Em nome do filho

“Em Nome do Filho” – Capítulo 26 “últimos Capítulos”

Roteiro de Telenovela Brasileira                 Capítulo 026

 

 

Uma novela de:

Wesley Alcântara

 

Cena 01. Sanatório/ Varanda/ Ext./ Dia.

Continuação imediata do capítulo anterior.

Eva puxa Fabrício e lhe dá um beijaço, quando Regininha aparece com uma sacola térmica nas mãos e se aproxima dos dois, que continuam o beijo.

Regininha (surpresa) – Fabrício?

Fabrício e Eva levam um susto e param de se beijar. Regininha olha surpresa para Eva, que fica muito assustada.

Fabrício (se levantando/ atônito) – Não é nada disso que você está pensando, Regininha eu…/

Regininha (corta) – Você não me deve satisfações, por favor, eu não tenho nada haver com a sua vida. Vim apenas te trazer o almoço.

Regininha entrega a sacola nas mãos de Fabrício, que sai apressado em direção à cozinha.

Eva (surpresa) – Regininha? O que faz aqui?

Regininha – Virando figurinha fácil hein Eva, dessas que os rapazes pegam, usam e jogam fora. Meses atrás você era apaixonada pelo Miguel, morria de amores por ele, que ele era o homem da sua vida, que não conseguia viver sem ele, agora te encontro aos beijos com o Fabrício, o irmão dele, qual é a sua?

Eva – Você vai me ouvir?

Regininha – Já ouviu dizer na seguinte frase: “Uma imagem vale mais do que mil palavras”? Pois é Eva, eu vi você se dando ao desfrute com um homem casado.

Eva – Mas a mulher dele não o ama.

Regininha – E isso é problema seu?

Eva (cabisbaixa) – Eu errei, mas é por uma causa nobre. Será que você ao menos poderia me escutar?

Regininha olha para Eva com ar de reprovação.

Corta para:

Cena 02. Mansão Trajano/ Quarto de Álvaro e Meg/ Int./ Dia.

Álvaro e Meg estão de pé, tendo uma conversa tensa. Sendo mais tensa para ela.

Álvaro (surpreso) – Diz que é mentira o que acabei de ouvir, anda diz.

Meg – Você pode me chamar de criminosa, de maluca, de faceira, do que quiser Álvaro, mas a última coisa que eu sou é uma mulher fútil.

Álvaro – Não desvie de conversa. Fala Meg, você ajudou a matar alguém?

Meg começa a chorar.

Álvaro (gritando) – Eu tô perdendo a paciência contigo. Anda Meg, fala tudo de uma vez.

Meg – Eu escondi o meu passado de você. No passado, eu vivi durante muitos anos separada da Mafalda, vivi com a Tia Pombinha, em Vila Velha, mas acontece que lá, eu tinha que trabalhar para sustentar a casa, então achei um anúncio num jornal e fui ser garçonete em uma casa noturna. Acontece que essa casa noturna me pagava muito pouco, lá era ponto de prostituição e então eu comecei a ver as meninas ganharem muito bem, usando roupas de luxos, fazendo ótimos passeios em dias de folga e acima de tudo, eram felizes.

Álvaro – Aí eu já sei, você foi para a vida fácil. Foi ganhar dinheiro debaixo dos machos, não é?

Meg – Fui, fui mesmo e não me arrependo. O dinheiro foi importante pra eu ser a Meg Trajano de hoje.

Álvaro – Que Meg? Hein, que Meg? A Meg que rouba e destrói a cidade? A Meg fútil, que passou todos esses anos mais interessada no preço do delineador do que com a renda bruta que girava em torno do município? Você tornou-se um nada, um ser dispensável.

Meg – Chega de me humilhar, ou eu não conto mais nada.

Álvaro – Eu acho que é um pouco tarde para você se ofender e fazer imposições. Mas vá adiante, conte mais sobre a sua vida de rameira.

Meg – Dessa casa noturna, eu fui para a Boate Rua Treze, lá pagava mais e era uma prostituição de luxo. Eu conheci a Vitória e meses depois conheci a chefona do bando, a Madame Catalina.

Álvaro (espantado) – Quer dizer que a Vitória…/

Meg – Assim como eu, a Vitória também era prostituta, e todos os meus problemas estão ligados ao passado dela. Depois de anos, a Vitória conheceu o Ângelo, que era apaixonado por outra prostituta. Aí começou a luta para ver quem ficava com o milionário. Claro, a Vitória ganhou, mas para isso, jogou a pobre da Jerusa de um penhasco, simulando um acidente.

Álvaro fica surpreso.

Corta para:

Cena 03. Sanatório/ Cozinha/ Int./ Dia.

Fabrício coloca um prato de comida dentro do micro-ondas e senta-se a mesa, pensativo.

***Insert do flashback da cena 28, do capítulo 24***.

Sanatório/ Varanda/ Ext./ Dia.

Eva puxa Fabrício e lhe dá um beijaço, quando Regininha aparece com uma sacola térmica nas mãos e se aproxima dos dois, que continuam o beijo.

Regininha (surpresa) – Fabrício?

***Fim do Insert do flashback***

Fabrício (pensativo) – Meu Deus, o que eu tô fazendo com a minha vida?

Nesse instante Yvete aparece.

Yvete – Tá fazendo a coisa certa.

Fabrício – Que mané coisa certa. Nada está sendo certo aqui. Eu sou casado.

Yvete – Você não ama a Ana Rosa, que não ama você. Vão continuar nessa farsa? Não há filhos ou interesses que os prendam nesse casamento.

O micro-ondas apita e Fabrício se levanta.

Fabrício – Eu vou almoçar, e por gentileza, gostaria de fazer isso sozinho, me permite?

Yvete – Acaba de uma vez com esse casamento. Quem prolonga sofrimento é câncer.

Yvete sai e Fabrício fica pensativo.

Corta para:

Cena 04. Mansão Amadeu/ Quarto de Vitória/ Int./ Dia.

Vitória está retocando a maquiagem, quando Teresa entra.

Teresa – Com licença dona Vitória, mas tem uma senhora lá embaixo querendo conversar.

Vitória – Senhora? Eu não estou esperando ninguém. Mas qual o nome dela?

Nesse instante Fernanda entra.

Fernanda – Fernanda! Esse é o nome da senhora que a espera.

Vitória (se levantando) – Quem te deu ordem para subir até meu quarto?

Fernanda – Quem acata ordem é cachorro.

Vitória (nervosa) – É melhor você sair daqui.

Fernanda – Não sem antes você me esclarecer umas dúvidas.

Vitória – Quem esclarece dúvidas é dicionário ou professora. E caso você não saiba, eu não sou nem uma coisa e nem outra.

Fernanda – Claro que não, você é uma piranha.

Teresa fica assustada.

Vitória (gritando) – Saia daqui agora!

Teresa – Eu vou chamar o Miguel pra tirar essa mulher daqui.

Fernanda – Chama. Aproveita e chama também a polícia, porque eu quero saber por onde anda a minha sobrinha.

Vitória fica muito tensa.

Vitória (a Teresa) – Desça e vá fazer seus afazeres.

Teresa – Sim senhora. Devo chamar o senhor Miguel?

Vitória – Nesse primeiro momento não. Se eu precisar, eu mesma o chamo.

Teresa sai e fecha a porta.

Fernanda – Então o Miguel já voltou de viagem? Cadê a Eva?

Vitória – Se você que é tia dela não sabe, eu que não vou saber.

Fernanda dá um tapa na cara de Vitória.

Vitória – Vai partir para a agressão agora?

Fernanda – O que vocês fizeram com a Eva?

Vitória – Eu como mãe, devo admitir, o Miguel fez uma coisa péssima mesmo.

Fernanda fica nervosa.

Vitória – O Miguel traiu a Eva.

Corta para:

Cena 05. Sanatório/ Jardim/ Ext./ Dia.

Um carro branco para no local. Desce Vitor todo de branco e com jaleco. Ellen vem de dentro da clínica recepciona-lo.

Ellen – Bem vindo Dr. Abou.

Vitor – Estou com pressa, meus honorários são caros e vir de Niterói para cá, custa muito caro.

Ellen – Se eu o chamei, possivelmente, eu terei dinheiro para pagar.

Ellen e Vitor continuam conversando.

Corta para:

Cena 06. Sanatório/ Quarto de Eva/ Int./ Dia.

Eva e Regininha estão conversando.

Eva – E essa é toda a história.

Regininha (chocada) – Miguel, Milena e Vitória fizeram isso com você?

Eva – Fizeram, e eu preciso me vingar.

Regininha – Acho que eu posso te ajudar nisso, mas vou querer algo em troca.

Eva – É dinheiro?

Regininha – Não. Eu quero voltar e me vingar da Vitória.

Eva – Mas por quê?

Regininha – A Vitória matou a minha mãe e a minha tia. Eu quero ver aquela vadia sofrendo, na lama, roendo beira de calçada.

Eva – Tá fechado, eu topo.

Eva e Regininha se abraçam.

Corta para:

Cena 07. Mansão Amadeu/ Quarto de Vitória/ Int./ Dia.

Fernanda está muito tensa.

Fernanda – Isso é um absurdo. A Eva jamais voltaria para Itaperuna.

Vitória – Depois que ela descobriu a gravidez da Milena e o caso dela com o Miguel, ela decidiu que iria recomeçar uma vida bem longe de todos.

Fernanda – Essa história não casa.

Vitória – Vai até lá, procura pela sua sobrinha. Liga pros parentes.

Fernanda – Eu vou até lá, mas antes vou falar com a polícia sobre esse desaparecimento.

Fernanda sai e Vitória fica tensa.

Corta para:

Cena 08. Mansão Trajano/ Quarto de Álvaro e Meg/ Int./ Dia.

Álvaro está colocando as roupas na mala. Meg está sentada na cama, chorando.

Meg – Você não vai me perdoar?

Álvaro – Você é pior que a Vitória. Como pode participar desses crimes? Eu não vou te denunciar para a polícia, mas espero que a sua consciência faça isso, porque é o que você merece.

Meg – Eu sou uma prefeita.

Álvaro – Você não passa de uma ex-prostituta deslumbrada, que cometeu crimes.

Meg – Eu não matei ninguém.

Álvaro – Ser cúmplice de vários assassinatos, te faz tão criminosa quanto a Vitória, esse Antero ou qualquer outra pessoa. Agora eu sei por que você defendia tanto a Pombinha.

Álvaro termina de arrumar a mala, olha com desprezo para Meg.

Álvaro – Não me procure nunca mais. Tenho nojo de você.

Álvaro sai e Meg cai em um profundo choro.

Corta para:

Cena 09. Sanatório/ Quarto de Eva/ Int./ Dia.

Eva está deitada, pensativa, quando Ellen aparece.

Eva – O que foi dessa vez?

Ellen – Eu te prometi uma consulta médica, acho que chegou a hora.

Eva se levanta, preocupada.

Eva – O que você está pensando em fazer Ellen?

Ellen sorri.

Ellen (tom alto) – Pode entrar querido médico.

Nesse instante Dr. Vitor Abou adentra o quarto.

Vitor – É aqui que existe uma paciente pronta para se tratar?

Eva fica muito tensa e Ellen sorridente.

Corta para:

Cena 10. Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ Dia.

Milena está ninando o bebê, que não para de chorar.

Milena (ao bebê) – Para de chorar meu filho, por favor!

Nesse instante Miguel chega, com um papel em mãos.

Miguel (feliz) – Notícia boa Milena.

Milena (curiosa) – Fala logo o que é.

Miguel – Registrei nosso bebê. Dei a ele um nome lindo.

Milena – Mas eu ainda não havia decidido entre Benedito ou Armando.

Miguel – Nem Benedito, nem Armando.

Milena – E que nome você deu ao nosso bebê?

Miguel – Essa peste que não para de chorar vai se chamar Vitor, em homenagem a minha amada mãe. Vitor Amadeu de Queirós.

Milena faz cara de chateada.

Miguel – Qual foi Milena, não gostou?

Milena – Tanto faz.

O bebê aumenta o choro, fazendo sons bastante agudos.

Miguel (irritado) – Tira essa criatura da minha frente, some com esse bebê que só sabe chorar, e quando não chora, tá aporrinhando a paciência de alguma outra forma. Some com ele daqui.

Milena – Abaixa o tom para falar do meu filho. Eu vou sair e tomar um banho de sol com ele.

Milena sai da sala e Miguel se senta no sofá.

Miguel (feliz) – Amanhã dou entrada no exame de DNA, peço urgência e em quinze dias estarei rico.

Teresa vem apressada da cozinha.

Teresa (preocupada) – Seu Miguel, preciso muito falar com o senhor.

Miguel – Empregada só tem fala nas novelas do Manoel Carlos, mas o que é que você quer?

Teresa – Teve uma senhora ainda agora aqui.

Miguel – Que senhora?

Teresa – Uma tal de Fernanda.

Miguel fica visivelmente preocupado.

Miguel – E o que ela queria?

Teresa – Ela queria saber da sobrinha dela. Trocou ameaças com a dona Vitória e tudo mais.

Miguel se levanta e começa a andar de um lado para o outro, muito preocupado.

Corta para:

Cena 11. Sanatório/ Quarto de Eva/ Int./ Dia.

Eva está amarrada e amordaçada a cama, dormindo profundamente. Dr. Vitor Abou está terminando de fechar sua maleta.

Ellen – E ela vai dormir por quanto tempo?

Vitor – No máximo 12 horas.

Ellen – Mas vou poder dar calmantes para ela?

Vitor – Por enquanto sim, mas cuidado, você pode acabar mantando essa garota.

Vitor sai do quarto.

Ellen – Se morrer a gente enterra.

Ellen vai até Eva, tira sua mordaça, a beija na boca. Em seguida coloca a mordaça na boca dela novamente e sai do quarto.

Corta para:

Cena 12. Sanatório/ Jardim/ Ext./ Dia.

Yvete está de pé na varanda e vê Ellen entregando um envelope para Dr. Vitor.

Close na conversa entre Vitor e Ellen.

Ellen – Obrigada Doutor. Sua consulta foi de grande valia.

Vitor – Tá na cara que essa paciente não sofre de qualquer problema mental.

Ellen – Eu paguei pelo seu silêncio, certo?

Vitor – Quem sabe.

Ellen – Mas o sanatório tem câmeras e com os laudos falsos que o senhor assinou atestando, se forem parar na justiça, pode ser preso e perder o direito de exercer a medicina, sabia?

Vitor – Isso é uma ameaça?

Ellen – Jamais ameaçaria uma pessoa tão querida. Eu gosto apenas de lembrar dos perigos que a gente encontra no meio do caminho.

Vitor cospe na cara de Ellen, entra no carro e sai. Yvete se aproxima de Ellen.

Yvete (irônica) – Esse doutorzinho tem uma maneira um tanto exótica de se despedir né?

Ellen limpa o rosto com muita raiva.

Yvete – O que vocês fizeram com a Eva?

Ellen – Sua amiguinha tá dormindo. Num leve e profundo sonho. Sabia que se o coração dela sofrer uma alteração, ela nunca mais volta à vida?

Yvete segura forte no braço de Ellen.

Yvete (séria) – Escuta aqui Ellen, se alguma coisa acontecer a ela, o Fabrício vai acabar com a sua raça. Não só ele, eu também faço questão de espezinhar em você, sua vadia de bordel.

Ellen faz um movimento brusco e sai.

Corta para:

Cena 13. Flores/ Pontos Turísticos/ Exterior/ Dia-Noite.

Transposição do dia para a noite. (Música “Uma história de Amor” – Fanzine.) Vista aérea, plano aberto. CAM aérea faz um clipe dos principais pontos turísticos da fictícia cidade de Flores. Clipe com suaves emendas das imagens, a fim de mostrar toda a beleza da cidade, na seguinte ordem: 1º: Pórtico de entrada da cidade, feito de madeira envernizada e coberto por telha colonial portuguesa, com o letreiro “Bem vindo à Flores”. 2º: Praça Central, com um lindo chafariz no meio, cercada por bancos com pessoas e animais domésticos, além de alguns vendedores de pipocas e brinquedos. 3º: Cruzeiro Municipal, localizado no morro mais alto da cidade, com uma cruz imensa branca, feita em concreto e com iluminação interna, cercado por um grande gramado que é delimitado por canteiro de diversas flores campestres.

Corta para:

Cena 14. Casa de Fernanda/ Cozinha/ Int. Noite.

Fernanda está próxima ao fogão fazendo comida e Malu sentada à mesa.

Malu – Com essa confusão toda sobre a Eva, eu acabei esquecendo de te contar uma coisa.

Fernanda – O que?

Malu – O Edu esteve aqui.

Fernanda – O que ele queria?

Malu – Ele queria reatar, mas eu não quis. Aí ele disse que vai embora pro Rio de Janeiro, vai viver lá com o pai dele.

Fernanda – E você vai deixar o amor da sua vida ir assim?

Malu – Você deixou o César escapar também.

Fernanda – Uma coisa não tem nada haver com a outra, eu deixei o César ir, porque a Julieta me ameaçou. Tem a identidade da minha filha biológica nesse meio.

Malu – A Julieta é mesmo uma bruxa. Acho que o Edu longe dela e do veneno dela, vai ser melhor pra ele. Além do mais, aqui teria a mãe dele como empecilho, teria a Tamara sufocando a gente. Não mãe, Edu e eu jamais teremos a possibilidade de sermos felizes. Acabou!

Malu deixa escorrer uma lágrima. A campainha toca.

Fernanda – Olha o feijão pra mim, enquanto eu vou ver quem é.

Fernanda sai da cozinha.

Corta para:

Cena 15. Casa de Fernanda/ sala/ Int./ Noite.

Fernanda passa pela sala e vai atender a porta.

Fernanda (surpresa) – Você?

Miguel adentra a sala.

Miguel (sério) – Eu acho que a gente precisa ter uma conversa séria dona Fernanda.

O clima fica tenso.

Corta para:

Cena 16. Rio de Janeiro/ Apto. Fabrício/sala/ Int./ Noite.

Ana Rosa está de pijama sentada no sofá e assistindo tv. Fabrício chega em casa.

Fabrício – Boa noite.

Ana Rosa – Fabrício, eu sei que você está morto de cansado, que trabalhou o dia todo, mas eu acho que a gente precisa conversar.

Fabrício desliga a TV.

Fabrício – É justamente o que eu queria fazer.

Ana Rosa – Acho que do jeito que está indo tudo, a nossa vida, nosso namoro meio casamento, ou sei lá como isso se chama, eu sei que…/

Fabrício (corta) – Eu quero acabar com essa farsa, chega! Eu quero me separar de você Ana Rosa.

Corta para:

Cena 17. Casa de Fernanda/ Sala/ Int./ Noite.

Miguel e Fernanda estão de pé, clima muito tenso.

Fernanda – Estive duas vezes na sua casa.

Miguel – Tô sabendo disso.

Fernanda – Sem rodeios Miguel, onde está a Eva?

Miguel se ajoelha perante Fernanda.

Fernanda (estranhando) – Que circo é esse?

Miguel (falsa tristeza) – Eu cometi um erro mortal e tô pagando caro por isso. Sabe Fernanda, eu não resisti a tentação e no início do namoro com a Eva, eu acabei escorregando e tive um flashback com a Milena. A gente ficou umas duas noites e ela acabou engravidando, claro que eu sei que isso era mais um jogo pra me prender, mas eu fui fraco e com medo de perder a Eva, eu escondi de todos essa gestação da Milena.

Fernanda – A sua mãe me disse mais ou menos essa história. Mas eu quero saber da minha sobrinha. Pouco me interessa quem mais tá nessa HISTÓRIA. O que eu quero é saber da minha sobrinha.

Miguel – A Eva descobriu tudo e do Rio de Janeiro mesmo, decidiu ir para Itaperuna, que os parentes de lá a acolheriam. Eu tentei mudar isso, mas não deu.

Fernanda – Se levante desse chão. Para com esse teatro, tá na cara que você está pouco ligando para os sentimentos da minha sobrinha.

Miguel se levanta e Fernanda lhe dá um tapa na cara.

Fernanda – Esse tapa é pouco pelo que estou sentindo agora.

Miguel – Eu sei que fui cafajeste com a sua sobrinha, mas ela não quer mais saber de mim.

Fernanda – Eu não tenho o número de telefone de lá e o celular dela só dá fora de área ou desligado. Vamos ter que arrumar uma forma de ir até lá.

Miguel – Vamos?

Fernanda – Afinal de contas, ela é sua noiva, mãe do seu filho. É claro que vamos até lá, ou você acha que eu vou deixar isso como está?

Miguel – Tô sem tempo agora.

Fernanda – Sabe o que eu estou começando a achar? Que você matou a minha sobrinha.

Miguel – Que ideia mais descabida. Eu amo a Eva.

Fernanda – Não parece. De verdade Miguel, se amanhã você não for comigo até Itaperuna, para eu rever a minha sobrinha, eu conto tudo a polícia e você pode se complicar.

Miguel – Isso foi uma ameaça?

Fernanda – Não, muito pelo contrário, isso foi um aviso, um aviso sério. Agora saia daqui e me espere amanhã às nove da manhã.

Miguel olha fixamente nos olhos de Fernanda e sai.

Corta para:

Cena 18. Mansão Amadeu/ Sala de Jantar/ Int./ Noite.

Eneida, Milena, Vitória e Tia Pombinha estão sentadas a mesa jantando, enquanto Teresa as serve.

Tia Pombinha – Onde está o Miguel Milena?

Milena – Saiu.

Vitória – E disse aonde iria?

Milena – E desde quando o Miguel me dá satisfações?

Tia Pombinha – Não dá porque você o acostumou assim, é uma frouxa.

Milena – Não é questão de ser ou deixar de ser frouxa Tia Pombinha, é que o Miguel tem esse gênio difícil de domar. É da rua, corre solto. Não há quem o lace.

Eneida – Parte disso está na genética dele. A Vitória também era assim na juventude.

Tia Pombinha – A Vitória me lembra muito uma moça chamada Nameless.

Vitória olha assustada para Tia Pombinha e Milena percebe.

Milena – Acho que a minha sogra não gostou da comparação.

Tia Pombinha – E por quê? A Nameless era tão bonita, um pouco ordinária, ambiciosa e maléfica, devo admitir, mas muito bonita e desejada. Uma jovem muito faceira.

Vitória (séria) – Eu não sou jovem, não sou faceira, não sou desejada e muito menos maléfica. Tô sempre querendo o bem da minha família e agregados, vejam só, eu te abriguei aqui na minha casa, quando a sua família de sangue te abandonou, agora você vem dizer que eu sou ruim?

Tia Pombinha – Tudo depende de um DVD.

Vitória fica visivelmente tensa e Eneida percebe, mas disfarça.

Teresa (a Vitória) – A senhora aceita um suco de maracujá?

Vitória (se levantando) – Cuidado Pombinha, Gaivota que voa muito alto, acaba sendo atropelada por um avião.

Vitória sai da sala de jantar.

Milena – O que ela disse Tia Pombinha?

Eneida – Acho que está na hora do Vitor mamar, não acha Milena?

Milena – Tem razão Eneida. Com licença!

Milena se levanta e sai.

Eneida (a Teresa) – Deixe-nos a sós um momentinho?

Teresa (saindo) – Com licença.

Teresa sai da sala.

Tia Pombinha – Quer jantar a sós comigo?

Eneida – Que DVD é esse que vocês duas falaram?

Tia Pombinha começa a rir.

Tia Pombinha – Não tem DVD nenhum querida.

Eneida – A Milena é uma idiota de mão cheia, disso eu sei, mas agora essa história de DVD e Gaivota, eu não engoli muito bem.

Tia Pombinha – Eu vou jogar limpo com você Eneida, acho que você é a única pessoa em que posso confiar, além do mais, se eu aparecer morta por aí, ao menos você pode fazer justiça em meu nome e em nome de muitos inocentes que a sua irmã passou por cima.

Eneida – Agora você está me assustando.

Tia Pombinha – Você sabe por onde anda o Antero?

Eneida – Ele mudou de cidade.

Tia Pombinha – Tem razão, o Antero agora mora na cidade dos pés juntos.

Eneida (assustada) – Você está querendo dizer que o Antero…/

Tia Pombinha (corta) – Morreu. Ou melhor, foi morto. E eu tenho o DVD que contém essa gravação.

Eneida – E quem matou? Como foi isso?

Tia Pombinha – E você não tem nenhum palpite de quem tenha matado o Antero? Meu bem, o Antero sabia demais.

Eneida – A Vitória.

Tia Pombinha – Exatamente a Vitória. Eu gravei todo o crime. Ela dopou o Antero e o jogou naquela linha de trem na saída da cidade. O Antero virou esterco de ferrovia. Nem um enterro como indigente ele teve.

Eneida – Mas ele e a minha irmã eram tão amigos. Eu nunca vi o Antero ameaçando a Vitória.

Tia Pombinha – O Antero era uma roleta russa pra sua irmã. A qualquer hora ela poderia dar um tiro na própria testa. Ele sabia demais e poderia acabar comprometendo os planos da Vitória.

Eneida – Mas o que essa Gaivota tem haver com essa história.

Tia Pombinha – Eu já te contei demais, chega! Só te dou um aviso, a próxima vítima pode ser eu ou a Meg Trajano. Caso seja eu, vasculhe tudo meu e encontre os DVD’s.

Tia Pombinha se levanta e sai da mesa.

Corta para:

Cena 16. Mansão Amadeu/ Quarto de Vitória/ Int./ Noite.

Vitória e Miguel estão conversando.

Vitória – Então você está me dizendo que a Fernanda ameaçou te denunciar para a polícia?

Miguel – Ela não ameaçou, ela comunicou qual será o próximo passo dela.

Vitória (preocupada) – Mas isso é ruim demais pros nossos planos. E agora?

Miguel – E agora que ela exige ir amanhã lá nessa cidade onde Judas perdeu as botinas e encontrar a amada sobrinha.

Vitória – Se ela descobrir a verdade, nós estaremos perdidos. Pensa só, amanhã você vai coletar o DNA pra poder reaver a herança e a administração da La Salud. Mas o resultado sai daqui 15 dias.

Miguel – Só tem um jeito mãe, eu vou apagar a Fernanda.

Vitória – Como?

Miguel – Na estrada. Eu a enveneno e enterro o corpo no meio da estrada.

Vitória – Não deixe rastros. Essa é a única saída.

Miguel e Vitória se olham tensos.

Corta para:

Cena 17. Apto. Fabrício/ Quarto/ Int./ Noite.

Ana Rosa está arrumando suas malas. Regininha adentra ao quarto.

Regininha (surpresa) – Você vai mesmo embora?

Ana Rosa – Vou atrás da minha felicidade. Eu abri o jogo para o Fabrício, disse a ele que amo o Miguel e que é com ele que eu quero ficar.

Regininha – E vai para Flores amanhã?

Ana Rosa – Amanhã bem cedo. Vou de carro. O Fabrício também já me abriu o jogo e disse que está apaixonado por uma interna.

Regininha – Desde quando eu vim para cá, eu vi que vocês não se amavam.

Ana Rosa – Chega uma hora na vida que a gente cansa, perde o prumo. Eu tentei, o Fabrício tentou, mas sem amor, sem desejo, não existe casamento. Erámos um casal de amigos dividindo o apê. Um casal de amigos com medo de magoar um ao outro. Mas a vida não espera.

Ana Rosa volta a arrumar suas roupas na mala.

Corta para:

Cena 18. Sanatório/ Fachada/ Ext./ Noite-Dia.

Transposição da noite para o dia.

Corta para:

Cena 19. Sanatório/ Quarto de Eva/ Int./ Dia.

Yvete está terminando de desamarrar Eva da cama.

Eva (meio tonta) – O que aconteceu aqui?

Yvete – A Ellen, junto com um tal doutorzinho, te doparam.

Eva – Eu não me lembro de nada.

Yvete – Esse era o objetivo dela. E aos poucos ela vai conseguir.

Eva (desesperada) – Meu Deus, eu não posso continuar aqui. Preciso por esse plano em prática, o que faço?

Yvete – Você vai ter que fugir e vai ser hoje!

Close em Eva, muito assustada.

Corta para:

Cena 20. Casa de Fernanda/ Calçada/ Ext./ Dia.

Miguel para o carro em frente a casa de Fernanda e Buzina. Poucos segundos depois ela sai, arrumada e com uma bolsa de lado e entra no carro, que logo dá partida.

Corta para:

Cena 21. Mansão Amadeu/ Piscina/ Ext./ Dia.

Tia Pombinha está de maiô, do lado de fora da piscina, falando ao celular.

Tia Pombinha (ao cel.) – Gaivota? Quando você vem voar sobre a mansão Amadeu? (PAUSA) Em breve? Assim que eu gosto. Agora eu vou esperar por você aqui. Tudo está sob controle para você chegar e arrasar.

Nesse instante Vitória chega por trás de Tia Pombinha e lhe toma o celular.

Vitória (ao cel.) – Quem é você Gaivota? Fala? Anda.

Vitória fica alguns segundos calada e em seguida joga o celular na piscina.

Vitória – Agora você perdeu o seu contato.

Tia Pombinha (irônica) – Que ato mais agressivo. O que foi Pombinha, tá com medo de perder o seu reinado? Gaivota disse que muito em breve estará sobrevoando esta casa.

Corta para:

Cena 22. Estrada deserta/ Ext./ Dia.

Miguel e Fernanda estão parados, fora do carro.

Fernanda – Para de palhaçada e vamos direto para Itaperuna.

Miguel – E se eu não quiser? Posso te deixar nessa estrada deserta.

Fernanda – Daqui você não sai. Não tem como retornar, porque a estrada é estreita. Vai ter que andar uns 2 quilômetros de ré.

Fernanda para bem em frente ao carro.

Fernanda (gritando) – Volta de ré, Idiota!

Miguel entra no carro, anda de ré por alguns metros, em seguida acelera e anda para frente novamente, atropelando e jogando Fernanda para o alto, que cai no chão com a cabeça toda ensanguentada. Miguel para, desce do carro e vai até Fernanda.

Miguel – Você cutucou a onça com vara curta. Agora vai fazer companhia pra Jesus, ou melhor, pro demônio.

Miguel começa a rir.

Corta para:

Cena 23. Sanatório/ Jardim/ Ext./ Dia.

Yvete e Fabrício estão conversando.

Yvete – Ela fez essa maldade com a Eva. Você precisa tirá-la daqui o quanto antes.

Fabrício – É ilegal, mas vou fugir hoje com a Eva.

Yvete – E só tem um jeito de você não perde-la para o sanatório novamente.

Fabrício – E qual é?

Yvete – Casando-se com ela. Amanhã mesmo, pague um juiz desses e case-se com ela em comunhão de bens. Só assim vocês poderão ser felizes.

Fabrício – Não sei. Acho muito cedo pra isso, mas vamos ver. Agora precisamos bolar esse plano.

Yvete e Fabrício continuam conversando.

Corta para:

Cena 24. Sanatório/ Garagem/ Int./ Dia.

Fabrício está com o porta-malas do carro aberto, e anda de um lado para o outro, bem impaciente. Pouco depois Yvete chega com Eva.

Eva beija Fabrício.

Yvete (tensa) – Anda gente, vai embora. Tá na hora já!

Fabrício deita Eva dentro do porta-malas e fecha.

Fabrício (a Yvete) – Obrigado por tudo.

Yvete – Amanhã eu fujo, mas precisarei de abrigo.

Fabrício – Você sabe meu endereço. Pode ir para lá.

Fabrício abraça Yvete e sai.

 Corta para:

FIM

 

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