Lágrimas do Céu

Lágrimas do Céu – Capítulo XXI

 

O dia estava agitado, pois havia vários alunos de uma universidade que foram conhecer a empresa de Willian. Ângela arruava algumas pastas que entregará a cada aluno, nela contem informações importantes sobre administração empresarial e um pouco sobre comércio exterior. A sala ao qual ela estava distribuindo o material sobre uma grande mesa é onde se realiza as mais importantes reuniões. O local é amplo, bem iluminado, com uma parede de vidro em que mostra uma cidade em conformidade harmônica.

A jovem secretária terminou de distribuir as pastas sobre a mesa, arrumou uma bandeja sobre um móvel ao canto do local quando um homem, de camisa azul e gravata listrada, entrou na sala. Juntamente a ele adentraram doze alunos de administração, cada um estava com os ouvidos atentos ao que o homem que os acompanhava estava dizendo.

– Aqui é a sala de reuniões, vocês podem escolher uma cadeira e se sentar a mesa. O diretor virá em instantes para falar com vocês. Nós disponibilizamos um pequeno material que está na pasta a sua frente – ele falou enquanto caminhava pela sala até chegar perto da jovem secretária – Bom, está é Ângela – ele apontou para a jovem ao seu lado – trabalha aqui na empresa, caso vocês queiram ajuda para alguma coisa é só falar com ela. Eu vou chamar o diretor. Fiquem a vontade.

Ele saiu da sala deixando Ângela sozinha com os estudantes, todos conversavam baixo. A jovem arrumou o notebook que estava encima de uma das pontas da mesa. Willian não demorou a chegar, estava bem arrumado com um terno claro e saudou as pessoas presentes no local.

– Boa tarde a todos. Sou Willian Burk o diretor desta empresa – ele andou pela sala chegando ao local reservado, sentando-se – Espero que tenham feito um bom passeio. Vamos dar início.

A pequena reunião com os estudantes foi proveitosa, leve e divertida. Foi executada no tempo previsto. Willian estava sentado em sua sala tomando café e já havia terminado seus afazeres quando Ângela entrou:

– Aqui está o relatório que me pediu – ela estendeu um envelope para ele.

– Pode guardá-lo ali no armário na primeira pasta azul – ele falou olhando para ela.

Ângela caminhou até o armário, guardou o documento, fechou o móvel e ante de se virar Willian a abraçou pelas costas lhe beijando o pescoço.

– Willian já disse a você para não fazer isso aqui – ela tentou parar a ação, mas foi em vão.

– Não se preocupe estamos a sós aqui – ele continuou beijando-a.

– Mas, alguém pode entrar a aqui é… – ela se virou e ele a beijou – estou falando serio.

– Vamos jantar juntos hoje?

– É uma boa ideia – ela deu um pequeno sorriso enquanto andava pelo local.

– E depois podemos ir para o meu apartamento – Willian estava arrumando sua pasta.

– Ótimo, mas não vá se acostumando, só passarei a morar com você quando casarmos – eles deram um sorriso juntos.

Os dois chegaram ao apartamento de Willian quando já estava escuro. Ângela se dirigiu ao quarto do noivo, colocou sua bolsa sobre a cama, pegou um porta retrato que havia sobre o criado mudo e ficou a observar pai e filho sorrindo juntos. Willian entrou no local, retirou sua camisa jogando-a sobre a cama e foi para perto da jovem, sentando ao lado dela.

– Esse é seu pai? – Ângela manteve os olhos sobre a foto por alguns instantes.

– Sim, essa foto foi tirada quando eu voltei dos Estados Unidos.

– Fosse fazer intercâmbio?

– Não, estava fazendo mestrado. Foi um tempo muito bom.

Willian deu um beijo no rosto da amada, esta deixou a foto de lado e se virou para ele.

– Você deveria morar comigo, aqui é mais confortável. Quando sua mãe sair do hospital vamos trazer ela para cá.

– Eu acho cedo para vir morar com você. Mas quanto a minha mãe, podemos ver um lugar para ela.

Nesse momento Willian a abraçou, encostando sua bochecha a de sua amada. Depois se afastou lentamente, mantendo seu rosto perto do dela, seus lábios estavam perto um do outro dando para sentir a respiração e um beijo aconteceu. Aproveitando o momento ele tratou de desabotoar a camisa de Ângela deixando o colo dela a mostra. Eles se despiram e Willian levou a amada até o banheiro entre carinhos e beijos. A água morna caiu sobre seus corpos brancos, fazendo molhar o cabelo da jovem. Ela não se importou, preferiu se concentrar nos beijos que estava dando e recebendo. Willian estava tão empolgando, empurro-a contra a parede e a acariciá-la.

Beijou o pescoço, as mãos dele na cintura dela, depois foi descendo pelos seios, barriga até chegar à virilha. Ângela o afastou, então ele a puxou e ficaram em baixo no chuveiro novamente. A água quente estava compondo o clima do casal deixando-os quente. Entre trocas de carinhos ficaram ali transferindo amor através do sexo.

O sol já batia na janela quando Ângela acordou, olhou para o lado e Willian anda não havia levantado. Eles não foram trabalhar, pois era feriado na cidade. A jovem acabou adormecendo, porém foi acordada pelo noivo que acabou de dar um beijo nela.

– Bom dia meu amor.

– Bom dia. Que horas são? – ela franziu a testa.

– Não sei, mas para que quer saber?

– Acho que devo ir para casa – ela continuou deitada na cama.

– Vamos aproveitar o dia, você pode ir mais tarde – ele a abraçou e depois fez cócegas nela.

O namoro dos dois estava indo bem, mesmo depois do incidente no jantar com a família. Neste meio tempo Willian não havia levado mais a noiva para a casa de sua mãe, mas queria que as duas ficassem bem. Ele não gostou de saber que o irmão frequenta o bordeu em que Ângela trabalhava, sabia que as atitudes dele não eram boas, porém não achou certo ter insultado sua namorada. Willian tem planos para ele e sua amada, casar, ter filhos e cuidar da Sra. Margarete. Ele tinha um grande objetivo na vida, fazer sua namorada feliz.

Ângela resolveu passar o dia com Willian, não teria o que fazer em casa, assim seria mais prazeroso. Então saíram para almoçar no restaurante preferido de Willian que se localiza perto da ponte da cidade. Eles chegaram ao estabelecimento, escolheram uma mesa mais ao fundo. Um garçom trouxe os cardápios, não demorou muito para escolherem a comida e nem para está chegar. Ângela estava quieta enquanto saboreava o marrarão em seu prato. Então Willian resolveu iniciar uma conversa.

– Estive pensando, podíamos depois que sair daqui fazer uma visita a minha mãe.

– Não sei se é uma boa ideia, ela pareceu não gostar de mim.

– Ela acabou conhecendo você da forma errada por causa do que meu irmão disse – ele deu um gole de suco de laranja.

– Sua mãe passou mal naquele dia, não quero que isso se repita novamente – ela fez uma expressão de preocupação.

– Isso não ira acontecer, se meu irmão estiver longe e ele estará. Você vai entrar para a família Burk, tem que se dar bem com a minha mãe – ele segurou na mão dela.

– Podemos ir até lá, porém se ela não quiser a minha presença iremos embora, certo? – ela falou enquanto olhava para ele.

– Certo, mas acho que vai ficar tudo bem.

Eles terminaram a refeição e foram caminhar pela ponte que havia perto da li. Ângela reconheceu o lugar, tinha estado ali tempos atrás e acabou conhecendo Willian. O dia estava com um sol bonito iluminando as águas do rio. Eles sentaram em um banco que ficava a sombra de uma árvore frondosa. Ficaram admirando a paisagem enquanto Willian mexia no cabelo da amada.

– Esse lugar me trás uma lembrança boa – Willian falou enquanto mexia nos cabelos da jovem ao seu lado – foi ali – ele apontou adiante deles – que eu encontrei você. Não estava muito bem, mas pude perceber o quanto é linda – ele deu um beijo dela.

– Foi naquele dia que encontrei o caminho para a felicidade, só não sabia ainda disso – ela sorriu.

– Desculpe eu perguntar, mas você ainda anda lendo o diário de sua mãe?

– Eu preferi guardá-lo junto aos pertences dela que estão em minha casa. Ele não me trás lembranças boas – ela fez uma expressão não muito boa no rosto.

– Entendo, mas, eu fiquei me perguntando um tempo atrás o porquê de você ter ido trabalhar no bordeu, mesmo tendo um passado como o seu. Você poderia ter tido um emprego melhor, sendo tão bonita – ele falou olhando para ela.

– Tem muita coisa que não lhe contei – ela baixou um pouco a cabeça com vergonha.

– Se você puder me contar, não quero que se aborreça com essa conversa – ele ergueu o rosto da jovem com uma das mãos.

– Tudo bem, já que vai ser meu marido não tenho o que esconder de você – ela se levantou e caminharam – como já sabe meu pai não foi como os outros. Sofri violência sexual e física. Eu e minha mãe ficamos mudando de casa, para fugir dele, mas ele nos encontrava e recomeçava tudo de novo.

– Porque a sua mãe não o denunciou? – eles continuaram andando até parar a beira da ponte.

– Ele a ameaçava, mas o que ele queria era a mim.

– Porque você? – ele franziu a testa.

– Não sei bem o porquê, mas quando fiz 14 anos resolvi fugir de casa. Fiquei morando na rua. Sei que dei muita preocupação a minha mãe, mas eu fiz um amigo na rua que me ajudou muito. Ele levava recados meus para ela e percebi que meu pai havia a deixado em paz – ela tinha uma expressão de tristeza nos olhos.

– Entendo. Sua mãe deve ter sofrido – ele falou com a voz calma.

– Sim, muito. Então eu comecei a andar pelo bairro em que tem o bordeu pedindo comida, até que a dona do local me viu e resolvei me dar abrigo. No começo ela quis me levar para o conselho tutelar, mas eu pedi a ela que não fizesse isso. Contei a ela o que estava passando, se eu fosse para onde ela queria me levar meu pai acabaria me encontrando e tudo voltaria como era – ela se virou ficando encostada de costas na ponte.

– Você ficou morando no bordeu? – ele ficou surpreso.

– Fiquei sim, a dona de lá me deu um emprego. Eu limpava o salão e os banheiros em troca de comida e um lugar para dormir. Mas ela não me deixava trabalhar a noite não, eu ficava em um quarto nos fundos do prédio. Ela tinha cuidado comigo, não queria que eu visse o que acontecia ali.

– Entendi, ela teve compaixão com você, mas foi bom da parte dela lhe deixar longe do que acontecia lá. Você sabia o que acontecia a noite lá nesse tempo? – Willian se mostrou curioso.

– Eu sabia que vários homens entravam ali à noite por causa das mulheres, mas não para fazer sexo, eu ainda era muito nova – Ângela ficou observando um passarinho que pousou em uma árvore a frente deles – Então quando eu cresci e fiz 18 anos eu pedi a dona do local para me deixar trabalhar a noite.

– Trabalhar com as outras? – ele tornou a franzir a testa.

– Sim, mas ela só deixou depois de eu ter insistido muito – ela continuou com o olhar longe do de Willian – Então o resto você sabe.

– Mas e a sua mãe? Pelo que sei eu lhe encontrei aqui chorando naquele dia por causa dela.

– Depois que meu pai nos deixou em paz eu visitei minha mãe na casa dela, mas não disse onde estava morando. Então como ela não andava muito bem morando sozinha, caia dentro de casa, caiu até na rua, ai resolvi colocar ela em uma instituição para idosos. Com isso ficou mais fácil visitar ela.

– Entendi. Você pagava para ela estar nessa instituição?

– Só pagava os remédios dela, porque logo que a coloquei lá trataram da aposentadoria dela, então isso pagava a estadia lá.

– Então você deve ter ficado mais tranquila com ela lá – ele ficou olhando para o movimento do local.

– Fiquei sim. Então minha mãe que estava doente, piorou ai o reto você sabe como é – ela tinha tristeza no rosto.

– Acho bom pararmos esta conversa por aqui. Vamos andar mais um pouco e depois vamos para a casa da minha mãe.

Apesar de ser um dia quente, estava ventado um pouco o que deixou o passeio gostoso. Agora estava tudo claro na mente de Willian, não achou que a sua noiva iria lhe contar tudo de uma vez e bem naquele local. Enquanto Ângela contava sobre o passado ele ficou imaginando cada sena e não sentiu muito bem. Eles saíram até o apartamento da Sra. Burk quietos, as revelações deixaram Willian um pouco abalado e preferiu não comentar nada sobre.

Ao chegar ao edifício em que se localiza o apartamento da mãe de Willian, subiram pelo elevador e uma mulher de uniforme cinza com branco abriu a porta.

– Sr. Willian que bom que veio, sua mãe estava perguntando sobre o senhor hoje mais cedo – a empregada deixou o casal entrar e fechou a porta imediatamente.

– Onde ela está?

– No quarto, mas melhor o senhor esperar aqui. Fique na sala eu trarei ela, só um minuto, não vou demorar. Fiquem a vontade – ela saiu deixando o casal sozinhos.

Sentados no sofá Willian observou o local, bem arrumado e se lembrou de uma briga que teve com o irmão que acabou quebrando um vaso de porcelana que sua mãe havia ganhado como presente de casamento. Sempre que entrava naquele apartamento se lembrava das reuniões familiares e das freqüentes brigas. Willian tentava manter a calma quando o irmão estava presente, mais isso erra quase impossível, pois o irmão não pensava o mesmo adora provocá-lo.

Ângela se levantou, se dirigiu até um móvel no canto da parede que tinha alguns porta retratos e em um estava toda a família sorrindo. Ela observou que cada foto mostrava um momento feliz de cada integrante da família. Porém, uma lhe chamou atenção tinha uma jovem deitada em uma cama segurando um bebê e ao seu lado estava um homem. Ela olhou mais atentamente para a foto, percebeu que a moça era a irmã de Willian, então deduziu que a criança nos braços dela seria a filha dela. A Sra. Burk apareceu logo à sala e tratou de dar um abraço no filho.

– Que saudade meu filho – ela sorriu e depois se voltou para Ângela – o que ela está fazendo aqui?

– Mãe ela é a minha noiva.

– Mas ela é… Ela é… Você sabe muito bem – a Sra. Burk mudou repentinamente o tom na voz.

– Mãe fique calma, ela não fará mal à senhora. Eu vim aqui não só para lhe visitar, mas também para que possamos esclarecer algumas coisas.

– Willian eu acho melhor esperar você lá fora – Ângela não queria criar problemas e fez que ia se levantar, porém foi interrompida da ação pelo noivo.

– Você deve ficar aqui. Mãe nos deixe explicar o porquê de estarmos juntos – ele parecia preocupado.

– Explicar o que, da sem-vergonhice que faz com ela, me desculpe, mas poupe-me – a Sra. Burk falou irritada.

– Mãe a senhora não pode acreditar em tudo que o meu irmão diz.

– Eu não acredito em tudo que seu irmão diz não, mas dessa ultima vez ele falava a verdade – a Sra. Burk sentou em uma cadeira, estava nervosa.

Ângela se manteve no começo da conversa quieta, apenas escutando, de cabeça baixa, envergonhada com toda a situação que causará.

– Willian tire-a daqui agora – ordenou a Sra. Burk.

– Mãe me escute, por favor – ele parou de falar e se virou para Ângela que estava chorando – Ângela não chore. Mãe me deixe explicar – ele se levantou acompanhando a mãe que também havia ficado em pé.

– Tudo bem. Mas espero que tenha algo muito bom para me contar – a Sra. Burk voltou a se sentar e ficou escutando o filho.

Ângela enxugou as lágrimas, não estava em condições de falar então ficou apenas escutando o noivo.

– Antes que a senhora pergunte. Ângela trabalhava sim em um bordeu, mas eu a conheci fora de lá, só fui saber onde trabalhava muito tempo depois. Não foi por isso que me fez apaixonar por ela – ele possuía uma expressão de preocupação no rosto – eu a amo pelo que é.

A Sra. Burk escutou atentamente as palavras do filho.

– Sei que temos uma diferença muito grande de idade, sei que pode não gostar disso, mas nos respeitamos. Só quero que compreenda que ela não trabalha mais no bordeu, está agora em nossa empresa.

– Você a tirou no antigo emprego, por a caso ela está morando com você? – a Sra. Burk não possuía uma expressão muito boa no rosto.

– Não, ela achou muito cedo para morarmos juntos – ele estava serio – ela é uma pessoa muito boa. Ela não era prostituta porque queria, circunstancias a fez seguir aquele caminho. Ela não tem culpa, não devemos julgá-la por isso.

– Se você gosta mesmo da sua mãe, não a traga mais aqui. Essa visita acaba por hoje, preciso descansar – a Sra. Burk saiu sem deixar o filho falar mais nada.

Willian não se despediu da mãe e saiu do apartamento dela com Ângela. Não gostou do que havia acontecido aquela tarde, mas era apenas uma questão de tempo para que sua mãe entenda direito toda a situação entre ele e Ângela. Ele encontrou a noiva sentada no hall de entrada do prédio, estava calma, apesar te ter a expressão de tristeza não derramava lágrima alguma. Ele a abraçou e saíram do edifício.

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