Mente Incondicional

Mente Incondicional – Episódio 01

– 1ª TEMPORADA CLIQUE AQUI –

de Pedro Paulo Gondim

Episódio 01 | INESQUECÍVEL

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participações especiais do episódio: Gabriele Campus; Giovanna Borges.

participações estrelares do episódio: Cristina Campus; Guilherme Campus; Jordana Nuvais;

“Todo meu tempo desperdiçado, sentindo meu coração mal compreendido, oh
Então, se estou perdendo uma parte de mim talvez eu não queira o céu”
– Sivan, Troy / 2015

Calmo. Passo a passo. O tablado amadeirado ecoava esse momento. As marcas da rejeição deixadas como pegadas ao vento. A débil reflexão do luar permite uma relutante sombra. Então para, tremelicando um revólver marcado sem desvios rumo ao coração. Um sorriso. Uma frase. Dois disparos.

Acabou… Para sempre!

[…] DOIS MESES ANTES…

Março de 2016 – Sul Real, Minas Gerais [Brasil]

[Voz de Mariano – em off] Uma vez, eu perguntei a mim mesmo qual era o sentido da dor. Matar? Corroer? Talvez… atormentar? A dor é ressentida pela memória como uma forma de segurança. Ela ativa a defesa contra um grande erro cometido, nos fazendo levar, conscientemente, a decisão de seu próprio produto. E eu… não estou bem preparado para esquecer esta dor. Talvez… ela seja dolorosamente inesquecível.

 

“Jardim da Paz” (Cemitério) [Tarde]

Mariano Ayalla {16 anos; cabelos lisos – tom ruivo acobreado; olhos castanho-escuros; estatura e peso médios; físico médio atlético} segurando flores. À sua frente, folhas cobrem a lápide de “Juliana Ayalla Valuj Lobos”. Sente-se com a pele ao fogo entre vestimentas escuras. Ele se abaixa, encosta um ramo de rosas brancas na lápide de sua irmã, e agradece por tudo.

Mariano: [levantando] Gostaria que estivesse aqui para me abraçar, Juli. Saiba que era a melhor irmã que já pude ter. [vira-se e escorre uma lágrima] Pelo menos Sua jornada não terminou tão mal. Você estava realizando seu grande sonho de conhecer Paris! Porém, na data errada. Acho que nunca esqueceremos o 13 de novembro de 2015. Daquele atentado, só restou pedir socorro.

Cabisbaixo, Mariano caminha. Um súbito olhar para a lápide adiante o faz sentir algo forte. Lágrimas saem de seus olhos e, derrotado, ele cai, de joelhos, levando suas mãos ao rosto arfado. Uma dor em seu peito lhe invade a alma, transbordando mais lágrimas rumo à saída.

“Águas H” (Shopping)/ 3º piso/ Cinema [Tarde]

Santiago Nardelli {17 anos; cabelos curtos e ondulados; olhos castanho azulados; estatura média; corpo pouco atlético} está com uma aparência cansada. Ele sorri levemente ao encontrar sua irmã, Cindy Nardelli {10 anos; cabelos longos e ondulados; olhos azuis; estatura baixo-alta; peso médio}, saindo da porta de sua sessão.

Santiago: E aí, maninha! O filme era bom?

Cindy: Ótimo! Acho que vou recomendar esse filme para as minhas amigas. Bom… se eu tenho alguma amiga.

Santiago: Claro que tem amigas. Pode não ter muitas, mas tem! Os meus, bem… São meio que mó pizada e alguns são só de boa mesmo.

Uma bela mulher, de um perigoso olhar, também sai da mesma sessão em que Cindy estava. Porém, sem muita atenção, ela se esbarra em Santiago. O jovem logo nota sua familiaridade, fazendo uma expressão de medo.

Santiago: Não acreditaria se me contassem! [olhar desconfiado] Raquel Nuvais assiste filmes em lugares públicos?

Raquel Nuvais {16 anos; cabelos médios – tom ruivo; estatura média; olhos azulados; estatura e peso médios} mostra um encantador sorriso, além de toda a sua riqueza em teu visual. De rubis engastados em seu salto à diamantes em teus brincos.

Raquel: Como sempre vocês “Nardelli” me fazendo perder tempo! Pois então, Santiago… O que faz por aqui?

Santiago: [sentindo-se intimidado] Fazendo o que nós “Nardelli” sempre fazemos! [sorri]

Raquel: Você é pateticamente repugnante. [ela ri e lhe lança um olhar desconcertante] Só não esqueça de falar pra sua mãe o que é o “brinquedinho” do Capeta.

Santiago: [erguendo a mão] Vai se foder, por favor!

Raquel: Com prazer, Santi. Lembre-se somente de uma coisa: eu sempre ganho. [ela percebe a vibração de seu celular] Oh… Até breve, amigo!

Desfilando vitoriosamente, Raquel sorri e recusa a ligação. Revoltado, Santiago olha para o chão, levando uma das mãos à testa. Cindy, preocupada com o irmão, põe levemente a mão no ombro dele.

Cindy: [suspira fundo] Eh… Santi? Quem era aquela mulher?

Santiago: [olhando-a] Não é uma mulher. É um projeto do Diabo!

“Águas H” (Shopping)/ Térreo/ Estacionamento Park [Tarde]

Longe dali, Raquel encosta-se numa parede, próxima a um dos estacionamentos. Observando sua volta, pega o celular e retorna a ligação.

Raquel: [sorrindo] “Iguinho”! Quanto tempo, não?

Igor: {voz rouca} Lógico, gata! Mas a gente precisa conversar pessoalmente.

Raquel: [desconfiada] E o que seria de tão urgente para não me contar nesta ligação?

Igor: Véi, tu se lembra do Manão?

Raquel: [leva uma mão à cintura] É aquele que saiu do presídio no fim do ano passado?

Igor: Má tu é o bichão memo! E tu deve lembrar que me deve um favor por, digamos Latrocínio? [ele gargalha] Pois é! Então…

Raquel: Ah, Igor… Não podemos deixar para outra data? [suspiro tenso] Estou pensando em voltar ao colégio com as coisas mais “frias”.

Igor: O problema não sou eu. Véi, tipo… Manão tá nervouser aqui! Não sei muito bem o que foi, mas parece que a coroa dele perdeu as botas por aí!

Raquel: [curiosa] “Perdeu as botas”? Igor, ela não “bateu as botas”?

Igor: Ah, então é isso mesmo, por aí. Vish… Então a véia morreu? Deve ter deixado mó grana pra ele. Mas escuta… Ele quer te ver.

Raquel: Eu não sou uma criminosa, Igor!

Igor: Devo te lembrar do que aconteceu com o pobre Mariano? Ou pior… com Wallyson.

Raquel: [olhar furioso] Eu ainda os odeio! Sou cautelosa, por isso Mariano nunca soube “da verdade”.

Igor: Para com esse mimimi aí e me encontra no endereço (…) lá pelas oito! Aliás como vai aquela puta? Sumida aquela vadia, né?!

Raquel: Infelizmente, viva! Parece que a Giovanna não vai morrer tão cedo!

Igor: Algum dia eu esparro ela pra tu! Pode crê?

Raquel: Agradeço! [sorri maliciosamente] Obrigada. [desliga a chamada]

“Collins” (Tecelagem)/ 2º piso [Tarde]

Mariano olha para vários funcionários. Apresenta um suave sorriso ao avistar sua mãe, Ivanna Ayalla {35 anos; cabelos longos e castanho-claros; estatura média; olhos castanhos; peso médio-alto}.

Mariano: [abraçando-a] Hey, mom! Novidades?

Ivanna: [sorridente] Algumas, mas nada especial. Uma delas é que estou fazendo este tecido aqui pra sua tia. Lembra que o casamento dela é daqui a um mês? [olha desconfiadamente] Espera… Maro, andou pelo cemitério novamente?

Mariano: Ah, mãe… [olhando para baixo] Eu fui levar flores!

Ivanna: E… “ele”? [agarra as mãos do filho]

Mariano: Tomei coragem e olhei para seu túmulo. Senti como se não precisasse voltar lá nunca mais! [olhar sério] Você sabe que eu o amava muito. Felizmente… parece que isso finalmente foi embora. Mas “ele” sempre estará aqui, [aponta para seu peito] em meu puro coração.

Ivanna sorri e deseja boa sorte ao filho. Ela o diz para que deixe o tempo fluir. Certamente, Maro pode encontrar outro amor.

“Collins” (Tecelagem)/ 3º piso/ Diretoria [Tarde]

Fracas batidas são escutadas. Uma voz de tom grave pronuncia “entre” com calma e glória. Mariano esboça um pequeno sorriso, recebendo outro em troca. Ele vem de um homem, Jonathan Collins {29 anos; cabelos curtos; estatura alta; olhos azuis; peso médio; corpo atlético}.

Mariano: Como vai, Sr. Collins?

Jonathan: Não, não… [gargalha alto] Jonathan, por favor. Pra você… Jon é até melhor!

Mariano: [desconfiado] Acha que não sei que descrição é algo essencial, Jon! Aliás, nem sei o porquê de me chamar aqui. [senta-se numa cadeira de frente a mesa]

Jonathan: Maro, Maro, Maro {Maro = apelido de Mariano}! [levanta-se de sua cadeira; busca ajeitar seu terno; sorri de forma ameaçadora] Vamos… Levante-se!

Mariano carrega junto ao seu corpo um olhar repressivo. Jonathan caminha em direção ao garoto e lhe aperta os ombros.

Jonathan: É um jovem, Mariano. Jovens têm muito “fogo”! E esse fogo é controlado com uma dose de… carícias.

Jonathan desce suas mãos, lentamente, pelos braços de Mariano, agarrando-lhe as mãos abruptamente.

Mariano: Me explica uma coisa… [expressão confusa] Como você ficou fora de casa um ano e voltou parecendo que foi ao shopping fazer compras?

Jonathan: [olhando para a janela] Sabe o que se deve fazer com dinheiro? Multiplicar! Estava abrindo outras empresas “Collins” por aí! Não foi desaparecimento real. Meu filho Wallyson estava sabendo disso desde que foi a hora da minha viagem, mas não para “onde” a mãe dele e eu fomos. Por isso, meio que “sumimos”.

Mariano: Então já fez seus milhões. Pode comprar quem quiser! O que quer de mim?

Jonathan: [sorrindo] O de sempre: felicidade. Dinheiro e whisky não é tudo! Aliás… Se não gostasse de mim, ou desse “fogo” que você sente, já teria saído por aquela porta!

Mariano o encara por alguns segundos. Jonathan ainda mostra seu sorriso ardente. A janela traz a visão de nuvens escuras chegando do leste e o reflexo de um holocausto no coração do pobre jovem.

Mariano: E Wallyson? [em tom mais alto] Como pode estar interessado desta maneira no ex-namorado do seu próprio filho?!

Jonathan: Me apaixonando por você! [agarrando Mariano pela cintura] Você é lindo! E tem muitas qualidades. Pode ser que, várias delas… na cama!

Mariano: [engole seco] Eu não posso negar que você vem me procurando desde que Wallyson morreu, nem que estou meramente interessado em você. Porém, é só uma diversão rápida que eu gosto, mas não da mesma forma que ti, Jonathan.

Jonathan: [anda até a porta; tranca-a] Já fizemos isso muitas vezes! Pra que negar agora?

Mariano: Porque há uma coisa que eu valorizo e estou buscando! [olhar confuso] Nunca se olhou e parou para pensar na decadência que chegou?

Jonathan: Deixa essa conversa pra depois. Não quer… curtir o momento?

Jonathan joga sua gravata para longe. Aproxima-se Mariano e lhe cheira o pescoço entre algumas mordidas. Sua mão deslizando pelos cabelos e costas do jovem. Mariano luta com fraqueza e fecha os olhos imaginando seu fogo interno se perdendo no meio de um grande incêndio global.

Ele puxa a cabeça de Jonathan para cima e olha atentamente os olhos do milionário. Desejo, eles revelam. Mariano olha atentamente para os lábios de Collins. Wallyson havia ganhado a mesma beleza do pai. Era esculpida delicadamente. Mariano puxa Jonathan e eles se beijam intensamente.

“Bom Sabor” (Sorveteria)/ Mesas externas [Tarde]

Gabriele Campus sorri observando seu filho, Guilherme, de apenas 5 meses. Ela, 16 anos {estatura baixa, cabelos lisos em tom castanho-escuros e olhos esverdeados}. Guilherme boceja e Gabriele sabre um belo sorriso.

Gabriele: Não precisa se preocupar, filho. Só estou esperando sua avó me buscar aqui e já voltamos pra casa. [suspira pesado e tosse levemente] Sinto saudades do colégio, mas não vai ser a mesma coisa. Teve de gente que foi pra outro país aos que morreram. Saudades!

Olhando em seu celular, reconhece a data do dia. Sua felicidade se perde no meio de um terremoto de desolação. Giovanna Borges {16 anos; cabelos médios, castanho-claros; estatura média; olhos marrons} canta distraidamente, usando fones de ouvido.

Gabriele chama a atenção da garota. Giovanna sorri, retira os fones e corre para dar um forte abraço na amiga.

Giovanna: [olhar feliz] Que bom te encontrar aqui, amiga! [fazendo-lhe cócegas] E esse “meninão” aqui, hein! Ai Gabi… Às vezes queria mesmo conceber aquele filho. Eu estava apta a aceitar tantas coisas!

Gabriele: Pois é, Gi. No fim, você que acabou ganhando. Lógico que, para mim, Guilherme é uma bênção divina. Mas… Você sabe que dia é hoje?

Giovanna: “Niver” do Eduardo? Lógico! Não deu parabéns pra ele?

Gabriele: Eu me sinto extremamente culpada! [elas se sentam] Gi, sinto que está chegando a hora de me virar sozinha. Porém, ainda vivo à custa de minha mãe.

Giovanna: [acaricia-lhe as mãos] Gabi… Cristina deve ter as melhores intenções do mundo! Ela é sua mãe, avó do Guilherme. Em parte, ela tem obrigações. Mas e aí? Sem emprego, estudos, dinheiro, futuro…

Gabriele: Mas como posso fazer tudo isso? [olhar preocupante] Miga, não sou uma máquina. Um robô dissimulado. Apenas quero um futuro bom e sustentável, para nós dois. Minha culpa por nunca ter lhe contado sobre este filho é enorme, mas Eduardo não merece ter uma decadência dessa forma em sua vida. Por isso, não vou contar.

Giovanna: [levantando-se] Pelo menos, Gabi, me prometa que voltará a estudar! Eu mesma estou em luta constante.

Gabriele: Sim… [expressão carinhosa] Com o próprio demônio dentro de casa, não deve ser fácil morar sob o mesmo teto que ela.

Giovanna: [rindo] Raquel tem gênio forte, mas nada que uma boa surra pra consertar aquela garota. E olha… Ela tá merecendo! Aqui… [ela anota algo em um bloquinho e rasga o papel] Pega meu número novo. Te ligo ainda hoje pra contar os babados! Agora eu tenho que ir.

Elas se abraçam, Giovanna põe os fones de volta e acena, sorrindo. Alguns instantes depois, Giovanna recebe um telefonema.

Raquel: [voz simpática] Oi Gi! Tudo bem?

Giovanna: Ah, Raquel! Tô bem, mas… O que houve?

Raquel: Ah Eu tava no shopping. Tive até alguns… imprevistos!

Giovanna: [expressão curiosa] Sei bem… Enfim, por que ligou?

Raquel: Eu vou estudar aqui com umas amigas…

Giovanna: E não me chamou?

Raquel: São amigas da escola, Gi. Sabe que elas pensam que você é uma vadia, que deu pra um qualquer, engravidou pra dar golpe, essas coisas.

Giovanna: Pendejas! Elas que se danem! Então vá e aproveite.

Raquel: Hõ… Obrigada, miga! {estalo de beijo} Até mais!

Giovanna: Até! [desliga a chamada] Ela precisa aprender a mentir um pouco melhor. “Amigas”? Ela nunca teve nenhuma além de mim, a “acolhedora de lares”.

Ao fundo, um som de buzina lhe chama atenção. Gabriele percebe sua mãe acenando para ela. Cristina Campus {39 anos; cabelos crespos e negros; estatura médio-alta; olhos castanhos; peso médio} a recebe com um sorriso amarelo. Gabriele coloca o carrinho dobrado no porta-malas, Guilherme na cadeira do banco traseiro, e enfim, senta-se no banco do passageiro.

Cristina: [segurando a mão dela] Filha, algum problema?

Gabriele: [entristecida] Ah… você sabe! Como todas as jovens mães, eu não pensava que poderia acontecer comigo e eu não me preocupava tanto… Eduardo era um ótimo namorado pra mim. Diferente do que muitos pensam, pra ser mãe adolescente não é necessário ter uma família de baixa renda, ou desestruturada, não estudar ou coisas do tipo. Ser mãe nessa idade nunca passou pelos meus planos, porém isso não vai mudar tanto a minha vida!

Cristina: O estranho é que você tinha aceitado isto tudo! O que houve de repente pra se apavorar com sua gravidez?

Gabriele: [segurando o choro] Hoje… é aniversário do Eduardo, mãe. E ainda estava meio que… pensando nos meus amigos.

Cristina abraça Gabriele e lhe conforta com o que pode: amor materno. Como uma mãe experiente, diz a filha que é algo complexo, mas valioso.

Gabriele: Será que algum dia… poderei contar a verdade ao Edu?

Cristina: [respira fundo] Talvez. Mas não perca a fé, Gabi. Volte a estudar e aprofunde seus conhecimentos! Dê ao Guilherme o que eu não pude te dar.

Cristina liga o carro e segue para sua casa.

“Collins” (Tecelagem)/ 3º piso/ Diretoria [Entardecer]

Jonathan e Mariano, no sofá, estão esperando alguém. Batidas fortes na porta antecedem a entrada de Ivanna.

Ivanna: [sorrindo] Oi Mariano! [olhar curioso] Sr. Collins…

Jonathan: Eu pareço tão velho assim? [todos riem] Você sabe que pode até me chamar de “Jon”. Nós quase não temos diferença de idade!

Ivanna: Um “Jonathan” já está melhor. Enfim… Por que me chamou?

Jonathan: [olhando para o jovem] Mariano…

Mariano: “Jon” está nos convidando para jantar. Amanhã será a inauguração de sua nova casa!

Ivanna: [espantada] Tudo isso já pra amanhã? Mas obrigada pelo convite… Jonathan! [sorri]

Jonathan: Bom… sim! [sorri] Maro… e você são legais demais pra não irem nessa festa

Um olhar de desespero encontra-se com um olhar devorador de almas. Ivanna sorri e agradece novamente. Mariano pergunta se terão muitos convidados. Jonathan afirma e entrega um papel com o endereço.

Ivanna: Então até a amanhã de manhã, Sr… Jon! [sorri e vira-se em direção a porta]

Mariano: [apertando a mão de Jon] Até mais!

Jonathan: [sorrindo alegremente] Tchau.

Mariano lança um simpático sorriso e Jon lhe manda rápidos beijos em silêncio. A porta se fecha e o telefone toca.

Jonathan: [atendendo] Pronto.

Secretária: {voz suave} Sr. Collins, o Sr. Quotar Nardelli está no telefone querendo confirmar o jantar de amanhã. O que devo dizer?

Jonathan: Ah, sim. Diga a ele que será um belo jantar e confirme com ele o endereço pelo papel que lhe entreguei. Aliás, diga para leve toda a família! E você também está convidada!

Secretária: Sim, Sr. Collins. Obrigada.

Jonathan: [volta o telefone no gancho] Que noite!

Casa Abandonada/ Exterior [Entardecer]

Raquel caminha até a porta de uma casa velha, de paredes rachadas e lixos por todo o local. Reforçando seu ego, bate com força na pobre porta, a qual acaba por partir-se ao maio. Uma voz grossa e estranha invade o local.

Voz: Qual é a senha?

Raquel: [expressão debochante] Minha mão vai decolar e vai pousar na sua cara!

Igor Tartucci {15 anos; cabelos curtos e negros; estatura média; olhos esverdeados; peso médio-baixo} lhe recebe com um caloroso sorriso.

Casa Abandonada/ Interior [Entardecer]

Raquel adentra a casa e para no meio da “sala”. Igor tosse.

Raquel: Igor, este mundo está acabando contigo! Mas quem sou eu para te impedir de usar “ilegalidades”. [Eles riem] E onde está Manão?

Igor: Deve tá ali no fundo! [aponta] Acho que tá meio que te esperando.

Raquel: Um dia você acerta o lindo vocabulário, amigo.

A pouca claridade solar atinge um homem, de estatura alta. Sua silhueta se complementa com um gorro no topo da cabeça e as faíscas do cigarro em sua boca. “Manão” (João Miguel) {27 anos; cabelos raspados – tom negro; corpo atlético; olhos castanhos} espalha a fumaça por um sopro forte. Num tom de voz atenuante, Raquel arrepia sua nuca ao ponto máximo.

Raquel: [sorrindo] Manão… Como está a vida?

Manão: Do meu modo… bem. [ele tosse forte] E é sobre… a morte da sua “falsa mamãe”!

Raquel: Foi um mês de dezembro bem… complicado!

Manão: Isso é bom. Tem algo que Igor me contou sobre seu “potencial”. Meramente, a coincidência também me envolve. Acho que você seria uma ótima parceira.

Raquel: Bom… [expressão duvidosa] Nunca fui de ser uma verdadeira assassina. Me considero uma pacificadora. Trago a justiça para o mundo. E pode apostar: ainda tenho pendências!

Flashback: Dezembro de 2015 – Casa dos “Nuvais” [Noite]

Apagando as luzes no interior da casa, a mãe de Raquel, Jordana Nuvais {34 anos; cabelos negros; olhos castanho-claros; peso médio-alto; estatura alta} escuta certo barulho surgindo da garagem. Ela dirige-se ao local. Raquel a observa por trás de uma lona aos fundos.

De repente, uma risada desconcertante ecoa na garagem. Uma luz cegante aparece diante dos olhos de Jordana, a qual se assusta e, entre tropeços, cai no chão. Raquel encara a “mãe” com um olhar de frieza e agonia. A mulher tenta se levantar e, mesmo fraca, percorre seus olhos de encontro aos de Raquel.

Jordana: [assustada] Ra-Raquel! Q-Que palhaçada é essa?

Raquel: [sorrindo] Acha realmente muito o que tem feito por mim até hoje, mamãe? Ou melhor… Se lembre de que eu não sou sua filha! Você me adotou para o deleito da “biológica”, mas não se encarregou inteiramente de saber sobre meus sentimentos através disso.

Jordana: [agarra os braços de Raquel] Não é isso! Você sabe que eu fiz sempre de tudo por você! Se olha no espelho! Você é tão linda, jovem e sensual. Está fazendo uma bobagem me assustando dessa maneira.

Raquel: Então me diga… [expressão de ódio] Por que me adotou?

Jordana: Eu já te contei essa história! Seu pai é estéril, filha.

Raquel: Achou que eu não pesquisaria ao fundo, Sra. Nuvais? [sorrindo] Minha mãe era inocente de tudo! Você foi a culpada de suas desgraças. Por isso, me buscou naquele orfanato imundo e foi embora com um vitorioso sorriso.

Jordana: [expressão de raiva] E desde então eu tenho feito de tudo por você!

Raquel: Chama “pagar escola” e “roupas” de tudo? [afasta-se para trás] Quero lembrar o dia que você falou que eu sou um lixo, me deu um tapa e, claro, matou o antigo jardineiro da casa.

Jordana: Como… [olhar desconfiado] Como soube disso?

Raquel: Eu vi! [olhar enfurecido]

Jorana: O jardineiro era apenas um… um homem, Raquel

Raquel: Está mentindo!

Jordana: [expressão furiosa] Por que eu mentiria?

Raquel: Pra não dizer que, depois de tanta procura, meu pai me acha, trabalha nesta casa como jardineiro e, pouco tempo depois, aparece… morto!

A mulher levanta-se e agarra a filha pelo pescoço. Com uma das mãos, lhe esbofeteia com as costas da mão e empurra Raquel ao chão. Um grito vindo de dentro da casa mexe com os sentimentos da mãe da menina, qual gargalha e olha odiosamente para sua mãe.

Jordana: O que você fez?

As luzes da garagem se apagam.

Raquel: Resolvi que hoje… vamos brincar de “vivo ou morto”. Eu… Vivo! Você…

Em meio ao breu, Igor empurra Jordana e lhe dá vários tiros no peito. Raquel finaliza o ato com uma facada nas costas de sua mãe.

Raquel: [sorrindo] “Morto”!

–  FIM DO FLASHBACK

Casa dos “Nardelli”/ 2º andar/ Quarto de Santiago [Noite]

Santiago está sentado em sua cama. Olhando para baixo, assiste em seu celular um vídeo de um jovem “sarado” e bonito rebolando com “Into You” (de Ariana Grande). Num instante, seu sorriso se vai e um olhar de desespero lhe acolhe ao escutar batidas na porta. Santiago desliga o aparelho e Cindy aparece em seu quarto.

Cindy: [curiosa] Tudo bem, Santi?

Santiago: Tô ótimo! [leva uma mão à testa] Acho que estou ficando com febre.

Cindy: Santi… Eu ainda estou preocupada com aquela mulher.

Santiago: [batendo na cama] Senta aqui maninha!

Cindy: [sentando-se] Ela realmente vai fazer alguma coisa contra você?

Santiago: Ela já fez mas… [expressão tensa] Ainda não conseguiu. Mas, já que está tão preocupada, e confio que não vai contar nada pro papai…

Cindy: [abraçando-se] Juro que não conto pra ele!

Santiago: Então… Tenho que começar pela história sobre um conhecido seu, Mariano Ayalla, e então chegaremos à Raquel Nuvais.

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Séries de Web – Na próxima Quinta!

DO RENASCER DA ALMA…

– Sou Wallyson Collins!
– Prazer, Mariano Ayalla.

AO RENASCER DO MAL.

Raquel: Deja vú, gatinho?

DE DANOS IRREPARÁVEIS…

Giovanna: O que houve!?

Raquel: Mataram minha mãe, Gi.

AO RETRATO DA DOR.

Mariano: Você acabou de acordar no seu pior inferno!

Mente Incondicional
QUINTA – 02/03 – NO SÉRIES DE WEB

1ª temporada: AQUI!

Pedro Paulo Gondim

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5 thoughts on “Mente Incondicional – Episódio 01

  • MEO DEOS! O melhor que você fez, Pedro, foi ter continuado “Incondicionalmente” 😉
    1º – Abertura sensacional (música linda de Revenge)
    2º – Mal começou o episódio e quase chorei por causa do Wallyson 🙁 Mas ri demais com a minha vilã favorita kkkkkkkk Raquel é fogo!!! (ou “vive” rodeada por ele)
    Depois de algumas cenas de recordação – pra quem viu Incondicionalmente sabe que foi lindo ver a cena da Gabi com a Giovanna – e as “revelações” de alguns nomes de personagens (como o da mãe adotiva de Raquel), quase MORRI com JONATHAN COLLINS! O que esse homem pensa que é??? O Maro tb é fogo, viu?! Deixa a vida ir levando, beijando o homem… SOCORRO!
    ANSIOSÍSSIMO PELO PRÓXIMO EP, PEDROOOO!!! <3

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