Contratempo de amar – PENÚLTIMO CAPÍTULO

Por Diego

 

– Joana, me diz onde ela está! – me altero, mas Joana permanece com uma expressão de indiferença.

– Ela não quer ver você, Diego. – diz, sem me encarar – Você precisa respeitar isso.

– Faz uma semana! – me coloco em sua frente, a obrigando a me olhar – Uma semana que ela não vai na empresa, que não atende meus telefonemas nem os do Samuel, que não aparece aqui no apartamento… Joana, eu estou preocupado, só quero saber como ela está. – posso ver uma sombra de pena no seu olhar, e então uma voz familiar invade a sala.

– Ela está bem. – me viro e vejo Frederico encostado na porta da cozinha – Você não precisa se preocupar com nada.

– E você está cuidando dela? – pergunto sem esconder o descaso na minha voz.

– Melhor do que você tem cuidado nos últimos tempos, não é, Diego? – sinto a raiva tomar conta de mim, mas não vou explodir com esse cara – A Isabel precisa de espaço e precisa estar com pessoas que não a tratem como uma criança.

– Você não sabe nada sobre mim, Frederico. E não sabe nada sobre a Isabel também.

– Não sei? Você acha que a Isabel é a mesma adolescente que você conheceu há 12 anos? Eu convivi com ela, vi cada mudança, eu sei do que ela precisa. E ela não precisa de você.

– E ela precisa de você? – desdenho.

– Até o momento, sim. E eu pretendo me sair melhor do que você. Não sei qual é a sua, o porque de você estar atrás dela sendo que você tem uma noiva… Mas ela não precisa da sua inconstância agora. Ela precisa de alguém que esteja ao seu lado. E você já se mostrou incompetente o suficiente pra esse papel.

– Quem você pensa que é?! – vou em sua direção, mas Joana se coloca no caminho.

– CHEGA! VOCÊS DOIS! – berra, nos encarando – A Isabel está passando por um momento muito difícil, tendo que lidar com coisas que ela não acreditava ter que encarar um dia, e vocês estão nessa guerra de testosterona, como se ela fosse um prêmio!

– Eu vou encontrar com a Isabel, não posso perder meu tempo com você. – Frederico diz e sai do apartamento, eu me posiciono para ir atrás dele, mas Joana segura meu braço.

– Você fica! – ela me olha, séria – Eu sei que você ama a Isabel, Diego. Não sei porque você está com a Valentina, mas…

– Eu não estou com a Valentina. – a interrompo e ela me olha, surpresa – Terminamos há algumas semanas.

– Eu… Eu não sabia. – ela confessa.

– Ninguém sabe. Eu ia contar pra Bel, mas aí o Samuel me procurou pra falar sobre essa história… – me sento, passando a mão pelos cabelos – Eu não sei como eu me meti nisso, Joana. Eu deveria ter contado tudo pra ela.

– Sim, você deveria. – ela se senta ao meu lado – Mas você não contou. E agora você precisa lidar com as consequências disso.

– Eu amo a Isabel, Joana. Eu quero estar com ela… Será que eu perdi a chance?

 

Joana me encara, e posso ver que ela está refletindo sobre alguma coisa. Ela suspira e finalmente diz:

 

– Eu não deveria te contar isso… – se levanta, visivelmente aflita – Ok, que se dane. A Isabel está indo embora, Diego.

– Indo embora? – pergunto, sem entender.

– Sim, ela vai voltar pra Alemanha com o Frederico. Estão programando tudo pra pegarem o vôo que sai amanhã pela manhã.

– Mas ela… Ela não pode fazer isso! Ela me prometeu que não iria fugir! – não consigo conter minha angústia.

– Ela pode ter prometido o mundo, Diego. Isso foi antes de tudo o que aconteceu! Ela está desolada e o Frederico…

– Foi ele quem colocou essa ideia na cabeça dela, não foi?! – pergunto, irado.

– Não. – ela suspira – Ela decidiu isso sozinha. E ele tem sido muito bom pra ela, Diego… Talvez…

– Talvez o que?

– Talvez você deva se perguntar se o melhor pra Isabel é realmente estar com você.

– Como assim, Joana?!

– Vocês não são mais adolescentes, Diego! Talvez o tempo de vocês já tenha passado. Talvez você devesse deixar ela ir.

 

Deixar ela ir? Como eu posso deixar ela ir depois de tudo? Eu estava bem, estava em paz! Então ela volta, mexe com a minha vida e agora vai embora? Como eu posso continuar a viver como se nada tivesse acontecido? Então é esse o final da história?