O Anjo abre suas Asas

O Anjo Abre Suas Asas – Capítulo 05

Capítulo 05

Cena 01 – Fazenda dos Medeiros.
Paulo reúne todos os trabalhadores que trabalham nas suas plantações na sala da casa. Todos estão curiosos.
Trabalhador 1: Sobre o que será que o patrão quer falar?
José: Será que é sobre o nosso aumento salarial?
Antônio: Eu só sei que é uma coisa muito séria, porque a cara dele não parecia das melhores.
Paulo entra na sala, com uma cara muito feia.
Paulo entra gritando: Silêncio! Muito bem rapazes, o que eu quero falar com vocês é muito sério.
Trabalhador 3: É sobre o nosso salário?
Paulo: Lógico que não, é uma coisa importante. Como vocês trabalham nas minhas plantações e também moram aqui perto, suponho que todos vocês conheçam muito bem as minhas terras, inclusive a área da floresta, certo?
Antônio: Claro que sim senhor.
Paulo: Pois bem, eu quero que vocês façam um trabalho em especial pra mim. Ontem pela manhã o meu filho Gabriel fugiu para a floresta e até agora não voltou, eu quero que vocês o encontrem.
Trabalhador 4: O seu filho fugiu?
Antônio: Mas nesse caso senhor, não seria melhor comunicar a polícia?
Paulo, alto e claro: Não! Vão vir com um monte de perguntas e virão também um bando de jornalistas querendo tirar proveito do meu sofrimento.
José: Mas senhor, por que na floresta? É melhor…
Paulo, irritado: Nem mais uma palavra! Eu já disse o que eu quero que vocês façam, procurem o meu filho na floresta e não descansem até encontrá-lo, e sigilo absoluto, nada de espalharem por aí disso, entendido?
Trabalhadores juntos: Sim senhor Paulo Medeiros!
Paulo: Ótimo, agora metade de vocês vai pra plantação e a outra vai pra floresta atrás do meu filho.

Cena 2 – Casa dos Oliveira. Horas mais tarde.
Maria termina de colocar suas roupas dentro da mochila.
Maria: Pronto, agora posso ir atrás do Gabriel.
Maria ouve seus pais conversando do outro lado da porta.
Antônio acabou de chegar para almoçar e está contando a Laura sobre o sumiço de Gabriel.
Laura: Nossa, o garoto fugiu, é isso?
Antônio: Isso mesmo, e pra floresta.
Laura: Mas o que levaria um garoto de 14 anos a fugir para dentro de uma floresta como aquela?
Antônio: Eu não sei, mas o seu Paulo está muito nervoso.
Laura: E com razão, né Antônio?
Antônio: Com certeza, mas ele já deu suas ordens, todos nós iremos para a floresta procurar o garoto.
Laura: Mas não era melhor que a polícia cuidasse disso?
Antônio: Ele não quer que isso se espalhe, deve ser muito ruim você estar sofrendo e vem um monte de jornalistas querendo tirar proveito do seu sofrimento e de sua vida pessoal.
Laura: Faz sentido.
Do quarto, Maria ouve a conversa toda.
Maria, nervosa: Ah não, eles vão começar a procurar o Gabriel, eu preciso encontrá-lo e avisá-lo antes deles.
Maria pega a mochila com as suas coisas, abre a janela e sai correndo.

Cena 03 – Floresta.
Gabriel está escorado em uma árvore, olhando pras copas.
Gabriel: Ah, eu conquistei minha liberdade, mas que preço será que eu vou ter que pagar por isso?
Ouve-se o barulho de um carro.
Gabriel se levanta: Tem alguém aí?
Além do barulho do motor de carro, Gabriel ouve vozes e o canto de pássaros assustados.
Gabriel: Vem vindo alguém, eu tenho que me esconder.
Gabriel se esconde atrás de uma moita. Ele tem o cuidado de abaixar bem as asas para elas não ficarem visíveis.
O carro passa bem em frente a Gabriel. É uma caminhonete velha com dois homens na cabine. Na caçamba, é possível ver algumas gaiolas cheias de vários tipos de pássaros. A caminhonete segue por um pequeno caminho da floresta.
Gabriel: Mas o que será isso?

Cena 05 – Casa dos Oliveira. Noite.
Laura está para servir o jantar. Felipe chega em casa.
Felipe vai entrando: Boa noite família.
Laura: Felipe meu filho, eu posso saber onde você estava?
Felipe: Ué, fui na casa de uns amigos, esqueceu que eu avisei?
Antônio: Ainda bem, achei que você tivesse fugido como o Gabriel, filho do Paulo.
Felipe: Ele fugiu mesmo?
Antônio: Como assim, você ficou sabendo?
Felipe, nervoso: Ah… É que o pessoal tava zoando ele na escola dizendo que ele ia fugir pro Egito que lá é lugar de camelo.
Antônio: Eu já falei pra vocês não fazerem esse tipo de brincadeira com o menino, é maldade.
Felipe: Relaxa pai, eu não fiz nada. E cadê a Maria?
Laura: Como assim, ela não foi com você?
Felipe: Não, eu até chamei, mas ela não quis.
Antônio: Deve estar no quarto dela, vá chamá-la.
Felipe vai até o quarto. Em instantes, ele volta correndo.
Felipe, nervoso: Mãe, a Maria fugiu!
Laura: O quê?
Antônio: Que brincadeira é essa Felipe?
Felipe: Não é brincadeira pai, ela não tá lá no quarto e o lado dela do guarda-roupa tá vazio, as coisas dela sumiram.
Laura: Meu Deus do céu!
Antônio: Mas pra onde ela pode ter ido?
Felipe, falando consigo mesmo: Ela não pode ter feito o que eu tô pensando.
Laura: O que disse Felipe?
Felipe: Nada, é melhor ligar pra casa de algumas amigas dela, de repente ela foi pra lá.
Antônio: Boa ideia.

Cena 06 – Floresta.
Maria vaga pela floresta escura à procura de Gabriel. Ela se aproxima de um riacho.
Maria: Ah meu Deus, mas em que fim de mundo que eu vim me meter? Já andei por essa floresta inteira e nada do Gabriel.
Maria começa a atravessar o riacho, ela logo tropeça e cai na água.
Maria, se levantando, toda molhada: Ai droga, que água mais fria.
Maria vai até a margem. Ela se senta, tira de dentro da mochila um pequeno cobertor e se cobre.
Maria, gaguejando e tremendo: Que frio!

Cena 07 – Manhã seguinte. Casa dos Oliveira.
A família se reúne para tomar café-da-manhã. Embora tentem, nenhum deles consegue disfarçar a preocupação com o desaparecimento de Maria.
Laura serve o café: Você tem certeza que nenhuma das amigas da Maria pra quem você ligou estava com ela?
Felipe: Nenhuma mamãe, nenhuma!
Laura: Mas você tem certeza que ligou pra todas?
Felipe: Pra todas as que eu conheço ou que a Maria tenha o número anotado, tenho sim!
Laura: Meu Deus, eu estou ficando preocupada.
Antônio: Felipe, se isso é algum tipo de brincadeirinha de vocês, já perdeu a graça.
Felipe: Pai, você acha mesmo que a gente ia brincar com uma coisa dessas?
Antônio: Tem razão. Eu vou ter que ir trabalhar, qualquer coisa vocês me avisam. Eu queria muito ficar aqui e esperar notícias, mas eu tenho que ajudar a procurar o filho do senhor Paulo.
Felipe: Procurar o Gabriel? Como assim?
Paulo: Eu não falei que ele tinha sumido? O senhor Paulo colocou todos os trabalhadores pra procurar o menino.
Laura: Boa sorte querido.
Felipe, pensando: Eu tô achando que a Maria fez o que eu imaginei.

Cena 08 – Floresta. Acampamento de caçadores.
A caminhonete que Gabriel viu na floresta no dia anterior estaciona em um acampamento. Dela, descem dois homens, José e João. Um homem se aproxima dos dois, é Eduardo, chefe deles.
Eduardo: Então, vocês encontraram alguma coisa essa noite nas armadilhas?
José: Na verdade não, parece até que os animais conhecem as armadilhas.
Eduardo: Não seja idiota, são animais, tirando vocês dois são as criaturas mais burras do mundo.
João: Não pega pesado aí chefia.
Eduardo: Chega. Então José, quais as novidades lá pela fazenda?
José: Temos problemas chefe, os trabalhadores vão começar a vasculhar a floresta em uma equipe de busca, o filho do fazendeiro Paulo desapareceu.

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