Ela Veste Preto, mas o Baile é Cor de Rosa

Capítulo 28 – Ela Veste Preto, Mas o Baile é Cor de Rosa


Sinto como se estivesse vivendo a vida de outra pessoa
É como se estivesse fora
Quando está tudo indo bem
Eu sei apenas porque você não poderia
Vir comigo
Mas isto não é o seu sonho
Mas você sempre acreditou em mim

 
– Esse elemento tá te incomodando, amor? – pergunta irônico.

Alonso ia aproximando-se, mas viu o professor logo à frente. Preferiu guardar o que sentia e saiu. Aidan vitorioso continuou.

– É incrível como esses bolsistas só porque estudam com a elite acham que podem falar a altura! Por favor! – ri abraçando Dora. – Provavelmente se fizessem uma varredura completa a única coisa que iam encontrar de igual em nós é a letra inicial do nome.

Ela o desbancou imediatamente, perguntando ainda perturbada com seu rosto.

– Olha o que você tá dizendo… Nem estuda aqui! Aliás, como foi que você veio parar aqui?

– Meus tios me mandaram fazer companhia ao Paris!

– E cadê ele? – pergunta olhando em volta.

– Por aí! Eles me disseram para acompanhá-lo e eu fiz, mas não falaram nada sobre ficar ao lado dele!

– Você é muito canalha mesmo! Coitado do Paris com você e o David tão iguais e cafajestes!

– Pode até ser, mas você gostava! Quem sabe ainda goste! – sussurra ele apertando-lhe a cintura.

Dora saiu correndo de Aidan que apenas riu com a brincadeira.

Nesse momento Romeu chegou procurando por Alonso. Ele olhou para Dora e imaginou ser ela pela descrição, mas continuou procurando pelo amigo. Aflito, finalmente o encontrou.

– Alonso! Alonso!

– Romeu, você por aqui! Veio visitar as futuras nobres damas da sociedade? – brinca.

– Não é nada disso! Mas até que não são de se jogar fora! – comenta. – Nossa, não é por isso que eu vim!

– Então o quê é? Tá me assustando!

– Seus pais descobriram sobre algum acontecimento familiar na faculdade e estão chegando lá em casa pra te visitar!

– Tá de brincadeira! Como eles descobriram? Andou falando demais Romeu num ataque de pânico?

– Não! Eu não faço ideia! Só sei que se você não for lá vão acabar é chegando aqui!

– E agora? Eu não posso sair com o cão de guarda do professor fungando nos nossos pescoços!

– É uma emergência! – grita Romeu sem ar.

– Tá! Tá! – diz Alonso olhando em volta enquanto pensa. – Ah! Eu não acredito, ela não! – lamenta avistando Dora.

– Eu preciso sair urgente daqui! Você pode me cobrir com o professor? – sussurra para a menina meio contra a vontade.

– Como? Se for por causa dos outros eu posso ir até eles e… – ia continuar Dora quando Alonso a interrompe.

– E eles vêm até mim como cães amestrados apresentar um número enquanto na verdade querem me matar, só porque a soberana mandou! Não, eu não preciso disso! – termina indo embora.

 

Outro dia de inverno está vindo
E indo embora
E mesmo em Paris ou em Roma
Eu quero ir pra casa
Me deixa ir pra casa

 

Enquanto isso, pai e mãe tentavam acertar suas diferenças em casa.

– Me surpreendi quando você disse que viria após tanto tempo fora! – comenta Lara. – Isso seria um recomeço? – sugere a mulher apoiando suas mãos sedutoramente nas costas do piloto.

– Não, não é e você sabe muito bem disso! – afirma retirando as mãos dela instantaneamente.

– O quê você veio cheirar aqui então?

– Vim resolver o nosso divórcio! – responde efusivo retirando a papelada da pasta de viajem. – Quando fui embora acertamos tudo de boca, já é hora de legalizarmos nossa situação para seguirmos nossos caminhos!

– Como se um papel mudasse tudo! Você já seguiu o seu há muitos anos quando deixou a mim, nossa filha e nossa vida maravilhosa! – grita Lara.

– Vida maravilhosa, perfeita! Com você foi sempre assim, esse lugar vem primeiro que qualquer um. É tudo por New Park, sobre o que vão pensar, o que vão fazer, como vão receber! – grita também o pai.

– Como pode dizer assim do nosso lar! – admira-se a mãe.

– Um lar é onde nos sentimos bem e esse lugar só me sufoca, me aprisionou a vida inteira. Eu tentei, mas não queria ter a vida dos meus pais presos num porta retrato e mortos por dentro. Mas parece que pra você tá tudo bem, não é?

– Então a Dora é quem paga por você brincar de Peter Pan?

– Nisso eu errei, deixei-a aqui e agora ela é uma bonequinha de luxo! Nossa menina tem tanto potencial, não merece ser um objeto superficial na mão dessa gente!

– Isso você nem imagina! – sussurra Lara.

– O quê? – pergunta o pai.

– Nada. Só estou chocada com tudo!

– Agora eu sei o que é paz, pois a tenho vivendo com a Mao na Indonésia. Onde só temos uma cabana, a praia e as águas.

– Já chega! Eu não quero saber da sua versão ridícula de Lagoa Azul. Se você quer a separação pode deixar os papéis aí! Vou pensar no seu caso. – fala a mãe desolada virando-se de costas para o piloto.

Ele arrumou seus pertences e já na porta novamente desejou.

– Tomara que um dia você veja a verdade e seja tão feliz quanto eu estou sendo agora. – comenta partindo e deixando a ex-mulher em prantos.

 

Estou cercado por
Milhões de pessoas
Me sentindo sozinho
Me deixa ir pra casa
Sinto sua falta você sabe

 

Na saída cruzou com Dora que estava indo buscar os pais para as festividades.

– Onde você tá indo? – pergunta desconfiada.

– Estou indo para um hotel, mas já volto para irmos juntos! – mente o pai.

Dora não aceitou a mentira e o piloto a consolou.

– É preciso! Quando estamos longe muito tempo nossa volta causa a desorganização natural das coisas!

– Mas não é justo! Aposto que é coisa da Lara! – grita.

– Ela pode parecer forte, mas precisa de você. – e quase partindo no táxi lhe pede. – Filha me promete uma coisa, por mais que sua mãe peça não se dobre pra ela nem pra ninguém nesse seu jeito de ser!

– O senhor sabe quem eu sou! – espanta-se. – E eu sei que dentro dessa mala tem um All Star surrado bem escondido!

– Por isso você é minha filha! Nós somos incorrigíveis! – brinca. – Até daqui a pouco! – grita na janela do carro partindo.

– Até mais tarde! – berra Dora chorando.

 

Me deixa ir pra casa
Eu tive minha chance
Baby, pra mim, chega
Estou indo pra casa

 

Dora voltou da porta de casa para o parque e quando chegou, lá estava Alonso recebendo no fim da arrumação uma bronca enorme do professor na frente de todos. Correu até lá dizendo.

– Ah, Alonso! Você tá aí! Obrigada por salvar a minha vida!

– O que a senhorita está dizendo? – pergunta o professor.

– O Alonso foi um herói trabalhando em off na arrumação, indo buscar os materiais que os fornecedores se negaram a entregar alegando falta de pagamento! Ele acertou com todos eles, inclusive levando um soco do entregador de toalhas de mesa! – contava ela com entusiasmo em detalhes.

– É mesmo? – indaga Alonso espantado.

– Foi sim! Bem aqui! – Dora mostra agarrando e unhando vingativa a bochecha esquerda de Alonso. – Imagine professor, podia ter sido o senhor! – grita.

O mestre analisou o relato e após um tempo discursou.

– Nesse caso o senhor dessa vez está perdoado… Foi um verdadeiro herói! Mas se houver uma outra vez me avise, heróis anônimos são muito sem graça!

– Pode deixar! – afirma o rapaz.

Dora olhava para ele com cara de vitória.

– Viu como você precisa de mim? Não vai dizer nada, sei lá, algumas palavrinhas mágicas! – ironiza.

– Obrigado! – sussurra desconcertado.

– Podia pedir mais alto, mas como estou em falta com você, isso já serve!

– Eu tinha coisas pra fazer e não dava para adiar! Você salvou o dia, Dora!

Ela ficou tão feliz com o elogio que lhe deu um selinho na boca e correu de volta para casa feito uma moleca. Alonso só ficou olhando sorrindo profundamente.

Ela chegou chamando por seu pai para contar o episódio, mas a casa estava em silêncio e ao vasculhar os cômodos encontrou a mãe virada para cama de pé, chorando encolhida olhando para um papel que estava sobre o leito. Quando Lara viu a filha tentou disfarçar limpando as lágrimas.

– Ah! É você minha filha!

– O papai disse que viria pra cá pra irmos juntos ao New Dad Day! – diz estranhando o clima.

– Ele pediu desculpas, mas precisou viajar novamente! Acho que esse ano não vamos! Quem sabe o ano que vem? Eu estou com uma dor de cabeça terrível! – queixa-se Lara.

– Eu entendo! Quem sabe o ano que vem! – consola Dora lendo o papel.

– Se ele ficasse, eu era até capaz de prometer que faço uma obra social com aquele Afonso!

– É Alonso, mãe! – corrige a filha dando lhe um abraço entre risos e lágrimas. – Dona Lara a senhora é única.

 

Me deixa ir pra casa
Ficará tudo bem
Estarei em casa hoje à noite
Estou voltando pra casa

Camila Oliveira Santos

Camila Oliveira Santos - Pseudônimo Mila Olivier. Tem 30 anos, mas sua cabeça não tem idade. Escreveu a vida toda, porém só percebeu que gostava aos 17 anos, quando queria dar novos rumos aos filmes e séries que assistia, sua outra paixão. Estudante de Produção Multimídia, formada em Processamento de Dados e Pós Graduada em Docência para o Ensino Superior que adora escrever. Sendo publicada em jornais e antologias de São Paulo e Sorocaba. Fase Regional do Mapa Cultural Paulista 2013/2014, Antologia de Apoio à APAE de São Paulo 2013, 2° Concurso Literário Cruzeiro do Sul 2011, 2º Lugar no Concurso Literário da Universidade de Sorocaba 2014 (Modalidade – Causos), entre outros ao longo de 10 anos de carreira. Aguarda ansiosamente a finalização da publicação do primeiro livro “Madame Cage – A Mulher que Colecionava Jovens” pela editora Buriti. Participa de muitos concursos e oficinas literárias visando agregar cada vez mais conhecimento desse mundo infinito que é o literário, têm ideias e inventa moda toda hora, entretanto gosta mesmo é de criar histórias.

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Camila Oliveira Santos - Pseudônimo Mila Olivier. Tem 30 anos, mas sua cabeça não tem idade. Escreveu a vida toda, porém só percebeu que gostava aos 17 anos, quando queria dar novos rumos aos filmes e séries que assistia, sua outra paixão. Estudante de Produção Multimídia, formada em Processamento de Dados e Pós Graduada em Docência para o Ensino Superior que adora escrever. Sendo publicada em jornais e antologias de São Paulo e Sorocaba. Fase Regional do Mapa Cultural Paulista 2013/2014, Antologia de Apoio à APAE de São Paulo 2013, 2° Concurso Literário Cruzeiro do Sul 2011, 2º Lugar no Concurso Literário da Universidade de Sorocaba 2014 (Modalidade – Causos), entre outros ao longo de 10 anos de carreira. Aguarda ansiosamente a finalização da publicação do primeiro livro “Madame Cage – A Mulher que Colecionava Jovens” pela editora Buriti. Participa de muitos concursos e oficinas literárias visando agregar cada vez mais conhecimento desse mundo infinito que é o literário, têm ideias e inventa moda toda hora, entretanto gosta mesmo é de criar histórias.

One thought on “Capítulo 28 – Ela Veste Preto, Mas o Baile é Cor de Rosa

  • Esse Alonso é misterioso demais. Quero tanto saber o que ele esconde. Gente do céu, é só mistério nesta web.
    Lara e o pai de Dora expuseram de tal forma o climão chato que há entre eles, fiquei até balançado.
    Dora é um anjo na vida de Alonso, espero que eles reatem logo, e que esse Aidan vá se danar.

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