Lágrimas do Céu

Lágrimas do Céu – Capítulo XX

 

O tempo havia passado rápido, já fazia dois meses que Ângela estava a namorar Willian e trabalhando na empresa dele. A jovem achava o trabalho um pouco monótono, porém não sentia mais a angustia de ter o seu corpo entregue a alguém desconhecido. Mesmo assim sentia falta de uma coisa do antigo emprego, de dançar. Isso sem dúvida foi uma das coisas que ela gostou de fazer, se caracterizar, pensar na maquiagem e estar em conformidade com o ritmo da musica a fazia esquecer-se dos problemas. Alguns deles já haviam sido resolvidos graças à generosidade de Willian, sem ele a sua mãe poderia não estar mais viva.

A jovem estava sentada a frente de uma pequena mesa de madeira escura que continha um computador, uma agenda, bloco de notas, algumas canetas e um telefone. A sua frente dava para ver uma janela que mostra uma vista de parte da cidade. A sua mesa estava localizada a frente da sala do coordenador de vendas. Ela vestia uma saia social bege, uma blusa azul marinho e um blazer da mesma cor da saia. Seu cabelo estava bem penteado em um rabo de cavalo, a maquiagem que fez realçou ainda mais a beleza dela deixando-a corada.

Trabalhou muito nesta manhã, pois haveria um pequeno evento na empresa para mostrar aos investidores como estava caminhando a parceria com a Argentina. Mas agora ao fim da tarde tudo estava calmo. No horário do almoço seu amado tentou falar com ela, porém sem sucesso, pois teve um tempo curto, estava cheia de afazeres. O sol já estava se pondo quando Ângela desligou o computador e ficou arrumando sua mesa. Nesse instante Willian foi até ela, ele estava elegante com um terno azul marinho, combinando com a jovem.

– Será que agora eu posso ter sua atenção – Willian estava ao lado da amada e a beijou.

– Claro que sim, deixe-me só guardar essas pastas aqui que poderemos sair juntos – ela sorriu.

– Eu me esqueci de contar, mas tenho um compromisso familiar hoje à noite.

– Que bom, se você quiser posso pegar um transporte para ir a minha casa, sem problema – ela pegou a bolsa e saíram juntos do local.

– Ha! Não, eu pensei que você poderia ir comigo. Vai ser na casa da minha mãe, aproveitamos e eu lhe apresento a ela – Willian passou seu crachá em um aparelho para liberar a catraca, assim também fez Ângela.

– Tudo bem, podemos ir.

O prédio em que se localizava o apartamento da mãe de Willian ficava distante de sua empresa, com isso demoraram um pouco a chegar. Ele estacionou em uma rua larga, desceu primeiro e cordialmente abriu a porta para a namorada. Não demorou muito e já estavam à frente da porta do apartamento a espera de alguém abri-la. A irmã de Willian veio os recepcionar.

– Que bom que veio – ela ficou surpresa – pensei que ia dizer que ficou preso no trabalho e não poderia vir.

– Eu não poderia faltar dessa vez. Eu trouxe uma convidada.

– Ha! Muito prazer sou Shofie, muito prazer – as duas se cumprimentaram.

– Ela trabalha na minha empresa – ele falou, mas sem revelar que ambos namoram.

– Mãe! Há quanto tempo – ele se dirigiu à senhora que caminhou até ele – como à senhora está?

– Com muita saudade de você. Ainda bem que veio e quem é essa bela moça? – ela se dirigiu a Ângela.

– Ela trabalha na minha empresa, tem algum problema que participe da nossa pequena reunião?

– Claro que não meu filho, bom saber que está com novas amizades – ela deu uma piscada para Ângela que corou repentinamente – Bom fiquem a vontade.

Eles ficaram conversando por um bom tempo, Willian falou com a mãe sobre o novo projeto da empresa e isto a deixou muito feliz. Já Ângela ficou se distraindo conversando com a irmã de seu amado. Enquanto isso ela pode observar que o local era bem decorado, com quadros na parede, um jarro no centro de mesa, um sofá marrom com detalhes dourados no braço.

Minutos depois eles estavam sentando a mesa do jantar quando uma pessoa entrou no local. Era o irmão caçula de Willian, que já chegou chamando atenção de todos.

– E ai gente, como vai maninha? – ele abraçou a irmã e depois se dirigiu a mãe – Mamãe querida há quanto tempo.

– Trate de se comportar em – ela falou enquanto balançava um dedo a frente dele.

– Pode deixar mamãe – ele sentou ao lado da irmã, mas observou que havia uma convidada.

Ângela tentou disfarçar não olhar para o irmão de Willian. Todos já estavam acomodados quando a matriarca da família Burk deu início ao jantar.

– Já estamos todos reunidos e pelo que vejo não faltou ninguém, isso é ótimo – ela falou enquanto olhava para as pessoas presentes – Faz um tempo que não nos reunimos assim, fazíamos com muita frequência quando o pai de vocês era vivo. Quero apenas dizer que precisamos voltar esse velho habito e agradecer pela presença de todos, podem se servir.

Antes que todos começassem a encher os pratos com as delicias que havia a frente deles Willian se adiantou:

– Peço a atenção de todos – ouve uma pequena pausa – sei que faz tempo que não apareço nas reuniões familiares, sei também que tenho dados desculpas não muito convincentes, mas enfim. Eu trouxe uma convidada comigo – todos estavam prestando bastante atenção – Essa é Ângela, ela trabalha na minha empresa e é minha namorada.

– Que bom irmão parabéns – a irmã de Willian falou com muita alegria.

– Obrigado. Bom eu a trouxe aqui para que vocês a conheçam – ele foi interrompido pela mãe.

– Minha jovem seja bem vinda – a Sra. Burk deu um sorriso.

– Obrigada – Ângela agradeceu a gentileza.

– Bom, mas o motivo não foi só esse – Willian observou que Ângela franziu a testa – Eu quero – ele retirou de dentro do paletó uma caixinha de veludo preta e deixou a amostra seu conteúdo – lhe pedir em casamento.

Ângela arregalou os olhos impressionada com a ação de Willian, assim como os demais no local. Porém o irmão dele não achou a menor graça e resolveu reagir ao acontecimento.

– Você vai casar com essa daí? – ele deu um sorriso irônico.

– Vou sim, qual o problema? – Willian falou com calma, sabia que o irmão estava a começar a implicar com ele.

– Você sabe quem ela é? Sabe quantos caras já ficaram com ela? – ele falou com tom de deboche.

– Fique na sua, isso só diz respeito a mim e a ela – Willian estava irritado.

– Meu filho pare com isso, deixe seu irmão falar. Deixe de dizer besteiras – a Sra. Burk falou com o filho mais novo em tom de sermão.

– Ele não tem vergonha, trás uma prostituta para dentro dessa casa. Onde já se viu, nem respeita a nossa mãe – ele falou subindo o tom.

– Dobre a língua quando falar de Ângela, você não tem direito de insultá-la dessa forma – Willian se levantou e foi em direção ao irmão com muita raiva.

– Parem com isso, não vamos estragar essa noite – a irmã deles falou tentando apartar a briga.

Ângela estava envergonhada com o que ouvira, sabia que o irmão de Willian já havia freqüentado o bordeu onde trabalhava, mas não pensou que fosse dizer alguma coisa sobre isso.

– Você o conhece Ângela? – Willian se voltou para a namorada.

– Não sei do que ele está falando – ela desdobrou a conversa.

– Sabe sim, só está com vergonha, mas quando mostra a bunda para seus clientes acha gostoso não é – o irmão de Willian continuou a debochar da jovem.

– Você está merecendo – Willian estava muito irritado e avançou para cima do irmão.

A noite tinha tudo para ser calma e bela se não fossem as provocações que o irmão de Willian fazia todas as vezes que eles se encontravam. Willian deu um soco no rosto do irmão, este o retribuiu com uma tapa. O apartamento agora estava em completa bagunça, mas o mordomo da Sra. Burk chegou e conseguiu apartá-los. Nesse momento a mãe deles desmaiou, todos ficaram apreensivos. Willian se adiantou, pegou-a e levou para o quarto sendo ajudado pelo mordomo. Tempos depois a idosa acordou.

– Mamãe a senhora está bem? – falou Shofie.

– Estou bem sim. Willian não brigue com seu irmão, você sabe como ele é – a Sra. Burk fez que ia se levantar, porém foi impedida da ação por Shofie.

– Melhor a senhora ficar deitada, ficarei hoje aqui – Shofie mostrou preocupação.

– Não precisa minha filha eu já estou bem – a Sra. Burk teimava em não ficar deitada.

– Vou falar com Ângela – Willian saiu do local e foi à procura da amada.

O empresário passou pela mesa de jantar, pegou a caixinha que continha o anel e foi à procura de Ângela, porém não a encontrou. Deduziu que ela havia deixado o local, então rumou para forra do apartamento, desceu pelo elevador, chegou ao hall de entrada, olhou para todos os lados, mas nada da jovem. Sem pensar saiu pela rua e um pouco a diante avistou ela andando sozinha.

 – Ângela espere – ele correu ao encontro da amada – não vá.

Ele conseguiu alcançar a moça, quando chegou perto dela percebeu que ela estava chorando.

– Deixe-me ir. Não sou bem vinda aqui – ela continuou andando até que Willian a conseguiu parar.

– Não ligue para o que meu irmão falou, ele não bate bem da cabeça. Sempre que nos encontramos é a mesma coisa, acho que por isso não vou muito a essas reuniões – ele estava com as mãos sobre o ombro dela.

– Eu sou mesmo uma prostituta que não serve para nada a não ser para satisfazer prazeres – ela falou com raiva.

– Não é verdade, você pode ter tido um passado ruim, mas agora é outra pessoa – ele a abraçou forte e a beijou – venha vamos sair daqui.

Willian a conduziu até seu carro e a levou para casa, no caminho ligou para a irmã para saber o estado de sua mãe.

– Ela se acalmou? – ele mantinha o telefone no ouvido – que bom. Diga a ela que fui deixar Ângela em casa, depois converso com ela e explico o mal entendido… Até mais irmã.

– Como está a sua mãe? – Ângela falou em tom de preocupação.

– Ela está bem, minha irmã vai passar essa noite com ela. E você como está? Acalmou-se?

– Não se preocupe comigo vou ficar bem – ela o abraçou.

Eles haviam acabado de chegar à frente do prédio em que Ângela mora, estavam encostados no carro. William fez cafuné na jovem enquanto se mantinham abraçados, ficaram assim por um bom tempo, namorando a luz da lua.

– Willian já está tarde, melhor eu entrar. Vá ver como a sua mãe está – ela deu um beijo de despedida.

– Antes de ir – ele se separou dela, retirou a caixinha de veludo em que estava um anel e se ajoelhou a frente dela – Eu não ouvi sua resposta no jantar. A senhorita aceita casar comigo?

Os olhos da jovem se encheram de lágrimas, ela colocou uma das mãos sobre a boca e depois estendeu a mão direita para que Willian pudesse colocar um delicado anel prateado com brilhantes em seu dedo. Ele se levantou, segurou-a nos braços e girou a beijando ao mesmo tempo. Já com os pés no chão a jovem falou baixinho no ouvido dele “aceito viver com você para todo o sempre”. Os dois ficaram namorando por um longo tempo aquela noite.

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