Coisas da Vida

Coisas da Vida – 3º Capitulo

3º Capitulo

CENA 01 – RUAS DA CIDADE – VIADUTO – EXT. – NOITE.

Música: Nico Vega – Bang Bang (My Baby Shot Me Down)

Lili: Soltem-no ou eu mato vocês!

Ela aponta segura a garrafa com as duas mãos e aponta para os três homens, que se entreolham.

Zé Cachorro Grande (Sorrindo): Quem tu pensa que é para ameaçar Zé Cachorro Grande? Ainda mais com uma garrafa de vidro quebrada, tu acha que assusta quem?
Zé Cachorro Grande: Olha, eu não gosto muito de matar gente valente, e tu foi valente, ou pelo menos tentou. Mas tu não me deixa outra escolha – Ele olha para um dos homens que segurava Edgar – Pegue aquela boneca ali também, vai morrer junto do vagabundo aí.

Ele solta Edgar, deixando-o somente nas mãos do outro, e vai até Lili. Ela ainda tenta acertar a garrafa na cabeça dele, porém não consegue, seus movimentos são lentos demais para agilidade do bandido.

Lili (Sussurrando): Edgar, não te preocupa, eu chamei a policia.

Edgar não responde.

Zé Cachorro Grande: Vamos logo acabar com isso, já passamos tempo demais, ainda tem a safada Eller para a gente dar um fim.

De repente, o som de sirene começa a ecoar, quatro viaturas aparecem cercando o viaduto. Zé Cachorro Grande e os dois homens, assustados, tiram as armas da cintura. Lili pega Edgar, que já estava desmaiado, o apóia em seu ombro e o leva para detrás de um carro. Os bandidos começam a disparar tiros contra os policiais, que revidam. Os dois lados ficam nesse embate até uma bala – Em câmera lenta – atingir o Zé Cachorro Grande, e indo preso.

A imagem escurece…

Num clima de tensão, imagens aéreas da cidade são exibidas, até ser mostrada a fachada do Prédio aonde Lili mora.

APARTAMENTO DE LILI

Ema estava deitada no sofá, completamente largada, com a blusa suja de sorvete e pipoca espalhada pelo cabelo arrepiado, dormira ali mesmo. Seu sono é interrompido quando o toque de seu celular ecoa por todo o apartamento. Sonolenta, o procura pelo sofá, até que encontra e o atende.

Ema (tel.): Lili? Como tu foi chegar para no hospital? Já to indo…

APARTAMENTO DO THEO

Theo andava de um lado para o outro, nervoso.

Theo (tel.): Não acredito Lili! Já tô indo pra aí, claro…

Com pressa, Ema e Theo descem pelas escadas, porém, por lados opostos um do outro, ela pela de emergência e ele pela de serviço, já na portaria do prédio, sem se darem conta, acenam para o mesmo táxi. Ema entra no táxi, quando Theo intervém.

Theo: Esse táxi é meu!
Ema: É um caso de emergência, minha amiga está no hospital, eu preciso ir urgente!
Theo: Meu amigo também tá no hospital, e preciso ir urgente…
Ema: É no hospital Central? (Theo concorda com a cabeça) Então, vamos juntos!

Os dois entram no veículo, a porta é batida.

Música: Miley Cyrus – Malibu
Ema: Foi bom te encontrar, eu queria te pedir desculpa por ontem, principalmente por ter jogado bebida em você, é que estou passando por alguns problemas…
Theo: Também queria me desculpar com você, por ter…
Theo começa a fixar o olhar em Ema e aproximar-se do rosto dela, levantando sua mão e levante até a moça. Os olhos de Ema brilham, estava à espera de um beijo, tanto que fecha os olhos e amolece a boca, porém, segundos se passam, e ela só sente algo em seu cabelo. Ao abrir os olhos, vê Theo tirando algo dele.

Theo: É… Desculpa, tinha uma pipoca no seu cabelo…

A música é interrompida bruscamente…

Ema vira o rosto rapidamente, constrangida, mantém-se olhando para o lado de fora de carro. Os dois permanecem em silêncio. Ao passar por uma lombada, o carro se mexe as mãos dos dois acabam se encontrando, porém, se afastam rapidamente. Eles permanecem em silêncio até chegar ao hospital.

Fachada do Hospital…

CENA 02 – HOSPITAL CENTRAL – QUARTO 24 – INT. – NOITE

Ema entra correndo no quarto, e abraça Lili, que está com uma aparência abalada, ainda com a fantasia de mulher gato. Na cama, vê-se Apolo, deitado, cheio de curativos e faixas cobrindo seus machucados. A beira da maca, observando o amigo, Theo questiona:

Theo: Como aconteceu isso Lili?
Lili: Eu não sei direito, eu só os ouvi dizendo que Edgar tinha colocado chifres no tal de Zé Cachorro Grande…
Ema: E como que tu se meteu nisso, mulher?
Lili: Eu vi o Edgar sendo agredido e não ia ficar de mãos cruzadas, eu fui lá ajudar ele… Theo, eu estou extremamente cansada, agora que você chegou, eu posso ir pra casa. Ele não sofreu nada grave, apenas algumas lesões, tá dormindo, por causa dos remédios, é melhor assim, senão estaria sentindo dor.

Música: Selena Gomez – Bad Liar (Audio)
Lili se aproxima da maca, beija a testa de Edgar. Ato que gera estranhamento em Theo e Ema.
Ela pega seu sobretudo e sai acompanhada por Ema.
E sai do quarto, acompanhada de Ema.

O restante da noite passa rapidamente, e logo amanhece…

CENA 03 – APARTAMENTO DA LILI – SALA – INT. – DIA

Lili estava sentada no sofá, usava seu pijama da PeppaPig. No chão, havia vários lenços espalhados. Chorava incansavelmente. Ema, ao seu lado, fazia cafuné no cabelo bagunçado de Lili.

Ema: Lili não fica assim, o Alex não merece isso…
Lili: Tu ta chorando até hoje pelo o Otávio, e ele também não merece…
Ema: Mas eu sempre fui essa boba que tá aqui. Mas você não, você sempre foi uma mulher determinada, bem resolvida, me corta o coração te ver chorando por um homem. Como eu já disse, eu não, sempre fui atrapalhada, manipulável, ter alguém ao meu lado me fazia se sentir especial, por isso, to chorando até hoje, sabendo que tudo foi uma ilusão…

Lili: se levanta do sofá, vai até a geladeira, pega duas cervejas e traz para sala novamente. Ela entrega uma para Ema e segura a outra.

Lili: Ema, hoje eu inicio uma nova fase na minha vida, Nunca mais derramo lágrimas por homem nenhum. Vou concluir meu livro, e vou te ensinar a viver a vida.

Ema que estava bebendo, acaba cuspindo o liquido.

Lili: Deixa de ser retardada Ema, a gente tá no Rio, vamos nos perder, estamos solteiras, livres e soltas. Adoooooro, aqueles gostosos que nos esperem!

Lili começa a dançar pelo meio da sala, enquanto Ema olha pasma para a amiga.

Anoitece…

CENA 04 – APARTAMENTO DO THEO – INT. – NOITE

Edgar estava deitado no sofá, assistia TV. Theo vem com um prato e um sanduíche.

Theo: Eu to até agora tentando digerir a história… Tu se meteu com a mulher do chefão do morro, e ainda tá vivo pra contar a história, e graças a Lili… Você devia agradecer a ela, rapaz.
Edgar: Nem me fala! Acho que a partir de hoje eu não fico com nenhuma mulher dentro da própria casa. Só nos motéis que a vida tem…

Ele solta um sorriso, mas logo faz uma cara de dor, por conta dos machucados.

Theo: Você não aprende mesmo…
Edgar: Não tem nada para se aprender… Mas continuando, a Lili foi uma heroína… Se eu não fosse tão vagabundo, eu iria arriscar nela, porém, não quero a mulher que me salvou sofrendo por mim…
Theo: Quem disse que a Lili ia querer alguma coisa contigo? Coitado…

Theo morde o sanduíche, e depois solto um sorriso de triunfo, enquanto, Edigar fica olhando barbarizado.

CENA 06 – RUAS DA CIDADE – EXT. – NOITE.

Música: La Plata – Jota Quest

Fachada da lanchonete Palace…
Yasmim, garçonete, sai da lanchonete de mãos dadas com Marcos, seu namorado e também funcionário do local, eles caminham um pouco até chegar a pracinha ali perto:

Enquanto Marcos se senta, Yasmim, em pé e de frente para ele, o abraça.

Yasmim: To tão feliz! Ontem fez seis meses que estamos juntos. Pena que não pudemos comemorar.

Cabisbaixa, a moça senta-se ao lado do namorado.

Marcos: Tu sabe que com essa crise a nossa dureza, Falando sério, Yasmim, você quer mesmo levar essa vida dura pra sempre? Ter que se matar o dia inteiro no Palace…

Yasmim continua de cabeça baixa.

Yasmim: Eu queria poder acreditar em sorte, Marcos, mas eu não acredito nisso, eu só acredito em trabalho, e é esse meu trabalho segura as pontas no fim do mês.
Marcos: Pois aquele teu amiguinho acredita em sorte, e tem muita por sinal. Recebeu herança da bisa avó que morreu.
Yasmim: O Theo? Para, ele não é meu amigo, só freqüenta o Palace e gosta de jogar conversa fora as vezes, inclusive, o coitado sofreu muito com a morte da bisa avó.

Marcos sorri em alto e bom som.
Marcos: Triste? Sei, ele deve ter ficado feliz recebendo essa bolada de dinheiro!

Yasmim dá um tapa no ombro do namorado, que solta um sorriso deboche.
Os dois se levantam, dão as mãos, e vão caminhando rumo a sua casa. Marcos fica calado e pensativo todo o trajeto, até chegar à portaria do prédio onde eles dois moram.
Marcos: Yasmim, fiquei pensando, olha para o lugar que a gente mora, e o Theo já tinha uma vida boa, ainda consegue vários imóveis bons pela a cidade, tu não acha que é injustiça demais…
Yasmim: A gente não pode fazer nada para mudar isso, foi herança de família, a gente só tem que aceitar que não temos sorte como ele… Essa é a lei da vida, uns se dão bem, outros tem azar…
Marcos: Só que leis servem para ser quebradas, e eu não estou a fim de morrer aqui, nesse lugar, nesse prédio, nesse fim de mundo…

Yasmim balança a cabeça, confusa.

Yasmim: Tá pensando no quê?
Marcos: Na gente aplicar um golpe no Theo, passar a perna nele, roubar tudo o que conseguir!
Yasmim: Mas o Theo nunca fez nada com a gente, para com essas ideias malucas!
Marcos: Não interessa, o que interessa é que ele é o nosso pé de coelho, ele é o nosso passe livre para uma nova vida… E tu vai entrar comigo junto nessa, não vai? Somos parceiros pra vida inteira, esqueceu?

Yasmim fica atordoada com a proposta, jamais imaginaria algo assim vindo de Marcos, o homem que mais amou em sua vida. Apesar de ser contrária a enganar um homem de bem como Theo, a moça também sente o desejo de sair da miséria onde vive. Marcos a olhava com maldade e cobiça, aguardando uma resposta.

Ouve-se a voz de Lili por cima da cena:

Lili: Quando sentimentos negativos dominam a nossa alma, é como trocar a felicidade, pela amargura, o amor pelo o ódio, a esperança pela incerteza. É como se o nosso lado mais obscuro, aquele que sempre tentamos esconder, pois é o mais feio, florescesse, criasse vida e dominasse. É como se a fera fosse agora nossa verdadeira face, e tudo que podemos fazer é agir como uma, bancando o descontrolado, se vingando de tudo e destruindo todos. Porém, quando um dia conseguimos nos reestruturar, dominar esse lado, o que vai nos restar é o pó das coisas que devastamos. E nada vai ser como antes, porque o antes não vai mais existir para nós.

CONGELA 

E acaba o 3º Capitulo.

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