Lágrimas do Céu

Lágrimas do Céu – Capítulo XII

 

William acordou tarde no meio da semana, estava curtindo sua viajem, já havia passado três dias. Ele se levantou, se dirigiu ao banheiro, entrou no chuveiro, a água quente aqueceu seu corpo, pois era um dia frio. O empresário terminou seu banho, vestiu sua roupa e desceu para o restaurante do hotel, que para sua sorte ainda estavam servindo o café da manhã. Antes de escolher uma mesa ele se serviu na grande bancada com frutas, alguns pães e uma xícara de café.

O local não possuía muitas pessoas, mas William pode observar que uma moça de cabelos curto em um chanel ondulado e preto lhe chamou atenção, mas a moça estava de costas não deixando-o saber quem era. Por um minuto pensou em ir ao encontro dela, porém desistiu da ação, apenas continuou a tomar seu café e assistir ao que passava na televisão. Pouco depois o telefone dele tocou, o empresário desviou sua atenção atendendo-o:

– Alo, sim é ele mesmo – William deu uma pausa – Ramom que bom falar com você, esquecei de assinar alguma coisa? – o empresário mostrou o quanto é profissional, mesmo nos momentos em que não estava trabalhando.

– Não, está tudo certo. Estou ligando para você não por uma questão profissional, mas para convidá-lo para dar um passeio pela cidade, conhecer alguns pontos turísticos o que acha? – Ramom falou com um tom leve.

– Ah sim, muito obrigado pelo convite, eu aceito sim será muito bom conhecer um pouco a cidade – William deu um sorriso.

– Então posso passar no hotel ao qual está hospedado daqui a duas horas? – Ramom continuou com o tom leve na voz.

– Pode sim, será um prazer – William se despediu de Ramom e tratou de terminar o seu café.

William não era muito de fazer amizades, mas gostou da hospitalidade que Ramom mostrou a ele. Sentia-se ao lado do empresário argentino como se fossem amigos de longas datas, mesmo se conhecendo há pouco tempo. Ele terminou de comer, subiu para o seu quarto, colocou seu relógio no pulso, pegou sua carteira, ficou a frente do espelho e arrumou seu cabelo. Logo mais Ramom chegou a bordo de um conversível vermelho, ele estava acompanhado de um homem de cabelos curtos cacheados.

– William venha conosco – Ramom desceu do carro e foi cumprimentá-lo – Espero que goste do passeio. Esse é meu irmão Ruan, ele trabalha com turismo, então será nosso guia.

– Muito prazer, será muito bom ter um guia conosco – William deu um pequeno sorriso e sentou no banco de trás do carro.

O sol resolveu aparecer para deixar o dia iluminado, William estava curtindo o vento que batia em seu rosto, este acabou bagunçando seu cabelo, mas ele não se importou. A cada canto que olhava ficava fascinado com a beleza da cidade. Não demorou muito para eles pararem em uma esquina. William achou estranho, pois o local possuía apenas casas.

– William vamos mostrar a você um dos bairros mais famosos aqui de Buenos Aires, ele se chama Recoleta, fica mais a diante. Você trouxe câmera fotográfica? Via querer registrar cada detalhe do bairro lhe garanto – Falou Ruan.

– Não trouxe, mas posso usar a câmera do meu celular, ela tem uma resolução muito boa – William falou enquanto segurava seu celular.

Eles seguiram em frente, deixando várias casas para trás, logo estavam no bairro referido por Ruan. Ramom procurou um lugar para estacionar, não foi difícil colocar o carro logo abaixo de uma arvore que possui uma bela sombra. Resolveram andar um pouco a pé, pararam enfrente a um belo prédio que William não identificou o que seria.

– Bom, nossa primeira parada é à frente deste antigo convento, este é do século XVIII. Foi construído para abrigar não só freiras, mas principalmente franciscanos. Este prédio é um dos mais antigos deste bairro e foi o primeiro a dar início ao charme do local – Ruan mostrou toda sua habilidade e conhecimento sobre história da cidade, isso deixou William fascinado.

– É muito bonito – William tratou de tirar uma foto do convento – Você pode tirar uma foto minha a frente dele – William entregou o celular para Ruan que tirou a foto com prazer.

Ruan falou que o bairro foi inspirado na França, pode-se observar isso claramente na arquitetura de vários prédios e algumas esculturas. Eles passaram também pelo Palácio Duhau de estilo neoclássico que acabou se tornando um hotel belíssimo. Também viram um Jockey Clube da cidade que antigamente era uma suntuosa mansão do século XIX. A cada canto que William andava enchia seu celular com várias fotos dos prédios, dele e com os gentis amigos que lhe levaram a esse passeio.

O lugar mais inusitado que visitaram foi um famoso cemitério, Willian não hesitou em conhecer. O local possui várias estátuas, é bem organizado, arborizado. Eles passaram por vários túmulos de famosos e Ruan teve o imenso prazer em contar um pouco da história de cada um. Willian prestou atenção a tudo que o guia lhe contava e Ramom contava algumas histórias engraçadas que deixou o dia divertido. Eles entraram apenas no cemitério, preferiram não entrar em nenhum outro prédio.

À hora avançou rapidamente, a caminhada fez todos ficar com fome, então Ruan decidiu terminar a visita pela cidade indo a um restaurante típico argentino, mas quem escolheu o local foi Ramom. Eles entraram no carro, avançaram pela cidade, no caminho William falou do que gostou de ver no passeio e ficou tirando mais algumas fotos assim que paravam nos sinais de trânsito.

Após dobrarem uma esquina enfim chegaram ao restaurante, é um prédio branco com verde chamado La Brigada. De início William achou que o local de longe mais parecia uma espécie de cafeteria, mas ao entrar ficou surpreso. O restaurante é aconchegante, possui uma decoração que agradou o empresário amante do futebol, dava para ver camisas penduradas na parede, além de escudos, bandeiras e até chuteiras. Cada detalhe o deixou fascinado, os dois amigos escolheram uma mesa, se sentaram, mas William resolveu primeiro explorar um pouco o local.

No interior do restaurante possui um local ao qual estão localizado camisas antigas da seleção argentina, outras de clubes locais. Mas um objeto o fez voltar seus olhos, dentro de um móvel pode-se ver a chuteira do jogador Maradona. William não torce pela seleção da Argentina, nem muito menos para clubes locais, porém achou muito interessante tudo que estava vendo.

Depois de um tempo William foi para a mesa ao quais seus amigos estavam sentados apenas a espera dele para escolherem o que gostariam de saborear. Ramom tomou a liberdade de pedir um bom vinho argentino e William aprovou a escolha, só Ruan não bebeu, pois resolveu ficar como motorista. William escolheu uma pasta, que é macarrão, como não conhecia os tipos escolheu na sorte, pois estava com vontade de provar algo novo.

Enquanto esperava seus pratos chegares os três puderam comer vários tipos de carne, pois era dia de rodízio. William gostava de ir às churrascarias no Brasil, mas não fazia isso há muito tempo, saborear estas carnes macias com cortes muito bem escolhidos lhe fez lembrar-se de quando era jovem. O local estava cheio, tocava uma boa musica argentina e os três conversaram por um bom tempo, mas nada de falar de negócios. William terminou seu passeio, foi deixado em seu hotel no meio da tarde, estava cansado. Entro no local, olhou para sua cama, retirou seus sapatos e adormeceu.

A noite chegou, William se levantou, olhou pela janela de seu quarto e pode avistar a cidade que estava iluminada, então resolveu conhecer um pouco da noite de Buenos Aires. Ele tomou banho, trocou de roupa e resolveu ligar para Ramom:

– Alo, Ramom é o William – ele falou enquanto estava sentado na cama.

– Oi William, foi bom o dia hoje não é – Ramom falou com alegria.

– Foi sim, estou te ligando para perguntar se você gostaria de sair comigo. Sabe para aquele restaurante que me indicasse, lembra? – William continuou sentado na cama.

– Claro que lembro, mas hoje à noite eu não posso, tenho um compromisso – Ramom falou com calma.

– Tudo bem, então podemos nos ver outro dia então. Ate mais – William se levantou da cama.

– Até, tenha uma boa noite – falou Ramom com gentileza.

William acabou ficando sem companhia para sair à noite, mas como sabia o endereço do restaurante resolveu sair sozinho. Pegou apenas o necessário, colocou no bolso da calça, pegou o elevador e logo estava na entrada do hotel. Mais a diante tinha um ponto de taxi, ele entrou em um, entregou o endereço do restaurante ao motorista e seguiram pela cidade. A noite estava calma, pois era um dia de semana e provavelmente a maioria das pessoas devem estar em suas casas.

O empresário chegou ao seu destino, pagou pela corrida, desceu e observou que estava à frente de um belo prédio com um estilo antigo. Ele entrou e logo foi recepcionado por um homem bem vestido que lhe mostrou uma mesa vazia e lhe entregou um cardápio. O local possuía belos lustres pendurados no teto, as mesas estavam bem distribuídas, mais a diante pode-se observar um pequeno palco, a frente dele uma pista de dança em que algumas pessoas estavam nela.

Ele resolveu pedir uma taça de vinho tinto para começar a noite, enquanto isso ficou observando o casal que estava no palco dançando tango. Os dois estavam muito entrosados, a moça é muito habilidosa com as pernas e dançava maravilhosamente. William ficou sentado observando o local por um tempo até que viu uma mulher sentada sozinha em uma das mesas próximas a dele. Ele olhou mais atentamente, percebeu que ela possui cabelos pretos chanel e ondulado como a moça que avistou no hotel. Por um momento a achou familiar, então resolveu ir até ela e chamá-la para dançar. Terminou sua taça de vinho, foi em direção a mesa dela e para sua surpresa verificou que era Ísis a moça que fez par com ele no casamento de um de seus amigos.

– Acho que conheço você de algum lugar – disse Ísis com um sorriso no rosto.

– Você fez par comigo no casamento de um amigo meu não foi? – William franziu a testa.

– Isso mesmo, mas desculpe minha memória, qual o seu nome mesmo? – Ela deu mais um pequeno sorriso.

– Tudo bem, muito prazer sou William a seu dispor – o empresário pegou a mão dela e beijou com delicadeza.

– Me chamo Ísis, gostaria de sentar comigo? – Ela apontou para a cadeira ao lado dela.

– Se não for incomodo de minha parte posso tirá-la para dançar? – ele voltou a pegar na mão da Ísis.

Ísis colocou sua bolsa na mesa, se levantou e seguiu acompanhando William até a pista de dança. O empresário não sabia dançar, mas a parceira que encontrara falou no ouvido dela:

– Não se preocupe se não souber dançar, eu sei um pouco de tango, costumo vir algumas vezes para cá. Pode me deixar conduzi-lo, espero que não se importe – Ísis continuou com o rosto colado com o de William.

O empresário não fez cerimônia, tratou de pegar firme na cintura de sua parceira. Ela o conduziu muito bem, mas como é desajeitado acabou pisando no pé dela, porém continuaram se divertindo. A música terminou, entrou no lugar uma mais lenta que deixou William mais a vontade para dançar sem se preocupar com os passos, ele pode sentir que Ísis estava muito perfumada. Assim que terminaram a dança Ísis afastou seu rosto devagar deixando os seus lábios bem próximos aos dele, isso fez o empresário ficar nervoso.

Eles voltaram para a mesa, ficaram conversando por um bom tempo e bebendo vinho. A noite estava divertida, Ísis chamou William para dançar mais uma vez, porém o empresário não queria mais aceitou o convite. Nesse momento não estava tocando mais tango e sim uma musica em inglesa lenta, os dois ficaram juntos dançando bem à vontade. Ísis afastou um pouco seu rosto e ficou novamente com os lábios perto dos de William que não resistiu e beijou-a. Não sabia se estava atraído pela beleza dela ou se o álcool o encorajou a tal ato.

Neste momento os dois deram um pequeno sorriso, continuaram dançando e com a testa encostada uma na outra. Parecia um casal que estava curtindo sua viagem de férias, mas não passavam de apenas conhecidos. Eles voltaram para a mesa, ficou observando alguns casais dançarem, comentavam e riam. William estava se divertindo como nunca havia feito nos últimos tempos. A noite avançou, Ísis observou que estava tarde e precisava voltar para o hotel ao qual está hospedada. William resolveu acompanhá-la no táxi, mas ela achou que não era preciso, pegou um cartão de sua bolsa e entregou a ele. William mexeu no bolso de seu casaco e encontrou um cartão dele, então entregou a ela. Despediram-se na saida do restaurante e cada um seguiu seu rumo.

A noite tinha sido prazerosa para o empresário, se tivesse ido com Ramom talvez não tivesse aproveitado tanto. A bela mulher que passara a noite o atraiu muito, não esperava encontrá-la lá, sua cabeça estava doendo um pouco, havia tomado vinho mais do que deveria, porém ainda estava em condições de voltar para o hotel. Ao chegar nele tratou de ir direto para seu quarto, jogou as coisas que estavam no bolso de sua calça encima do móvel ao qual se localizava a televisão, retirou os sapatos, a blusa e logo estava debaixo do chuveiro com água gelada. Sua cabeça estava doendo, com isso demorou um pouco embaixo do chuveiro a fim de tentar minimizar a dor que sentia, mas estava feliz assim mesmo.

Após sair do banheiro lembrou que havia trazido uma pequena bolsa com remédios, revirou sua mala e a encontrou. Abriu o frigobar que havia em seu quarto, pegou uma pequena garrafa de água e tratou de beber incluindo junto um comprimido. Vestiu apenas um short, caiu na cama e adormeceu assim que o medicamento fez efeito.

Enquanto dormia acabou tendo um sonho, nele estava no restaurante que fora aquela noite, estava dançando com Ísis, estavam muito entrosados. Tocava uma musica lenta tocada ao piano como William costumava escutar, eles danavam como se fossem um casal. A música parou de repente, os dois se afastaram o empresário olho mais adiante e pode ver que uma pessoa vinha em direção a eles. Era uma mulher, mas o empresário só percebeu quem era quando ela chegou mais perto. Era Ângela vestis com um belo vestido vermelho, com um grande decote entre os seios, estava deslumbrante. William ficou sem reação ao vê-la, olhou para Ísis, depois para Ângela esperando uma reação delas. Mas apenas Ângela se manifestou:

– William o que está fazendo aqui? Quem é essa mulher que estava dançando com você? – Ângela parecia irritada.

– É apenas uma amiga minha – William pareceu preocupado.

– Uma amiga? Então costuma beijar suas amigas é? Não sabia – Ângela falou em tom de ironia, isso fez Ísis sair rapidamente do local.

– Ísis não vá embora. Eu não a beijei, estava apenas dançando com ela – William tentou se justificar.

– Pensei que sentia lago por mim, mas pelo que percebo sou apena mais uma das que você aproveita o momento não é – Ângela falou com a expressão fechada.

– Ângela deixe-me explicar, você está entendendo tudo errado, só foi um beijo. Acho que bebi um pouco, mas eu não amo Ísis – William continuou tentando dar uma explicação plausível.

– Há então ela se chama Ísis, nome de deusa, gosta de pegar as mais belas não é. Pode ficar com ela, vou seguir meu caminho – Ângela deu uma tapa no rosto do empresário e saiu. William tentou ir à trás dela, mas havia sumido entre a escuridão.

Neste momento William acordou com um susto, sentou na cama, colocou uma das mãos sobre a cabeça, pegou o seu relógio e viu que não acordou muito tarde. Olhou-se no espelho do quarto, estava com os cabelos desalinhados, o rosto amassado. Abriu o frigobar, pegou uma garrafa de água que estava aberta, bebeu o restante do conteúdo, foi até o banheiro, sua dor de cabeça havia passado. Sem hesitar entrou de baixo do chuveiro de roupa mesmo, porém dessa vez resolveu regular a temperatura deixando a água morna.

Resolveu nesta manhã não sair do hotel, preferiu ficar arrumando sua mala, pois logo mais a tarde estará entrando em seu voo. Enquanto organizava suas coisas ficou lembrando-se da noite passada, foi surpresa encontrar Ísis, mas a noite correu proveitosa, porém não deveria ter a beijado. Preferiu esquecer esse momento, pois em seu coração está Ângela com seus olhos azuis e o belo sorriso. Pretendeu voltar para o Brasil com essa imagem na mente.

Chegou quase encima da hora para o voo, pois havia pegado um trânsito no caminho por conta de um acidente. Conseguiu embarcar sem problemas para seu país, gostou muito de conhecer um pouco da Argentina, essa viagem o fez esquecer um pouco dos problemas, porém estava preocupado com a Sra. Margarete e com Ângela. Passou o tempo no avião lendo e observando o céu, pois sentara novamente perto da janela.

Assim que chegou ao Brasil foi recebido pela irmã, sua sobrinha Shofia e pela mãe. Fora bem recebido, com abraços e sua sobrinha lhe entregou um desenho dele de sua irmã e mãe. William agradeceu a gentileza da sobrinha, seguiu no carro da irmã dele, no caminho ele contou um pouco como foi à viagem, porém omitiu a noite em que encontrou Ísis. Falou de como achou belíssima a cidade, da arquitetura, da sua ida ao cemitério e indicou para sua irmã visitar a Argentina. Logo chegou ao seu apartamento, agradeceu a gentileza da irmã, se despediu das pessoas que estavam no carro e subiu para seu apartamento.

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