Vovó Macumba

Sétimo Capítulo – Vovó Macumba

Capítulo SETE

Web de: Igor Cesar Nascimento

 

(…) Com o som da batida do garfo na superfície da taça de cristal, todos se calam:

-Primeiramente, queria agradecer a presença de todos aqui nesta noite – começa o coronel Teodoro, pai de Barbara – Estamos aqui para celebrar a união deste casal, minha filha, Barbara, e o seu noivo e novo integrante da família, Will – todos aplaudem, enquanto eles estendiam as mãos para receber o carinho de todos.

-A sorte foi minha, de encontrar o melhor marido do mundo para me casar! – disse Barbara, beijando o noivo.

-A sorte foi a minha, meu amor! – Will retribui, olhando discretamente para a estrutura cara daquela mansão, e os parentes usando roupas e pertences valorosos naquela mesa – Garanto que você não irá se arrepender de me escolher.

-Tenho certeza disso, Will. (…)

[Jantar de noivado do casamento de Barbara e Will]

 

  Will bate a porta do carro assim que saiu. Caminha naturalmente pela calçada, para que os vizinhos não desconfiassem, pulando o muro nos fundos da casa.

Como ele tinha pensado, a mansão estava completamente escura, com portas e janelas fechadas.

Enrolou um pano em sua mão para que o barulho se abafasse, assim, quebrando o vidro da porta. Destrancou a fechadura e entrou. Como ainda eram anos 90, a mansão não tinha tantos recursos de segurança, facilitando ainda mais a sua invasão.

Caminha triunfante pelo espaçoso salão (três vezes maior que os m² do seu apartamento):

-Embora, futuramente, eu nunca mais venha pisar outra vez neste país, esse casamento até que me trará boas lembranças … – falava, subindo as escadarias. Não tinha muito tempo a perder, se direciona rapidamente ao escritório do seu sogro.

Se surpreendeu ao fato dela não estar trancada, já que o coronel vivia trancado no seu escritório, saindo apenas para reuniões ou festas, ou para se deitar com sua esposa.

-Aonde será que ele esconde esse cofre? … – refletia, enquanto averiguava os lugares mais suspeitos, como debaixo da mesa, livros sobre as prateleiras, parede ou fundo falso. Sorriu vitorioso ao retirar o imenso retrato da família no centro da parede, encontrando do outro lado a porta de aço do cofre – Acho que encontrei o pote de ouro no final desse arco-íris! (Ha-Ha-Ha!).

 

-Deixe seus assuntos particulares para depois, filha – Sílvia se aproxima das duas, com medo de um barraco acontecer.

-Você está certa, mãe – Barbara se vira para Valerie – Conversamos sobre isso depois, está bem?

Valerie não responde nada, vendo-a retornar para a mesa aonde estavam também o seu Advogado e o seu irmão, Kauan.

-Pode se sentar – falou o delegado, Valerie o obedece. – Agora nos conte tudo o que aconteceu naquela noite. – Valerie engole em seco.

 

Abrindo um saco que havia pego da cozinha antes de subir, Will começa a despejar para dentro dele números de bolos de dinheiro e pertences valiosos, guardados ali dentro:

-É hoje que irei ganhar tudo o que mereço! – anunciava, satisfeito com o peso que ia ficando no saco.

-Acertou! Irás ganhar hoje tudo o que merece, canalha – se vira, encontrando Teodoro parado num canto escuro do escritório, apontando-lhe um revólver.

 

-Era o dia do meu aniversário – começa ela – Eu iria passar a noite inteira com o meu namorado – EX-namorado, relembra ela, sentindo uma pontada de tristeza – mas recebi um telefonema da moça para quem eu trabalho, a dona Barbara, pedindo pra que cuidasse da filha dela aquela noite. Ela disse que me pagaria até o dobro se fosse preciso. E .. eu … aceitei.

-Como assim?! Você mentiu para mim?! – pergunta Castidade, se manifestando, irrita por a filha ter mentido onde estava.

-Eu… – Valerie fica constrangida, e se encole, calando-se.

-Não interfira no relatamento do caso, minha senhora! – o delegado adverte-a, se virando novamente para Val – Prossiga.

-Eu … – respira fundo, tomando coragem para não encarar a mãe neste momento. Previa umas palmadas de chinelo quando chegasse em casa – Eu fui até o apartamento do casal. Cuidei da bebê normalmente, como sempre fiz todos esses meses ao qual trabalhei. Garantiram para mim que retornariam às dez horas, e eu fiquei aguardando-os. Mas deve ter acontecido alguma coisa, não sei ao certo dizer o quê, que chegou a madrugada e nenhum sinal deles. Numa determinada hora, fui me lavar. Foi … nessa hora que o marido dela, Will, chegou, e … fez todas essas coisas…

-Obrigado pela declaração. – o delegado se levanta – Entraremos em investigações atrás dela. Estão dispensadas.

Valerie toma a frente do caminho até a porta, não disposta a dar satisfações para a mãe.

Terminava de sair, quando foi abordada por Barbara:

-Precisamos conversar. – disse ela.

-Dona Barbara, numa outra hora, por favor… – Val estava exausta. Castidade parou ao seu lado, falando:

-Na verdade, não há mais nada para se conversar aqui! – aponta para Barbara – Eu entendo a dor da minha filha, mas também, entendo a sua dor. A possível dor da perda de um filho. Essa é uma das mais fortes dores que, nós mães, podemos sentir na vida. Eu realmente compreendo-a, Barbara. Eu fiquei sentindo essa dor a noite inteira, enquanto esperava a minha filha chegar. – e puxa a filha para irem embora. Barbara se controla para não chorar outra vez.

 

-Olha só quem encontramos aqui! – Will se vira, deixando o saco em cima da mesa. – O meu amado e querido sogrão. O “importante” coronel Teodoro Fonseca. – diz irônico.

-Você pensa que eu não estou sabendo o que você fez?

-O que eu fiz? Olha, tome cuidado. Tem muita gente espalhando calúnias contra minha pessoa.

-Não me venha com essa! Não me engana mais! Minha esposa e minha filha foram prestar queixa por sequestro contra você na delegacia. Tem certeza que se trata de apenas uma mera fofoca?

(se aproximando em passos lentos) -Bem que eu estranhei a casa vazia. O senhor vive dentro deste escritório, renega momentos de lazer com amigos e família para ficar aqui trancado assinando papéis. Agora me diga, você é feliz com isso? – ficou parado em frente ao seu revólver.

-Não me venha com outras histórias, rapaz … – Teodoro sente seus batimentos acelerarem dentro do peito.

-Veja comigo, não seria justo um homem que só soube trabalhar a vida inteira para acumular toda essa fortuna aqui, na tentativa de mostrar que é melhor, perder tudo por alguém como eu, que aos seus olhos virou um louco assassino e perigoso, não seria? Mas eu vou te dar a grande chance da sua vida! Olhe ao seu redor. Cenário perfeito, não é? Você está presente na fortaleza que lutou para construir a vida inteira, juntamente da riqueza que lutou para acumular a vida inteira. O senhor conseguiu chegar aonde queria! Cumpriu as suas metas. Mas, meu professor de português me ensinou, que quando o conflito da história é resolvido, chega a hora de colocar nela um ponto final. – faz uma pausa – Para você, seria mais do que justo, morrer ao lado de tudo isso! – e rapidamente se acelera para retirar a arma de suas mãos.

 

Do lado de fora se escuta o som de disparos.

Minutos depois, Will aparece pulando o muro, entrando no carro, com o saco de dinheiro em mãos. Liga o carro e parte.

 

EFEITO SONORO: TRISTE.

IMAGENS AÉREAS DO ESCRITÓRIO, TEODORO CAÍDO MORTO NO CENTRO DA SALA.

 

 No aeroporto da capital, alguns dias após isso, um grande aglomerado de pessoas circulavam.

A próxima embarcação foi anunciada:

-Tenha uma boa viagem, senhor! – disse a recepcionista, assim que Will entregou o seu passaporte, contendo nele uma identidade falsa, já que estava na lista de procurados pela justiça.

Passou a catraca, caminhando em direção aos portões de embarque empurrando uma mala de rodinhas e Alice no colo. Na mala, levava roupas novas e o restante da quantia que roubou da família de sua esposa. Seguia confiante e triunfante pelo caminho, não se incomodando mais com a Alice, que chorava em seu colo.

-Goodbye, Brazil! – disse, fechando as janelas do avião, conforme ele decolava.

 

 

 

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SEMANAS DEPOIS

MÚSICA DE FUNDO:A Sky Full Of Stars – Coldplay

 

As vidas de todos começava a voltar ao normal, mesmo demorando alguns dias para superarem o trauma.

Por noites, Valerie chorou tendo recordações daquela noite, do estrupo, e claro, do término do namoro.

Barbara também chorou, pela filha, que perdia as esperanças de reencontrá-la, e pela morte do pai, que abalou a todos da família. Fez as malas, e voltou a morar para a mansão, ficar naquele apartamento trazia más recordações.

Castidade chorou e ainda chorava, estava agora na saída do presídio municipal, seu marido e seu filho haviam sido julgados pela justiça devido a tentativa com Miguel. Dentro de um camburão, estavam sendo transferidos para a penitenciária estadual:

-Adeus! – gritou ela, enquanto o veículo partia.

 

-Estou presente, professora! – todos os alunos da sala de aula se viram para trás, surpresos ao encontrarem a presença de Valerie escondida nos fundos da sala. Deis do acontecimento passado, ela nunca mais havia frequentado as aulas por vergonha, e também pelo mesmo motivo que se repetia agora, todos passam a resmungar, provavelmente, falando sobre a “violentada da cidade”.

Valerie não iria conseguir superar o acaso se não fosse o apoio de sua melhor amiga, Clara:

-Não liga não, viu – sussurrou ela, trocando olhares com Val, percebendo que se magoava com as murmurações que ecoou pela sala.

 

-Olá, amiga! – grita Branca, vendo Castidade entrando no bar. Castidade se senta em uma das mesas, Branca vai atendê-la – Aconteceu alguma coisa? Nunca te vi aqui no bar esse horário da manhã.

-Está sim, Branca. – suspira ela.

Humm, não está não que eu sei! – e puxa uma cadeira, se sentando ao seu lado – Pode me contando tudo.

-Eu sai hoje cedo para me despedir do meu marido e do meu filho. – faz uma breve pausa para se conter – Eles … foram levados para uma penitenciária. A mesma para onde levam bandidos e assassinos.

-Meu deus do céu! – e abraça a amiga, na tentativa de consolá-la – Poxa, não fique assim não, amiga. Mesmo não existindo justiça aqui na terra, ainda existe a justiça divina! – e se levanta – Vou pegar um copo de água para você.

Após dar alguns passos até o balcão, sua pressão abaixou, fazendo ela cair ao chão:

-Branca! – gritam, Castidade e Zé, indo até ela socorrê-la.

 

-Não quero isso não, obrigada! – Valerie dispensa o purê que iria ser servido na merenda da escola, sentindo sua barriga borbulhar de enjoo, como em alguns dias passados.

Ela e sua amiga, Clara, se sentam em uma das mesas do refeitório após saírem da fila:

-As coisas aqui na escola nunca mais foram as mesmas sem você, Val. Vê se não desaparece mais, viu?

-Pode deixar … – Valerie sorri, revirando a comida no prato, sem apetite.

-Talvez nesse fim de semana, eu irei dar uma festa do pijama lá em casa. Quer ir?

-Não. Estou de castigo.

-Ainda? – Valerie concorda com a cabeça. – Então, provavelmente, também não irá aceitar ao convite de irmos no cinema assistir o filme novo que lançaram em cartaz, correto? – Valerie afirma novamente. Valerie não estava se sentindo muito bem deis do começo da aula. – Que chato! O que podemos fazer então para recuperarmos esse tempo perdido?

-Com licença, amiga – Valerie se levanta, na tentativa de correr até o banheiro devido ao mau-estar que estava sentindo. Porém, desmaiou no meio do caminho:

-Val! – grita Clara, correndo até ela.

 

Castidade e Clara aguardavam sentadas na sala de espera do consultório médico, esperando os resultados dos exames. A enfermeira se aproxima:

-Podem entrar. – comunica as duas, que tratam de se levantar imediatamente.

 

-O que elas têm, doutor? – pergunta Castidade preocupada ao médico, que analisava os papéis com os resultados dos exames de Branca e Valerie. As quatro moças, Castidade, Branca, Valerie e Clara estavam sentadas nas cadeiras de frente a sua mesa, ansiosas pelo resultado:

-Bom, por esses resultados aqui, vejo que ambas tem o mesmo “problema”. – brinca ele.

-Como assim? – Branca fica confusa.

-Você está falando que se trata de uma doença, doutor? – Valerie fica séria, sentindo seu coração acelerar – Que nem naqueles filmes, que as pessoas ficam desmaiando toda hora?

-Não digamos que seja uma doença – ele faz suspense – mas sim … uma gravidez.

-Meu deus, eu estou grávida! – Branca pula da cadeira de felicidade, abraçando a amiga.

Valerie fica imóvel, sentindo os seus olhos se encherem de lágrimas:

-... eu fiquei grávida … daquele estuprador  … – murmurava ela, incrédula.

 

-CONTINUA-

5 thoughts on “Sétimo Capítulo – Vovó Macumba

  • Will matou Teodoro e acabou fugindo com Alice… esse é o verdadeiro significado de “o mundo é dos espertos”.
    Enquanto Branca pula de felicidade por sua gravidez, Valerie chora por descobrir a sua… tadinha.
    A web continua ótima, com bastante fôlego!!!

    • Muito obrigado Rodrigo!
      Eh, estou tentando manter a web com a mesma energia das anteriores,
      E em relação as loucuras de Will, quando tem esses ataques ninguém segura ele rsrs
      E em relação ao delegado, plantão e em plena madrugada você imagina o mau humor do cara rsrs
      Eh, adorei escrever esses capítulos, eu escrevendo o Will me sinto um psicopata, cada coisa que ele faz rsrs
      Mas a trama continua, só clicar no “Próximo” rs

  • Incesto? Será rssr
    Uma dica sobre mim: As sinopses são só as bases que eu monto antes de começar a escrever, tudo pode mudar ao longo da história.
    Nó próximo capítulo trará uma dica para essa dúvida. Será?
    Acompanhem hoje o novo capítulo da web!

  • Está aí mais um capítulo da nossa web,
    Como viram, parece que Will se saiu bem dessa. Quem não se saiu tão bem assim foi a Val, que acabou ficando grávida desse estrupo.
    O que vocês acham que vai acontecer agora com ela?
    Comentem!
    O próximo capítulo sairá em breve!

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