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Ela Veste Preto, mas o Baile é Cor de Rosa

Capítulo 32 – Ela Veste Preto, Mas o Baile é Cor de Rosa

Música – New Perspective – Panic! at the Disco

 

Eu sinto as ondas salgadas chegando
Eu as sinto bater contra minha pele
E eu sorrio ao respirar, porque eu sei que elas nunca irão ganhar
Há uma neblina sobre minha TV
Que muda tudo que eu vejo
E talvez se eu continuar assistindo
Eu perderei os traços que me preocupam

 

O relógio marcava o tempo perdido das horas de angústia em que Dora só queria esquecer que existia. Devia ser cerca de 22h45min quando ela finalmente achou o rumo de casa. Apenas entrou e se deitou na almofada em frente à TV, seu corpo doía, a cabeça pesava em pensamentos confusos que não davam em lugar algum. Ligou-a para tentar esquecer o mundo, e a luz repentina em meio à escuridão fez notar a expressão pálida e seca de tanto choro e lástima.

Para variar, os canais não sintonizavam e ela não conseguiu ver nada, procurou na gaveta algum DVD que pudesse assistir. Foi quando encontrou um em especial, colocou-o imediatamente e assistiu jogada na almofada as cenas que se passavam em New Park há pouco mais de um ano. A galera se divertia junto com Dora e David, Mell sempre estava a seu lado e eram tão felizes. David era tão lindo, jovem, puro. Mell a amiga que morreria para defendê-la e Dora, a garota mais cega e egocêntrica que já deve ter pisado na face da Terra.

Ela via a filmagem com ar de pavor, era como se um estranho estivesse assistindo sua vida passada. Aquela Dora ria demais, maltratava pelo simples prazer de dominar e não enxergava nada do que se passava a sua volta.

– Que garota idiota! Ela merece tudo que está acontecendo! Pena que agora ela sou eu! – conclui confusa pegando no sono.

 

Nós podemos ir logo ao que interessa?
Espere um pouco me deixe corrigir isto
Eu quero viver a vida de uma nova perspectiva
Você veio junto porque eu amo seu rosto
E eu irei admirar seu gosto refinado
E quem liga para intervenção divina
Eu quero ser elogiado de uma nova perspectiva
Mas partir de agora seria uma boa ideia
Então me acompanhe para cair fora daqui

 

De manhã, o celular tocou e num susto, ela pulou da almofada sentindo os primeiros sintomas da noite mal dormida.

– Alô!

– Eu preciso que você venha aqui na delegacia imediatamente prestar seu depoimento! – intima Leo Turner.

– Ah! Bom dia pra quê, né? Agora já virou bagunça. Ninguém diz o nome só ordena e a essa infeliz, cabe obedecer! – ironiza Dora.

– Bom dia, Dora! Me desculpe, é que estou atrás de você desde ontem à tarde. Aliás não só eu como sua mãe, mas você sumiu e eu preciso que venha depor sobre o que aconteceu na mansão, urgente! Quem diria que seu amiguinho cafetão acabou virando suspeito dos crimes!

Dora, seca não deu trela ao comentário de Leo e apenas respondeu.

– Vamos acabar com isso! Daqui a pouco estarei aí! – desligando em seguida.

Leo ficou abismado com a reação dela.

Não demorou muito, ela estacionou o Furgão na frente da delegacia e recepcionada pelo Detetive contou tudo o que fez desde a hora que mentiu para a mãe até o momento em que ele rompeu a porta da sala do casarão.

– É só isso que aconteceu? – pergunta Leo sério.

– É sim! Se você cumprisse melhor suas promessas, estaria lá comigo e veria tudo, sem a necessidade de tanto interrogatório! – responde irritada.

Ele já ia liberá-la quando um carcereiro cochichou em seu ouvido. Leo então se virou para Dora e disse.

– Olha, eu sei que você está cansada e que não é fácil o que vou te pedir, mas peço que pense com carinho! É que o rapaz ficou sabendo que você estava aqui e quer te ver, acho que deveria aceitar porque poderíamos observar se ele diz algo suspeito, que o acuse!

Dora começou a lacrimejar os olhos, sua pulsação aumentou e ofegante respondeu sem pensar.

– Pode ser!

 

Mais importante, eu preciso mostrar
O quanto eu posso ir e voltar
Outros planos falharam
E colocaram uma carga pesada em você
Eu sei que não há nada mais que precisa ser dito
Quando eu estou me arrastando pela sua cama
Ao invés disso olhe em volta e me veja partir

 

E lá estavam os dois frente a frente numa saleta escura com uma mesa os separando. Um espelho enorme em um dos lados, Alonso permanecia algemado e demonstrava abatimento pela noite na cadeia.

– Quem é R? – pergunta Alonso sussurrando de cabeça baixa.

– Você deve saber muito bem! – responde Dora enfática.

– Você realmente acha que eu sou esse louco que te persegue? Que até ontem nem fazia ideia que existia? Nossa garota… Eu acho que não te conheço! Em que parte da história você decidiu me fazer de palhaço enquanto andava pra cima e pra baixo atrás desse suposto assassino? Quando ia me contar da sua compulsão pra Sherlock Holmes?

– Pronto! Já vai se fazer de vítima! – ela grita quase se levantando.

– Não! Pelo que sei, esse não é meu papel! – ironiza.

– Eu não faço ideia se você é o R, um príncipe ou o espião da Lara. Tudo que eu sei é que você mentiu demais e agora não quer pagar pelo que fez!

– Se eu menti não foi mais do que você, foi pra te proteger… Porque eu te amava! – confessa desconcertado.

– Então somos dois! Porque a ingênua e indefesa aqui pensou a mesma coisa!

– É, parece que nosso erro foi amar demais! Mas isso agora acabou! – dita Alonso.

Dora então se calou surpresa. Alonso continuou.

– Isso não tá dando certo! Desde que eu conheci você, minha vida tem sido uma sucessão de desastres, e olha que antes já não eram poucos. Eu nunca sei o que vai acontecer no próximo minuto numa escala entre a melhor coisa do mundo e ir parar na cadeia acusado de assassinato. Eu adorava a sensação, mas não dá mais! – E tomando fôlego sentenciou.  – É melhor parar por aqui antes que aconteça o que nem sei como ainda não aconteceu, a morte de um de nós dois!

Agora foi ela quem baixou a cabeça tentando esconder as lágrimas. Não disse nada como resposta, saiu apressada na primeira oportunidade em que a porta se abriu. Alonso apenas suspirou magoado quando Dora o deixou sozinho na saleta sem sequer dar-lhe adeus.

 

Não é justo, apenas me deixe aperfeiçoar isto
Não quero viver uma vida que era compreensiva
Porque ver claramente seria uma má ideia
Agora me acompanhe em sair fora daqui
Então me acompanhe, eu estou caindo fora daqui

Camila Oliveira Santos

Camila Oliveira Santos - Pseudônimo Mila Olivier. Tem 30 anos, mas sua cabeça não tem idade. Escreveu a vida toda, porém só percebeu que gostava aos 17 anos, quando queria dar novos rumos aos filmes e séries que assistia, sua outra paixão. Estudante de Produção Multimídia, formada em Processamento de Dados e Pós Graduada em Docência para o Ensino Superior que adora escrever. Sendo publicada em jornais e antologias de São Paulo e Sorocaba. Fase Regional do Mapa Cultural Paulista 2013/2014, Antologia de Apoio à APAE de São Paulo 2013, 2° Concurso Literário Cruzeiro do Sul 2011, 2º Lugar no Concurso Literário da Universidade de Sorocaba 2014 (Modalidade – Causos), entre outros ao longo de 10 anos de carreira. Aguarda ansiosamente a finalização da publicação do primeiro livro “Madame Cage – A Mulher que Colecionava Jovens” pela editora Buriti. Participa de muitos concursos e oficinas literárias visando agregar cada vez mais conhecimento desse mundo infinito que é o literário, têm ideias e inventa moda toda hora, entretanto gosta mesmo é de criar histórias.

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Camila Oliveira Santos - Pseudônimo Mila Olivier. Tem 30 anos, mas sua cabeça não tem idade. Escreveu a vida toda, porém só percebeu que gostava aos 17 anos, quando queria dar novos rumos aos filmes e séries que assistia, sua outra paixão. Estudante de Produção Multimídia, formada em Processamento de Dados e Pós Graduada em Docência para o Ensino Superior que adora escrever. Sendo publicada em jornais e antologias de São Paulo e Sorocaba. Fase Regional do Mapa Cultural Paulista 2013/2014, Antologia de Apoio à APAE de São Paulo 2013, 2° Concurso Literário Cruzeiro do Sul 2011, 2º Lugar no Concurso Literário da Universidade de Sorocaba 2014 (Modalidade – Causos), entre outros ao longo de 10 anos de carreira. Aguarda ansiosamente a finalização da publicação do primeiro livro “Madame Cage – A Mulher que Colecionava Jovens” pela editora Buriti. Participa de muitos concursos e oficinas literárias visando agregar cada vez mais conhecimento desse mundo infinito que é o literário, têm ideias e inventa moda toda hora, entretanto gosta mesmo é de criar histórias.

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