Dia Especial

Dia Especial – Capítulo 11

CAPÍTULO 11

Cena 1 – Cadeia. Morumbi. Tarde.

Antony: Valentina, o que é que você está fazendo? – Ele se levanta espantado. – O que está dizendo?

Valentina: Cala a boca, Antony. – Ela está revoltada. – Cala boca porque você não vai fazer com que eu volte atrás em minha decisão. Eu vou me entregar, e ninguém irá me impedir.

Silveira: Então foi a senhorita quem matou a sua mãe? – Ele pergunta com os olhos semicerrados. – Por que foi que fez isso? E de onde você e o Antony se conhecem?

Valentina: Eu sou babá do filho dele. Quer dizer, era, não sou mais. E matei minha mãe porque não aguentava mais ela interferindo em minha vida. – Ela engole seco. – Usei o meu caso com o Antony para atrair ela até a casa dele, que estava vazia, já que ele tinha saído.

Silveira: Então além de serem chefe e empregada, vocês tinham um caso?

Valentina: Sim, um caso de apenas dois meses. – Ela começa a suar frio. – Como o senhor já deve ter visto, há imagens de parte do que aconteceu.

Silveira: Inclusive, a senhora não está em nenhuma delas. – Ele desconfia.

Valentina: Porque era esse o meu plano. – Ela passa a mão no rosto para tirar o suor. – Pedi para que a minha mãe me ajudasse a implantar câmeras na casa do Antony, fingi que estava com ciúmes da amiga dele, a que está nas filmagens conversando com ele (Ela está se referindo a Gilda). Minha mãe acreditou em tudo que eu disse, e resolveu me ajudar.

Antony: Valentina, para! Pare imediatamente. Você pode ser presa por isso que está fazendo. – Ele fica apavorado.

Valentina: Ela foi até a casa do Antony comigo. E foi combinado entre nós duas que eu ficaria vigiando, enquanto ela colocaria as câmeras no quarto do Antony. Mas ao invés de ligar para ela quando vi o Antony chegando, resolvi deixar ela ser pega no flagra. Ao invés de alertá-la, eu me escondi para quando ela saísse do quarto, eu a empurrasse escada à baixo.

Silveira: Agora tudo começa a se encaixar. – Ele fala com a mão no queixo. – Por isso que nas filmagens a sua mãe sai debaixo da cama: ela se escondeu com medo de ser pega no flagra. Mas quando descobriu que o Antony tinha matado a própria esposa, espantou-se e saiu correndo para te avisar. Mal sabia ela que suas intenções eram outras.

Valentina: Como assim, o Antony matou a esposa dele? – Ela fica pasma. – Isso é verdade, Antony?

Antony: Valentina, em outro momento te explico isso direitinho. Mas somente se você parar de mentir para tentar me ajudar, tu vai acabar se complicando.

Valentina: Acontece que não é mentira. – Ela olha para Silveira. – Esta é a mais pura verdade, seu delegado. Agora me prenda, me prenda porque eu mereço. – Ela elava os punhos ao delegado para que ele os algeme.

Silveira: GUILHERME.

Em menos de cinco segundos o homem chega.

Silveira: Algeme a moça e a coloque numa cela. – Ele então olha para Valentina. – Você está presa provisoriamente.

Valentina: Acho justo. – Ela fala ao ser algemada por Guilherme. – Nada mais justo que eu pague pelo que fiz.

Antony: Valentina pelo amor de Deus. – Ele cochicha no ouvido dela. – Tu não pode fazer isso, eu não vou me sentir bem, mesmo que esteja fazendo isso para me livrar.

Valentina: Acontece que eles vão te prender, Antony. Pois não tem como você provar que não matou a minha mãe. O Luan deve ter envenenado a cabeça do delegado com relação a você. – Ela murmura.

Antony: Então foi o seu ex-marido quem me entregou? – Ele fica boquiaberto.

Valentina: O próprio. – Ela o olha nos olhos. – Estou me entregando para te salvar, Antony. Para salvar o homem da minha vida. Eu te amo. – Lágrimas caem dos seus olhos. – Respeite a minha escolha.

Silveira: Vamos parar com esse cochicho aí? – Ele diz bastante irritado. – Leve ela logo, Guilherme.

Guilherme: Hora de ir para o xilindró, gata. – Ele a empurra para fora da sala.

Antony: EU PROMETO QUE VOLTO PARA TE VISITAR, VALENTINA. EU VOLTO.

Ela olha para trás, e Guilherme a leva com brutalidade.

Silveira: Não, o senhor não volta.

Antony se vira em direção a ele.

Silveira: A prisão da Valentina foi preventiva, e visitas estão fora de cogitação. Se eu fosse o senhor, tomaria mais cuidado com o que anda fazendo.  Dessa vez foi liberado, e espero que não haja uma próxima, pois não terei a mesma compreensão que estou tendo agora.

Antony: Tenha uma boa noite, delegado. – Ele vai embora.

Cena 2 – Restaurante Dom Casmurro. Chácara Santo Antônio. Tarde.

Marcos: Um relacionamento à três.

Dênis o olha incrédulo.

Marcos: Não estou tirando uma com a sua cara, e nem falando sobre sexo. Estou sendo sincero, verdadeiro, e queremos um relacionamento sério.

Dênis: Dá um replay, por favor. – Ele está perplexo. – Está me dizendo que Raí e você chegaram à conclusão de que querem me incluir no namoro de vocês? É isso mesmo que eu entendi?

Marcos: Raí e eu tivemos uma conversa muito sincera. Ambos admitimos que gostamos de você. É como se você fosse a cereja que faltava no bolo.

Dênis: Sério, eu não sei o que te dizer. – Ele leva as mãos até a boca. – Um namoro à três? Isso nunca passaria pela minha cabeça.

Marcos: Ah, esqueci de dizer que fazemos questão que tu venha morar conosco. – Ele sorri. – Fala a verdade, esta é ou não a melhor proposta da sua vida? Você não queria tanto sair da sua casa?

Dênis: Queria, mas isto era antes. Quando a minha tia ainda estava viva.

Marcos: Agora cê não quer mais? – Ele se assusta. – Afinal, você aceita ou não a nossa proposta?

Dênis: Não sei ainda. – Ele fica em dúvida. – Tá tudo acontecendo muito rápido e eu não estou conseguindo acompanhar. Será mesmo que esta é uma ótima saída? E se não gostarem de uma terceira pessoa no relacionamento de vocês? Pois estão propondo isto com base na teoria. E a prática?

Marcos: Só vamos saber se tentarmos! – Ele pega nas mãos de Dênis. – Não tenha medo. Se não gostar da experiência, nós não iremos forçar você a nada.

Dênis: E se VOCÊS não gostarem? Aí quem fica na pior sou eu, pois vou amar ter os dois como meus namorados. Dênis e os seus dois maridos. Já pensou que loucura? – Ele sorri.

Marcos: Você ao menos está disposto a tentar? Pois Raí e eu estamos.

Dênis pensa por um instante.

Dênis: Mas gente, vocês se lembram o climão que ficou quando o Raí descobriu que eu era o “Ricardão” da história? Será mesmo que isso vai dar certo?

Marcos: Não seja tão cabeça fechada, Dênis. É claro que vai dar certo. Agora as circunstâncias são outras: ninguém vai estar traindo ninguém. Seremos um trio de namorados.

Dênis: Vocês são dois loucos, sabia? Mas confesso que foram os clientes que mais gostei. Mesmo resultando em toda aquela confusão de ontem. Quer saber? Não custa arriscar, né? Eu aceito.

Marcos: Uhm, assim que eu gosto de ver. Tenho certeza que o Raí também vai amar saber que tu aceitou. – Ele o beija na boca. – Você fez a melhor escolha da sua vida.

Dênis: Prometo que irei fazer vocês muito felizes. – Ele o olha apaixonado. Ambos se beijam novamente.

Cena 3 – Apartamento de Gilda. Morumbi. Tarde.

Bismarque: E esta foi a minha conversa com o Raí. Expliquei a ele o que tava tramando, e pedi para que ele me ajudasse.

Gilda: Então quer dizer que você deu um “tempo” no nosso noivado para poder preparar o nosso casamento em segredo? Era tudo uma surpresa para mim? – Ela fica boquiaberta. – Agora eu entendi tudo, foi por isso que o Raí tava insistindo para que eu me resolvesse com você antes de me envolver com o Antony.

Bismarque: Ele me falou sobre esse tal Antony. E fiquei surpreso com a sua rapidez, admito. Mas não te culpo, pois o erro foi todo meu. Devia ter planejado algo melhor, uma maneira menos dolorida.

Gilda: É, não vou mentir para você. Eu realmente fiquei bastante chateada com tudo aquilo que cê me falou, com tudo que fez para se afastar de mim.

Bismarque: E foi justamente pelo medo de te perder que eu tive que acelerar os preparativos do casamento e voltar o quanto antes. Já não suportava mais a ideia de você possivelmente estar beijando outro, enquanto eu ralava para que o nosso casamento saia às mil maravilhas.

Gilda: Você voltou por medo de me perder para o Antony? – Ela sorri.

Bismarque: Eu não quero mais falar sobre isso. Creio que tudo já esteja muito bem explicado e parcialmente resolvido. – Ele se ajoelha nos pés de Gilda. – O assunto agora é outro.

Gilda: E eu poderia saber qual é o novo assunto?

Bismarque: Saber se você ainda sonha em ser a minha esposa. – Ele pega a mão de Gilda e beija. – Você quer ser a minha mulher para toda eternidade? Gilda, você aceita se casar comigo?

Gilda fica sem saber o que dizer.

Gilda: Acho melhor sentarmos, pois estou percebendo que a conversa será longa. – Ambos sentam.

Bismarque: Por que você não me respondeu? – Ele fica aflito. – Por acaso está pensando em rejeitar meu pedido?

Gilda: Acontece que nos afastamos por alguns dias, e foi o suficiente para que muita coisa acontecesse. – Ela engole seco.

Bismarque: Eu já disse para passarmos por cima desse caso que você teve com esse amigo do Raí. – Ele pega nas mãos dela. – Não vamos estragar o nosso sonho por uns beijinhos passageiros que vocês deram.

Gilda: Não foram apenas beijinhos passageiros. Eu realmente me apaixonei pelo Antony. Já estava me acostumando com a presença dele. – Ela fica quieta por alguns segundos. – Meu coração acabou batendo mais forte por ele.

Bismarque: Então é ele quem você prefere? – Ele fica com raiva. – Porque se for, eu tiro agora mesmo a minha roupa de palhaço e vou embora.

Gilda: Você não é nenhum palhaço, Bismarque. O fato é que do mesmo jeito que acabei me apaixonando pelo Antony, fui pegando ódio de você. O que tu me disse foram palavras muito duras para serem escutadas, uma coisa muito difícil de engolir.

Bismarque: Eu já te expliquei o porquê de ter feito isso. Você deveria me entender, Gilda. Eu sou louco por você, poxa! Eu te amo. Mato e morro por você. E sinceramente? Não sabemos se esse tal Antony faria metade do que eu fiz, faço e faria por você.

Gilda: Você está sendo grosso comigo. – Ela se irrita. – E ainda por cima está menosprezando o que Antony e eu vivemos.

Bismarque: O que vocês viveram? Uma semana intensa de muito amor? Nós já temos anos juntos.

Gilda: Semana de amor suficiente para fazer com que eu te esquecesse. – Ela é curta e grossa.

Bismarque fica sem reação.

Gilda: Suficiente também para que eu não me sentisse uma inútil por ter ficado cega, pois foi o que senti quando você me disse todas aquelas coisas.

Bismarque: Então é isso mesmo que estou notando? Você vai me trocar por uma paixonite? É essa a sua escolha?

Gilda: O engraçado aqui na nossa conversa, é que eu devo entender a burrada que você fez, devo enxergar isso com muito amor. Agora você não pode nem ao menos respeitar o que senti pelo Antony, mesmo que tenha sido por pouco tempo.

Bismarque: Quer saber? Eu já fazia ideia de que isso ia mesmo acontecer. Você já está completamente envolvida por aquele cara, não quer mais nada comigo.

Gilda: Bismarque, eu só quero que você entenda que o seu plano deu certo: tu conseguiu mesmo que nós nos desentendêssemos. Mas você não é Deus, e Ele me deu forças para seguir em frente. Sei que se você fosse Ele, iria querer que eu ficasse aqui te esperando, porém, você não é Ele. – Ambos ficam em silêncio, é possível escutar a respiração ofegante dos dois. – Será que agora você percebeu que isto aqui é vida real? E não uma historinha que tu tramou em sua cabeça?

Bismarque: Eu realmente não posso falar desse modo com você. – Ele fica cabisbaixo. – Me desculpe. As coisas não saíram como planejei, e quis logo arrancar a sua cabeça por conta disso. Entendo também que você tenha seguido em frente, até porque você não deveria ficar esperando por alguém que te humilhou tanto. Eu fui duro contigo, Gilda. Fui duro e reconheço.

Gilda: Acho que agora quem precisa de um “tempo” sou eu. Antes de lhe dar uma resposta concreta sobre o seu pedido, preciso pensar um pouco mais sobre ele.

Bismarque: Eu espero o tempo que for necessário. – Ele beija a testa de Gilda. – Eu te amo, Gilda. Te amo como nunca amei ninguém em toda minha vida.

Cena 4 – Casa de Antony. Chácara Santo Antônio. Noite.

Thales: Tá na cara que cê nunca jogou este jogo. – Ele fala com os olhos vidrados na tevê, apertando os botões do controle com muita impaciência. – Eu ganho todas as rodadas, nem tem graça. É tão ruim quanto o meu pai.

Raí: Te confesso que já faz um bom tempo que não jogo vídeo game. A falta de prática me tornou neste fracasso. – Ele sorri, também vidrado na tevê.

Thales: Aonde está o meu pai? Por que ele me deixou com você?

Raí: Ele teve que dar uma saidinha rápida, não sei direito para onde foi. – Ele mente. – Mas já deve estar voltando.

Thales: Ele tá demorando demais, não acha? – Thales vence mais uma partida. – Rá, ganhei!

Raí: Não vi nenhuma novidade até agora. – Ele brinca. – Você só ganha.

Thales: Já me cansei de jogar. Mas e aí, você não acha que meu pai está demorando?

Raí: Eu já lhe disse que ele deve estar a caminho. Quer saber? Vamos agora mesmo para a cozinha fazer um brigadeirão para nós. O que cê acha?

Thales: Acho que você tá tentado me enrolar só pra não me dizer aonde o meu pai foi. – Ele fala triste.

Raí: Fique calmo, Thales. O seu pai não foi para o outro lado do mundo. Daqui a pouco ele tá de volta, isto eu te garanto.

Antony entra.

Raí: Não falei?

Thales: PAI. – Ele corre até Antony e lhe dá um forte abraço. – Aonde é que o senhor estava?

Antony: Tive que ir resolver alguns probleminhas, meu filho. – Ele fala chateado.

Raí: Eu estava agora mesmo querendo fazer um brigadeirão com o Thales, mas ele não aprovou minha ideia.

Antony: Como assim? Você nunca provou o brigadeirão do Raí? Só pode ser. Pois se soubesse o quanto é bom, não teria rejeitado.

Thales: O seu brigadeirão é tão bom assim, Raí?

Raí: É o que todos dizem, Thales. Quer experimentar e dar a sua opinião sobre?

Thales: Claro. – Ele fala entusiasmado.

Raí: Então vai indo na frente e separa os ingredientes que eu vou logo atrás, ok?

Thales: Tudo bem. – Ele sai correndo em direção à cozinha.

Raí: O que foi que aconteceu lá? – Ele pergunta preocupado. – Quem foi que te entregou para a polícia?

Antony: Foi o Luan, o ex-marido da Valentina.

Raí: Sabia que essa sua história com ela ainda daria um rolo danado. E o que deu no final das contas?

Antony: Deu que eu confessei ter matado a Lia. Mas não era somente esta acusação que estavam fazendo contra mim.

Raí: Aliás, como é que esse tal de Luan ficou sabendo da morte da Lia?

Antony: É uma longa história! E quem acabou levando a pior foi a Valentina.

Raí: Do que você está falando?

Antony: A Valentina foi presa, Raí. Ela se entregou para que o delegado me liberasse. Ela me livrou de uma fria.

Passa-se uma semana…

Cena 5 – Cadeia. Morumbi. Manhã.

Silveira: Aqui estão os seus pertences. – Ele entrega à Valentina uma sacola transparente com algumas coisas dentro. – Vá pela sombra, e pense duas vezes antes de cometer uma bobeira como essas novamente. Pois da próxima vez a pena será bem mais dura.

Valentina: Muito obrigada, seu delegado. E pode deixar que não cometerei o mesmo erro novamente. – Ela dá um sorriso sincero ao homem e vai embora. Já na rua, Valentina vê Dênis se aproximando.

Dênis: ALGUÉM AQUI ESTÁ COM SAUDADES DE VER O SOL NASCER QUADRADO? – Ele brinca ao se aproximar.

Valentina: SAUDADES NENHUMA. NÃO VIA A HORA DE ESTAR LIVRE PARA VOAR NOVAMENTE. – Ela rodopia de braços abertos.

Dênis corre e dá um abraço em Valentina.

Dênis: Você está bem? – Ele pega nas mãos dela. – Como está se sentindo após todo aquele turbilhão?

Valentina: Não estou tão bem, pois eu queria muito ter ido no enterro da minha mãe. – Ela fala com tristeza.

Dênis: É, infelizmente não teve como você comparecer. Mas saiba que chorei muito por nós dois. Afinal, ela era minha tia, né?

Valentina: Mamãe fez mesmo muito mal para você. Te transformou em um garoto de programa, e ainda se achava a dona da razão.

Dênis: Enfim, são águas passadas. Não quero guardar rancor da Emília.

Valentina: E o Luan? Você teve notícias daquele desgraçado? Acredita que foi por culpa dele que eu acabei sendo presa?

Dênis: Como assim? Me conta essa história direito.

Valentina: Ele conseguiu pegar as câmeras que mamãe tinha colocado no quarto do Antony. Aliás, nem sei como ele ficou sabendo da existência delas.

Dênis: Pois acho que eu sei. – Ele começa a pensar.

[FLASHBACK]

Luan: Uhm, tá uma delícia. – Ele fala após ter bebido um pouco do café. – Foi você quem fez?

Dênis: Fui eu sim. – Alguém bate na porta, Dênis e Luan ficam em alerta. – Será que a Emília esqueceu a chave de casa? Já volto, Luan. Fique à vontade. – Ele vai até a sala e destranca a porta.

Valentina: Dênis preciso falar sobre uma coisa séria contigo. – Ela vai se sentando no sofá, apavorada. – Você já deve ter se dado conta que a mamãe não está em casa.

Dênis: Claro que já percebi.

Valentina: E ela não voltará nunca mais. A minha mãe morreu, Dênis. Acabei de chegar lá do hospital, agora é esperar até que eles liberem o corpo para que possamos enterrá-la.

Dênis: Meu Deus, mais como foi que uma coisa dessas aconteceu? – Ele se senta ao lado de Valentina, estarrecido. – Em qual trambique aquela louca se meteu para chegar a esse ponto?

Valentina: Na verdade a mamãe estava me ajudando. Eu pedi para que ela fosse até a casa do Antony comigo implantar duas câmeras para que eu pudesse espioná-lo sem que ele soubesse.

Dênis: Tá, e por que diabos você queria espionar o Antony?

Valentina: Porque eu estava desconfiada de que ele estivesse mentindo para mim, mas não vem ao caso. Acontece que o Antony acabou se dando conta da presença da mamãe e ela saiu correndo dele, desesperada. O fato é que a dona Emília saiu rolando escada à baixo e morreu.

Dênis: Você sabe que sua mãe e eu não nos dávamos muito bem, mas juro para você que não joguei nenhuma praga para que ela morresse.

Valentina: Para de ser bobo, Dênis. Só vim te falar isso para você não se preocupar com o sumiço dela. Agora eu preciso ir lá na casa do Antony pra tirar aquelas malditas câmeras de lá, pois elas ainda podem dar muita dor de cabeça como a de ontem.

Dênis: É possível que elas até esclareçam o porquê de sua mãe ter saído correndo do Antony, se é que elas gravaram alguma coisa.

Valentina: Você até que tem razão. Não tinha pensado nessa possibilidade.

Luan escuta tudo atrás da parede.

[FIM DO FLASHBACK]

Valentina: Então quer dizer que ele estava lá? E o que ele queria àquela hora da manhã?

Dênis: Eu sinceramente não sei. Mas ele disse que queria falar com a Emília.

Valentina: Só pode ter sido isso que aconteceu: ele escutou a nossa conversa e acabou me seguindo até a casa do Antony.

Dênis: É óbvio que foi isso o que aconteceu. Por isso que ele saiu tão apressado lá de casa: o desgraçado foi te seguir. E o que foi que ele fez com as câmeras?

Valentina: Ele entregou as filmagens para a polícia, deu um jeito de incriminar o Antony pela morte da minha mãe com as tais imagens, e foi atrás de mim para dizer o que tinha feito. Vim para delegacia feito uma louca e inventei ter jogado a minha mãe escada à baixa. Tudo isso para livrar o Antony de uma fria.

Dênis: Problemas, nossas vidas são baseadas somente em problemas!

Valentina: Mas e aí, você sabe por onde aquele crápula anda? E o porquê de ele ter ido atrás da minha mãe?

Dênis: Sinceramente? Eu sempre achei que a Emília tinha uma quedinha pelo Luan, talvez depois do término de vocês ela tenha expressado os verdadeiros sentimentos dela para com ele. E pelo visto ele gostou.

Valentina: O quê? Por que você acha isso?

Dênis: Sabe aquela velha história de quem desdenha quer comprar? Se encaixa perfeitamente no caso daqueles dois. E está mais do que claro que era por isso que a sua mãe praticamente te empurrava para cima do Antony. Ela queria o caminho livre para ficar com o genro.

Valentina: Será? – Ela parece assustada. – Só tem um jeito de saber: perguntado a ele.

Dênis: Só se você pegar um avião e ir atrás do miserável, pois ele foi embora para a cidade natal dele.

Valentina: Então ele se foi?

Dênis: Logo após ter comparecido no enterro da sua mãe.

Valentina: Desgraçado, o Luan é um desgraçado.

Dênis: Agora não adianta chorar sobre o leite derramado. Vamos logo embora porque hoje o dia vai ser agitado para mim.

Ambos começam a caminhar juntos.

Cena 6 – Apartamento de Gilda. Morumbi. Manhã.

Gilda: Como é que é? – Ela gargalha. – Então quer dizer que vocês optaram por incluir outra pessoa no namoro de vocês?

Marcos: Fala se não foi uma ideia de gênio? E hoje tem jantar para comemorar a nossa união.

Gilda: Meu Deus! Vocês são loucos, completamente loucos. – Ela fala boquiaberta. – E porque estão me contando isso somente agora? Pelo que disseram, acertaram tudo na semana passada.

Raí: Acontece que o Dênis estava passando por alguns problemas pessoais: a tia dele morreu, a prima foi presa. Agora sim podemos oficializar tudo e festejar com um belo jantar hoje à noite.

Gilda: Entendi. Mesmo assim, não gostei de ser a última a ficar sabendo de tudo.

Raí: Imagina só que maravilha, Gilda: Marcos, Dênis e eu assumindo uma união estável. Seria tão mágico, não?

Marcos: Adotar umas seis crianças. Cada um cuida de duas. – Ele brinca.

Raí: Eu estou tão feliz. Tô colocando uma fé imensa nessa nossa nova relação amorosa.

Marcos: Eu também, meu amor. – Eles se beijam.

Gilda: Ao menos vocês estão felizes. – Ela fala com tristeza. – Ao contrário de mim.

Marcos: A sua relação com o Antony foi mesmo para o espaço?

Gilda: Eu nem quero ouvir falar daquele canalha. Para mim ele está morto e enterrado.

Marcos: Ah, e você foi lá mesmo conversar com ele aquele dia? – Ele se dirige a Raí. – Deixou bem claro o porquê de estar se afastando dele?

Raí: Eu não vou me afastar do Antony. – Ele fala com segurança. – Ele é meu amigo, e inclusive o convidarei para o nosso jantar de hoje.

Marcos: Mas nem por cima do meu cadáver. Não quero um assassino dentro da nossa casa, outra que a Gilda não vai se sentir nada confortável com a presença dele.

Raí: Vocês precisam entender que o Antony matou a Lia não porque ele quis, mas sim porque foi necessário.

Gilda: Como assim foi necessário? – Ela estranha.

Raí: O Antony matou a Lia para se defender, pois era ela quem queria matá-lo. Foi em legítima defesa que ele fez o que fez.

Marcos: E você ainda acreditou nele?

Raí: Sim, acreditei. Até porque eu fui a única pessoa que ele teve coragem de contar isso. Bem antes dele sequer ter conhecido a Gilda.

Gilda: Então ele não tem culpa? – Ela fica sentida. – Ele só se protegeu.

Raí: Por que você não tenta conversar com ele, Gilda? O Antony lhe explicará tudo melhor.

Marcos: É. Talvez tu não tenha deixado ele se explicar direito. Ficou tão assustada com o fato dele ter matado alguém, e nem considerou a possibilidade de ter sido em legítima defesa.

Raí: Dê uma chance para que ele te explique tudo hoje lá em casa. – Ele pega nas mãos de Gilda. – Tenho certeza que vocês ainda vão se dar muito bem, já que cê dispensou de vez o Bismarque da sua vida.

A campainha toca e Marcos vai atender.

Gilda: É aí que está o problema, Raí. Eu ainda não sei se dispensarei ele.

Bismarque se aproxima acompanhado de Marcos.

Marcos: Minha irmã, olha só quem veio te fazer uma visita. O homem mais desprezível deste universo, vulgo o seu ex-noivo.

Bismarque: Gilda, o tempo que você me pediu acabou. E eu vim saber se você aceita ou não se casar comigo.

Marcos: Mas que palhaçada é essa? – Ele se irrita. – Como assim casamento? Você faz o que faz e já chega assim falando em casamento? Cê tem muito o que explicar ainda, Bismarque. As coisas não podem ser assim como tu bem quer.

Raí: Pode deixar que eu explico tudo para ele. – Raí se levanta e cumprimenta Bismarque. – Vocês têm muito o que conversar.

Bismarque: Antes eu gostaria de lhe pedir desculpas, Marcos. – Ele se aproxima do rapaz. – O Raí irá te explicar tudo e espero que você me perdoe. Que você ao menos releve o modo ofensivo que lhe tratei.

Marcos: Só posso pensar em te perdoar depois do Raí me explicar tudo, pois até agora você não me deu nenhum motivo plausível para que eu possa te desculpar. – Ele é grosso.

Raí: E independente do que aconteça aqui, quero você lá em casa hoje, Bismarque! Venha festejar conosco. Fale para ele sobre o que estou me referindo, Gilda.

Gilda: Pode deixar, eu falo sim.

Marcos e Raí se dirigem até a porta.

Marcos: Como assim você convidou aquele mequetrefe para o nosso jantar? – Ele cochicha ao namorado.

Raí: Ele não é esse monstro que você tá pensando, eu vou te explicar tudo, já lhe disse. – Eles vão embora.

Bismarque: E aí, Gilda? Qual foi a sua decisão?

Ela engole seco.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

2 thoughts on “Dia Especial – Capítulo 11

  • Valentina se entregou e livro a barra de Antony. Uma prova de amor, talvez…
    Pelo visto o plano de Bismarque não contava com Gilda apaixonada por outro homem, e agora o que será que ela vai responder para ele? Casa ou não casa?
    Como eu previa, Denis, Marcos e Raí formando um trio no relativamente, será que isso vai dar mesmo certo? Bem se estão feliz quem pode intervir né? Mas que essa ideia é louca isso é rs. Bem vamos pro final 😀

    • Muito linda a prova de amor da Valentina pelo Antony. Eu particularmente gostei bastante da coragem dela kkk. Não é qualquer um que se entrega à polícia para salvar o amor de sua vida.
      Com certeza o Bismarque não contava que Gilda estivesse perdidamente apaixonada por Antony. Agora é aguardar para ver se ela casa ou não casa.
      Bem louca essa ideia deles, não? Eu sinceramente espero que o trio tenha um final feliz com isso.
      Obrigado por comentar, Wags

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