Rua Treze

“Rua Treze13” Episódio 1×01 “FORÇA-TAREFA”

Roteiro de série/seriado    

 Episódio 1×01 “Força-tarefa”

Escrita por: Wesley Alcântara

 

 

Rua Treze13

Personagens deste episódio:

Beatriz

Bruna

Elena

Heitor

Íris

Lavínia

Leonor

Marcelo

Matias

Plínio

Orestes

Participações Especiais:

Mulher

Jornalista

Policial

Repórter 1

Repórter 2

 

 

“Eu fiz a minha fantasia de vida mais poderosa do que a minha vida real.” (Jeffrey Dahmer).

 

Cena 01. Rua escura/ Ext./ Noite.

Uma enorme rua, mal iluminada e cheia de árvores. A única cor que difere dos tons pretos do local é a da lua, que está cheia. Um táxi para no início da rua e uma mulher loira, aparentando ter 25 anos, desce. Ela está com um longo vestido vermelho, sandálias da mesma cor, em salto alto e com uma trança embutida.

Mulher (ao taxista) – Pode me deixar aqui mesmo, gosto de andar com a claridade dessa lua.

A mulher sai andando rua afora e o táxi vai embora. Quando a mulher está passando embaixo de uma árvore, uma moeda cai a sua frente, ela para e olha. Do POV. da mulher, vemos a moeda com o símbolo de uma caveira. A mulher se assusta e sai andando depressa e olhando para trás, até que dá de frente com um homem moreno, de altura mediana, cabelos pretos, casaco preto, luvas nas mãos e calça escura. A mulher fica paralisada olhando o homem, que sorri.

Mulher (aliviada) – Que susto.

Homem – Essa rua é muito perigosa a essa hora da madrugada, não acha?

Mulher – Eu bebi um pouco a mais e precisava chegar em casa bem, por isso pedi ao taxista que parasse lá no início da rua. (T) Mas espera aí, eu te conheço. Tu não és o escritor de romances, o Heitor Novaes?

Heitor – Sou eu mesmo. Mas a propósito, você não vai pegar a moeda?

Mulher (amedrontada) – Eu não, nem sei de quem é aquilo. Tem uma imagem horrorosa de caveira.

Heitor – Vamos até lá, quero ver essa tal moeda. Eu voltei aqui porque ouvi o barulho.

A mulher vira se de costas e começa a caminhar lentamente em direção à moeda. Close em Heitor, que saca uma pedra de ferro do bolso e bate com muita força duas vezes na cabeça da mulher. CAM desfoca da ação e foca na imagem da caveira na moeda.

Corta rapidamente para:

Cena 02. Apto DE Heitor/ Quarto/ Int./ Dia.

Ângulo Alto. Quarto espaçoso e essencialmente cinza. Cortinas cinza, que tem a mesma cor da parede, do guarda-roupa e do edredom da cama. A frente da cama tem um notebook e um copo com metade de um suco de laranja. Na cama, enrolada em um edredom está uma mulher morena, 29 anos, bonita. Essa mulher acaba acordando assustada, como se tivesse saindo de um pesadelo, no mesmo instante que Heitor adentra ao quarto com uma bandeja com café, frutas, pão e uma rosa vermelha.

Heitor – O que foi Miranda? Teve um mau sonho?

Miranda (ofegante) – Sonhei com morte, acredita?

Heitor – Morte de quem?

Heitor deposita a bandeja na cama, aos pés de Miranda.

Miranda – Com a morte de uma mulher. Uma mulher loura.

Heitor fica inquieto.

Heitor – Deve ser coisa da sua cabeça. Toma esse café que preparei pra você.

Miranda (sorridente) – Você me mima demais, sabia?

Heitor – Por que você merece.

Miranda dá um selinho em Heitor e começa a tomar seu café, enquanto ele vira-se para a janela, pensativo.

Corta para:

Cena 03. Delegacia/ Gabinete da delegada/ Int./ Dia.

Uma pequena sala em tom pastel com apenas um basculante e um ventilador de teto. Uma mesa de madeira antiga, com um computador de última geração. Na parede de trás, o mapa político do estado do Rio de Janeiro pregado a parede. A parte da frente da sala é de divisórias de vidro, a qual dá total visão sobre os demais departamentos da delegacia. Uma mulher, 45 anos, morena, cabelos castanhos escuros, com um vestido em azul escuro e sandálias de salto está sentada do lado de trás da mesa, enquanto um policial, careca, 36 anos, branco, forte e vestido com o uniforme da polícia militar do RJ, está de pé do outro lado da mesa. Conversa já em andamento.

Mulher – (séria) – Seis mulheres no prazo de um mês.

Policial – Mariana Sá, estudante e com 19 anos. Larissa Pardo, 30 anos, enfermeira. Milena Costa, 47 anos, promoter de eventos…/

Mulher – E a última vítima foi ontem, achada em uma das ruas do Leme.

Policial – As vítimas são todas loiras, acha isso coincidência dona Bruna?

Bruna (pensativa) – Nada é coincidência quando se trata de um crime. Mas você me disse que essas mortes aconteceram todas na Zona Sul?

Policial – Sim. Mas não temos nenhuma pista, nada que se aproxime do suspeito.

Bruna – Nada é impossível, o criminoso sempre deixa algo seu no local.

Policial – Loiras, mulheres, todas da Zona Sul. Eu acho que essas mortes não foram banais.

Bruna – Nenhuma morte é banal e se meus estudos de criminologia não falharem, estamos diante de um psicopata, um Serial Killer.

(Música “The Crutch” – Sepultura).

Close no policial assustado.

(Música fade).

Corta para:

Cena 05. Copacabana/ Imagens/ Ext./ Dia.

Clipe ensolarado com imagens aéreas dos prédios passando pela Catedral de Copacabana, Horca del Inca, Forte de Copacabana e chegando a o imenso e azul mar da praia. Enquanto a CAM percorre o mar. Diálogo da cena posterior.

Garota 1 (off) – Ontem na madrugada mataram uma moça no Leme, você tá sabendo?

Garota 2 (off) – Deve ter sido por causa de drogas, te aposto.

CAM termina de percorrer a água e passa pela areia, mostrando alguns homens malhados jogando futevôlei, algumas garotas jogando frescobol, pessoas tomando sol, alguns caminhando, até que chega em duas garotas, que estão sentadas em suas cadeiras de praia e olhando o mar.

Garota 1, 17anos, está de biquíni fio dental amarelo, cabelo preto liso amarrado em rabo de cavalo, óculos escuros.

Garota 2, 19 anos, biquíni azul, cabelo preto, liso e solto, óculos escuros, modelo aviador.

Garota 2 – Quando é que você pretende contar pra sua família que não é modelo?

Garota 1 – Nem pensei nisso. Mas também Íris, eles não aceitariam, não me aceitariam.

Íris – Se eu fosse você, contava o mais rápido possível. Não adianta ficar empurrando com a barriga Beatriz. Faz como eu fiz. Um mês depois de entrar nessa vida, eu voltei a Volta Redonda e contei tudo de uma vez. Eles não tocam mais no assunto. Eu mando o dinheiro que prometi e pronto. Nada mais importa.

Beatriz – Pra você foi fácil.

Íris – Pra ninguém é fácil, mas infelizmente é o que tem que ser feito.

Beatriz fica pensativa, olhando o mar.

Corta para:

Cena 06. Delegacia/Sala de Reunião/ Int./ Dia.

Uma enorme sala em tom amadeirado com uma grande mesa de tampo de vidro ao centro, contendo seis cadeiras de cada lado e uma na ponta superior. Nela contém um envelope A3 de cor parda.

Bruna está sentada na cadeira da ponta superior, enquanto um homem, 55 anos, cabelos grisalhos, branco, magro, alto e de óculos de grau, vestido com terno e gravata está sentado próximo a ela.

Bruna – Eu vou ser direta, bem direta. Esse caso das mortes ocorridas na Zona Sul está me deixando cada vez mais instigada.

Homem – Por quê?

Bruna – Porque as semelhanças e diferenças entre as vítimas dão o sinal de alerta. Estamos tratando de um psicopata, senhor Orestes.

Orestes ri em tom de deboche.

Orestes (irônico) – Psicopata? Tá. Vai dizer agora que ele é o Ted Bundy?

Bruna (séria) – Sem ironias, por favor. Estamos tratando de uma mente cruel e fria. Esse homem, seja lá quem for já matou seis mulheres em um único mês.

Orestes – Você acha que ele é um Serial Killer? Não acredito que me tirou da secretaria pra fazer isso.

Bruna – Eu não acho, tenho certeza. Mas eu o tirei de lá, para dizer ao senhor, digníssimo Secretário de Segurança, que eu quero montar uma equipe de força-tarefa pra poder investigar e descobrir a identidade desse tal Serial Killer, posso?

Orestes – E isso vai me custar quanto?

Bruna (séria) – Bem menos do que se eu jogar a merda no ventilador, sobre o seu caso do estupro de três menores de idade. E olha doutor, eu tenho testemunhas.

Orestes olha com ódio para Bruna.

Orestes (emburrado) – Quero amanhã, em cima da minha mesa, todos os nomes dos profissionais e materiais que precisará para a investigação.

Bruna pega o envelope que está em cima da mesa e entrega a Orestes.

Bruna – Fiz melhor, aí está tudo que preciso. Eu quero essa equipe amanhã aqui.

Orestes – E se eles não quiserem, o que eu faço?

Bruna – Se eles não quiserem dobre ou triplique o salário deles. Caso contrário, seu nome só será mais um na listagem do presídio de Bangu. Agora se me dá licença, vou embora, acabou meu turno.

Bruna se levanta e sai. Orestes se levanta furioso e dá um murro na parede.

Orestes (nervoso) – Inferno! Você ainda me paga Bruna.

Corta para:

Cena 07. Apto de Heitor/ Sala/ Int./ Dia.

Uma enorme sala, também em tom cinza, INCLUINDO: sofá, lustre, quadros na parede, cortinas, tapetes.

A sala está impecavelmente limpa e organizada. Numas das paredes tem uma TV de plasma de 60 polegadas. A TV está ligada, enquanto Heitor está sentado no sofá com o notebook no colo, digitando algo.

Heitor (digitando) – “E ela mais uma vez olhou para o nada, entrou em sua casa e acendeu um cigarro. Parecia esperar, ansiar por aquele homem.”

Nesse instante Miranda aparece com duas canecas nas mãos.

Miranda (a Heitor) – Fiz chá dos talos de couve. Ótimo para limpar o organismo, quer?

Heitor para de digitar e sorri. Miranda entrega uma caneca a ele, que dá uma golada e devolve a caneca à esposa.

Heitor – Você sempre sabe do que tô afim né?

Miranda – Eu quase te conheço bem.

Heitor – Por que, quase?

Miranda – Não sei nada do seu passado. Não sei nada dos seus pais, nenhuma foto, nenhuma história, simplesmente nada.

Heitor (cabisbaixo) – Eu tenho os meus motivos.

Miranda – Eu sou sua esposa há tantos anos. Você nunca falou com algum parente, mesmo que não fossem seus pais, mas alguém que fosse da sua família.

Heitor (sério) – A minha família é você, a Lavínia e Deus.

Miranda (meiga) – Desculpa meu amor, minha intenção não era te chatear.

Os dois ficam calados e olham para a TV. Segundos depois, ouve-se a música abertura de um telejornal.

Jornalista (off) – Interrompemos essa programação para dar a notícia de mais um assassinato, o da dançarina Keila Martins. Keila tinha 25 anos e morava no Leme. Seu corpo fora encontrado na rua onde mora, próximo a uma árvore. Segundo os peritos, foi desferido contra a cabeça da dançarina, uma pedra de ferro, a qual se encontra no local e vai para a análise. Também foi encontrada uma moeda com o símbolo de uma caveira. Essas foram às informações de hoje.

Miranda desliga rapidamente a TV.

Miranda (assustada) – Meu Deus, onde é que esse mundo vai parar? É tanta violência. Um ser desses para fazer alguma coisa do tipo, só pode ter gelo no lugar do coração, não tem sentimentos, não sente culpa.

Heitor (sério) – O que é sentir culpa?

Miranda – Deixa de ser bobo meu amor.

Heitor sorri.

Miranda (saindo) – Vou buscar a Lavínia na escola, você me espera em casa?

Heitor – Como sempre.

Miranda sai. Heitor fecha o notebook e olha para o horizonte com satisfação.

Corta para:

Cena 08. Boate Rua Treze/ Porta de Entrada/ Ext./ Noite.

Carros importados chegam ao local e entram direto ao estacionamento, ao lado da Boate. CAM focaliza no Letreiro em neon vermelho, com os dizeres: “Rua Treze”.

Cam desce mais até a portaria, decorada, pauperrimamente, com cetim vermelho e algum pano vagabundo que imite o veludo vermelho. Dois seguranças negros, tendo entre 25 e 30 anos, altos, fortes e de ternos, um de cada lado da porta. Pouco movimento no local. Som abafado, porém ouve-se, é a música “You Can Leave Your Hat On – Joe Cocker”.

 

Corta para:

Cena 09. Boate Rua Treze/ Salão Principal/ Int./ Noite.

A música que na cena anterior estava abafada, agora tem seu áudio bem legível.

Planos gerais do ambiente, que tem pouquíssima iluminação e tudo decorado em vermelho vibrante. Palco com luzes coloridas e vazio. Vários homens (em maioria velhos e com aspecto esquisito). Vozerio, garçons circulando pelas mesas com bandejas repletas de copos de uísque e taças de champanhe.

No palco está Beatriz e íris com idênticos vestidos dourados, brilhantes e curtíssimos. Elas estão desfilando, como se fossem mercadorias a serem vendidas. Enquanto isso os homens as olham. (music fade).

Corta para:

Cena 10. Boate Rua Treze/ Administração/ Int./ Noite.

Uma pequena saleta caindo aos pedaços, com uma baixa iluminação, no local há apenas uma espécie de porta-arquivos, usado em delegacias. Nesse instante entram duas pessoas: uma mulher, 50 anos, branca, cabelos longos e cacheados, magra, estatura média e trajando um sport fino em tom azul marinho.

Um homem, 55 anos, bem moreno, cabelo preto cacheado, mas curto, jaqueta marrom esfarrapada e calça jeans escura.

Homem – Ontem o movimento foi fraco, princesa.

Mulher – Você tá me achando com cara de Otária, Plínio? Eu sou Princesa Leonor Houston. Eu sei que ontem a coisa ficou forte aqui.

Plínio – Ficou sim princesa Leonor, cheio de cueca aqui dentro, mas quase nenhum pagou pra sair com as garotas.

Leonor (assustada) – Será que é a decadência do nosso negócio?

Plínio – É que o preço anda mais salgado que o metro quadrado na Vieira Souto. A gente precisa mudar isso.

Leonor – Você sabe quanto eu pago de aluguel dessa joça?

Plínio – Não paga nada. O governo desapropriou este lugar, ele agora é seu.

Leonor fica sem graça.

Leonor – Seja como for, dê no máximo 15% de desconto. Agora preciso ir embora antes que o Cássio desconfie.

Plínio – É sempre um prazer ter a princesa do País de Gales aqui conosco.

Leonor (saindo) – Menos Plínio, bem menos. Agora vá ver se a saída de emergência tá limpa pra mim.

Plínio sai e Leonor sai em seguida.

Corta para:

Cena 11. Apto de Heitor/ Quarto de Lavínia/ Int./ Noite.

Miranda está sentada na cama, velando o sono de uma menininha, 9 anos, magra, branca, cabelo castanho, que está dormindo.

Miranda (cantando) – Dorme filhinha, que Jesus já vem te amar. Mamãe tá aqui para te esperar.

Nesse instante Heitor entra.

Heitor (cochichando) – Quando terminar de fazer a Lavínia dormir vem aqui na sala.

Miranda – Tá!

Heitor sai e Miranda volta a cantar Músicas de ninar.

Corta para:

Cena 12. Apto de Heitor/ Sala/ Int./ Noite.

Heitor está terminando de calçar os sapatos, ele coloca uma mochila roxa nas costas, quando Miranda aparece.

Miranda (estranheza) – Aonde você vai essa hora e com essa mochila nas costas?

Heitor – Escrever.

Miranda – Mas precisa ser a essa hora e fora de casa? Não viu no noticiário que estão matando a rodo? O Rio de Janeiro já não é mais como antes.

Heitor – Fique calma. Estou com a chave do apartamento do Caio, aquele da Zona Oeste e vou para lá. Te prometo que é bem rapidinho. Eu preciso de inspiração para terminar esse novo livro.

Miranda (preocupada) – Cuidado com essa cidade hein. Não passe a noite inteira fora e telefone seja o momento que for.

Heitor – Tá bem.

Heitor dá um beijo em Miranda e sai.

Corta para:

Cena 13. Apto de Heitor/ Calçada/ Ext./ Noite.

Começa a chover muito, com direito a raios e trovoadas. CAM mostra por imagens aéreas, o enorme prédio onde Heitor mora. Já em CAM térrea, vemos o portão, que combina com as grades que cercam o prédio, todas em cor branca. Ao Lado um portão do mesmo estilo das grades, com uma placa sinalizando: ”Garagem”. Nesse instante o portão é aberto, eletronicamente e um carro, modelo celta, ano 2008, quatro portas, sai. Vemos que Heitor está dirigindo. O carro sai da garagem e rapidamente pega a rua em frente, onde Heitor acelera e some.

Corta para:

Cena 14. Ponto de ônibus/ ext./ Noite.

A chuva aumenta mais, e uma mulher, 58 anos, loura, vestindo calça jeans e blusa de renda chega apressada e um pouco molhada dentro do ponto de ônibus, que está totalmente vazio, assim como as ruas a sua volta. Segundos depois, quando a mulher está tentando se secar, o carro de Heitor para, ele abaixa o vidro.

Heitor (simpático) – A senhora aceita uma carona?

Mulher (ressabiada) – Não, eu espero um táxi.

Heitor – Com essa chuva e o transito que vem da Barra, duvido que a senhora consiga um táxi ou lotação nas próximas duas horas.

Mulher – Mas eu tô indo pro Leblon.

Heitor – Que magnifico, eu moro lá, vem que eu te levo. Afinal de contas é meu caminho mesmo.

Mulher – Tá bem.

Heitor destrava a porta e a Mulher entra no carro.

Corta para:

Interior do carro:

Heitor – Esqueci de tirar minha gaiola do porta-malas. Você me ajuda a tirar?

Mulher – Ela é muito pesada?

Heitor – Não. Mas é que o porta-malas está com defeito e não para aberto. Eu seguro e você tira a gaiola pra mim, pode ser?

Mulher – Pode sim.

A Mulher sai do carro, Heitor também sai, carregando uma barra de ferro. Ele abre o porta-malas e fica segurando, quando a mulher avista que ele está vazio.

Mulher – Está vazio.

Heitor – Olha lá no fundo.

A mulher enfia a cabeça mais fundo no porta-malas, quando Heitor olha para os lados e percebe que está tudo vazio, então, com toda a força, bate com a barra de ferro na cabeça da mulher, fazendo voar sangue em sua camisa. Heitor joga a mulher dentro do porta-malas e fecha. Em seguida, pega sua mochila roxa, troca sua camisa manchada por outra igual. Vai até dentro do ponto de ônibus com a mochila e sua camisa com sangue, pega álcool e molha a camisa, em seguida risca um fósforo.

Heitor dá uma risada diabólica.

Corta para:

Cena 15. Rio de Janeiro/ Pontos Turísticos/ Ext./ Dia.

(Música “O canto da cidade” – Daniela Mercury). Clipe com as imagens do Rio de Janeiro, entre elas: O Corcovado, Pão de Açúcar, Praia do Arpoador, Maracanã.

(Fad out trilha).

Corta para:

Cena 16. Delegacia/ Gabinete da Delegada/ Int./ Dia.

Numa das paredes está colada as fotos da mulher da cena 14, amarrada a uma árvore, nua e com o rosto desfigurado. Bruna está olhando atentamente, muito horrorizada. Quando um policial entra.

Policial – O doutor tá ali fora.

Bruna – Manda entrar.

O policial sai, Bruna volta a olhar as fotos e segundos depois Orestes entra.

Bruna (olhando as imagens) – Sétima vítima desse louco. Olha só como ficou essa mulher.

Orestes olha e fica chocado.

Bruna – Pro senhor ver, eu não estou tentando peneirar água. Tem fundamento essa minha tese e fundamentos sólidos.

Orestes – Onde essa mulher foi encontrada?

Bruna – No Leblon.

Orestes – Tô começando a te dar razão.

Bruna – Trouxe a minha turma?

Orestes – E alguma vez eu já falhei?

Bruna – É melhor eu nem responder. Onde eles estão?

Orestes – Na sua sala de reuniões.

Bruna – ótimo. Vamos lá!

Orestes – Antes, tem uma coletiva de imprensa lá fora esperando seu pronunciamento.

Bruna (exausta) – Mais essa.

Bruna e Orestes saem do gabinete.

Corta para:

Cena 17. Apto de Heitor/ Sala/ Int./ Noite.

A Tv está ligada, enquanto Heitor brinca de casinha com Lavínia.

Heitor – Tem mais Barbie filha?

Lavínia – Tenho sim.

Heitor – Então busca pro papai ver.

Lavínia sai em direção ao quarto, quando uma chamada do noticiário na TV acontece E Heitor fica vidrado na TV. Vemos toda a ação do POV. De Heitor.

Uma enorme multidão de jornalistas cerca Orestes e a delegada Bruna bem em frente a delegacia, na parte de fora, atrás deles, apenas uma parede amarela.

Repórter 1 (a Bruna) – É verdade que você está montando uma força-tarefa?

Bruna – Estamos atrás de um assassino. Um assassino que vem aterrorizando as mulheres da nossa cidade. Por isso resolvi montar uma equipe para me auxiliar nessas investigações.

Repórter 2 – E quando começam?

Orestes – Hoje. Não podemos perder tempo. A delegada Bruna já está reunindo a equipe hoje e vamos atrás do suspeito, com as pistas que já temos.

Bruna fuzila Orestes com o olho.

Repórter 1 – Você acha que se trata de um maníaco, delegada Bruna?

Bruna – Trata-se de uma pessoa doente, um psicopata. Mas não podemos dar maiores informações. Até mais.

Bruna e Orestes adentram a delegacia. Heitor desliga a TV e joga o controle contra a parede.

Heitor (nervoso) – Merda!

Nesse instante Lavínia volta com uma Barbie nas mãos.

Lavínia – Aqui papai.

Heitor (confuso) – O papai vai precisar sair filha. Depois a gente brinca.

Lavínia (triste)- Mas eu vou ficar sozinha?

Heitor – É rapidinho, não tem perigo e também a sua mãe daqui a pouco tá chegando do supermercado.

Heitor pega seu notebook e sai apressadamente.

Corta para:

Cena 18. Delegacia/ Gabinete da delegada/ Int./ Dia.

Bruna e Orestes estão entrando na sala.

Bruna – Você não tinha nada que fazer essa coletiva de imprensa para se autopromover. Foi uma lástima.

Orestes – Já que tô dando o bolo, eu mereço ao menos os créditos.

Bruna – A gente escorregou feio. Não tínhamos nada que falar sobre as investigações. Elas devem correr em silêncio absoluto. Nós estamos lutando no escuro, sem saber com quem.

Orestes – Vamos lá na outra sala ver a sua equipe.

Bruna sai da sala, seguida por Orestes.

Corta para:

Cena 19. Mansão Houston/ Jardim/ Ext./ Dia.

Uma enorme casa em formato de palacete, com arquitetura medieval e esculturas do período romano na porta de entrada.

Planos gerais do jardim, muito colorido e bem cuidado, com inúmeras flores, dentre elas: rosas, margaridas, violetas, antúrios e copos-de-leite.

Leonor está saindo de dentro da casa e passando pelo jardim. Ela está conversando ao celular.

Leonor (ao cel.) – Fala para esse homem aí que eu quero uma reunião com ele, pra daqui a duas  horas no máximo. Aqui em casa.

Leonor desliga o celular.

Leonor (pra si) – Onde já se viu dar privilégios praquela vagabunda?

Leonor fica com o celular na mão, pensativa.

Corta para:

Cena 20. Delegacia/ Sala de Reunião/ Int./ Dia.

Bruna e o Orestes entram na sala.

Bruna – Sejam Bem vindos a equipe Treze!

Nesse instante aparecem dois homens e uma mulher, sorridentes.

Homem 1, 50 anos, baixo, branco, cabelo castanho e ralo, veste calça social e terno.

Homem 2, 38 anos, alto, moreno, charmosos, cabelo preto, barba cerrada, vestido socialmente.

Mulher, 32 anos, branca, cabelo castanho e preso em coque, trajando calça jeans e camisa polo, alta.

Homem 1 – Eu sou o Matias. Investigador da Polícia Federal que atuava em Brasília.

Bruna dá um aperto de mão em Matias.

Bruna – Prazer em tê-lo na minha equipe Matias. Acompanho seu trabalho há muito tempo.

O celular de Orestes toca.

Orestes – Com licença.

Orestes sai da sala.

Bruna (a Homem 2) – Você eu conheço muito bem. Ótimo psicólogo forense. Precisaremos de um no caso. Seja bem vindo Marcelo.

Marcelo – Obrigado Bruna.

Mulher – Eu sou a Elena. Criminalista da polícia Civil e pronta pro combate.

Bruna (sorrindo) – Enfim um reforço no time feminino dessa força-tarefa.

Elena – Espero que possamos ajuda-la a prender esse criminoso.

Bruna – E nós vamos. Eu vou explicar tudo aos senhores, mas creio que já conheçam o caso.

Matias – Sim, conheço!

Bruna – A última vítima dele foi ontem.

Elena – Também loira?

Bruna – Sempre loira.

Marcelo – Pelo que pude ver, quem fez isso é um criminoso organizado. Ele planejou meticulosamente o seu ataque. Não dá o bote se ter certeza que vai acertar a vítima.

Bruna – Mandei uma equipe lá pra vasculhar o local do crime.

Elena – É em vão. Lá vocês só vão encontrar o que ele quiser que vocês encontrem.

Bruna (admirada) – É isso que eu busquei quando dei o nome de vocês. É a experiência aliada a uma boa formação. Esse assassino não nos escapa.

Marcelo – Você tem fotos desse último assassinato?

Bruna – Eu vou a minha sala buscar.

Bruna sai apressadamente.

Corta para:

Cena 21. Delegacia/ Gabinete da delegada/ Int./ Dia.

Bruna entra apressada em sua sala, quando dá de cara com Heitor olhando as fotografias do assassinato.

Bruna (surpresa) – Quem é você e o que está fazendo aqui?

Heitor volta seu olhar para Bruna.

Heitor (simpático) – Delegada Bruna, bom dia.

Bruna (séria) – Já passam do meio dia, é boa tarde!

Heitor – Que seja. Eu fiquei horrorizado com as fotos da morte dessa senhora.

Bruna – É um assassinato bem cruel mesmo. Mas nada que não esteja a par da nossa realidade. Mas o que você quer aqui?

Heitor – Eu sou o escritor Heitor Novaes, conhece?

Bruna – Já ouvi falar, mas em que posso lhe ajudar?

Heitor – Eu ouvi dizer que a doutora montou uma força-tarefa pra poder achar um Serial Killer, é verdade?

Bruna – Não há mais como esconder né? É verdade sim. Montei.

Heitor (bobo) – Uau, que fantástico. Eu sou pirado por esse universo.

Bruna – Se era só isso, pode dar meia volta, tenho pressa e muito trabalho.

Heitor – Eu vivi durante três anos em Washington, nos Estados Unidos e posso lhe garantir que tenho experiência nesses termos.

Bruna – Eu já tenho uma equipe de ponta, obrigada.

Heitor – A verdade é que estou escrevendo um livro sobre o universo dos serial Kilers e queria muito que a delegada me deixasse fazer laboratório junto a sua equipe, será que eu posso?

Bruna fica pensativa.

Corta para:

______________________________________________________

Fim

______________________________________________________

6 thoughts on ““Rua Treze13” Episódio 1×01 “FORÇA-TAREFA”

Deixe um comentário

Séries de Web

Séries de Web