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MEU RIO – Capítulo 8 (Fim da primeira fase)

[Inicio dos anos 90 – Cidade de Mororó – Maranhão – Fazenda dos Araribe – Quarto – Manhã]

BEATRIZ – Você enlouqueceu de vez mesmo.
SUSANA – É por isso que eu não queria te falar, você não ia acreditar em mim.
BEATRIZ – Claro que não, isso é um absurdo.
SUSANA – Não é, seu pai é um monstro assassino, ele matou o meu pai e pode ter matado o coronel.
BEATRIZ – Tu não sabe o que está falando.
SUSANA – Ele mesmo confessou que deu um jeito de matar o meu pai. Antes ele já tinha ido lá em casa quando minha mãe não estava e ficou me acariciando.
BEATRIZ – Você que ficou se oferecendo pra ele.

Susana dá um tapa em Beatriz.

SUSANA – Você me respeita.
BEATRIZ – Não deveria ter feito isso (dá um tapa em Susana).
SUSANA – Você ta sendo injusta, seu pai que deveria ser castigado, preso. Te aviso logo uma coisa, eu vou fazer de tudo para ele pagar por essas duas mortes.
BEATRIZ – Você não fará nada contra meu pai.
SUSANA – Sai do meu quarto agora, eu não te reconheço mais.
BEATRIZ – Eu que não te reconheço. (sai)

Susana chora.

***

JOANA – (entrando na sala) Eu vou até no inferno se for preciso para encontrar minha filha.
SEBASTIANA – E vai nos deixar? E Beatriz?
JOANA – Eu amo ela, mas preciso recuperar a minha filha, a Bia vai entender.
BEATRIZ – (descendo as escadas) vou entender o que?
JOANA – Uma mulher roubou sua irmã de mim, eu preciso ir atrás dela.
BEATRIZ – E vai me deixar aqui? Desde que essa criança nasceu ela só trouxe desgraça e confusão para a nossa vida, não viu que tá tudo errado, de cabeça pra baixo.
JOANA – Nenhuma criança traz desgraça para a vida de ninguém filha, eu amo ela como amo você.
BEATRIZ – Se me ama, fica aqui comigo. (chora)
JOANA – Eu preciso ir, eu prometo que volto para ficarmos todos juntos, só eu encontrá-la (dar um beijo na testa de Joana) eu volto.
BEATRIZ – Não me deixe mainha.
JOANA – Será por pouco tempo, tenho certeza que vou acha-la.
SEBASTIANA – Eu vou com você.
JOANA – Não, fique aqui para cuidar da Beatriz.
BEATRIZ – Então me leve.
JOANA – Aqui é melhor pra você, seja forte minha filha, não abaixe a cabeça frente as dificuldades da vida, tudo isso aqui é seu (abraça Beatriz)
BEATRIZ – Eu te amo. (chora)
JOANA – Eu também te amo, agora preciso ir arrumar algumas coisas para não perder o rastro da mulher.

***

[Cidade de Mororó – Maranhão – Fazenda dos Araribe – quarto –  Manhã]

TEODORO – Pelo visto a Bia não acreditou em você.
SUSANA – Ela ta cega, não ver como o pai dela é de verdade.
TEODORO – Sei que ela é ainda muito ligada com o pai, mas um dia ela terá que ver.
SUSANA – Discutimos feio, ela até me deu um tapa.
TEODORO – Mas eu vou dar um jeito nesse pai dela, vou me vingar, vou vingar a morte do meu pai.

***

JOANA – Eu vou voltar logo, se cuida minha filha, qualquer coisa sua avó está aqui.
BEATRIZ – Por favor, não me deixe, minha mãe verdadeira já me deixou, agora você, minha vida é sempre um abandono.
JOANA – Mas eu não estou te abandonando meu anjo, eu vou voltar, acredite.
SEBASTIANA – Se vai mesmo é melhor ir logo, saiba que estaremos aqui te esperando minha filha. Volte logo, Deus te abençoe.
JOANA – Obrigada (abraça Sebastiana).
BEATRIZ – Não vai mainha (abraça Joana)
JOANA – Vou voltar logo, fica bem, te amo. (sai)

Beatriz chora atrás da porta de entrada da casa.

***

Susana desce a escada e ver Beatriz chorando atrás da porta de entrada.

SUSANA- (indo ao encontro dela) Bia, aconteceu algo?
BEATRIZ – Sai daqui sua traíra, eu não preciso de mais desgosto na minha vida.
SUSANA – Eu to aqui Bia, apesar de você está agindo assim, eu estou aqui. (tenta abraçar Beatriz)
BEATRIZ – Não encosta em mim, sai daqui, me deixa em paz.

Susana sobe e encontra Teodoro.

SUSANA – É bom você ir falar com a Beatriz, ela tá lá embaixo e chora bastante, vá falar com ela, sei que vai te escutar.

Teodoro desce a escada.

TEODORO – O que aconteceu meu amor?
BEATRIZ – Minha mãe, ela foi embora, por que as pessoas sempre me abandonam? Primeiro minha mãe de sangue, depois minha mãe de coração.
TEODORO – Por que ela fez isso?
BEATRIZ – Eu tenho uma irmã, ela nasceu a pouco tempo, por isso viemos pra cá, porque meu pai não queria uma filha mulher, elas deram um jeito de deixar com alguém e essa pessoa levou a menina embora.
TEODORO – Eu tenho uma sobrinha? Mas ela seguiu o instinto de mãe, ela te ama, tenho certeza que vai voltar. Vamos subir? Descansa um pouco, vai ver como daqui a pouco vai estar melhor, vamos te levo ao quarto.

Os dois sobem as escadas. No quarto Teodoro coloca Beatriz na cama e deita ao lado dela fazendo cafuné.

TEODORO – Vai ficar tudo bem Bia, eu to aqui, tudo o que você precisar é só me pedir (pega na mão de Beatriz) estarei sempre ao seu lado.
BEATRIZ – Promete que nunca vai me abandonar?
TEODORO – Prometo, agora descanse um pouco.

***

Susana entra no quarto do Coronel e olha as coisas, depois para em frente ao criado mudo perto da cama e abre a gaveta, dentro dela encontra uma arma, olha, pega ela e esconde dentro das suas roupas.

SUSANA – Você me paga desgraçado.

***

[Cidade de Mororó – Maranhão – Casa de Josaniel – Tarde]

JOSANIEL – O plano vai ser feito amanhã Zé, já ta tudo certo?
ZÉ – Sim, chamei os melhores homens e temos algumas armas.
JOSANIEL – Matem quem se meter, só não machuquem a minha filha e a minha mulher… Ah, a velhota, quero ela bem morta.
ZÉ – Os homens perguntaram sobre o pagamento.
JOSANIEL – Diga para eles não se preocuparem, que se fizerem tudo como nos conforme, vão receber uma boa quantia.
ZÉ – Melhor assim, mas por que está tão confiante de que vai ganhar essa bolada?
JOSANIEL – A minha mulher é herdeira do coronel Araribe, agora que ele morreu, o dinheiro dele ta no nome dela, ou pelo menos uma parte, já que ela tem irmão, mas se matarmos ele a herança fica toda com ela.
ZÉ – Mas e se ela não quiser lhe dar o dinheiro?
JOSANIEL – Não se preocupe, eu sei ser muito persuasivo quando quero e somos casados, caso aconteça algo com ela, o dinheiro vem pra mim.

***

[Cidade de Mororó – Maranhão – Fazenda dos Araribe – Mesa do Café – Dia seguinte]

EVA – É uma pena Joana ter ido embora, mas por um filho eu faria o mesmo.
TEODORO – Tudo por culpa daquele desgraçado, se ele não tivesse tido essa ideia de querer filho homem tudo estaria bem.
BEATRIZ –Teo, veja como fala do meu pai, há, você não tem nada para dizer?
TEODORO – Agora?
BEATRIZ – Só um momento. Maria Helena (que estava em pé ao lado da mesa), chame a Susana para tomar café conosco.

Maria Helena vai até a cozinha e chama Susana, que segue a mãe até a mesa de café.

BEATRIZ – Sente-se, Teodoro vai fazer um pronunciamento e queria que você escutasse, prossiga Teo.
TEODORO – Eu e Beatriz estamos namorando.
EVA – O que? Seu pai não iria gostar nada disso.
TEODORO – Nunca liguei mesmo para o que ele gostava.

Do lado de fora Josaniel chega com seus homens, atira nos guardas da entrada principal e se dirige a entrada da casa.

Os guardas da fazenda chegam e entram em confronto com os capangas de Josaniel.

SUSANA – Isso é tiro, está acontecendo alguma coisa lá fora.
TEODORO – Eu vou lá ver.
EVA – Claro que não, se é tiro melhor ficar aqui dentro.

Josaniel entra na casa e vai em direção à mesa do café.

JOSANIEL – Bom dia, espero não estar incomodando.

As pessoas da mesa se levanta.

SEBASTIANA – O que você está fazendo aqui?
JOSANIEL – Vim ver a minha mulher, onde ela está?
SEBASTIANA – Ela não está aqui, que bagunça é essa que está fazendo lá fora?
JOSANIEL – Nada demais, só tomando de conta do que é meu.
EVA – Você não tem nada aqui.
JOSANIEL – Minha mulher é herdeira disso tudo e eu como marido tenho direito.
TEODORO – Você tem direito a nada, agora vá embora.
JOSANIEL – Eu sei que Joana tá aqui, chamem logo ela.
EVA – Ela não está aqui.

Josaniel se vira e sobe as escadas e procura Joana.

Teodoro, Sebastiana sobem. Susana se retira da mesa e vai para o quarto.

Josaniel desce as escadas.

BEATRIZ – Painho, mainha não está mesmo aqui, ela teve que viajar.
JOSANIEL – Pra onde?
BEATRIZ – Foi em busca da minha irmã.
JOSANIEL – Perda de tempo, mas enquanto isso vou explorar as minhas terras.
BEATRIZ – Painho volta pra casa, deixe disso.
JOSANIEL – Tudo isso é meu, venha comigo filha.

Josaniel e Beatriz sai do casarão.

BEATRIZ – Painho estava tendo tiroteio aqui fora, melhor entramos.
JOSANIEL – Não se preocupe, está tudo sobre controle.

Josaniel anda até a metade do jardim de entrada.

JOSANIEL – Está vendo? Tudo bem

Um tiro é disparado e atinge Josaniel que cai morto no chão.

BEATRIZ – Paiiiiii (corre em direção ao corpo de Josaniel)

***

[Cidade de Mororó – Maranhão – Fazenda dos Araribe – Jardim – Dias depois – Noite]

TEODORO – (Brindando com os trabalhadores da fazenda) Vamos brindar que aquele desgraçado está morto.

Todos brindam

EVA – Teodoro, melhor você ir, já bebeu demais.
TEODORO – Daqui a pouco vou… vai.. vai cuidar da casa.

Eva sai, entra no casarão, vai até a cozinha faz suco e despeja sonífero em um copo e leva ao seu quarto.

Depois desce e vai até o quarto de Susana.

EVA – Com licença, boa noite, Maria Helena, posso conversar com sua filha?
MARIA HELENA – Já tá tarde
EVA – Desculpe pelo horário, mas é importante.
MARIA HELENA – Se é importante, pode ir minha filha.

As duas sobem e vão até o quarto de Eva.

EVA – Percebo que está um clima estranho entre você e Beatriz, vocês eram tão amigas, o que aconteceu, não quero esse clima aqui em casa.
SUSANA – Foi uma discussão por causa de ciúmes dela, mas daqui a pouco voltamos a nos falar.
EVA – Tem certeza que é só isso. (Oferece o copo com suco)
SUSANA – Sim, tenho (bebi o suco) ela tem problemas com abandonos, a mãe biológica a deixou, depois Joana, agora o pai, deve ser difícil para ela.
EVA – Você também perdeu seu pai né?

Susana começa a ficar sonolenta.

SUSANA – Sim, eu… eu perdi ele… cedo, to com muito sono, melhor… melhor eu ir dormir.
EVA – Claro que sim.

Susana levante e vai em direção a porta, depois cai.
Eva pega Susana e a leva com dificuldade até o quarto de Teodoro, e deixa apenas o abajur aceso.

***

TEODORO – É minha gente, esta é minha saideira, melhor eu ir logo antes que Dona Eva volte aqui.
EMPREGADO ­– Filhinho da mamãe.
TEODORO – Ou! Mais respeito comigo, que quem manda nessa casa sou eu (prendi e depois solta um riso de ironia) Boa noite pra que fica, aproveitem a festa.

Teodoro sobe até o quarto e encontra uma menina na cama.

TEODORO – Beatriz? Ainda bem que está aqui, estava mesmo na hora de darmos um passo no nosso relacionamento.

Susana acorda um pouco zonza e ver o rosto de Teodoro, mas depois dormi novamente.
Teodoro começa a tirar a roupa de Susana e coloca seu órgão masculino nas partes dela.

TEODORO – Você vai gostar meu amor.

***

Eva vai ao quarto de Beatriz e bati.

EVA – Bia, desculpe pela hora, meus sentimentos por causa de seu pai, mas preciso te mostrar uma coisa, não posso concordar com traições dentro da minha casa, especialmente vindo de uma amiga.
BEATRIZ – Do que você está falando?
EVA – Venha e verá.

Beatriz segue Eva até o quarto de Teodoro, Eva deixa Beatriz entrar e acende a luz. A jovem olha para cama e ver seu namorado e sua amiga nus deitado juntos.

BEATRIZ – Eu não acredito.
EVA – O que você vai fazer?
BEATRIZ – Eu sei o que vou fazer, deixe comigo.

***

[Cidade de Mororó – Maranhão – Fazenda dos Araribe – Dia seguinte – Manhã]

BEATRIZ – Dona Maria, por favor, pode me acompanhar? É sobre a Susana.
MARIA HELENA – Aconteceu alguma coisa? Ela não dormiu no quarto, achei que estava com você.
BEATRIZ – Me acompanhe e verá onde ela dormiu.

Maria Helena e Susana sobem para o quarto de Teodoro.

BEATRIZ – Atrás dessa porta você vai ver quem é a verdadeira Susana, uma piranha.

Beatriz abre a porta, Maria Helena entra e fica perplexa com o que ver.

MARIA HELENA – (Gritando) Susana, Susana.

Susana acorda vagarosamente, olha ao redor até se dar conta do que está acontecendo, começa a se cobrir com o lençol.

MARIA HELENA – Me explica o que tá acontecendo aqui?
BEATRIZ – Ainda não percebeu que sua filha é uma concubina? Uma piranha que me traiu com o meu namorado, deve ter seduzido ele.
SUSANA – Não é nada disso (começa a se vestir)
MARIA HELENA – Susana venha comigo.
SUSANA – Mainha, Eu fiz nada.

Teodoro começa a despertar com as vozes, sem entender nada.

MARIA HELENA – (indo até Susana e a pegando pelo braço) já disse venha comigo.

As duas saem do quarto.

BEATRIZ – Agora é nós dois.

***

Maria Helena e Susana descem as escadas.

SUSANA – Calma mainha, a senhora tá me machucando.
MARIA HELENA – É pra machucar mesmo.
SEBASTIANA – O que está acontecendo?
MARIA HELENA – Desculpe Dona Sebastiana, mas é assunto de mãe e filha.

As duas vão até o quarto dos empregados.

Enquanto isso no quarto de Teodoro.

TEODORO – Juro que eu pensei que era você aqui deitada na cama, eu tava bêbado.
BEATRIZ – Não quero saber, não sabe a diferença de mim pra ela?
TEODORO – Claro que sei, mas estava um pouco escuro o quarto, mas porque a Susana estava aqui?
BEATRIZ – Porque ela é uma ratazana que eu pensei que era minha amiga esse tempo todo, mas depois nos falamos, ainda não está completo a minha vingança.

Beatriz desce as escadas e vai até o quarto de hospedes e fica ouvindo atrás da porta.

MARIA HELENA – Sinceramente eu já não sei o que eu faço com você Susana, tem me decepcionado muito esses últimos tempos.
SUSANA –Mainha, eu lembro que estava falando com a Dona Eva e que senti muito sono, depois não lembro de nada.
MARIA HELENA – Ai resolveu ir se deitar no quarto do namorado de sua amiga.
SUSANA – Claro que não.
MARIA HELENA – Já chega (respira fundo) espero que desta vez você aprenda.

Maria pega uma corda que estava no canto

MARIA HELENA – Agora vire-se.
SUSANA – Não faça isso mainha, sou inocente, por favor.
MARIA HELENA – Vire-se.

Susana vira e sua mãe levanta o vestido da filha. Maria Helena coloca a filha de bruços na cama e começa a bater nela com a corda. Susana Grita.

Do lado de fora do quarto Beatriz rir dos gritos de sua amiga.

SEBASTIANA – O que ta fazendo ai Beatriz?
BEATRIZ – Nada voinha.
SEBASTIANA – Foi você que fez isso com sua amiga?
BEATRIZ – Ela não é minha amiga.
SEBASTIANA – Venha, saia daí.

***

[Cidade de Mororó – Maranhão – Fazenda dos Araribe – Quarto – Manhã]

MARIA HELENA – Espero que dessa vez você aprenda

Susana chora abraçada aos joelhos em cima da cama. Maria Helena saí do quarto e Susana deita na cama.
Na sala Beatriz conta tudo o que aconteceu para sua avó.

SEBASTIANA – Você tem certeza?
BEATRIZ – Eu não ia mentir pra você voinha.
SEBASTIANA – Não posso pactuar com essa safadeza aqui dentro, preciso fazer alguma coisa.
BEATRIZ – Mande ela e a mãe para longe dessa casa.
SEBASTIANA – Eu via vocês sempre juntas, tinha certeza que eram grandes amigas.
BEATRIZ – Eu também pensei, mas quem é amiga não faz o que ela fez. Mande ela pra longe voinha, já basta de desgraças na minha vida.

***

[Cidade de Mororó – Maranhão – Fazenda dos Araribe – Tarde]

SEBASTIANA – (indo até a cozinha) Dona Maria Helena, me acompanhe até a sala.

As duas vão a sala.

SEBASTIANA – Tem algumas coisas que não podemos fechar os nossos olhos, como o que ocorreu com sua filha e meu filho, infelizmente isso não vai dar certo, acho melhor você e ela procurar outro rumo.
MARIA HELENA – A senhora está me despedindo?
SEBASTIANA – É melhor, o clima está muito complicado entre Beatriz e Susana, espero que me entenda… Preciso que saia o mais rápido desta casa, se possível ainda hoje.

Beatriz vai até o quarto de Susana.

BEATRIZ – Você acha que já acabei com você?
SUSANA – Bia, eu não sei o que aconteceu, eu lembro nada da noite passada, só que Dona Eva me chamou até o quarto dela pra conversar sobre nós duas.
BEATRIZ – Para de mentir, para de mentir, já não basta eu ter perdido minhas duas mães, meu pai, agora você quer tirar o meu namorado? Já não basta os abandonos que a vida me deu, você ainda quer piorar, quem se dizia a minha melhor amiga, quer me destruir de vez? Mas não, eu acabo com você antes disso.
SUSANA – Eu já não sei mais o que te falar, tudo o que eu digo você fala que é mentira.
BEATRIZ – Melhor dizer nada. Eu não duvido que você tenha matado o meu pai.
SUSANA – Ele bem que merecia depois de me estuprar.
BEATRIZ – Depois do que eu vi ontem, não duvido que tenha seduzido ele também, sua vadia.

Susana se aproxima de Beatriz e dá um tapa na cara dela.

SUSANA – Agora saí do meu quarto.
BEATRIZ – Por enquanto. (Sai)

Susana cai na cama e chora.

Na sala Sebastiana ainda conversava com Maria Helena quando escutam a porta tocar, Maria Helena vai atender.

DELEGADO – Boa tarde, a Dona Eva está?
MARIA HELENA – Sim, um momento que vou chamar.

O delegado entra na sala, com dois policiais.

SEBASTIANA – Boa tarde senhor delegado, a que devemos sua visita?
DELEGADO – Trazemos notícias sobre o caso do coronel e do senhor Josaniel que morreu aqui.
EVA – Delegado, que bons ventos os trazem aqui?
DELEGADO – Sobre o caso do seu marido, foi uma tocaia, infelizmente inimigos o coronel tinha demais, agora o Senhor Josaniel percebemos uma peculiaridade, a bala ficou presa no corpo e pelo calibre da arma a que ela pertence, somente uma pessoa possui ela na região, o coronel e ele exibia ela pra onde ia.
EVA – Onde o senhor quer chegar?
DELEGADO – Todos eram sabedores de que seu filho jurou o Josaniel de morte por achar que ele tinha matado o Coronel, é muita coincidência.
EVA – Mas tava tendo o tiroteio aqui fora pouco antes de ele chegar.
DELEGADO – Mas o tiro que acertou veio da arma do coronel, infelizmente teremos que levar o senhor Teodoro conosco.

Teodoro e Beatriz descem a escada.

TEODORO – O que foi que eu fiz?
DELEGADO – O senhor está preso de forma preventiva pelo assassinato do senhor Josaniel.
BEATRIZ – Não, não pode ser, não vão levar meu namorado, não podem.
DELEGADO – Infelizmente é o que precisa ser feito.
BEATRIZ – Faça alguma coisa voinha, não posso perder mais ninguém.

Susana chega na sala.

SUSANA – Ele é inocente seu delegado, eu matei aquele monstro, espere um momento.

Susana vai até o quarto e pega a arma e depois volta pra sala.

SUSANA – Aqui está a arma.
MARIA HELENA – (desesperada) Susana, não, o que você fez? O que você fez?
SUSANA – Ele abusou de mim (chora), ele me estuprou, confessou que matou o painho, não podia deixar que ele saísse dessa assim, tinha que pagar. (olha pra Teodoro)
MARIA HELENA – O senhor não pode levá-la, por favor.
TEODORO – Calma, vamos dar um jeito de tirá-la da cadeia.

O delegado pega a arma da mão de Susana, e os policiais a algema.Maria Helena desaba no chão chorando e é consolado por Teodoro, Eva e Sebastiana.

***

[Cidade de Mororó – Maranhão – Tribunal – 1 mês depois]

JUIZ – Pelo crime de assassinato do Senhor Josaniel, a Senhora Susana de Medeiros é condenada a 15 anos de reclusão em regime fechado e deve ser transferida para o Complexo Penitenciário de Pedrinhas em São Luís, sessão encerrada.

***

[Cidade de Mororó – Maranhão – Rio Parnaíba – Dias depois – Manhã]

Beatriz caminha pelas margens do rio e lembrava-se dos momentos que passou ali junto de Susana, das risadas e de como a vida delas tinham dado uma reviravolta desde o nascimento da sua irmã, a Joana que prometerá que ia voltar nunca mais mandou notícias e tudo que ela tinha agora era o seu namorado e a avó.

Ela caminha por mais um tempo, até que senta na margem e começa a brincar com a areia dentro da água, as lágrimas começam a brotar no seu rosto, quando ela percebe um brilho vindo da areia, uma pequena pedra transparente, mas que fazia a luz do sol reluzir bastante, ela pega o objeto e fica olhando para ela.

***

[Madureira – Rio de Janeiro – Noite – Dias Atuais]

Beatriz olha a pedra e pensa como ela mudou a sua vida.

BEATRIZ – É você mudou minha vida para a melhor.

Lucas Serejo

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