Corujas sem Asas

Corujas Sem Asas |Episódio 1×19

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“Corujas Sem Asas”

uma web-série Pedro Paulo Gondim

1ª Temporada || Episódio 19

“As Ruínas de um Império”

Padaria. 2º andar/Escritórios. Sala da gerencia principal [Tarde].

Pedro: (isso sim é ser direto demais) Seu irmão faliu a empresa.

Antônio: (gritando o mais alto possível) NÃO! NÃO! NÃO!

Pedro: (curioso) O que faremos?

Antônio: (aflito) Fecharemos todas as filiais e a principal. Desculpe-me, Pedro, mas você acaba de perder seu cargo, junto com outras 1.500 pessoas! A padaria “Pães Barny”, depois de mais de 70 anos, fechará as portas definitivamente.

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DOIS DIAS DEPOIS…

Mansão dos Barny. 1º andar/Hall de entrada [Manhã].

Antônio: (abrindo a porta) Oh, Nando! O que faz por aqui?

Nando: (pele negra, alto, magro, 35 anos) Você sabe exatamente, do que eu trabalho, Antônio. Sinto ter que fazer isso!

Antônio: (entristecido) Pode… entrar…

Nando e sua equipe recolhem tudo da mansão. A dívida que Heitor, deixou a Antônio, teve que tomar medidas altamente extremas, e Antônio concordou em vender, tanto as padarias, quanto as coisas da mansão.

Depois de 3 horas, toda a mansão ficara vazia, ficando somente, um quadro de sua família (onde está ele, Heitor, Guilherme e Mariah em 1994).

Nando: (com um papel em mãos) Calculamos tudo o que deve. Subtraímos pelo valor que deu a soma dos móveis e utensílios da mansão. A triste notícia, é que você ainda deve um pouquinho…

Antônio: (pegando rapidamente o papel das mãos de Nando) Deixe-me ver! (lê e entra em desespero) R$ 300.750,00?

Nando: (sendo franco) Na realidade, a empresa tinha outras 24 dívidas. Seu pai, que Deus o tenha, acumulou-as por vários anos. Algumas dessas dívidas, na verdade, foram impostas por seu avô.

Antônio: (impressionado) Desde a época de meu avô João Bento Barny?

Nando: Sim! (ele vira-se para a porta) Passe bem!

Antônio abre a porta para Nando sair, e a fecha. Sobe as escadas e vai para seu quarto. Naquele quarto vazio, Antônio senta em um dos cantos e começa a chorar. Nunca pensara que este momento tão “sublime”, chegaria. Segurando em mãos uma corrente de ouro, que era de sua mãe, ele se deita no chão, e põe-se a soluçar repentinamente. Antônio se lembra da vez em que o pai disse que Antônio assumiria a empresa.

Flashback: Padaria. 2º andar/Escritórios. Gerencia principal [Manhã]

Guilherme: (colocando as mãos sobre o ombro dele) Quando você estiver preparado, irá assumir toda a empresa!

Antônio: (inconformado) Mas por que eu? Eu tenho um irmão, esqueceu?

Guilherme: (ficando nervoso) Sabe que horas este indivíduo chegou em casa? Às 4 horas da manhã!

Antônio: (sentando-se numa poltrona; tentando acalmá-lo) A culpa não é sua! A mamãe o mimou demais. Você se lembra?

Guilherme: Ela faz tanta falta. Aposto que quando recebesse essa notícia de seu irmão, iria arrancar as orelhas dele.

Antônio ri. Levanta-se e dá um abraço bem apertado no pai. Diz que tem orgulho de ter uma família unida, mas…

Antônio: (sendo direto) Sabe muito bem que meu preconceito ainda não passou! Papai, eu lhe peço encarecidamente: Nunca nos leve a falência!

Guilherme: (andando pela sala) Ah, filho! Já falei que nós, humanos, devemos ser humildes, e respeitar as classes sociais.

Antônio: (sentando-se novamente) Mas, você sabe muito bem talvez nunca aprenda! Tenho nojo de gente “dessa laia”, e…

Guilherme dá um tapa no filho. Antônio coloca a mão no rosto, e pergunta ao pai o porquê de ter feito isso com o próprio filho.

Guilherme: (nervoso) Nunca durma, nunca coma, sem antes pedir perdão a si mesmo! O que faz, é algo completamente vergonhoso, Antônio. Você sempre foi um menino bom, eu sei. Mas agora, é a hora de pagar pelos seus pecados. Algum dia vivenciará as ruínas de um império. Nunca verá algo pior em sua vida. AGRADEÇA SEMPRE!

Voltando a atualidade, Antônio se vê na pior situação de sua vida. Mais um dia se passa.

Antônio decide vender a mansão. Consegue vender o imóvel, e quitar o restante total da dívida, tudo no mesmo dia. Logo depois…

Casa dos Branco. Porta de entrada [Tarde].

Pedro: (surpreso) Entre, Antônio!

Antônio: (entrando na casa; em prantos, mas calmo) Depois de tudo o que te contei, ainda tem coragem de me oferecer para entrar?

Pedro: Deveria saber que não gosto do “sofrimento alheio”. Isso é desumano!

Antônio: (agora, emocionado) Muito obrigado mesmo! Só queria um lugar para passar a noite. Será que…

Pedro: (comovido; dá um breve sorriso) Claro! Não é igual sua antiga mansão, mas…

Antônio: (abaixando a cabeça) Eu nunca agradeci! E agora, vivencio algo que nunca imaginei em minha vida: “as ruínas de um império”.

Pedro: (dando-lhe um daqueles “abraços de macho”) Ficará bem, acalme-se. Quer ir ao supermercado comigo?

Antônio: (não entendendo a pergunta) Fazer o quê?

Pedro: (ironizando) Comprar um cérebro novo pra você!

Antônio: (risonho) Vamos logo! Preciso andar um pouco. Já quitei todas as dívidas, a família não tem mais nome sujo… Com certeza acharei emprego!

Pedro: (abrindo a porta novamente) Pare de drama que isso não é novela! (na verdade é web-série, né?).

Casa de Gilda. Quarto de Gilda/Cama [Noite].

Camila está ao lado de Gilda. A velhinha está deitada, totalmente debilitada. Fora no médico nesse dia pela manhã.

O mesmo, disse a Gilda que ela não tinha nada! Voltara para casa e desmaiou. Agora, em pleno repouso, Gilda se sente “obrigada” a dizer algumas coisas à neta.

Gilda: (segurando uma das mãos de Camila) Saiba que você tem muitíssima sorte, por não ter que carregar esse peso que a alguns de nossos familiares, tanto os vivos, quanto os já mortos, carregam e carregaram…

Camila: (achando que Gilda está louca) Calma! É só uma alucinação! Sei que pessoas assim não falam coisa com coisa, mas…

Gilda: (já respirando com dificuldade) Não continue! Só digo que me reencontrará algum dia, pela sua rara descendência.

Camila: (com medo) Do que fala, vovó?

Gilda: (tosse forte; se normaliza) Sabe aquilo de que “se não acontecer cedo, acontecerá tarde”? Sinto muito lhe dizer, mas isso será tarde!

Camila: (levantando-se) Você sabe onde Sophia está, não é? Diga-me que não é verdade! sabe onde está meu irmão?

Gilda: (espirra) Sim! Eu sei! E irei me juntar a eles muito em breve. Se der um pouco mais de sorte, até os verei por lá!

Camila: (preocupada) Onde é esse maldito lugar? (nervosa) Eu quero lhe acompanhar! Não irá sozinha jamais! Você sabe, vovó, que amo meu irmão. Não faça essa desfeita comigo e me conte onde Vinícius e Sophia estão!

Gilda: (com uma carinha meiga) Busque água pra mim! Estou com sede.

Camila: (já mais calma) Tudo bem! Conte-me depois que se recuperar.

Camila olha a avó pensando mil coisas. Como poderia esconder dela, o paradeiro da pessoa que mais ama?

Gilda: (levantando-se) Savabian! Eu sei que chegou minha hora. Não tenho mais objetivos aqui na Terra. Aliás, não posso fazer nada assim como idosa! Mas, de qualquer modo, chame logo aquele “Chapeuzinho Preto”, antes que minha neta volte. (ela sussurra calmamente) Adeus, minha querida netinha-irmã!

A casa fica totalmente escura. Camila se assusta. 1 minuto depois, a luz reaparece. Chega até a ficar tonta, mas não desmaia. Quando volta ao quarto da avó, várias emoções passam-se por sua cabeça!

Camila vê sua avó no chão, com as costas raspadas e ensanguentadas. Tentando acordar Gilda, a garota comprova a morte de sua avó.

Em prantos, ela grita desesperada. A polícia, acionada por Camila, chega a casa. Se passa alguns minutos até que os paramédicos chegam.

Policial: [alto e negro] Tente se acalmar, mocinha!

Camila: (olhando para o corpo da avó, que está sendo carregado em uma maca para uma ambulância, que está do lado de fora da casa) Como eu poderia ficar calma numa hora dessas? (entristecida) E se fosse alguém de sua família?

Policial: (tentando ser gentil) Tome! (ele lhe oferece um copo d’água) Beba um pouco. O assassino será procurado. Tentaremos encontrá-lo o mais rápido possível!

Camila: (bebe um pouco d’água) Obrigada, senhor. Lhe agradeço muito! (lembrando-se) Você por acaso sabe do caso de minha prima?

Policial: (olhando o B.O. que Camila fez) Você é parente da desaparecida Sophia Ruiz e de Vinícius Marcílio?

Camila: (esperançosa) Sim! Alguma novidade?

Policial: (sendo frio) Pararemos as buscas!

Camila: (indignada) Como? Não podem simplesmente…

Policial: (indo em direção à porta de saída) É claro que podemos! Não temos mais pistas, ou se quer algumas provas a mais. Não podemos continuar até termos uma nova pista no desaparecimento.

Camila: (segurando o braço dele) Não! Eu não irei ficar sem o meu bebê!

Flashback: 2001. Abril. Antiga casa de Gilda. Cozinha [Noite].

Camila: [com 9 anos] (abraçando-a) Vovó!

Gilda: [com 60 anos] Oh, minha netinha! Como foi a aula hoje?

Camila: (alegre) Foi ótima! Teve até um menino que caiu e quebrou o braço lá no parquinho. Onde está minha mamãe?

Gilda: Ela vai chegar amanhã! Sabe, Camila, você vai ganhar um irmãozinho!

Camila: (pulando de felicidade) Até que fim eu vou ter alguém pra brincar.

Gilda: (bebendo um copo d’água) Mas você sabe que terá de ajudar sua mãe, não é? Você já foi criada e é quase uma mocinha!

Camila: (não entendendo) Por quê? Cuidar de um bebê é muito fácil! É só botar comida na boca dele e pronto.

Gilda: (dando uma grande risada) Pare de fazer a população brasileira rir, Camila. Cuidar de um bebê não é fácil. Faça assim: ele será seu bebê e seu irmão ao mesmo tempo. Quando você estiver mais velha, entender como é o verdadeiro processo… Talvez aí você tenha o seu legítimo filho.

Camila: (lembrando-se) Ai, vovó! Vou ter que ir pro meu quarto. Hoje a professora não teve dó! Não teve mesmo!

Atualmente: 2014. Setembro. Rua de frente a casa de Gilda [Noite].

Paramédico: [pele branca; médio e ruivo] (falando para o policial) Não sabemos o que houve! Não mesmo!

Policial: (preocupado) Como vamos contar isso àquela mocinha histérica?

Camila: (chegando de surpresa) Eu? Histérica? Só se for por chocolate. Mas, o que aconteceu com minha avó?

Paramédico: (andando junto aos dois para a ambulância) Estávamos quase fechando as portas traseiras da ambulância, quando meu amigo e eu vimos algo preto no céu. Quando olhamos para o carro… Bem…

Camila: (olhando para dentro da ambulância pela porta traseira) Para de enrolar e… (assustada e preocupada) Onde… está minha avó Gilda?

Paramédico: Isso que eu estava tentando explicar!

Camila: Para onde ela foi? Por que não está aqui?

Policial: com o bloquinho em mãos Acrescento mais essa busca na lista de sua família?

O mistério ronda a todos eles. Onde estarão Gilda e os outros oito desaparecidos desde aquele grande apagão?

Bem, enquanto o isso não é resolvido, que tal mais um flashback? No anterior, descobrimos sobre “um menino que caiu e quebrou o braço lá no parquinho”. Seguindo alguma regra, de que a maioria deles tem ligações entre si, talvez você já descubra quem é o menino.

Flashback: 2001. Abril. Escolinha de Camila (fundamental 1). Parquinho [Manhã].

Camila: [com 9 anos] (preocupada) Você está bem?

Rodrigo: [com 8 anos] (caído no chão) Não muito! Pode chamar alguém pra me ajudar?

Camila: (com as mãos ao rosto) Não, quer dizer, sim! Irei chamar a professora.

Rodrigo: (tentando se levantar) Espere! Só queria lhe dizer… Obrigado!

2006. Março. Escola de Camila (fundamental 2 – 8º ano). Recreio. [Manhã].

Camila e Rodrigo desde aquele dia se tornaram grandessíssimos amigos. Na hora do intervalo, eles estavam em um banco, que está de frente para a cantina da escola.

Camila: [com 13 anos] (mexendo em seus cabelos) O que queria falar comigo?

Rodrigo: [com 12 anos] (olhando-a diferente) Algo que eu acho que vai gostar!

Camila: (preocupada) Mas… depende, não? Tipo… o que é?

Rodrigo: (entregando-lhe uma carta) És para tu!

Camila: (chocada) Gente! Nunca recebi uma carta antes!

Rodrigo: (tentando disfarçar) Foi um amigo que te mandou! Ele é gente boa!

Camila: (nas nuvens) Ai! Isso é tão romântico!

Rodrigo sai. Camila abre a carta. A lê atentamente, prestando atenção a todos os detalhes. Ela abre a boca e começa a gritar desesperada, de tanta emoção. Na carta, estava o lugar e a hora marcada, na própria escola, para Camila encontrar, como dizia a carta, “alguém que gosta muitíssimo de ti”. Nesse lugar, Rodrigo aparece e Camila estranha. Mas…

Camila: (mostrando a carta) Essa… é a sua letra! Ninguém desse colégio tem igual.

Rodrigo: (vergonhoso) Mas, posse lhe assegurar que o que está escrito é verdade!

E como resultado, Camila e Rodrigo tiveram seu primeiro beijo!

NÃO PECAM NESTA QUARTA (11/02/2015)

AS EMOÇÕES DA “SEASON FINALE” DA 1ª TEMPORADA

DE “CORUJAS SEM ASAS”, ÀS 16H!

Pedro Paulo Gondim

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2 thoughts on “Corujas Sem Asas |Episódio 1×19

  • Outro ótimo episódio, e o mistério dos desaparecidos continuam no ar, para onde eles foram? É o que queremos saber 🙂
    E esses Flash Back’s estão cada vez mais suspeitos hehe, a série é de grande qualidade 😉

    • Esse mistério foi ótimo para dar um descanso dos personagens principais. E se todos querem saber o que houve com todos eles, leiam o episódio 1×20. Obrigado pelos elogios à série Wagner!

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