Sublime

Capítulo 5 Sublime

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CAPITULO: 5

 

 

 

Tudo caminhava para a tão esperada calmaria; há três meses Ellen não recebia mensagens, procurava agora enriquecer sua vida espiritual, nunca esteve tão feliz.

Carlos começava a ver Catarina de outra maneira, já haviam começado a namorar e há um mês. Um pedido de casamento; Catarina aceita, nada poderia ser mais perfeito. A cerimônia se daria dentro de apenas uma semana. Para quem visse ou ouvisse pensaria que tudo ocorreu de maneira muito rápida, porém apenas se concretizou o que já estava escrito.

Tudo corria bem como o esperado, Carlos realmente havia esquecido Clara por completo e se apaixonado pela mulher que realmente merecia seu amor, Catarina.

Ellen se sentia realizada com a felicidade da irmã, queria que ela tivesse a mesma felicidade que deveria ter tido, mas que o destino lhe tirou. O destino lhe tirou Danilo, mas o tempo pouco a pouco preencheu esse vazio; Ellen nunca se esqueceria de Danilo, mas havia descoberto que Deus nunca se esquecia de seus filhos.

O maligno plano de Renan e Luna não demoraria a chegar, com apenas dois dias que antecedem o casamento de Catarina, Luna bate á porta da mansão para pedir “emprego”.

 

Catarina ao abrir a porta — Bom dia, o que a senhorita deseja?

 

Luna — Vim indicada, procuro vaga de empregada doméstica! Será que não estariam interessados? __Diz Luna com certo ar de boa moça.

 

Catarina — Pode entrar, bem estamos precisando de uma empregada, mas vou chamar a minha mãe, é ela que cuida disso! Sente-se (Catarina vai até o jardim).

 

Catarina — Mãe, tem uma moça procurando vaga de empregada, não sei por quem foi indicada, mas me pareceu uma boa pessoa, está lhe esperando.

 

Ainda abatida com a recente morte de Clara, Fernanda sorri para a filha e vai até a sala.

 

Luna — Olá senhora, tudo bem? Vim porque ouvi falar sobre uma vaga disponível!

 

Fernanda — Sim realmente há! Bem aconteceram tantas coisas, a morte do meu marido e da minha filha, a minha outra empregada Olga, foi embora e apenas deixou escrito que iria ver sua mãe. Enfim, acabei não tendo tempo para procurar alguém, mas você tem experiência?

 

Luna — Sim, já trabalhei em outros lugares, se quiser minhas cartas de recomendação?

 

Fernanda — Não é necessário, bem, daqui a dois dias é o casamento de Catarina, eles vão morar aqui comigo, então se você puder começar amanhã mesmo, assim pode nos ajudar.

 

Luna sorri cinicamente — Sim, estarei aqui, até mais, e obrigada pela oportunidade.

 

Fernanda não tinha noção alguma do tremendo mal que acabará de fazer, pois ao colocar Luna em sua casa põe em risco não só a sua vida, mas também a de toda a sua família que estará à mercê dos terríveis planos de Renan e agora Luna.

O dia tão esperado chega, a igreja da cidade está cheia com convidados, amigos e alguns familiares. Carlos parece impaciente no altar, pois Catarina está atrasada.

 

Ellen diz em voz baixa — É normal, noiva nunca chega na hora!

 

Então quando menos esperam a orquestra começa a tocar, e a noiva é levada para o altar por seu tio Otávio, irmão de seu falecido pai, já que o mesmo não está presente.

Majestosamente Catarina desliza levemente pelo corredor principal, e chegando até Carlos era como se o sonho de muitos anos finalmente se tornasse realidade.

Luna havia começado a trabalhar, e estava à espreita sentada em um dos bancos, e em pensamento dizia:

 

Luna — Aproveitem muito bem, essa será a última vez que festejaram algo.

 

O casamente segue com um grande sentimento de felicidade, até mesmo de Fernanda que há algum tempo já não sorria. Finalmente chega o momento mais aguardado, o momento do sim.

 

Padre —Senhor Carlos Macedo Ferraz, aceita Catarina Dalcin como sua legítima esposa, para amá-la e respeitá-la na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza até que a morte os separe?

 

Carlos sorrindo — Sim aceito!

 

Padre — Catarina Dalcin, aceita Carlos Macedo Feraz como seu legítimo esposo, para amá-lo e respeitá-lo, na saúde e na doença, até que a morte os separe?

 

Catarina sorri — Sim! Aceito!

 

Padre — Então eu os declaro marido e mulher, pode beija a noiva meu filho!

 

Um belo e sincero beijo de verdadeiro amor emociona a todos, principalmente a família Dalcin, pois já há muito tempo não tinha motivos para festejarem.

Agora nada mais poderia separá-los, não havia nada entre eles, Catarina e Carlos poderiam ser felizes sem nenhum remorso.

Após o encerramento do casamento, todos se dirigem até o salão que fora reservado para a festa do matrimônio, e enquanto todos festejam, o celular de Luna toca, então saí, onde a música alta não atrapalhe, ela atende.

 

Luna disfarça — Alô? Renan! Porque ligou agora?

 

Renan cinicamente — Nada, é que imaginei que estaria no casamento da primogênita! Já aprontou alguma coisa ai? Já sabe o que vai fazer?

 

Luna — Ainda não sei direito, mas pretendo fazer algo com Fernanda primeiro, a final pelo que a observei, é tão problemática que só preciso dar um empurrão pra que ela fique louca!

 

Renan — Faça como quiser, mas faça rápido.

 

Luna — Em meu serviço vou lhe oferecer qualidade, não se preocupe terá a sua vingança! Mas a final, será que é sua ou de Clara!

 

Renan simplesmente não diz nada e desliga.

 

No decorrer do baile, pouco antes dos noivos saírem para sua lua de mel, Ellen pega uma câmera fotográfica, e leva até sua mãe dizendo.

 

Ellen — Tire uma nossa mãe! Irei ficar aqui, entre Carlos e Catarina.

 

Fernanda observa a câmera, mas de repente sem dizer nada a devolve:

 

Fernanda gagueja — Desculpa, não consigo!

 

Ellen diz calmamente — Você sempre gostou de fotografar, era o que mais gostava de fazer! E não pode ficar se culpando a vida toda pelo que aconteceu com a Clara, foi um acidente nada mais, nada foi sua culpa.

 

Fernanda chora se afastando dali— Fui eu quem deixou aquela sala aberta, onde ela ao brincar acabou ficando cega! E foi por isso que se tornou tão amarga!

 

Ellen prefere deixa-la sozinha naquele momento, sabia que esse sentimento que sua mãe carregava poderia levar muito tempo para cicatrizar, mas o que ela poderia fazer a não ser dar todo o conforto necessário para ela!

Despedindo-se então de todos, Catarina e Carlos seguem felizes para sua lua de mel. E por fim, mais tarde todos os convidado também seguem para seus destinos, inclusive Ellen e Fernanda que já estavam cansadas. Luna também segue para a mansão, pois a partir daquele dia passaria a morar com eles já que trabalharia lá também.

Na manhã seguinte, Fernanda como de costume se levanta para preparar o café da manhã, porém se surpreende ao ver que a mesa já estava posta, Luna havia preparado.

 

 Luna — Já está acordada senhora! Sente-se, já coloquei a mesa do café!

 

Fernanda — Sim obrigada, por um momento esqueci que você estava aqui e já iria preparar o café! Na verdade sempre gostei de cozinhar.

 

Luna — Não se preocupe com isso senhora, pois de hoje em diante estarei aqui! Sempre!

 

Pouco tempo depois Ellen levantasse, cumprimenta sua mãe e a empregada, e ao vê-la, Luna se lembra de pegar as correspondências, pois havia uma que estava endereçada a moça.

 

Ellen teme — Mais uma.

 

Calmamente abre o envelope, que nada mais dizia além de seu nome. Sim era mesmo o que pensava, mais uma das misteriosas mensagens que Ellen nem imaginava de quem poderiam ser. Então de maneira rápida, pede licença e sobe para seu quarto a fim de ler o conteúdo da carta. Nela dizia:

 

“Logo o passado estará mais presente

do que nunca!

Mais do que tudo não deverá temê-lo, mas sim abraça-lo!

Em Breve

 

 

Lorelai”

 

Ao terminar de ler, Ellen não pode deixar de notar o nome “Lorelai” que se encontrava minúsculo no final da carta. Imediatamente lembrou-se do dia em que quando estava com Alice, um homem chamou esse nome e ela respondeu como se realmente se chamasse assim.

Quem seria Lorelai? Porque sempre estava envolvida na história de Ellen? Seria ela quem mandava as mensagens?

Ellen se perguntava sempre! Aquela carta a havia deixado perplexa, talvez fosse a mensagem que a deixou mais apavorada de certa maneira, naquele momento Ellen sentia que só havia uma pessoa que poderia ajudá-la, e seria Alice.

Despedindo-se rapidamente da mãe, Ellen vai até a casa da amiga, a fim de que ela possa ajudar a desvendar esse mistério que está a envolvendo cada vez mais.

Chegando perto da praia, Ellen já avista Alice na beira do mar admirando as águas que se quebravam em ondas.

 

Ellen mostra o bilhete para Alice — Alice! Que bom que te encontrei! É que recebi mais uma daquelas mensagens.

 

Alice — Não sei o que pode ser essa mensagem, nem o que ela significa, a única coisa que posso dize é que um dia irá saber de muitas coisas.

 

Estranhamente a moça parecia saber muito mais do que aparentava, mas Ellen havia percebido que Alice não estava disposta a dizer nada mais.

 

Ellen insiste — Não acha estranho? E esse nome, Lorelai, o que significa.

 

Alice — Para quê se atormentar tanto? Você sabe onde pode encontrar conforto e futuramente respostas!

 

Ellen se mantem parada ali, sem reação, mas compreendeu perfeitamente o que Alice quis dizer com “Você sabe onde pode encontrar conforto e futuramente respostas

Nesse mesmo instante, Luna já começa a pôr em pratica seus planos, a campainha da casa toca, silenciosamente Luna vai até a porta, era um rapaz trazendo uma encomenda que ela havia pedido uma serpente não venenosa, dentro de um frasco. Imediatamente aproveitando que Fernanda não está no quarto, Luna a coloca dentro da banheira, e fica aguardando seu retorno.

Não demora muito para que ela volte, calmamente Fernanda entra em seu quarto e se prepara para tomar um banho, coloca um roupão e senta na cama, novamente começa a pensar em sua vida, em Clara e Heitor, então chora. Já após algum tempo se levanta e vai até a banheira, ao olhar para baixo, vendo aquela horrível serpente, Fernanda dá um grito de desespero e corre pelas escadas devido ao susto, e enquanto isso Luna trata de colocar a cobra novamente no frasco e escondê-la.

Pouco tempo depois Ellen chega a casa, muito melhor e bem menos abatida, feliz por mais uma vez conversar com Alice.

Mas ao entrar   nota que há algo de errado, Luna chega depressa e assustada até Ellen, dizendo:

 

Luna — Senhorita, por favor, eu não sei o que houve com sua mãe, simplesmente saiu correndo de casa, está no jardim chorando muito, está no chão, não sei o que fazer, ela não me diz nada! __Exalta Luna fingindo estar apavorada.

 

Ellen — Já estou indo!  (Ellen se dirige até o jardim) Mãe! O aconteceu se acalme mãe!

 

Fernanda apavorada — Está lá, no meu quarto, tire de lá tire!

 

Ellen sem entender nada — Quem tirar ela quem?

 

Fernanda — Uma cobra, tem uma cobra na banheira!

 

Com a ajuda de Luna, após acalmá-la um pouco, Ellen pede a mesma que suba até o quarto de Fernanda, a fim de procurar a “bendita” cobra, mas logicamente nada encontram; Luna então destila seu próprio veneno dizendo:

 

Luna — Me desculpe senhorita, mas acho que na verdade não havia cobra alguma, provavelmente sua mãe está tão nervosa pelos acontecimentos, que pode sim ter imaginado tudo!

 

Ellen — Acha mesmo? Não pode ser minha mãe nunca saiu de si, talvez apenas imaginasse!

 

Enquanto Ellen volta até sua mãe, Luna liga imediatamente para Renan:

 

Luna — Alô? O plano está começando a dar certo, logo Fernanda estará em um sanatório!

 

Renan — O que fez?

 

Luna — Coloquei uma cobra em sua banheira, e quando Ellen foi ver não estava mais! Aí falei que a mãe dela pode estar perdendo a razão, e ela quase acreditou, mas falta pouco.

 

Renan — Continue assim!  (Desliga o telefone).

 

Chega à noite, todos se encontram em um profundo sono, porém Ellen não consegue deixar os pesadelos pararem de povoar seus sonhos.

Uma moça que ela não conseguiu ver nitidamente dizia:

 

Moça — Não seja fraca como eu fui não seja, você precisa vencer!

 

Essa mulher dizia aquilo com aparente sofrimento, e apesar de não ver seu rosto, Ellen sabia de quem se tratava, era Lorelai, mas a final quem era Lorelai. De repente Ellen acorda com um forte grito e mais uma vez pensa se essa mulher pode ter alguma coisa a ver com as cartas que recebe, sem respostas aos poucos volta a dormir.

Na manhã seguinte, como é o dia de folga de Luna, a mesma vai imediatamente ao apartamento de Renan, a fim de mantê-lo informado sobre os futuros passos de seus planos.

 

Luna — Oi querido, não me cumprimenta?

 

Renan — O que quer?

 

Luna — Vim aqui para dizer que pretendo fazer mais alguma coisa amanhã mesmo, pra pensarem que Fernanda realmente está louca! Claro que ainda não pensei em nada, mas tenho certeza de que amanhã mesmo farei algo!

 

Renan — Faça o que achar melhor!

 

Luna — Sabe que não faço isso por dinheiro.  Reconhece que sempre estive apaixonada por você!

 

Renan — Você sabe o que sinto, e que o nosso relacionamento é apenas de negócios, nada mais.  Aproposito vou pagar, vai ser melhor não dever nada a você!

 

Luna — Como sempre a Clara, mesmo morta, e desde que te conheço fala nela, de como gostava de sua infância com ela. Ela morreu e você não!  Mas tudo bem, se é assim que deseja!

 

Renan — Quem bom que compreendeu.

 

Nesse mesmo instante seu celular toca! Era Ellen, precisava saber se Luna poderia ficar com sua mãe, mesmo sabendo que era seu dia de folga, porém precisaria sair e não queria deixar Fernanda sozinha, muito menos no estado em que aparentava.

 

Luna — Sim senhorita, estou indo ai agora mesmo.

 

Ellen — Sei que é seu dia de folga, mas não tenho com quem deixá-la, e esse dia será restituído!

 

Luna — Não se preocupe, pode sair já se quiser, tem um taxi aqui, estou indo agora mesmo!

 

Ellen — Obrigada! Até mais.

 

Luna diz para Renan — Parece que hoje posso dar mais um pequeno susto na dona Fernanda!  .

 

Renan — O que pensa em fazer?

 

Lona sorri — Vou pensar em algo!

 

Imediatamente Luna se dirige até a casa de Fernanda. Ellen já não estava mais lá, então a empregada entra a residência, pega um calmante que foi prescrito pelo médico de Fernanda, e leva até ela no jardim.

 

Luna — Aqui está seus comprimidos dona Fernanda!

 

Fernanda — Obrigada.  Que horas são?

 

Luna — Duas horas. É sempre nesse horário que trago os calmantes!

 

Fernanda — Luna, acha que realmente imaginei que havia uma cobra na banheira?

 

Luna — Bem, eu e a senhorita Ellen, não encontramos nada, mas a senhora deveria apenas estar cansada, nada mais!

 

Fernanda — Vou para o meu quarto, ler alguma coisa, ver se me ocupo de alguma maneira!

 

Era a hora perfeita, Luna estaria sozinha, disposta a tudo e sem ninguém por perto. Aproveitando o momento, enquanto Fernanda está em seu quarto, Luna adianta todos os relógios da casa em cinco horas, depois, sobe até o quarto de Fernanda levando seus comprimidos novamente.

 

Luna — Senhora, está na hora de seus remédios!

 

Fernanda — Como? Está enganada, já tomei há meia hora!

 

Luna insiste — Não senhora já são sete horas, e daqui a pouco a senhorita Ellen chega está na hora de seus remédios!

 

Fernanda se desespera ainda mais — Não, não pode ser!

 

Largando seu livro Fernanda segue até a sala para averiguar nos relógios. Luna a segue, e Fernanda constata que todos, absolutamente todos os relógios tem o mesmo horário, sete horas.

Fernanda começa a ficar cada vez mais nervosa, pois não pode e não quer acreditar que realmente está ficando louca.

 

Fernanda grita — Não, está enganada, todos estão!  (Fernanda desmaia enquanto Luna liga para Ellen).

 

Luna — Senhorita precisa vir rápido, sua mãe passou mal, não sei o que aconteceu, foi um surto semelhante a aquele sobre a serpente!

 

Ellen assustada — Já estou indo ai!

 

Repentinamente Ellen sente como se Alice entrasse em sua mete dizendo:

 

­“Cuidado Ellen, talvez nem tudo seja o que parece. Mas desconsidera e vai até sua casa”.

 

Em quanto isso, em casa, Luna arruma novamente todos os relógios para o horário normal.

Então, enquanto isso Ellen liga para Catarina, que estava em lua de mel:

 

Ellen — Alô, Catarina! Desculpe te incomodar, mas acho que precisa saber.

 

Catarina — O que houve? Algum problema com a nossa mãe?

 

Ellen — Sim, há pouco tempo ela pensou ter visto uma cobra na banheira e se apavorou, mas não havia nada, e agora Luna me liga e diz que novamente teve uma espécie de ataque, estou indo para lá. Não quis dizer antes para não preocupa-la, mas estou com medo que saia do controle!

 

Catarina — Deveria ter me ligado antes! Amanhã mesmo estarei no Brasil, não posso deixa-la assim.

 

Ellen — Mas e a sua lua de mel?

 

Catarina — Não se preocupe, Carlos e eu teremos outras oportunidades, voltaremos amanhã para casa!

 

Finalmente Ellen chega a sua casa, sua mãe ainda está desmaiada, porém Luna a havia colocado sobre o sofá.

 

Luna — A senhorita, ela não rege, já fiz de tudo!

 

Ellen — Me traga um pouco algodão e álcool!

 

. Após trazer o pedido, molha o algodão com o álcool e deixa Fernanda aspirar um pouco, assim lentamente ela acorda.

 

Fernanda ao recuperar a consciência — Os relógios!  Os relógios!

 

Ellen — O que tem os relógios?  .

 

Fernanda — As horas! As horas passaram depressa demais, já são sete, mas há pouco tempo eram duas horas!

 

Ellen — Mãe, agora são apenas três horas!

 

Ao ouvir isso Fernanda dá um pulo do sofá, e novamente confere nos relógios.

 

Fernanda — Eu juro, sei o que vi, não eram três horas! Diga Luna, diga pra ela como tenho razão!

 

Ellen — Calma mãe, solte a Luna, acreditamos, mas acho melhor você descansar um pouco, vamos até o quarto.

 

Ellen então é abordada por Luna na sala.

 

 Luna — Me desculpe a intromissão senhorita, mas o caso de sua mãe está ficando cada vez mais grave, ela poderia fazer mal a alguém ou a si mesma! Talvez seja necessário, interná-la.

 

Ellen — Por favor, não diga isso, ela está bem, não vai ser necessário.

 

Luna — Viu o modo que ela veio até mim, desculpe-me.

 

Ellen realmente havia estranhado tudo que Luna acabará e lhe dizer, temia que aquilo pudesse se tornar realidade, mas a final, o que poderia fazer se não contar com o apoio de sua irmã, cunhado e sua única e melhor amiga Alice.

Ellen sentia como se o mundo desabasse sobre si mesma, sua mãe, as mensagens, Renan que estava livre e pronto para fazer mal, tudo aquilo a atormentava, e ela se perguntava, será que algum dia voltaria a ser feliz?

Imediatamente na tarde seguinte, como combinado, Catarina e Carlos chegam, cumprimentam Luna que os atende e Ellen que já estava à espera.

 

Catariana — Olá Ellen, onde está a mamãe?

 

Ellen — Está no quarto, não dorme, mas só quer ficar deitada!

 

Enquanto as duas sobem para ver Fernanda, Carlos fica na sala de visitas conversando com Luna sobre o estado de saúde da mesma.

 

Carlos questiona — Mas desde quando ela começou a ficar assim?

 

Luna — Desde que imaginou aquela serpente na banheira, você deve ter ouvido falar nisso! Tenho certeza que era imaginação, afinal a senhorita Ellen e eu não encontramos nada!

 

Já no quarto de Fernanda, Ellen e Catarina se aproximam lentamente da cama, deitada ali estava, apenas com os olhos fechados.

 

Catarina — Mãe? Sou eu Catarina! Está acordada?

 

Lentamente Fernanda abre os olhos e vagarosamente se levanta dizendo:

 

Fernanda — Catarina? Minha filha o que está fazendo aqui? Deveria estar na sua lua de mel!

 

Catarina — Precisei voltar! Mãe, você precisa mudar, não ficar apenas trancada em casa, por isso está tendo esses pensamentos!

 

Novamente Fernanda a abraça mais forte e chora.

Fernanda estava começando a acreditar em sua própria loucura, tinha medo até mesmo de ferir alguém que amava! Realmente Luna estava conquistando seu espaço e conseguindo participar ativamente da vingança de Renan.

As duas decidem deixar a mãe em paz em seu quarto “dormindo”, e enquanto conversavam sobre o estado de Fernanda, ao descer as escadas, Catarina tem uma tontura, e é aparada por Ellen até sentar-se no sofá.

 

Ellen segura e abana a irmã — Calma Catarina, o que aconteceu?

 

Carlos preocupado — Catarina? O que houve com ela?

 

Catarina — Calma, estou bem, foi apenas uma tontura sem importância!

 

Ellen — Como sem importância, amanhã mesmo vamos a um médico!  Essa foi a primeira vez que aconteceu?

 

Catarina se recuperando do mal estar — Pra falar a verdade aconteceu há uns dois dias.

 

Carlos — Como não me disse nada?  Já teria levado você ao médico.

 

Ellen — Agora tudo vai ficar bem, amanhã mesmo iremos!

 

Realmente aquele mau star não poderia ser algo sem importância, e até mesmo Catarina no íntimo de sua alma pressentia que algo poderia estar errado.

Na manhã seguinte Fernanda se encontrava melhor, ainda não disposta a sair de seu quarto, mas havia se alegrado um pouco com o retorno de Catarina, mesmo que isso prejudicasse sua lua de mel.

Após o café da manhã, Carlos e Ellen já se preparam para levar Cataria ao hospital, porém a mesma reluta por certo momento em ir, dizendo novamente se tratar de uma pequena indisposição, porém Carlos é o que mais insiste, e atendendo ao pedido do marido e da irmã, os acompanha. Ellen vai dirigindo até o local.

O hospital era limpo, amplo, um ambiente agradável apesar de tudo. Não demora muito para que Catarina seja atendida pela doutora Simone, uma mulher aparentando uns cinquenta anos, porém culta e de boa aparência, que lhes inspiraram confiança. Já no consultório da doutora, Catarina se senta para conversar a respeito de seus problemas físicos.

 

Dr: Simone — Então, Cataria vinte e um anos, e não há histórico de doenças na família!  Mas o que exatamente a trouxe aqui?

 

Catarina — Bem, creio que seja apenas um mau star, mas meu marido e minha irmã insistiram em me trazer!  Umas duas vezes passei mal de repente, quase desmaiei, tonturas!

 

Dr: Simone — Hum, sei, e faz tempo que não faz nenhuma consulta medica?

 

Catarina — Para falar a verdade, faz tempo sim.

 

Dr Simone — Bem Catarina, vou pedir alguns exames, entre eles exame de sangue! Os fará hoje mesmo, e quando o resultado chegar ligarei para você! Vou chamar a enfermeira Clarice, ela vai acompanha até as salas corretas para ser examinada.

 

E assim se faz. No mesmo dia Catarina faz todos os exames necessários para que se descubra o que não corre bem; mesmo não querendo demonstrar a família, Catarina temia que realmente algo pudesse não estar funcionando como o esperado.

Três dias se passam, como se fosse grãos de areia voando com o vento, a cada dia que se passava Catarina não conseguia esconder sua ansiedade em saber dos resultados dos exames, estava nervosa, ainda mais com o estado de sua mãe que parecia não ter melhorado em nada.

Naquela tarde o telefone toca, Catarina atende antes de Luna.

 

Catarina ansiosa — Alô? Quem fala? __

 

Dr Simone — Sou eu, a doutora Simone, já estou com os resultados de seus exames, quando pode vir até aqui? Precisamos conversar.  (Diz sem animação).

 

Catarina — Agora mesmo, até mais.

Catarina fala para Carlos — A doutora ligou, estou indo buscar os exames.

 

Ellen — Carlos e eu vamos com você!

 

Catarina — Não é necessário, não quero que se incomodem.

 

Carlos — Não tem mais, vamos com certeza!

 

Novamente Ellen dirige até o consultório, e durante o caminho procura acalmar Catarina, dizendo não se tratar de nada grave, mas mesmo com todo esse apoio, Catarina ainda não consegue esconder seus sentimentos, pois a presença dos mesmos a tormenta cada vez mais.

Finalmente chegam ao local, são permitidos que entrassem para falar com a médica apenas Catarina e Carlos.

 

Dr: Simone — Que bom que está aqui Catarina, como disse estou com os resultados. Algumas notícias podem ser boas, mas nem todas.

 

Catarina — Diz Logo Doutora, o que eu tenho.

 

Dr: Simone diz com triste expressão — Os desmaios que teve são resultado de uma gravidez, e está no início ainda, deve ter umas três semanas.

 

Catarina — Gravida? Meu Deus, mas isso é uma ótima notícia agora com certeza me sinto bem melhor!

 

Carlos sorri — Gravida doutora! Não poderia ser melhor!

 

Catarina — Mas a senhora não parece contente, há mais alguma coisa?

 

Dr Simone — Há sim, com os exames descobrimos mais uma coisa. Um câncer localizado no útero.

 

Catarina preocupada — Não, a senhora deve estar equivocada, com certeza, esse resultado não pode estar certo!

 

Carlos — Calma meu amor, deixe a doutora terminar!  Quais são as chances de cura?

 

Dr: Simone — A doença também está no início. Com o tratamento correto há grande chance de cura.

 

Carlos — E qual é o porém.

 

Dr: Simone — Para isso precisamos fazer um aborto! Não há como fazer esse tratamento com o bebê.

 

Catarina interrompe — Não, não vou matar meu filho, isso não!  Tem algum jeito de fazer com que ele sobreviva?

 

Dr: Simone — Se seguir com a gravidez, talvez, é apenas um talvez, mas a criança pode se desenvolver bem, mas a sua doença estará muito avançada, talvez você não sobreviva ao parto!

 

Catarina — Acabei de descobrir que estou gravida, mas já sinto tanto amor por esse filho.  Não doutora, eu vou sim seguir com a gravidez, a final o que me importa é essa criança.

 

Carlos chora — Mas Catarina, não pode fazer isso, não pode me deixar! É muito perigoso, pense bem! __Diz Carlos entre lágrimas.

 

Catarina sorri entre lágrimas — Eu sei, também estou muito feliz com você, mas entenda, nunca viveria em paz sabendo que fiz uma crueldade com meu próprio filho, mesmo que seja pela minha saúde. E vida.

 

Ellen ao notar suas expressões — Como foi o resultado?

 

Catarina — Vamos indo, no caminho te contamos.

 

Chegando a casa, Ellen já havia ouvido tudo o que Catarina e Carlos tinham a lhe dizer; ficou perplexa ainda não querendo acreditar.

Ellen era terminantemente contra o aborto, em qualquer circunstância, e por mais que não compactuasse com a decisão de Carlos, que preferia que sua esposa abortasse, Ellen era diferente, apesar de sofrer pela irmã a apoiou nessa decisão tão dolorosa, pois sabia que na mesma situação não optaria pelo aborto, mas obviamente Ellen sofreria muito ao perder a única irmã que lhe restará.

 

Catarina pensativa — Pode parecer loucura, mas nesse pouco tempo o sinto cada vez mais forte, como se gritasse por sua vida! Eu já o amo, vou seguir em frente com a gravidez!

 

O problema agora era contar para Fernanda, pois jamais deveriam esconder algo do tipo a ela, mesmo estando em tal situação, seria melhor se acostumar com a possível morte de Catarina, sem que sua repentina fosse ainda mais traumática a mãe.

Então decidem, naquele mesmo dia, abrir o jogo dentro de toda essa situação.

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