Noite Adentro

Noite Adentro Cpt 6 | Film Noir – Parte um 👥👣

NOITE ADENTRO
CAPÍTULO SEIS – Film Noir. (Parte I)

Adamastor- Desculpe… Eu estou… Estava nervoso! Ainda estou!
Mulher- Tudo bem… Eu quero me encontrar com você no Cemitério do Campo Grande
Adamastor- Encontrar aonde?
Mulher- Cemitério do Campo Grande, próximo de Cumbica…
Adamastor- Sei, sei sim – fica perto de Santo Amaro – conheço o bairro…
Mulher- Isso… Toma cuidado para que ninguém te siga! Ok?
Adamastor- Ok… Adeus, Margot – espero por notícias desse casamento!

CENAS DA NOITE FRIA PAULISTANA. UMA FINA GAROA COMEÇA A CAIR E A RECOBRIR TODA A CIDADE DE FRIO E VENTO.
AS SOMBRAS DO CEMITÉRIO DO CAMPO GRANDE TÊM MANCHAS DE LUZ QUE ALUMIAM TENEBROSAMENTE AS LÁPIDES E SEUS MORADORES.

ADAMASTOR CHEGA CORRENDO ATÉ OS PORTÕES DO CEMITÉRIO, SE PROTEGENDO DA CHUVA NA PORTARIA DO LOCAL. ENQUANTO ELE TREME DE FRIO, UMA MULHER SE APROXIMA DELE.

CENA UM. PORTARIA DO CEMITÉRIO. EXT. NOITE.
EM MEIO A UMA CHUVA FINA, ADAMASTOR CONVERSA COM UMA MULHER. SOBRE ELES, O MISTÉRIO.
Adamastor- Essa maldita ainda não chegou!
Porteiro- Senhor, espera por alguém?
Adamastor- Por uma mulher – ela me ligou hoje mais cedo e disse pra eu espera-la por aqui…
Dona Luana- (molhada e irritada) Também recebi a ligação de uma mulher… A maldita disse pra espera-la por aqui
Adamastor- Margot? Margot Mary? É você?
Dona Luana- Não, não sou eu… Quem me ligou foi uma mulher de voz jovem e português difícil
Adamastor- Sotaque, você quis dizer?
Dona Luana- Isso, um sotaque irritante – parecia uma americana falando o português
Margot- (saindo de uma penumbra, entra em cena) Inglês da velha Inglaterra! Prazer, sou Margot Mary Wendice, mas podem me chamar só de Margot
Dona Luana- (assustada) Meu Deus! Que susto, sua louca!
Margot- Me desculpem, não queria assustador vocês… Sorry…
Adamastor- Então você é Margot?
Dona Luana- O que quer? Se atentar contra a minha vida, saiba que tenho testemunhas! (Aponta pro carro de Cida) E um advogado na família, o meu filho!
Margot- Seu filho conheço desde Portugal… Zé Roberto… Ele é administrador de empresas muito bem formado em Lisboa!
Dona Luana- (assuata-se) Como?! Como sabe disso?!
Margot- Vamos andando pelo cemitério, aí vou ter mais paciência para contar a vocês tudo, tudo! C’mon! (Caminham pelo cemitério)
Margot- Eu era a namorada de José Roberto em Lisboa, tivemos um caso de amor intenso!
Dona Luana- Me recordo sim! Fiquei tão mal quando soube que vocês terminaram
Margot- Eu terminei com ele – fiquei sabendo que ele se conversava com uma vadia daqui de São Paulo, mais especificamente, Osasco
Adamastor- Carol?
Margot- Isso, ele conversava com Carol por um site de relacionamentos – quando desencobri, fiquei muito mal! Péssima! Como ele pôde ter me trocado por uma vadia daqui?! Eu sou Inglesa!
Dona Luana- Sabia que essa vaca não era coisa boa! Eu sabia! Instinto de mãe jamais falha!
Margot- Tentei esquecer o Zé – voltei pra casa, viajei pro Oriente, Austrália, Amazonas e até pra Cuba – tudo pra esquecer Zé Roberto! Mas não consegui! Fiquei obcecada por ele e por essa Carolina Silva! Pesquisei tudo sobre ela na Internet…/
Adamastor- Foi aí que você ficou sabendo de mim?
Margot- Exato! Através das pesquisas que fiz da vadia fura olho, descobri seu caso, Adamastor! Com certeza ela terminou contigo quando vocês estava na prisão, correto?
Adamastor- (segura o choro) Isso… Isso mesmo… Era um dia frio de Domingo – ela começou a falar de perspectiva, vida nova, faculdade… Disse que eu era um grande atraso de vida!
Margot- Você ficou ferido assim como eu! Eu também me senti jogada no lixo!
Adamastor- Fiquei puto! Fiquei destruído! Não pude acreditar que a mulher que mais amei na vida pudesse fazer isso comigo!
Margot- E vocês podem se amar novamente…/
Adamastor- Não quero! Não cultivo mais amor por essa desgraçada! Só ódio! Apenas ódio!
Margot- Estava pensando… E se separarmos o casal? Estão de acordo?
Dona Luana- Meu filho se ver livre dessa vadia? Com toda a certeza do mundo!
Margot- Tenho um plano infa…/
Adamastor- Eu quero acabar com esse casamento com as minhas próprias mãos e suor! Com toda a certeza do universo! Não preciso de plano nenhum… Matutei EU um plano de vingança desde a prisão – o abandonei quando saí pois achava que nunca teria chances de executar… Vou acabar com Carol de uma vez por todas, agora que tenho A chance!
Margot- Sem mortes! Eu…/
Adamastor- Você quer ou não o Zé?
Margot- O que mais quero na vida!
Adamastor- Então calem a boca e façam o que digo…
Dona Luana- Vai ter mortes?
Adamastor- Vou me esforçar pra que não tenha… Não prometo nada! Dona Luana, Carol ainda compra rosas brancas pra dar pra mãe no cemitério? Ela ainda faz isso?
Dona Luana- Faz… Faz sim! Toda quarta da primeira semana de todo mês, ela faz isso! E vai no Cemitério da Consolação…
Adamastor- Perfeito! Já sei meu paço a paço! (Pega uma rosa de um túmulo e beija-a)
Margot- Sem morte!
Adamastor- Quer passar o resto da vida sem o seu grande amor? Eu quero passar o resto da vida sem passar raiva – às vezes, precisamos eliminar uma ou outra… (Estende a mão) Vou fazer o que tiver que ser feito – e vocês são cúmplices de tudo o que vier a acontecer! Combinado? (Joga a rosa longe)
As duas- Si-sim! (Começa a chover forte)
Margot- Essa fucking chuva! (Todos correm para fora do cemitério)
Cigano Miro- (os observa) Por Deus! (Olha para o céu, estudando-o) Deus há de tomar uma providência com esse jovem! Que lhe ensine amor na dor! (Pega a rosa que Adamastor beijara a pouco e a acaricia)

Adamastor- (Voz Over) Por telefone combinamos o resto!
Margot- Tenho seus telefones, sei como encontrar vocês!
Dona Luana- Perfeito!
Adamastor- Quero seus telefones para combinarmos tudo certinho, certinho!

CENAS DA CIDADE DE SÃO PAULO RECOBERTA POR UMA INTENSA CHUVA. JÁ HÁ ALGÚNS PONTOS DE ALAGAMENTO NA CIDADE – UM HELICÓPTERO SOBREVOA A CIDADE, NARRANDO-A.

Repórter- (Voz Over) Vários pontos de alagamento aqui na região norte de São Paulo. Me parece que essa chuva forte não vai parar tão cedo!

CENA DOIS. CASA DE ADILSON. INT. NOITE.
ADILSON ENLOUQUECE
PENSANDO EM ANA, AGENOR E CÉSAR. ELE DEGLADEIA CONTRA A PRÓPRIA IMAGINAÇÃO.
Imaginação- Meu garoto!
Adilson- (deitado no chão) Quem tá aí? Quem é o covarde?! Não sou garoto de ninguém!
Imaginação- Desgraçado! Covarde! Maldito!
Adilson- (pega um vaso e taca contra a parede) Sai daqui! Sai da minha casa! (Ouve risadas) Sai!
Imaginação- Seu pai deveria ter estuprado sua mãe antes de ter atirado nela!
Adilson- (enlouquece) Para! Para! (Pega um abajur e destrói seus móveis)
Imaginação- Seu gay! Seu merda! Onde está César, seu amor?
Adilson- Eu não sou gay! (Se estapeia) Eu sou Homem! Com H maiúsculo! Vou assumir… (Joga mais um vaso contra a parede) …Vou assumir o meu filho! (Pega outro vaso, prepara-se para arrebenta-lo quando escura baterem à porta) Quem é?
Chica- (Voz Over) Adilson? Aqui é a Chica, a vizinha da frente… Está tudo bem?
Adilson- (se aproxima da porta) Sim! Está sim! (Olha pela fresta) Estou… Estou bem
Chica- Certeza?
Imaginação- Mata ela! Ela vai contar tudo pra todo mundo!
Adilson- (bate na cabeça) Cala a boca!
Chica- Oi? Desculpa incomo…/
Adilson- (desespera-se) Calma, Dona Chica! Não estou falando com você…
Chica- Tem mais alguém aí? Quer que eu chame a polícia?
Imaginação- Sim! Ligue pro IML – você será a próx…/
Adilson- Não! Pode ficar tranquila!
Chica- Qualquer coisa, tem o meu telefone… Adeus e tenha uma boa noite! (Sai de cena)
Adilson- Adeus… (Joga o vaso no chão e chora) Porra! Porra! Porra!
Imaginação- Seu porra!
Adilson- Para! PARA COM ISSO! (Ouve baterem à porta) Não estou aqui! Não estou aqui! Não!
Imaginação- Não vou atender?
Adilson- Parem! Parem! (Se levanta e abre a porta com tudo) PAREM! (Não tem ninguém batendo à porta. Todos da rua encaram-no) Deus! (Se tranca em casa) Meu Deus! Deus! Deus! (Agilidade na cena. Ele vai até a cozinha e bebe todo o whisky) Caralho! (Desmaia bêbado)
Imaginação- Você é muito covarde, meu menino!

CENAS DE SÃO PAULO
O SOL NASCE NA CAPITAL PAULISTA

Adilson- (Voz Over) Vou voltar com Ana e impedi-la de se aproximar de meu pai! Eu não sou gay!
Imaginação- É o que veremos… Seu gay!

CENA TRÊS. APARTAMENTO DE JANA E FERNANDA. INT. DIA. COZINHA.
JANA, FERNANDA, JUAREZ E ANA TOMAM CAFÉ DA MANHÃ. ANA ESTÁ TENSA.
Jana- Mais café? Pai?
Juarez- Não, grato! Tem como colocar na rádios de notícias?
Jana- Pra que? Só tem notícias ruins!
Juarez- Prefiro isso a ter que ouvir essas Lady Gagas da vida!
Noticiário do Rádio- …Durante a chuva de ontem, um cortiço foi destruído e mais de setenta pessoas ficaram desabrigadas…
Jana- Deus!
Fernanda- Coitadas!
Ana- (entra em cena) Bom dia! (Senta-se)
Fernanda- Nossa miga! Tá tudo… (Se corrige) É claro que não, né!
Ana- Mas vai ficar tudo bem – é só uma questão de tempo…
Fernanda- E você quer falar o que… Aconteceu?
Ana- Me passa o leite?
Juarez- (lhe entrega) Em mãos
Ana- Obrigada. Quero, quero sim… É…
Fernanda- Se não quiser, não fala
Ana- Vou falar sim – preciso exorcizar isso de mim… Eu estou grávida e descobri isso há uns quinze dias, eu acho. E eu contei pro Adilson – pra que?!? Ele berrou, brigamos e ele me bateu!
Juarez- Meu Deus! (Impressionado)
Ana- Foi aí que eu me levantei e falei umas poucas e boas verdades pra ele – tudo isso com muita dor!
Fernanda- E agora…?
Ana- E agora eu vou tocar minha vida em frente, sem ele! Ele me disse que pagava uma clínica de aborto!
Jana- (chora) Deus!
Ana- Não pude crer! Vou me separar – tudo acabou, ele já tem… Companhia. Se o filho não me quis, o pai vai me querer!
Fernanda- Como?! Você vai pedir ajuda pro Agenor, o pai do Adilson! Não faça isso!
Jana- Não entendi… Como assim?
Fernanda- O Seu Agenor assassinou a mulher, é um ex-drogado e sempre foi um péssimo pai! (Preocupada) Não faça isso, Ana! Se quiser ajuda minha e da Jana…/
Juarez- Ou minha!
Jana- Ou da Carol e Zé…/
Ana- Já estou decidida!
Fernanda- Esse velho é louco! Você está fazendo isso por vingança ao Adilson? Por algo que ele tenha feito de errado? Você está condenando a si e o seu filho também!
Ana- Não quero saber! Vou ter os cuidados de Seu Agenor e juntos vamos criar o meu filho! Adilson tem que aprender uma lição
Fernanda- Pelo amor!
Ana- (ríspida) Vou me trocar… (Se levanta da mesa) Vou visita-lo na cadeia! (Sai de cena)
Fernanda- Esse velho é louco! (Passa a mão na cabeça) Ela não pode fazer isso!

CENAS DE OSASCO

CENA QUATRO. BAR DO BETO. INT. EXT. DIA.
BETO EXPULSA ADAMASTOR DE SEU BAR POR CAUSA DE INCOMPETÊNCIA.
Beto- (joga Adamastor para fora) Sai! SAI! Onde já se viu o operário do bar beber a própria mercadoria?!
Adamastor- (meio zonzo) Eu… Eu nem queria…(soluça)…nem queria trabalhar aqui, nesse pé juso… Chucho… Sujo! (Leva um soco de Beto, caindo)
Beto- Sujo é você, boçal! (Pega a mala de dinheiro de Adamastor) Vê essa mala?
Adamastor- (soluçando) É! Hey! É minha essa mala!
Beto- Era! (Pega o dinheiro e joga pros clientes do bar, que se amontoam para pegar cada cédula) Olha o dinheiro! Era sua essa grana! Era! (Joga a mala no rosto de Adamastor) Seu merda! Agora essa grana pertence aos meus clientes! (Joga uma nota de vinte reais pra Adamastor) Agora some, neguinho!
Adamastor- (se levanta com dificuldades) Eu! Vou mim vingar! Seu fuleira! (Sai do local escorraçado por todos)
Beto- Pega seus vinte reais e vai morar em alguma linha do metrô! (Todos riem) Vagabundo!
Cliente- Vai morar na Diamante! (Conta as notas de dinheiro com felicidade) Ah! Ganhei meu dia!
Beto- Eu também – hoje a cerveja tem desconto! (Todos comemoram) Quero ver todo mundo gastando dinheiro aqui!

CENA CINCO. CASA DE DONA LUANA. INT. DIA. COZINHA.
ZÉ E CAROL PREPARAM O ALMOÇO. DONA LUANA ACORDO MUITO CANSADA.
Carol- Acho que precisa de sal essa carne!
Zé- (tempera a comida) Sem muito sal, tenho pressão alta, lembra?
Carol- Um pouco a mais não ia fazer mal! (Prova) Umh! Agora está bom!
Dona Luana- (entra em cena. Está de pijamas ainda e com um óculos escuros) Hoje está muito claro!
Zé- Oi mãe!
Carol- Oi, Dona Lú!
Dona Luana- Bom dia!
Zé- Olha no relógio, mãe – é boa tarde!
Carol- Ontem o poker foi bom, pelo visto! (Rindo)
Dona Luana- Poker?
Zé- A senhora não foi…/
Dona Luana- Ah, sim! O poker com a… A… A Cassandra! Foi ótimo! Inigualável! Chupamos várias balas de canela! Muitas várias!
Zé- E tinha whisky nessas balas? Parece que está de ressaca!
Dona Luana- Muito açúcar… Muito açúcar! Adrenalina a mil, assim como a diabetes! (Todos riem) Que cheiro bom! Carne?
Zé- Carne de panela com batatas e cenouras!
Carol- Está muito bom!
Dona Luana- Só vou comer as batatas… Carne não, pelo menos por enquanto…
Zé- Ué? Por que?
Dona Luana- Prefiro não comentar! E você, filinha? Como anda?
Carol- Eu? Ah! Bem… Na medida do possível…
Dona Luana- Seu pai? Sua irmã?
Zé- Nossa mãe, parece que não vê Carol há dias, meses!
Carol- Todos estão bem, ainda bem! (Ri)
Dona Luana- E mamãe? (Climão)
Zé- Mãe!
Carol- Está bem… Em algum lugar do além
Dona Luana- E você ainda a visita?
Zé- (ríspido) Que absurdo é esse?!
Dona Luana- Deixe ela responder, poxa!
Carol- Vou visitar minha mãe toda quar…/
Dona Luana- Disso já sei! E você vai visita-la semana que vem?
Carol- Vou si-sim… Mas por que a senhor…/
Dona Luana- Vou pedir pra rezar uma missa! Não se pode mais ser legal nessa terra?! Poxa! (Se levanta) Vou rezar por Virid… Veride…/
Carol- Viridiana Silva. Muito obrigada, Dona Luana!
Dona Luana- Era só isso, amores! Agora vou tomar um banho… (Sai de cena)
Zé- Mal educada!
Carol- Calma, amor! Não precisa ficar assim com sua mãe! Não tem motivos pra ficar assim com ela! Ela só me quer bem!
Dona Luana- (Voice Over) Assino embaixo!
Zé- Pode ser… Pode ser…

CENAS DE SÃO PAULO

CENA SEIS. PRESÍDIO DE SANTANA. INT. DIA. CELA DE AGENOR.
ANA CONVERSA COM AGENOR SOBRE ADILSON, GRAVIDEZ E SEU FUTURO.
Agenor- (dissimuladamente alegre) Grávida! Que maravilha! (Passa as mãos na barriga de Ana) Quanto tempo?
Ana- (com lágrimas nos olhos) Uns três meses, não sei ao certo…
Agenor- E Adilson? Deve esta…/
Ana- Não quer a criança. Pediu pra eu abortar o feto… (Chora) Não consigo entender de onde vem todo esse ódio…
Agenor- (a abraça) Fica fria, Aninha! Tudo vai dar certo! Adilson está nervoso ou algo assim…
Ana- (limpa as lágrimas) Estava pensando que… Que quando o senhor saísse daqui, nós morássemos juntos para criarmos essa criança
Agenor- Amor! Que idéia brilhante! Estava pensando nessa idéia também! Meu Deus! Vai ser sensacional! (Chora) Vou ter uma nova chance de ser um bom pai! E eu, você e Adil…/
Ana- Não! Ele não! Adilson queria que eu tirasse o meu bebê! Se quiser, que marque uma visita pra ver o meu filho
Agenor- Não acha que está sendo muito radical, amor? Tudo bem que Adilson é um pouco nervoso mas… Mas ele tem um bom coração! Eu amo o meu filho! Mais que qualquer coisa!
Ana- Não! Não o quero! (Abraça o sogro) Só quero que o meu filho fique bem!
Agenor- E vai ficar e será criado como um príncipe! Vamos criar uma criança boa! De Deus!
Ana- (abraçada) Com você me sinto tão mais calma, Seu Agenor… Não entendo o motivo de te chamarem de monstro?!
Agenor- Quem disse isso? Adilson, certo?
Ana- É…
Agenor- A partir de hoje, quero que me chame de pai! Pode ser? Pai Agenor!
Ana- E você de filha! Filha Ana! (Riem)
Agenor- Vou cuidar de você como se fosse uma pequena pombinha!
Ana- Te amo, pai!
Agenor- Te amo… Filha minha…

CENA SETE. CASA DE CÉSAR. INT. DIA. SALA DE JANTAR.
A FAMÍLIA DE CÉSAR ESTÁ A ALMOÇAR, COMEMORANDO O NOIVADO DE CÉSAR COM SUA NAMORADA. BEBADO, ADILSON BATE À PORTA, QUERENDO AJUDA DO AMANTE.
Dário- (ergue uma taça) Um brinde ao casal!
Todos- Um brinde!
Clara- Que César e Roberta sejam muito felizes! Parabéns, meu filho!
Roberta- (o beija) Te amo, meu amor!
César- Eu te amo mais que qualquer coisa na vida! (Seu celular toca. Vê que é Adilson mas logo desliga) Epa! Agora não!
Roberta- Quem é?
César- Um amigo… Um colega da firma, nada de importante… (Ergue a taça) Um brinde!
Dário- E onde vocês estão pensando em passar a lua de mel?
Roberta- Paris!
César- Londres… (Riem)
Dário- Paris ou…/ (Interrompido pela empregada)
Empregada- Seu César, telefone pra você!
César- Quem é?
Empregada- Um tal de Adilson…
Dário- Problemas com a empresa, suponho…
César- Licença… (Vai até outra sala atender) Alô?! O que você quer?! Claro que não, tem gente aqui! Minha família, Adilson! Não quero você aqui! Conversamos uma outra hora! Agora não, Adilson! Não venha até… (Adilson desliga o telefone) Puta merda! (Volta pra sala)
Clara- problemas?
Dário- Eu me lembro bem da época quando eu era chefia – todo mundo me ligava a toda hora! (Riem)
César- Um sem noção… Vou demitir ele! (Ouvem a campainha) Porra!
Empregada- Eu atendo… (É detida por César)
César- Não, por favor! É… Esse cara chato que me ligou… Veio tirar satisfações comigo. Eu converso com ele…
Clara- Nossa, lá fora? Convide…/
César- Sim mãe, lá fora… (Sai de casa, agarrando Adilson pelo braço) O que você quer?! Porra!
Adilson- (choroso) Ela terminou comigo! (Chora)
César- Ela quem?
Adilson- A Ana! Aquela vadia terminou tudo comigo!
César- Tá bom… Que… Que pena! Que tal conversarmos sobre isso uma outra hor…/
Adilson- Ela sabe da gente!
César- (congela) O que?!
Adilson- Ela sabe… Ela viu a gente transando, cara!
César- Não! Não pode ser! (Desespera-se) NÃO. PODE. SER!
Adilson- Eu preciso de você nesse momento, meu amor! (Segura a face de César) Preciso do seu corpo! De você! Preciso de nós!
Dário- (entra em cena, surpreendendo-os) Preciso de que!? O que é isso?!
César- (assustado, dá um soco em Adilson) Sai daqui, sua bicha!
Adilson- Mas eu… (Leva um chute na barriga)
César- Eu não sou esse tipo de homem, seu porra! AGORA SOME DAQUI! (Ergue o amante e o empurra para longe) SOME! Desgraçado!
Dário- O que esse gay queria?
César- Me agarrou e começou a falar umas merdas pra mim – disse que tava com AIDS e queria a minha ajuda… Não queria ser demitido
Dários- Esses gays tão começando a abusar das pessoas de bem! Vem César, vamos voltar pro almoço… (Entra em cena)
César- (com adrenalina a mil) Viado! (Adilson corre na direção de César, dando-lhe um soco)
Adilson- Eu não sou viado! NÓS SOMOS VIADOS! (Se espancam)
Dário- (tenta separar a briga)
Adilson- (soca Dário) Seu porra! Seus porras!
Imaginação- Grite! Berre! Berre o que você sente!
Adilson- Na hora de cavalgar, geme igual uma puta! (Chuta o amante)
Roberta- Amor! (Acode César)
Dário- (se levanta, rendendo Adilson. Segura seus braços e pescoço) Desgraçado!
Clara- (chorando) Chamei a polícia!
Adilson- Que bom! Adoro uma suruba!
Roberta- (chora) Cala a boca, desgraçado!
César- Solta ele pai!
Dário- (estático) QUE?
Adilson- Você é surdo, pai? Solta esse pescoço lindo!
César- Esse cara é louco!
Dário- (solta Adilson, que sai correndo) QUE PORRA?!
César- (se levanta com dificuldades) Esse cara é… É um louco… É… Ele…/
Dário- (incrédulo) Roberta, por favor… Vai pra casa!
Roberta- O que? O que?
Dário- Vai logo, sua idiota!
Clara- Eu te levo, Roberta… Entra no meu carro…
Dário- Vai tomar um banho, César… Vamos ter um papo sério!
César- Mas eu…/
Dário- (dá um soco no filho) VAI! PORRA!

Jana- (Voz Over) Que vadia!

CENA OITO. APARTAMENTO DE FERNANDA. INT. DIA.
AS DUAS ESTÃO CONVERSANDO SOBRE A VIDA. JANA NAVEGA PELA INTERNET E FERNANDA ORGANIZA UNS PAPÉIS.
Fernanda- Quem é vadia? Fofoca de séries?
Jana- Sim! A Regina George trai o Aaron Samuels toda quinta na sala de projeção em cima do auditório!
Fernanda- Meu Deus! Que série é essa?
Jana- Às Quartas, Usamos Rosa. É muito bom!
Fernanda- Tenho mais um monte de séries que preciso terminar – logo mais começo essa
Jana- Começa logo! Tá na primeira temporada!
Fernanda- (pensativa) Por que será que Ana brigou com Adilson?
Jana- Não sei, mas parecia coisa séria
Fernanda- Ele queria abortar o filho! Meu Deus! E outra, Ana disse que Adilson já tinha companhia… Ela disse, mas parou, como se houvesse algo além
Jana- Ana pegou o marido com outra na cama, só pode! Daí eles tiveram uma briga feia e pronto, vão se separar!
Fernanda- Não sei… É que… Que parece que tem algo mais aí
Jana- Tipo?
Fernanda- Eu conheço a Ana e sei quando suas palavras tem entrelinhas… Sabe? Quando uma pessoa fala com algo a mais? Não sei explicar…
Jana- Te entendo… Eu acho… E pra onde ela vai? Ou vai continuar aqui com a gente?
Fernanda- Vai prum flat na Vila Madá
Jana- Vila Madalena?! Que legal!
Fernanda- E seu pai? Acha que ele sobrevive àquele doido?
Jana- Que doido? O Adamastor? Ah, com certeza! Esse pobre coitado não pode fazer nada contra ninguém. Conversei ontem com meu pai e ele está mais tranquilo!
Fernanda- Que bom…
Jana- (estuda o rosto de Fernanda) Que foi? Essa cara
Fernanda- Um aperto no coração… Um negócio, sabe?
Jana- Um aperto no coração por causa da Ana e por causa de papai, pode ficar tranquila Fer! Senão, vai ter um treco!
Fernanda- Uma sensação ruim! Deve ser paranóia da minha mente!
Jana- Sim! Agora larga esses papéis e vem ver séries comigo!
Fernanda- Tô vendo Stranger Things e está um espetáculo!
Jana- Vi só o capítulo um
Fernanda- Vamos maratonar!

CENAS DA CUDADE DE SÃO PAULO

CENA NOVE. CASA DE ADILSON. INT. DIA.
ANA ADENTRA A CASA QUE ESTÁ TOTALMENTE DESTRUÍDA. TUDO NA SALA E COZINHA ESTÁ ABAIXO – MENOS SEU QUARTO.
Chica- (ajuda Ana) E ele estava gritando, esperneando e jogando tudo contra tudo
Ana- Meu Deus! Não deveria mas estou me sentindo muito culpada!
Chica- Por tudo isso?
Ana- É… Merda! (Adentram o quarto)
Chica- Aqui está inteiro!
Ana- (abre os armários) Ainda… (Tira algumas roupas do armário e as coloca em cima da cama)
Chica- Quer uma mala?
Ana- Tem uma bege aqui… (Aponta) Aqui em cima. Pega e organiza tudo?
Chica- (vê a mala e a puxa) Aqui! (Abre-a – um revólver e algumas balas dentro) Jesus! (Assustada)
Ana- (em choque) O que? O que?! O que! (Pega uma camiseta e enrola a arma) Deus! Deus!
Chica- O que esse homem quer, Ana?!
Ana- Não sei?! Eu… Eu… (Põe a arma em cima da cama) Não sei o que fazer! O que ele quer com essa arma?
Chica- Quer que eu a guarde? Que eu leve até a Delegacia? Você sabia que arma ilegal é crime?
Ana- Sim… Sim… Sim… Desculpe, estou nervosa! (Pega as balas com uma outra camiseta, as enrola e junta com a arma) Agora, vamos colocar bem longe essa arma de Adilson!
Chica- Vamos denuncia-lo!
Ana- E o pior que essa arma é legal! Está no nome do Adilson… Lembrei agora… Bota na sua bolsa, Dona Chica! E guarde essa coisa! Adilson não pode saber que sabemos da arma! (Nervosa) Abre o armário de cima, rápido! Guarda essa mala!
Chica- Por?!
Ana- Ele não pode desconfiar que sabemos da arma e das munições! Se me ver com essa mala bege, vai desconfiar na hora!
Chica- Tem outra?
Ana- Sim! (Mexe em outras partes do armário) Essa preta, é um pouco menor mas dá pro gasto! (A abre e coloca toda a sua roupa muito rapidamente) Deus! Deus! Deus! Vou prum flat na Vila Madalena. Esse doente não pode saber que estive aqui!
Chica- Vamos rápid…/ (Ouvem a porta abrir)
Ana- Meu Deus! Estamos ferradas!
Chica- (nervosa, urina nas calças) Esse doente vai nos matar! (Segura o choro)
Ana- (tapa a boca da vizinha. Fala aos sussurros) Ouve? Ele está mexendo em alguma coisa da cozinha… Eu vou distraí-lo… A senhora foge com a…/
Chica- (chorando) Não… Não…
Ana- Vamos, Chica! Eu vou…/
Adilson- (entra em cena) Vamos, Chiquititas! (Com um copo de Whisky na mão) Vai logo, some!
Chica- (pega a bolsa de Ana aos prantos) Ana, vem Ana!
Adilson- (rindo) Ela fica! Temos o que conversar! (Olha pro armário)

…CONTINUA…

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