Agridoce

Capítulo 20 – Agridøcє

Agridøcє

Steve era uma pessoa totalmente agradável e completamente diferente do Ralph. Rylan e ele se deram otimamente bem e era incrível ver como Ally o olhava, como se estivesse hipnotizada, e naquele momento eu percebi que apesar de Ally não o achar tão-gato, ou algo assim. Ele a tinha conquistado. E isso era um milagre! Alguém havia conseguido o incrível feito de conquistar minha irmã gêmea que já havia tido mais namorados do que anos de idade. E só pelo simples fato de Steve ter conseguido o que nenhum outro cara havia conseguido em todos esses anos, eu já gostava dele.

O encontro de casal foi extremamente agradável e a partir daquele momento, Steve e ás vezes, sua irmã, Sarah, faziam parte do nosso grupinho de amigos, que passou a incluir também Joy com um tal carinha, que ninguém sabia dizer qual era seu real nome, por que Joy só o chamava de T.

Aquele segundo semestre estava sendo especialmente cansativo, tinha um grupo de amigos relativamente grande, se comparado com meus anos de escola, eram 6 personalidades totalmente diferentes, cheias de conflitos e confusões. As matérias daquele semestre eram um pouco mais complicadas e com um namoro e uns amigos que adoravam sair, ficava mais complicado estudar e manter uma média alta para não perder minha bolsa, mas estava tudo indo bem, com uma hora a menos de sono todas as noites conseguia manter minha média, meu namoro e meus amigos.

— Ah, que preguiça de ir pro meu quarto! — Ally se espreguiçou na cama de Joy.

— Daqui a pouco a Joy chega e nesse quarto já tem gente demais. — Olhei pra Sarah que estava sentada no chão com um livro meu e para Rylan na minha mesinha, terminando um trabalho no meu notebook.

— Eles que vão embora! — Ela sorriu e se deitou na cama de Joy, colocando os braços atrás da cabeça e fechando os olhos.

— Vai fugir da Lucy até quando?

— Até o final do semestre, quando eu conseguir mudar de quarto e vir para cá.

— Hm… — Pigarreei meio sem graça, o que fez Ally abrir os olhos e me encarar.

— Que foi?

— Eu e a Joy combinamos de dividirmos o quarto ano que vem, também.

— Mas e eu? — Ela fez biquinho.

— Você pode vir pra esse dormitório com a Sarah, quem sabe vocês não conseguem pegar um quarto na frente do nosso.

— Acho uma boa ideia. — Sarah levantou a cabeça e piscou para Ally.

— E por que a Joy não pode ficar com a Sarah? Você é minha irmã, Wen. Tem que ficar comigo!

— No começo do ano você também era minha irmã, Ally, e não quis dividir o quarto comigo. Eu e Joy nos damos muito bem e eu gosto de dividir o quarto com ela. — Suspirei e fechei meu livro.

Ally se sentou na cama me fuzilando, levantou passando por cima de Sarah e saiu, batendo a porta com força.

— Acho que ela ficou brava. — Murmurou Rylan sem tirar os olhos do computador.

— Eu não dou à mínima. Ally é minha irmã e eu a amo, mas não sou mais a Wendy de antes, ela fez as escolhas dela e eu estou fazendo as minhas, já está mais do que na hora de cortarmos esse cordão.

Sarah e Rylan me encararam com as bocas entreabertas. Rylan levantou e sentou em minha cama, me apertando com força.

— Como minha menina está mudada! Estou orgulhoso! — Se inclinou e me beijou levemente.

— Bom, acho que essa é minha deixa. — Sarah sorriu e se levantou. — Posso levar seu livro, Wendy? Trago quando terminar.

— Claro, fique á vontade. Depois que terminar esse, tenho mais um que você vai gostar.

— Ok, ok. — Passou pela porta meio sem graça e a fechou devagar.

— Estou realmente surpreso com você, Wen!

— Por que diz isso? — Virei um pouco o corpo para encara-lo.

— Você não se parece em nada com a menina tímida e insegura que conheci há alguns meses, nunca achei que falaria com sua irmã daquela forma.

— Estou em um mundo novo, Rylan! Preciso ser uma pessoa nova também, não posso passar o resto da minha vida na sombra da Ally. Já fiz isso por muitos anos e agora vejo que não me fez bem, tanta coisa poderia ter sido diferente se eu tivesse sido uma pessoa diferente!

— Se você tivesse sido uma pessoa diferente, talvez nós não estivéssemos juntos.

— Talvez, mas eu prefiro acreditar que estaríamos sim. Talvez, se eu tivesse sido uma pessoa diferente, quando nos conhecemos, você teria encontrado uma Wendy inteira, sem inseguranças e medos, e poderíamos ter ficado juntos desde do primeiro dia.

— Quando você começa a falar baboseiras, não para mais! — Ele sorriu e beijou a ponta do meu nariz.

— Não é baboseira, ando pensando muito nisso ultimamente.

— Então pare de pensar, Wendy! As coisas acontecem quando tem que acontecer, as pessoas mudam quando estão preparadas para mudar, ficar se martirizando pelo que você poderia ter feito, ou o que poderia ter sido, não faz mais diferença, você não pode mudar o que foi, mas pode mudar o que vai ser, e isso você já está fazendo. É como dizem, antes tarde do que nunca, não é?

Respirei fundo e coloquei o cabelo atrás da orelha, encarei os olhos verdes amendoados de Rylan e encostei a cabeça na parede. No fundo ele estava certo, até alguns meses atrás era bom para mim ser a Wendy tímida, que se escondia atrás da irmã, a Wendy com nenhum amigo e com um namoro no qual não sabia como levar a diante. Mas, uma grande esmagadora maioria das pessoas também era assim, se escondiam atrás de um emprego que não gostavam, de um namoro que não tinha futuro, de um casamento opressor, se escondiam na casa dos pais, se escondia atrás de um irmão mais velho, e eles se escondiam não por que não tinham vontade de ter uma vida diferente, mas por que não sabiam como ter uma vida diferente e se esconder era obviamente, muito mais fácil do que tomar o poder sobre si mesmo e dar a cara à tapa para o mundo, sem ter algo ou alguém que o protegesse.  O que importava agora é que eu tinha criado essa coragem, estava pronta para a mudança, e nunca tinha me sentido tão viva, tão feliz!

— No que está pensando? — Rylan cutucou meu braço com a cabeça.

— Em como as pessoas se escondem atrás de tanta coisa por que é mais fácil se esconder atrás das coisas do que assumir as rédeas da própria vida.

— É, você tem razão. — Ele sorriu — Vamos mudar de assunto agora?

— Sobre o que quer falar?

— Temos quanto tempo antes da Joy chegar? — Rylan sussurrou se inclinando por cima de mim.

— Talvez uma hora, ou duas. — Sussurrei, envolvendo seu pescoço com minhas mãos.

Rylan se esticou e apagou a luz do quarto. Eu meio sem jeito joguei os livros que estavam na cama para o chão. Tínhamos duas horas. Era o suficiente.

Capítulo 21 – 12/02

Stephanie

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