Em nome do filho

“Em Nome do Filho” – Capítulo 27 ÚLTIMOS Capítulos

 

Roteiro de Telenovela Brasileira                 Capítulo 027

 

 

Uma novela de:

Wesley Alcântara

 

 

 

 

 

Cena 01. Sanatório/ Garagem/ Int./ Dia.

Fabrício está com o porta-malas do carro aberto, e anda de um lado para o outro, bem impaciente. Pouco depois Yvete chega com Eva.

Eva beija Fabrício.

Yvete (tensa) – Anda gente, vai embora. Tá na hora já!

Fabrício deita Eva dentro do porta-malas e fecha.

Fabrício (a Yvete) – Obrigado por tudo.

Yvete – Amanhã eu fujo, mas precisarei de abrigo.

Fabrício – Você sabe meu endereço. Pode ir para lá.

Fabrício abraça Yvete e sai.

Yvete (sorridente) – Chegou a hora da onça beber água.

Yvete começa a rir diabolicamente.

Corta para:

Cena 02. Matagal/ Estrada/ Ext./ Dia.

Miguel chega de carro em um enorme matagal deserto. Ele sai do carro.

Miguel – Acho aqui perfeito.

Ele retira uma pá do carro e começa a cavar.

Corta para:

Cena 03. Mansão Trajano/ Sala de Estar/ Int./ Dia.

Mafalda está conversando com Marinês, que limpa o local.

Mafalda – Marinês, você viu o meu brinco de rubi?

Marinês – Vi não dona Mafalda.

Mafalda começa a olhar para o chão.

Mafalda – Aquilo vale uma fortuna e eu perdi, não sei se aqui em casa ou na rua.

Nesse instante Meg aparece, com olheiras e cabisbaixa. Ela atravessa a sala em direção a saída.

Mafalda – Vai onde Meg Trajano?

Meg (triste) – Vou a uma reunião com os vereadores.

Mafalda – Mas eles são opositores, você sempre os odiou.

Meg – Pra tudo na vida há um recomeço.

Mafalda – Minha irmã, você tá com febre?

Meg – Quem me dera Mafalda. Acho que é algo bem pior do que febre. É um pesadelo terrível.

Mafalda (a Marinês) – Vá para a cozinha adiantar o almoço, quero falas a sós com a minha irmã.

Marinês – Sim senhora.

Marinês sai em direção à cozinha.

Mafalda – Venha cá, sente-se aqui minha irmã, acho que precisamos conversar.

Meg se senta no sofá e começa a chorar. Mafalda a abraça e começa a fazer carinho.

Meg (chorando) – Eu sou um monstro, Mafalda. Um monstro!

Mafalda – Calma minha querida, relaxa e desabafe com a sua irmã. (t) Eu sei que nunca fomos as irmãs mais unidas da face do Globo Terrestre, mas acho que nunca é tarde para colocar o sangue para falar mais alto. Desabafe ou desabe, se for o caso.

Meg – Não há situação ruim, que não possa piorar. O Álvaro foi embora de casa ontem à noite.

Mafalda fica perplexa.

Meg – E eu no lugar dele teria feito exatamente a mesma coisa.

Mafalda – Não de subestime. Vocês só não se amavam mais. Isso se chama incompatibilidade de quereres. Cada um vai seguindo seu fluxo, como um rio, que depois de um longo trajeto, tem suas águas divididas. A vida é assim.

Meg – Quem dera que fosse apenas falta de amor. A coisa é bem mais séria Mafalda. Eu acabei me envolvendo numa trama de ambição e me sinto suja. Aliás, eu não me sinto suja, eu estou suja, atolada até o pescoço. Sabe quando a gente tem choque de realidade?

Mafalda assente com a cabeça.

Meg – Então, é assim que eu estou hoje. Mas apesar dos pesares, eu me sinto mais leve, meu fardo já pesa bem menos. Eu pude ao menos, contar toda a verdade ao homem com quem fui casada durante vinte anos.

Mafalda – E pelo que vejo, eu sou a próxima, a saber?

Meg (se levantando) – É. Mas antes eu preciso acertar umas contas. É coisa rápida, juro que volto para o almoço.

Meg seca as lágrimas e sai.

Corta para:

Cena 04. Rodovia/ Ext./ Dia.

Carro de Miguel segue pela estrada.

Corta para:

Cena 05. Casa de Fernanda/ Quarto de Fernanda/ Int./ Dia.

Malu entra no quarto e percebe que Fernanda não está. Ela senta na cama, pensativa.

O telefone toca, e ela atende a extensão do quarto.

Malu (tel.) – Alô… Oi seu Lucído, tudo bem? Nossa quanto tempo… É, Edu e eu estamos separados, infelizmente… Encontrar o senhor agora? Mas é que… Tá bem, eu vou. Na praça em meia hora, pode ser? Beijo.

Malu desliga o telefone e sai do quarto apressada.

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Cena 06. Rio de Janeiro/ Apto. de Fabrício/ Sala/ Int./ Dia.

A porta se abre e Fabrício entra.

Fabrício (receptivo) – Seja bem vinda ao meu cantinho.

Eva entra na sala, sorridente e observando tudo a sua volta.

Eva e Fabrício se beijam.

Eva – Eu sei que é meio cedo pra falar nessas coisas, mas Fabrício, eu sei que você é o homem da minha vida. Não vamos perder tempo, eu quero casar-me com você.

Fabrício – Tem certeza do que está falando?

Eva – Tão certa quanto dois e dois são quatro. Não há nada na vida que eu queira mais. Acho que já fui castigada e já sofri demasiadamente para ficar perdendo tempo. Não existe tempo certo ou errado para se amar.

Fabrício – Você me convenceu.

Eva vai até uma estante cheia de livros e fica olhando com falsa admiração.

Eva – Você tem muitos títulos.

Fabrício – Eu sou um escritor, é normal que eu ame os livros.

Eva – Eu também amo os livros, sabe? Eu até trabalhei numa livraria. Uma pena que esta livraria esteja fechando.

Fabrício – Onde fica essa livraria?

Eva – Lá no Espírito Santo, em Flores, conhece?

Fabrício – Conheço e conheço muito mesmo. Meu pai era de lá, o Ângelo Queirós.

Eva – O dono da livraria, o Lucas, está vendendo-a por preço de banana e mesmo assim não consegue comprador. Eu queria muito compra-la e reergue-la.

Eva fica cabisbaixa.

Fabrício – Não fique triste, dinheiro nunca foi problema para mim, eu a compro para você. Vamos fazer assim: casamo-nos o mais rapidamente e passamos a lua de mel em Flores, aí você assume a administração da livraria. Sabe, eu quero mesmo mudar daqui do Rio.

Eva (feliz) – Nossa, você me surpreende a cada palavra. Nem sei como te agradecer.

Fabrício – Um beijo. Um beijo agradece.

Eva e Fabrício se beijam.

Eva – Agora liga pro Lucas e firma o acordo.

Fabrício – Tá ok!

Fabrício pega o celular e começa a discar.

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Cena 07. Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ Dia.

Milena está de pé, no meio da sala, ninando Vitor. Pouco depois Meg entra na sala, sem tocar a campainha.

Milena (assustada) – Ai Meg, que susto.

Meg (cochichando) – Sua sogra está aí?

Milena – Tá lá no quarto.

Meg – Eu vou subir e fazer aquilo que ninguém nunca teve coragem. Se ouvir gritos, não se incomode e, por favor, não deixe a criadagem subir.

Milena – Pode deixar comigo.

Meg sobe as escadas e Milena continua ninando Vitor, só que mais feliz.

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Cena 08. Mansão Amadeu/ Quarto de Vitória/ Int./ Dia.

Vitória está sentada de frente para o espelho de sua penteadeira, se maquiando.

De repente, Vitória vê pelo espelho, Meg a olhando. Vitória fica surpresa, em seguida sorri mais aliviada.

Vitória (se levantando) – Amiga.

Meg (sonsa) – Ainda me considera sua amiga?

Vitória – A única que tenho. Estava mesmo precisando da sua ajuda.

Meg – Eu sempre estive aqui para te ajudar né Vitória? Te ajudei a conquistar o Ângelo, guardei o segredo da morte da Jerusa, também te ajudei a fazer seu pé de meia no divorcio do Ângelo. Fui cúmplice, quando você matou a Dama queimada e soube de tudo , pela sua boca, quando você matou o Antero.

Vitória – Para isso servem as amigas.

Meg – Será que você me considerava como amiga, ou como cúmplice das suas tramoias?

Vitória – Amizade e cumplicidade são palavras que andam lado a lado.

Meg – Só que você não foi minha amiga, minha cúmplice, no momento em que eu mais precisei. Você simplesmente me virou as costas.

Vitória – Eu não sou boa em ouvir. Psicologia de botequim nunca foi meu forte.

Meg – Disso eu não tenho dúvida. Você nunca conseguiu resolver seus problemas com diálogo. Sempre passou por cima das pessoas e dos sentimentos, feito um tanque de guerra.

Vitória – Onde você quer chegar com tudo isso?

Meg – Lembra daquela feira de atualidades, que nós fomos, lá em Brasília?

Vitória – Claro.

Meg – Nós fomos passando de barraquinha em barraquinha, animadas, felizes, tudo era uma eterna festa, até que no fim da última barraquinha, nós percebemos que a rua era sem saída.

Vitória – E o que isso tem haver agora?

Meg – Eu fui sua cúmplice por muito tempo. Você foi sempre feliz: matando, enganando, mentindo e escondendo. Só que chegou ao fim da rua e ela é sem saída. Acabou Vitória Lemos de Amadeu, acabou pra gente.

Vitória começa a rir.

Vitória – Se você contar para a polícia, vai presa também.

Meg – Esse é o objetivo.

Vitória fica tensa.

Meg – Como eu pude lidar com um ser esdrúxulo como você? Meu Deus, como pude me rebaixar e me deixar corromper por tanto tempo. Eu fiz mal a tanta gente, por nada. Eu me sinto um lixo.

Vitória – E você é um lixo. Se sente a rainha da cidade, mas não passa de uma cafona deslumbrada, uma piranha mal amada, que supre o amor que nunca teve do marido, brincando de administrar a cidade.

Meg, muito abalada, dá um tapão na cara de Vitória, que cai na cama.

Meg (nervosa) – Cala a boca sua vadia.

Vitória – Você não tem ninguém que te ame. Nem sua irmã, nem sua tia e nem o pamonha do seu marido. Todo mundo te suporta apenas.

Meg pula pra cima da cama.

Meg (em cima de Vitória, imobilizando-a e dando muitos tapas em sua cara) – Essa daqui é por ter achado que eu seria seu capacho a vida toda. Sua vagabunda. Isso que você é, uma vagabunda ordinária. Eu tenho nojo de você.

Meg se levanta e olha fixamente para Vitória.

Meg – Gosto assim, apanhou quietinha. Agora saiba de uma coisa, eu tenho a cópia do DVD da Tia Pombinha, se tentar me matar, vai terminar seus lamentáveis dias vendo o sol nascer quadrado.

Vitória continua imóvel. Meg vai até a penteadeira, ajeita seu cabelo, passa um perfume de Vitória.

Meg (olhando o frasco de perfume) – Esse é aquele perfume francês carésimo e que parou de ser fabricado?

Meg joga o frasco com força no chão, que se quebra.

Meg (falsa desculpa) – Ops, caiu amiga!

Meg sai do quarto.

Close no rosto de Vitória, muito ensanguentado e com um olho roxo. Ela se levanta da cama, com muita dificuldade, e se senta na penteadeira, olhando para o espelho. Vitória começa a chorar.

Corta para:

Cena 09. Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ Dia.

Milena está sentada no sofá, dando de mamar a Vitor, quando Meg desce as escadas, triunfante, altiva.

Milena – Eu ouvi daqui os estalos dos tapas.

Meg (soberba) – E pela magnitude da minha pele, você já sabe quem apanhou né?!

Milena (cochichando) – Posso te confessar uma coisa?

Meg – Diga!

Milena – Eu amei saber, que alguém freou e deu o que a Vitória merecia. Há tempos que ela precisava desse cala boca.

Meg – Esse foi só o primeiro degrau da derrocada dela. Eu vou fazer da vida da Vitória, um verdadeiro inferno.

Meg vai se encaminhando em direção a porta, quando Tia Pombinha chega à sala, pela porta de entrada.

Tia Pombinha – Já vai minha sobrinha?

Meg – Mais tarde eu te ligo tia. Tenho uma proposta irrecusável para você.

Tia Pombinha – Isso quer dizer o que?

Meg (saindo) – Mais tarde, mais tarde…

Meg sai e Tia Pombinha fica pensativa.

Milena – Acho bom à senhora ir dar assistência a Vitória. Acho que a sua sobrinha deu um solavanco que a megera nunca mais vai esquecer.

Tia Pombinha (feliz) – Jura?

Milena – Daqui debaixo, deu para ouvir os estalos dos tapas.

Tia Pombinha – Deus que me perdoe, mas bem feito. Isso foi pouco para a Vitória, muito pouco!

Tia Pombinha sobe as escadas.

Corta para:

Cena 10. Praça Central/ Ext./ Dia.

(Música “Uma História de Amor” – Fanzine). Imagens aéreas da praça. Com pessoas passeando pelo local, crianças brincando e um vai-e-vem de atletas em treinamento.

Corta para:

Cena 11. Praça Central/ Chafariz/ Ext./ Dia.

Lucído está sentado olhando para o chafariz, quando Malu aparece e senta-se ao seu lado. Os dois se cumprimentam com um beijo no rosto.

(Fad out trilha).

Lucído – Ah, que bom que você veio.

Malu – Olha seu Lucído, eu vim, mas isso não quer dizer que eu vá…/

Lucído (corta) – O Edu tá indo hoje pro Rio.

Malu fica surpresa e pouco depois, decepcionada.

Malu (cabisbaixa) – Ah…então é verdade. Ele vai mesmo para a casa do César.

Lucído – Ele vai. Tá muito difícil pra ele viver aqui. São muitos momentos ruins. Ele tinha fixação pelo pai, que de uma hora para outra se mudou para outro estado. Ele te ama mais que tudo e num gesto inconsequente, acabou te perdendo também.

Malu – Me perdoe, mas o gesto dele, não foi nada inconsequente, muito pelo contrário, foi bem pensado.

Lucído – Eu não vou ficar sendo o advogado do diabo aqui minha filha, mas o Edu te ama de verdade. Tanto é, que a Tamara esteve inúmeras vezes atrás dele lá em casa e desde aquele fato, ele abriu o jogo e disse que aquele beijo foi num momento de descuido e que aquilo nunca representou nada para ele.

Malu fica pensativa.

Lucído (sereno) – Malu, eu vim aqui, não querendo me meter na relação de vocês, mas vim para poder tentar te ajudar. A relação de vocês era tão sólida, eu sei que a Julieta fez um inferno na vida de vocês, que nunca escondeu o desejo de acabar com esse romance. Mas eu, um velho, não estaria aqui perdendo o meu tempo, se não acreditasse no amor que um sente pelo outro. Eu juro a você, eu não vejo felicidade nos seus olhos, como também não vejo nos olhos do meu neto.  Acho que vocês tem que se dar uma chance, tentar reerguer tudo.

Malu – Mas aqui, nessa cidade, a Julieta e a Tamara vão infernizar com a nossa vida.

Lucído – Aproveita essa viagem do Edu e vai com ele. Deixa de ser boba menina, vocês são novos e tem mesmo é que ir atrás de aventura e muita diversão. Saiam dessa cidadezinha provinciana e descubram que o mundo é dos jovens. Divirtam-se nos shoppings centers, dancem muito nas boates, amem-se na praia e acima de tudo: VIVAM!

Malu abre um belo sorriso.

Lucído – Seus olhos estão brilhando, vá em busca do que você quer. Não importa se vai ser fácil ou difícil, mas tente. Não dê uma chance ao Edu, mas dê essa chance a você. Dê uma chance a sua felicidade. Seja feliz! Esse orgulho besta não leva ninguém a lugar nenhum. Olha pra mim, por orgulho, eu não assumi a Eneida e hoje estou aí: sem mulher, sem filha, sem família. O tempo passa rápido e a vida é curta demais pra perder tempo.

Malu (feliz) – Eu vou agora dizer ao Edu que eu vou nessa viagem com ele e por ele.

Malu se levanta.

Malu – Obrigada por tudo senhor Lucído.

Malu sai feliz, saltitante. Lucído fica sentado muito satisfeito.

Corta para:

Cena 12. Sanatório/ Quarto de Eva/ Int./ Dia.

O quarto está vazio e a cama já arrumada. Ellen entra no quarto e começa a vasculhar as gavetas da cômoda, mas percebe que estão todas vazias.

Ellen (pra si) – A filha da mãe fugiu, e eu sei bem quem a ajudou.

Corta rápido para:

Cena 13. Sanatório. Quarto de Yvete/ Int./ Dia.

Yvete está deitada na cama, lendo um livro e com um semblante de muita satisfação. Pouco depois, Ellen entra no quarto, feito um furacão.

Ellen (exaltada) – Onde ela está?

Yvete, calmamente, para de ler e olha para Ellen.

Ellen (gritando) – Diz, onde ela está?

Yvete (calma) – Ela quem?

Ellen – Não se faça de idiota. Estou perguntando onde está a Eva.

Yvete – No meu bolso é que não está.

Ellen – Não se faça de idiota Yvete, onde aquela dissimulada foi parar?

Yvete – Você está vendo ela no meu quarto? Não. Então, por uma questão lógica, eu não sei por onde a Eva anda. E posso dizer mais? Tô pouco me lixando para onde ela foi ou deixou de ir.

Ellen – Eu te aposto, que você armou e conseguiu fazer aquela mulherzinha fugir.

Yvete (calmíssima) – Se isso realmente aconteceu, o problema é todo seu. Aliás, você é paga pra isso, manter os internos dentro das regras e longe das fugas e rebeliões. Com certeza o seu chefe não vai gostar nada de saber que você perdeu uma paciente.

Ellen bafora de tanta raiva e sai pisando duro.

Corta para:

Cena 14. Mansão Trajano/ Quarto de Mafalda/ Int./ Dia.

Mafalda está organizando o guarda-roupa. Colocando algumas roupas em um saco e outras redobrando e colocando de volta no lugar. Alguém bate a porta.

Mafalda – Pode entrar.

A porta abre e Meg entra muito aflita.

Meg – Tem alguns minutinhos pra mim?

Mafalda – Mas é claro. Pela sua cara, vejo que não é coisa boa.

Meg – Eu acabei de voltar da casa da Vitória.

Mafalda – Mas você não iria à prefeitura?

Meg se senta na cama.

Meg – Não. Eu acabei de dar uma surra na Vitória. Uma surra como ela nunca levou na vida.

Mafalda fica espantada.

Corta para:

Cena 15. Mansão Amadeu/ Jardim Frontal/ Ext./ Dia.

O carro de Miguel para bem em frente à porta de entrada, ele desce muito agitado e entra em casa.

Corta para:

Cena 16. Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ Dia.

Tia Pombinha e Milena estão sentadas no sofá, conversando. Miguel entra muito aflito.

Milena (a Miguel) – Aconteceu alguma coisa?

Miguel – Não enche o saco Milena, eu quero falar com a minha mãe, cadê ela?

Tia Pombinha (debochada) – Deve estar colocando compressa de água quente na fuça.

Miguel (desorientado) – Alguém, por favor, chama a minha mãe? Eu preciso falar com ela urgente.

Nesse instante Teresa aparece.

Teresa – Quer que eu chame?

Miguel – Chama agora, diz que é muito urgente. Eu tô esperando-a no escritório.

Teresa sobe as escadas em direção ao quarto de Vitória e Miguel vai em direção ao escritório.

Tia Pombinha – Pelo jeito, seu digníssimo esposo fez algo muito sério.

Milena – Tipo?

Tia Pombinha – Ou ele fez algo muito sério, ou a mentira da gravidez que vocês inventaram, não está dando muito certo.

Milena (assustada) – Você sabia desde o início?

Tia Pombinha – Eu tenho meus informantes, e esse plano de vocês, foi sutil feito um elefante.

Milena fica visivelmente preocupada.

Corta para:

Cena 17. Mansão Trajano/ Quarto de Mafalda/ Int./ Dia.

Meg está de pé, andando de um lado para o outro, visivelmente aflita. Já Mafalda, está sentada em uma poltrona, olhando para Meg.

Mafalda – A hora que você quiser começar, será essa mesma.

Meg respira fundo e fica parada no lugar.

Meg – Você sabe que eu fui prostituta como a Vitória. Isso não é segredo, que lá em Vila Velha, nós éramos pombinhas da Madame Catalina.

Mafalda – Um passado seu que eu reprovo.

Meg – Enfim, desde aquela época, a Vitória era ambiciosa. Estava naquela vida, mas seu desejo era casar-se com um velhote rico.

Mafalda – Tipo o Ângelo.

Meg – Exato. O fato é que não sei por que cargas d’água o Ângelo apareceu lá. Saiu com a Vitória e dois dias depois apareceu lá novamente, mas dessa vez saiu com outra mulher, a Jerusa. Até aí normal, pois clientes gostam de variar. Mas acontece que a Vitória ficou sabendo que o Ângelo era rico.

Mafalda – Aí usou a sedução para poder laçar o Ângelo?

Meg – A essa altura da história, o Ângelo estava apaixonado pela Jerusa. Eles começaram a ter um caso, e ele acabou engravidando ela. Por um bom tempo, a Jerusa sumiu e teve a filha dela na casa da irmã, e deixou essa irmã cuidando da criança.

Mafalda – Resuma a história, eu não tô entendendo onde essa história vai dar.

Meg – O fato é que antes da Jerusa contar para o Ângelo que tinha tido uma filha com ele, a Vitória matou a Jerusa. Matou e escreveu uma carta em nome da coitada, contando que nunca gostou dele. O fato é que o Ângelo, um homem tão esperto, caiu na lábia da Vitória, e desiludido casou com ela e a trouxe para Flores.

Mafalda – A Vitória matou uma pessoa?

Meg – A Vitória matou não só uma pessoa. A Vitória matou três pessoas. E eu sabia de todos esses assassinatos.

Mafalda (horrorizada) – A Vitória é uma assassina e você acobertou? Como você pode saber de tanta sujeira e ficar calada, agir naturalmente?

Meg – A Vitória me envolveu, eu não sei como, mas quando eu vi, já estava atolada até o pescoço. (t) Mas o fato é que você conhece a filha do Ângelo.

Mafalda – Conheço?

Meg – Regina Albuquerque Leão, vulgo, Regininha.

Mafalda fica em estado de choque.

Meg – Ela foi criada pela tia, a Dama Albuquerque. A Dama criou essa menina, nutrindo nela o desejo de acabar com a vida da Vitória, mas infelizmente, uma das vítimas foi a tia dela.

Mafalda – Então a tia da Regininha, foi morta pela Vitória?

Meg – A Vitória queimou a mulher viva.

Mafalda fica pasma.

Mafalda – Quanta crueldade, meu Deus. Mas quem é a outra vítima dessa despudorada?

Meg – Antero. Ela dopou e jogou o corpo dele na linha do trem na saída da cidade.

Mafalda – E você sabia de tudo?

Meg – A Tia Pombinha seguiu a Vitória e gravou a morte do Antero. É por isso que ela está malocada lá na casa da Vitória.

Mafalda (preocupada) – Tia Pombinha pode ser a próxima vítima dessa louca.

Meg (emocionada) – Não. Por algum álibi, que desconheço, a Tia Pombinha está salva por enquanto. A próxima Vítima da Senhora Vitória Amadeu, serei eu!

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Cena 18. Mansão Amadeu/ Escritório/ Int./ Dia.

Miguel e Vitória estão sentados conversando. Conversa já iniciada.

Vitória – Então quer dizer que a Fernanda há essa hora encontrou São Pedro?

Miguel – Mãe, a história não é assim tão simples assim. Eu matei uma pessoa, e agora?

Vitória (fria) – Alguém viu? Foi em centro de cidade?

Miguel – Foi numa estrada deserta, eu a atropelei e depois enterrei num matagal.

Vitória (contente) – Menos uma pra pesar na face da Terra. Ninguém vai dar falta.

Miguel – Mas ela tem uma filha.

Vitória – Deixa comigo agora. O restante do jogo eu termino.

Miguel fica desesperado e seu celular toca.

Miguel (nervoso) – Deve ser a polícia. Meu Deus é a polícia.

Vitória – Atende isso logo. Naquela estrada não passa nem carro, quem dirá esses preguiçosos desses palermas de uniforme.

Miguel atende o celular.

Miguel (cel.) – Alô. Oi Ellen…

Vitória – Se for dinheiro, fala que a gente não tem mais. Mulherzinha mesquinha, toda hora quer dinheiro.

Miguel (cel.) – O que? Como foi isso? (PAUSA) Mas eu te paguei muito bem para vigiar essa louca. Dá seu jeito e vai atrás dela, agora. Se vira.

Miguel desliga o celular.

Vitória – E o que a extorque queria?

Miguel – Me ligou pra avisar que a Eva fugiu.

Vitória – E você tá preocupado com ela?

Miguel – Lógico que não. Mas quero-a sob os nossos domínios.

Vitória – Mudando de assunto, Miguel eu preciso de dinheiro.

Miguel – Pra que?

Vitória – Não tá vendo a minha cara toda inchada não?

Miguel – Tô, mas tô tão nervoso que até esqueci-me de perguntar o que houve.

Vitória – A Meg esteve aqui em casa e me deu uma surra. É que ela sabe demais da minha vida e tá decidida a acabar comigo, eu preciso fugir ainda hoje. Vou pra São Paulo e de lá passo uma temporada em Buenos Aires, mais ou menos um mês, até o caldo esfriar.

Miguel – Eu não tenho muito dinheiro, mas pra essa fuga, acho que é suficiente.

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Cena 19. Flores/ Pontos Turísticos/ Ext./ Dia-Noite.

(Música “Uma história de Amor” – Fanzine.) Transposição do dia para a noite com vista aérea, plano aberto. CAM aérea faz um clipe dos principais pontos turísticos da fictícia cidade de Flores. Clipe com suaves emendas das imagens, a fim de mostrar toda a beleza da cidade, na seguinte ordem: 1º: Pórtico de entrada da cidade, , com o letreiro “Bem vindo à Flores” . 2º: Praça Central, com um lindo chafariz no meio, e uma iluminação toda sincronizada e colorida. 3º: Cruzeiro Municipal, localizado no morro mais alto da cidade, com uma cruz imensa branca, feita em concreto e com iluminação interna, cercado por um grande gramado que é delimitado por canteiro de diversas flores campestres.

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Cena 20. Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ noite.

A sala está com duas malas ao centro, enquanto Teresa desce as escadas com outra mala e a coloca ao lado das outras. Tia Pombinha vem vindo da cozinha e estranha.

Tia Pombinha – Quem está se mudando?

Teresa – A dona Vitória vai viajar para São Paulo.

Tia Pombinha – E precisa levar isso tudo?

Teresa – Ela sempre foi muito vaidosa.

Tia Pombinha – Isso pra mim tá com cara de fuga.

Teresa – O que?

Tia Pombinha – Não é nada.

Teresa sai em direção à cozinha e Tia Pombinha se senta no sofá. Logo depois descem: Milena com Vitor no colo, Miguel, Vitória e Eneida.

Eneida (a Vitória) – Tem certeza de que você deseja mesmo fazer essa viagem tão apressada?

Vitória – É um mal necessário. Eu preciso esfriar a cabeça, antes de voltar e enfrentar coisas terríveis.

Tia Pombinha – Não vai esperar a vinda da Gaivota?

Vitória – A Gaivota que voe sozinha, tô me lixando pra ela.

Vitória pega uma mala, enquanto Miguel pega as outras duas e saem em direção ao jardim.

Corta para:

Cena 21. Mansão Amadeu/ Jardim/ Ext./ Noite.

Um táxi está parado em frente a porta principal. Miguel termina de colocar as malas no porta-malas e fecha. Vitória abraça Miguel muito forte.

Vitória – Eu não sei qual o rumo que a minha vida vai tomar daqui pra frente. Talvez esse seja um adeus, um até breve, ou uma despedida em definitivo. Mas eu prometo, de onde eu estiver, estarei pensando em você meu filho.

Miguel começa a chorar.

Miguel – Eu odeio despedidas.

Miguel entra correndo em casa, quando Vitória vai entrar no táxi, Tia Pombinha corre e a segura forte pelo braço.

Vitória (raiva) – Larga meu braço, sua…/

Tia Pombinha – Você não vai escapar tão fácil da Gaivota e nem sair impune de todas as atrocidades que fez.

Close em Vitória assustada.

FIM

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