Ela Veste Preto, mas o Baile é Cor de Rosa

Capítulo 27 – Ela Veste Preto, Mas o Baile é Cor de Rosa

Música – Home – Michael Bublé – Tradução

Outro dia de verão

Veio e foi embora

Em Paris e em Roma

Mas eu quero ir para casa

 

Talvez esteja cercado de
Um milhão de pessoas e eu
Ainda me sinto sozinho
Eu somente quero ir pra casa
Sinto sua falta você sabe

 

Na manhã de Domingo, alguém bateu à porta e Dora desceu as escadas entusiasmada para abri-la. Embora a mãe tivesse feito toda aquela cena, ela amava o pai. E fazia tanto tempo que o piloto não vinha para casa, que decidiu ignorar o acontecido e viver o momento por ele.

– Foi daqui que pediram um piloto particular, senhorita? – pergunta o homem parado diante dela esboçando um sorriso.

– Foi daqui sim! E quero tratamento cinco estrelas! Senão reclamo com os seus superiores, senhor! – responde animada.

Apesar da brincadeira, ambos se olhavam, reparando como estavam diferentes da última vez que se viram há três anos, quando o pai entrou para uma importante companhia aérea e aproveitou para deixar a mãe veladamente. Lara usava as viagens do marido como justificativa para não aceitar o fato e assim iam caminhando.

Depois de tanta observação, Dora quebrou o gelo perguntando.

– O quê foi? Eu não raptei sua filha e tomei a vida dela! Sou eu mesma… Apenas cresci.

O homem, ainda espantado comentou.

– Nossa! Eu sou pai de uma gata! E eu achando que você não ia me dar problema! – brinca ele observando o estilo paty da filha. – Só achei que você teria um estilo mais próprio, mas seguiu direitinho as regras da sua mãe e de New Park!

– Que bom que gostou! O senhor com esse uniforme também não está nada mal! Pra quem dava a vida por um All Star, jeans e camiseta, posso dizer que me surpreendeu na indumentária.

Finalmente, após esse comentário, se aproximaram um do outro e deram um desconcertante abraço nervoso que revelou suas verdadeiras impressões sobre ambos.

 

Eu continuo guardando as cartas que te escrevi
Cada uma com uma linha ou duas
“Estou bem amor, como você está?”
Bem sei que deveria te enviá-las, mas sei que isto não é o bastante
minhas palavras eram frias e sem graça
E você merece mais que isto

 

– Mas onde está sua mãe, querida?

– Lá em cima se arrumando! Pode entrar, a casa sempre será sua, mas eu não posso ficar. Tenho que fazer uma tarefa pra faculdade na festa. Envolve trabalho escravo de universitários e professores corruptos, mas é uma história chata demais. Te vejo mais tarde? – pergunta ela sorrindo.

– Claro! Não tem nenhum lugar no mundo que eu queira estar mais do que aqui!

Eles se despediram e Dora foi para a praça. O pai, após bufar entrou com suas malas, certo de que enfrentaria uma situação difícil com Lara.

Alguns minutos e quarteirões depois, Dora estava na praça. A turma, assim que chegou, começou a adulá-la, ressaltando como ela era importante para o andamento da recepção, perguntando o que podiam sobre a decoração, esperando sua aprovação.

– Está ótimo! – dizia pra todos expressando uma abertura de lábios amarela.

O professor observava tudo e anotava na prancheta que tinha em mãos. Gesticulando silenciosamente para que fossem mais rápidos. Dora odiava aquilo, estava mudada e se um dia os agitos de New Park a fizeram feliz, agora a entediavam mais que qualquer coisa.

– Vamos, Dorita! Sem a sua animação não tem graça! Sabemos que você esteve fora por um tempo, mas volte pra nós! – diziam as garotas.

– Eu estou aqui! E não me chame de Dorita, valeu?

– Ops! – grita uma delas levando à mão direita a boca.

Ela sabia que era maldoso aquele comentário, mas não se importava, pois seus olhos e ouvidos estavam atentos a outra missão no meio daquele bando de gente. Encontrar Alonso, não o via desde a noite do baile e a saudade apertava em seu peito. Ele não ligou mais, não foi nas aulas e simplesmente desapareceu. Dora pensou no princípio ser coisa de R, mas depois percebeu que ele só queria um tempo.

 

Outro avião
Outro lugar ensolarado
Sou sortudo eu sei
Mas eu quero ir pra casa
Tenho que ir pra casa

Me deixa ir pra casa
Estou tão longe
De onde você está
Eu quero voltar pra casa

 

Quando suas esperanças mais uma vez queriam desaparecer, eis que Alonso surge como uma visão do outro lado da rua, prestes a entrar no parque. Estava lindo, com os cabelos aparados, uma calça jeans folgada, blusa comprida preta por baixo de uma camiseta azul marinho. O sol reluzia em seu rosto e adornava a feição perfeita trazida com o vento.

Dora ouvia uma canção entoada por anjos errantes nos ouvidos e parecia ter poder suficiente para voar até ele, mas ficou ali paralisada pela surpresa, olhando focada para o ser mais importante de seu mundo, o centro do quadro onde sem Alonso nada teria simetria ou faria sentido. Ele trazia cores à tela em branco.

– Alonso, eu te amo! – sussurra para si como da vez que se descobriu apaixonada.

Este passou direto por ela e foi ajudar os outros alunos. Apesar dela tanto olhar e esbarrar, Alonso sequer notava sua presença e fingia muito bem que Dora não existia, para seu desespero. Até que não aguentando a situação, pulou em sua frente e lhe disse.

– Eu quero explicar, mas você não deixa!

– Eu já vi esse filme e achei muito ruim! Não gosto de reprises com cenas de escândalo e finais felizes que desandam. – ironiza seco.

– Não vou fazer cena, sei que você não gosta! Se pudesse me escutar só um pouquinho…

– Pra explicar o quê? Pra mim está claro que a dona de New Park cansou de brincar de menina pobre e voltou pro seu lar!

Dora não sabia o que fazer para convencer Alonso, ainda mais por estar vestida como antigamente, deixando provado e inquestionável seu ponto de vista.

– Maldita hora que eu fui concordar com os planos delinquentes da minha mãe! – pensava.

Para piorar a situação, Aidan apareceu do nada ao seu lado. Alonso respirava pausadamente como quem se equilibrava para não cometer uma loucura.

Camila Oliveira Santos

Camila Oliveira Santos - Pseudônimo Mila Olivier. Tem 30 anos, mas sua cabeça não tem idade. Escreveu a vida toda, porém só percebeu que gostava aos 17 anos, quando queria dar novos rumos aos filmes e séries que assistia, sua outra paixão. Estudante de Produção Multimídia, formada em Processamento de Dados e Pós Graduada em Docência para o Ensino Superior que adora escrever. Sendo publicada em jornais e antologias de São Paulo e Sorocaba. Fase Regional do Mapa Cultural Paulista 2013/2014, Antologia de Apoio à APAE de São Paulo 2013, 2° Concurso Literário Cruzeiro do Sul 2011, 2º Lugar no Concurso Literário da Universidade de Sorocaba 2014 (Modalidade – Causos), entre outros ao longo de 10 anos de carreira. Aguarda ansiosamente a finalização da publicação do primeiro livro “Madame Cage – A Mulher que Colecionava Jovens” pela editora Buriti. Participa de muitos concursos e oficinas literárias visando agregar cada vez mais conhecimento desse mundo infinito que é o literário, têm ideias e inventa moda toda hora, entretanto gosta mesmo é de criar histórias.

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Camila Oliveira Santos - Pseudônimo Mila Olivier. Tem 30 anos, mas sua cabeça não tem idade. Escreveu a vida toda, porém só percebeu que gostava aos 17 anos, quando queria dar novos rumos aos filmes e séries que assistia, sua outra paixão. Estudante de Produção Multimídia, formada em Processamento de Dados e Pós Graduada em Docência para o Ensino Superior que adora escrever. Sendo publicada em jornais e antologias de São Paulo e Sorocaba. Fase Regional do Mapa Cultural Paulista 2013/2014, Antologia de Apoio à APAE de São Paulo 2013, 2° Concurso Literário Cruzeiro do Sul 2011, 2º Lugar no Concurso Literário da Universidade de Sorocaba 2014 (Modalidade – Causos), entre outros ao longo de 10 anos de carreira. Aguarda ansiosamente a finalização da publicação do primeiro livro “Madame Cage – A Mulher que Colecionava Jovens” pela editora Buriti. Participa de muitos concursos e oficinas literárias visando agregar cada vez mais conhecimento desse mundo infinito que é o literário, têm ideias e inventa moda toda hora, entretanto gosta mesmo é de criar histórias.

One thought on “Capítulo 27 – Ela Veste Preto, Mas o Baile é Cor de Rosa

  • Então quer dizer que o pai de Dora voltou para causar kkkk Pelo visto Lara não vai gostar nenhum pouquinho dessa volta hehehe. Quer dizer, ela já não está gostando.
    Enquanto isto Dora está super feliz pela volta do pai. E parece que os dois juntos formam uma dupla super sincronizada. Por outro lado, a dor de cabeça para a garota só aumenta, em vista que Alonso não está dando a mínima para ela, e Aiden vive na “cola” da moça.

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