A Sangue Frio

A Sangue Frio – Cap. 05

A Sangue Frio

Capítulo – 05
Escrito Por Felipe Lima & Bhrunno Acosta

1ª Cena – Grajaú/ Casa de Marta/ Dia.

(Continuação imediata do capítulo anterior.)

Marta – Então… O que a senhora deseja falar comigo?

Silvina – A sua filha não caiu porque se desequilibrou, ela caiu porque a Stella a empurrou.

( CAM foca no rosto de Marta, que está surpresa com o que acabara de ouvir.)

Marta – Como é?(Balança a cabeça em sinal negativo) Não. Stella jamais faria algo assim. Impossível! Elas eram melhores amigas.

Silvina – Pois ela fez. O motorista e eu vimos tudo.

Marta – E por que você escondeu isso durante todos esses meses?

Silvina – Eu não podia falar nada. Eu estava com meu marido doente, se eu abrisse minha boca, sem dúvida iriam me despedir.

Marta – Não iriam. Era para você ter falado no momento que viu isso.

Silvina – Eu sei, eu tive medo. Mas hoje resolvi falar, porque o Vinícius a pediu em casamento. E eu não posso permitir que isso aconteça.

Marta – Mas esse casamento não irá acontecer.

(Foco em Marta determinada.)

CORTA PARA:

2ª Cena – Imagens São Paulo/ Morumbi/ Mansão Drummond/ Interior/ Mais Tarde.

(Stella e Vinícius estão na mesa fazendo desjejum. Eles terminam, limpam suas bocas com uns guardanapos que estavam sobre a mesa e se dirigem para a porta de saída da mansão. Marta está lá, prestes a tocar a campainha. Stella e Vinícius se assustam ao vê-la.)

Vinícius – Dona Marta, que honra ter a senhora aqui, o que deseja?

Marta (ríspida) – Preciso falar com Stella, podemos?

Stella – Claro, vamos até a biblioteca.

(Stella e Marta se encaminham até a biblioteca.)

(Fundo: Erva Venenosa – Rita Lee.)

Stella – Então…Estou aqui.

(Fim da música. Tensão.)

Marta ( esbofeteia Stella) – Como você teve coragem, hein? Eu lhe considerava uma filha. E olha o que fez. Tudo isso por dinheiro?

(Stella furiosa leva sua mão ao seu rosto.)

Stella – Por que isso, tia Marta? Está falando de que?

Marta (irritada) – Não se faça de sonsa. Você matou minha filha para está na posição dela agora, sua assassina.

Stella (cínica) – Que absurdo! Jamais faria tal maldade. Quem lhe disse esse disparate?

Marta – Como você é cínica, dissimulada… Eu sei que foi você quem empurrou ela da escada. […] E não importa quem falou. Vou agora mesmo falar para o Vinícius.

(Marta corre em direção a porta, mas Stella a impede de sair do local.)

Stella (segura Marta pelo braço) – Sabe, é?! Mas tem provas? Não. Então você vai falar o que para o Vinícius? Que eu dei empurrão na Fernanda? Ele não vai acreditar, ele está apaixonado por mim. Eu estou criando o filho dele com a sonsa da sua filhinha. Então ele jamais vai acreditar nessa besteira. Agora saia daqui e nunca mais volte. (Aponta para a saída.)

Marta (Tira a mão de Stella) – Tudo bem. Eu vou, mas fique ciente que um dia eu volto. E vou acabar com a sua vida, assim como você acabou com a da Fernanda.

Stella – Não tenho medo de ameaças.

Marta – Pois deveria ter.

(Marta se dirige para a saída. Stella a interrompe novamente.)

Stella – Seria uma pena se o jovem Thomaz pagasse pelas burradas da avó. (Gargalhadas.)

Marta (Desespera-se) – Você não seria capaz…

Stella – Diga isso à Fernanda.

(Marta olha com ódio para a garota. Depois disso, ela sai correndo aos prantos. Passa por Vinícius sem dizer nada.)

Vinícius – Dona Marta…

(Stella chega a porta de saída da mansão.)

Stella – Deixe-a ir, meu amor.

Vinícius – O que ela queria? Por que ela saiu assim?

Stella – Queria ver o Thomaz, mas eu disse que ele estava dormindo. […] Ela se enfureceu.

Vinícius – Eu hein.

CAM CORTA PARA:

3ª Cena – Ruas de São Paulo/ Dia.

(Fundo – Instrumental Tristeza.)

Marta está perambulando pelas ruas da capital paulista. Chega a uma praça e se senta em um dos bancos. Ela volta a chorar silenciosamente. Um homem vê toda a sua angústia, se aproxima e se senta ao seu lado.

Homem – Por qual motivo choras?

Marta – Desculpa, mas não quero dividir minhas angústias com uma pessoa que eu não conheço.

Homem – Não seja por isso… Me chamo Otávio(Estende a mão para cumprimentá-la)

(Marta, ainda aos prantos, pega na mão do homem.)

Otávio – Agora pare de chorar! Como pode uma moça tão linda como você ficar com esses olhos inchados?!

Marta (Esboça um sorriso “amarelo”) – Linda e moça? Eu? Não deve está falando da mesma pessoa.

Otávio – Claro que estou. Você é linda.

(CAM se afasta lentamente, mostrando os dois conversando. Fundo – É Preciso Saber Viver – Titãs. Tela escurece.)

Letreiro – 20 anos depois.

4ª Cena – Imagens por cima da capital paulista/ Morumbi/ Mansão Drummond/Interior/ Dia.

(Fundo: *Ego – Beyoncé.*)

Stella,de forma elegante, desce a escada. A mulher está com um vestido vermelho e decotado. O mordomo Sam aparece em sua frente. (Música cessa.)

Sam – Senhora, o que deseja para o almoço?

Stella – Isso é pergunta que se faça? Eu pago uma fortuna para Silvina e você, obviamente era para vocês saberem os meus desejos. Estou saindo, vou até a empresa, volto no almoço.

(Stella sai, deixando o rapaz falando sozinho.)

Sam (Em voz baixa) – Fortuna. […] Sei…(ele dá uma risada falsa.)

CAM CORTA PARA:

(Stella entra em seu carro e manda uma mensagem para Fred.)

Mensagem – Te espero no mesmo lugar de sempre, seu gostoso. Beijos! Stella.

(Ela dá partida no carro, CAM lentamente se afasta.)

5ª Cena – Drummond Têxteis/ Matriz/ Sala de Vinícius/ Dia.

Vinícius está sentado em sua cadeira, na sala da presidência da Drummond Têxteis. Em sua frente está James, um grande amigo e filho de uns do acionistas da empresa, que infelizmente faleceu. Ele morava em Nova Iorque, e veio para o Brasil para administrar as ações que herdou de seu pai.

Vinícius – Fico muito feliz que você tenha regressado ao Brasil, James. […] Ahhh, já ia me esquecendo. Hoje à noite chega um dos melhores diretores do Brasil, Bruno Lafaiete. Ele atualmente é diretor da nossa filial no Sul, mas o chamamos para nos auxiliar aqui em São Paulo.

James – Entendi. Então você quer me colocar como vice-presidente mesmo da Drummond Têxteis?

Vinícius – Isso. Se você aceitar, claro.

James – Raquel me convenceu a vir, né. Eu aceito.

(Eles se dão as mãos, em forma de cumprimento.)

Vinícius – Que ótimo, depois que papai se afastou das empresas, eu fiquei muito abarrotado de trabalho.

James – Eu sei que sim.Agora eu tenho que ir, Raquel me convocou para ir ver uma casa em Pinheiros.

Vinícius – Então vá o quanto antes. (Fala com um sorriso.)

CORTA PARA:

6ª Cena – Moscou-Rússia/ Mansão Wurttemberg / Noite.

Imagens da capital da Rússia são mostradas. CAM lenta para no luxuoso bairro Rublyovka. Por fim, adentra a Mansão dos Wurttemberg.

(Marta desce a escada, falando com preocupação.)

Marta – Otávio, Natasha ainda não chegou em casa. Estou preocupada.

Otávio – Ela me ligou, disse que iria dormir na casa de uma colega.

Marta – E por qual motivo não ligou pra mim?

Otávio – Talvez não queria lhe preocupar.

Marta – Iremos nos mudar para o Brasil depois de amanhã. Ela precisa arrumar suas malas. Você também.

Otávio (Estranha) – Qual a pressa de voltar ao Brasil?

Marta (Com raiva)- Não sei. Está aqui sua passagem. (Entrega a passagem para Otávio.)

Otávio – E se eu não quiser voltar?

Marta – Irá ficar aqui sozinho, porque eu irei de qualquer forma.

Otávio – Tudo bem. Eu vou com vocês.

Marta – Melhor escolha que fez.

(CAM escurece.)

7ª Cena – São Paulo/ Dia.

(Fundo: Aquarela do Brasil – Gal Costa.)

Mostram-se imagens de São Paulo. Pessoas transitando nas calçadas. Engarrafamentos.

(Fim da música. CORTA PARA:)

8ª Cena – Morumbi/ Mansão Drummond/Interior/ Dia.

(Vinícius entra na mansão, vai diretamente ao seu quarto. Ele estranha o fato de Stella não estar. Vai até a sala procurar por ela, sem êxito. Ele, então, chama Sam, o mordomo da família.)

Sam – Pois não, senhor! Me chamou?

Vinícius – Onde está Stella?

Sam – Ela disse que iria à empresa.

Vinícius (Desconfiado) – Tudo bem, obrigado. Pode se retirar.

(Sam retira-se.)

9ª Cena – Porto Alegre/ Dia.

(Fundo: Me Too – Meghan Trainor.)

Imagens aéreas de Porto Alegre são mostradas. Mostram-se pontos turísticos da cidade. CAM corta para o Bairro Bela Vista. Cobertura de Bruno Lafaiete.

(Bruno está em seu quarto, tranquilamente ele arruma suas malas. Gabriel, seu melhor amigo, adentra o local. Fim da música.)

Gabriel – Bicha, você quer mesmo que eu vá?

Bruno – Lógico. Minha vida inteira eu passei com você. […] Se você não quiser ir, vou entender. Sei que será difícil se afastar dos seus pais.

Gabriel (Triste) – Que nada. Você sabe que desde que assumi minha homossexualidade, meus pais esqueceram que sou seu filho. […] O problema é que percebo que sou um fardo para você.

(Bruno abraça Gabriel.)

Bruno – Para com isso, garoto. Eu te adoro!
Você é minha alegria. Não consigo me imaginar sem você.

Gabriel (Meio triste) – Não, Bruno. Você paga tudo pra mim. Minha faculdade, meus cartões, tudo. […] Tenho que retribuir de alguma forma.

Bruno – O problema é esse? Vamos fazer assim, a partir de hoje você será meu assistente pessoal. Cuidará de toda minha agenda, okay?

(Gabriel dá pulos de alegria.)

Gabriel (Grita) – VIADOOOO, ADOREI! Serei tipo a Lú de Totalmente Demais. […] Nem sei como agradecer por tudo.

(Os dois riem.)

Bruno – Não precisa. Agora vá arrumar suas malas, o vôo é logo à noite.

Gabriel – Tudo bem, estou indo.

Gabriel sai.

(CAM mostra Bruno continuando a arrumar suas malas. Música “Me Too – Meghan Trainor” toma conta do local.)

CORTA PARA:

10ª Cena – São Paulo/ Morumbi/ Mansão Drummond/ Interior/ Dia.

(Vinícius está deitado em sua cama. Stella chega, abre a porta vagarosamente. Stella adentra o local. Ao virar-se toma um susto com Vinícius, que a encara.)

Stella (Assustada, gagueja) – Vo, você aqui? A essa hora? Não deveria estar na empresa?

(Vinícius se levanta e vai em direção a sua esposa.)

Vinícius – Ué, vim passar a tarde com você.

Stella (Desconsertada) – Ah que bom.

(Vinícius puxa Stella para si, de modo que eles fiquem cara a cara.)

Vinícius – Onde você estava? Não me diga que estava na empresa, eu acabei de sair de lá. Ande, fale, onde você estava?

Stella (gaguejando) – É, é, é… Eu iria pra empresa, mas Raquel me ligou, disse que iria a Pinheiros ver umas das mansões que estava à venda. E eu fui com ela.

Vinícius – Ah, James me disse mesmo que Raquel iria ver essa mansão. Na próxima vez, avise.

Stella – Tudo bem, eu aviso. […] Agora vou tomar um banho, estou cansada.

(Stella vai para o banheiro, Vinícius se joga na cama, fica pensativo. CAM CORTA PARA Silvina que ouvia toda a conversa atrás da porta. Ela desce a escada e fala a si própria.)

Silvina – Essas paredes dessa mansão guardam segredos que se revelados podem arruinar essa família.

(Sam ouve parte da conversa, estranha e indaga.)

Sam – O que você disse? Tá maluca? Falando sozinha…

Silvina (Desconversa) – Nada não. Estou pensando alto.

(CAM escurece. CORTA PARA)

11ª Cena – Moscou/ Mansão Wurttemberg/ Noite.

CAM mostra Natasha chegando com o seu carro. Estaciona, desce e adentra a sua casa. Marta está lá esperando por sua filha. Ela corre até Natasha.

Marta (preocupada) – Já estava ligando pra Polícia. Como some e me deixa sem notícias? Onde você estava?

Natasha (Abraçando Marta) – Desculpa, mãe. Prometo não fazer isso mais. E aí, comprou as passagens?

Marta – Comprei. Agora é só chegarmos ao Brasil. E lá, enfim, dar os primeiros passos de nosso plano.

Natasha (rindo) – Estou louca pra isso!

(Otávio, nesse momento, entra.)

Otávio – Que plano?

(As duas se calam. O silêncio toma conta do local.)

Otávio – Ande, me digam, que plano é esse?

(Marta e Natasha se olham assustadas.)

Foco em Marta. A imagem congela ganhando tons de vermelho sangue.

Fim do Capítulo.

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