Amores Opostos

Capítulo 5 – Amores Opostos

Amores Opostos

– Novamente saia do meu trabalho, com muito medo, então fui puxada por uma sombra, pra um beco, a sombra era um cara, ele era nojento, eu o amava mas sentia nojo, ele fez coisas contra minha vontade, tudo que vinha dele era nojento, mas eu o amava.

Gláucia fazia terapia comigo há quase um ano, porém seu comportamento mudou desde da última sessão, quando recebeu a ligação que seu tio havia falecido, nós sabíamos que ela tinha algo errado, que tinha passado por um choque, claro que com o meus anos de psicologia, já sabia o que seria aquele choque, mas eu queria que ela se abrisse comigo, e pela segunda vez ela me contava o seu sonho, e queria que eu encontrasse o tal erro no seu sonho.

– Então Gláucia há mais alguma coisa que queira me contar?

– Como assim? Quem tem que me dizer isso é você, aliás essas consultas não são baratas.

– Gláucia eu sou terapeuta, não sou adivinha, porém pretendo que você me conte o que realmente aconteceu.

– Foi o sonho, como lhe disse.

– A morte do seu tio lhe trouxe algo além do luto, talvez algo do passado, e esse sonho que você tem tido essas noites reflete na angústia que você sente.

Gláucia ficou pensativa, com a respiração mais ofegante.

– Tinha treze anos, eu sempre amei minha família, mesmo minha mae sendo tão controladora, e o meu pai sendo alcoólatra, eu sempre os amei, adorava as festas em família, ótimas festas, foi numa dessas festas que meu tio Ricardo, esse que faleceu, veio com a notícia que tinha falido, minha mãe o convidou pra vim morar conosco, aliás nossa mansão tinha vários quartos, e veio. Meu tio sempre brincalhão, tinha vinte e oito anos na época, eu era sua fã número um, contudo meus pais viajaram, deixando meu tio, eu e os empregados. Meu tio já havia avisado meus pais sobre a festa que organizou, a festa aconteceu, estava cansada, resolvi dormir cedo, e dormir, mas quando deu por volta das duas da manhã, meu tio invade meu quarto, ele estava visivelmente embriagado, eu tentei dizer alguma coisa, mas… – Nessa hora Gláucia estava muito nervosa, porém continuo – Mas ele me agarrou, levantou meu vestido, tirou minha calcinha, tudo com muita força – Isso explicava muita coisa na vida de Gláucia, como pude não saber que a vida que ela levava sem limites tanto as drogas, as transas que tinha com os caras do clube com quem traía o marido, mas ela continuou:

– Ele me usou, e pra mim eu via tudo de longe como se eu tivesse de longe e visse aquela cena de terror, por fim consegui me sair e me trancar no banheiro. Durante o domingo passei o dia na casa de uma amiga.

– Você contou pra alguém?

– Não consegui, me sentia culpada, como se eu tivesse feito aquilo, como se eu fosse a responsável – Gláucia descreveu o que quase todas as vítimas de estupro sentem

– Até porque ele me ameaçou, evitei de ficar a sós com ele durante os dias que ele ficou em casa.

– O que a morte dele significou pra você?

– Libertação, e angústia por nunca ter dito pra ninguém sobre o monstro que ele era, me senti mal por não ter sentido pena alguma, pela sua morte trágica.

A partir daquele dia, pude revelar a Gláucia, tratar seus transtornos com mais clareza.

Ela largou as drogas, e pode assim viver com mais fidelidade ao seu marido, com uma vida com mais limite e mais pudor.

Fim

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