a ajudou. Se ele voltar vai ajuda-la novamente _ eu disse.
Ela pensou por alguns instantes. Sempre vi Daiana como a mais forte do nosso grupo, mas agora seus olhos estava brilhando e parecia que ela desmoronaria a qualquer momento.
– Tudo bem. Mas eu preciso de tempo. Vocês terão que distrair a policia. _ Daiana disse.
Nós concordamos.
– Quando terminar vá para a floresta nos fundos da minha casa, vamos esperar por você. _ eu disse.
– E para onde iremos depois? _ Karina perguntou.
– Vou levar vocês para um lugar seguro e depois vocês poderão escolher o que querem fazer e para onde querem ir. Eu vou tentar impedir Alexia, mas não vou obrigar vocês a me ajudarem. _ eu disse.
– Certo. _ Karina disse. _ como vamos distrair a policia?
– Vamos dar uma voltinha de carro, crianças. _ eu disse pegando a chave do carro que estava em cima da mesinha da sala e a jogando para Pedro.
Pedro, Karina e eu entramos na garagem fechada da casa de Karina e entramos no carro de seus pais colocando o cinto de segurança.
– Prontas, meninas? _ Pedro perguntou, ligando o carro.
Nós duas assentimos. Karina apertou o botão que abria o portão eletrônico da garagem. Enquanto o portão se abria ouvimos os policiais avisarem uns aos outros sobre o movimento na garagem. Lá fora estava escuro, já havia anoitecido. Ouvi passos apressados parra chegar até onde estávamos. Pedro acelerou e saiu com o carro antes mesmo do portão ter aberto pela metade. O carro bateu no portão, mas conseguimos sair da garagem. Os policiais gritaram para que parássemos, mas é claro que não paramos. Os policiais não tiveram outra alternativa senão atirar em nós, os tiros acertaram o carro mas não nos atingiram. Os policiais correram para entrar em suas viaturas e arrancaram. Nós seguimos pela rua em alta velocidade e a policia seguia logo atrás de nós com suas sirenes ligadas. Pedro fazia curvas incrivelmente fechadas em alta velocidade e desviava dos outros carros com facilidade. Por um momento me peguei imaginando quando e onde ele aprendeu a dirigir assim. Ele não parecia ser tão mais velho que eu e estudávamos na mesma escola. Um carro quase bate de frente com o nosso e isso me faz voltar para nossa atual realidade. Pegamos uma rua que terminava nas margens da floresta. Olhei para Pedro. Não havia saída naquela rua. Estaríamos encurralados. Pedro olhou para mim, lendo meus pensamentos.
– Fique calma. Vai dar tudo certo. _ ele disse e olhou novamente para nosso caminho a frente.
Pedro acelerou o carro e quando estávamos quase nas margens da floresta ele freio bruscamente parando o carro.
– Desçam do carro. _ ele disse.
Nós tiramos o cinto de segurança rapidamente e descemos do carro. A policia estava logo atrás de nós e já estavam parando o carro bruscamente e descendo para correr atrás de nós. Pedro correu em direção á floresta. Karina e eu o seguimos correndo e entrando na floresta logo atrás dele.
– Se transformem. _ Pedro gritou para nós.
Nós nos transformamos e corremos ainda mas rápido pela floresta escura. Seria impossível conseguirem nos capturar. Estávamos correndo em meio á uma floresta durante a noite. Os policiais só poderiam nos seguir a pé, mas estávamos transformados então estávamos muito mais rápidos que qualquer humano. Talvez eles pudessem arranjar um helicóptero, mas até eles conseguirem isso nós já estaremos no castelo de Roger. Corremos pela floresta tentando não nos perder uns dos outros. Ao longe podíamos ouvir os policiais dizerem que havíamos entrado na floresta. Estavam tentando achar um meio de nos capturar, mas logo já estávamos tão longe que não podíamos se quer ouvi-los. Não demorou muito para ouvirmos o barulho do pequeno riacho no meio da floresta. Passamos pelo riacho logo reconheci o caminho para minha casa, que eu sempre usava quando queria andar pela floresta até o riacho. Corremos até chegar a poucos metros de distancia de minha casa e então paramos para esperar por Daiana. Eu me transformei em humana e me sentei no chão. Karina sentou logo é minha frente com as costas na arvore. Pedro se sentou ao meu lado. Ficamos os três sentados em silencio. Depois de um tempo ouvimos passos. Nos levantamos bem devagar e nos preparamos para uma possível ameaça. Quando os passos se aproximaram visualizei a silhueta de Daiana.
– Daiana? _ eu a chamei.
– Alicia, sou eu. _ ela respondeu.
Ela andou até nós.
– Deu tudo certo? _ Karina perguntou.
– Sim. _ Daiana disse com a voz triste.
– Sinto muito, Daiana. _ eu disse.
– Não senti não, Alicia. Não minta para mim. _ ela respondeu.
Eu não disse nada. Ela estava certa. Dizer que eu sentia muito era uma mentira.
– Melhor nós irmos. _ Pedro disse.
Eu assenti e comecei a andar em direção ao portal que Roger havia criado parra mim.

Hoje foi um dia tão agitado. Cheio de supresas e tristezas. Mortes, lágrimas e decisões que irão assombrar minhas noites. Hoje eu cresci mais um pouco. Acrescentei mais algumas características á minha personalidade, mesmo não sabendo ainda o que isso significava exatamente. Talvez Daiana nunca me perdoe. Talvez Karina não esteja mais interessada em derrotar Alexia. Talvez Pedro possa se tornar meu melhor amigo. Mas talvez nenhum de nós sobreviva tempo o bastante para descobrir. Mas acho que a vida de todos é feita de “talvez”. Certo?

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