Três Jogadas

Capítulo 2 – Três Jogadas

Três Jogadas.

Capítulo 02

As três coisas mais difíceis do mundo são: guardar um segredo, perdoar uma ofensa e aproveitar o tempo.

Benjamin Franklin

Cena 1. Rio de Janeiro – Gávea / Salão de Festa de Luxo Topázio / Noite

Continuação imediata da cena anterior.

Luigi sai do banheiro cabisbaixo e Júlia vai entrando, também de cabeça baixa. Eles esbarram e Luigi segura ela. Eles se encaram por um tempo, mas ela acaba desmaiando nos braços dele. De longe, Alice observa tudo.

Luigi, apavorado: MENINA?! – Foca na imagem dele, apavorado.

Ele dá tapas de leves no rosto da jovem. E fica desesperado ao saber que Júlia não acordou.

Luigi, desesperado: MENINA! FALA COMIGO. – ele a sacode.

Alice se aproxima: Meu filho, o que foi que aconteceu? Quem é essa garota? – ela finge.

Luigi desesperado: Não sei mãe. A gente se esbarrou e ela acabou desmaiando. Eu não sei o que aconteceu.

Alice: Eu vou chamar alguém para ajudar. – e sai.

Luigi coloca a mão no pulso de Júlia e percebe que os batimentos dela estão baixos. Ele começa a fazer respiração boca a boca em Júlia, que desperta.

Júlia, tossindo, com a voz baixa: O que aconteceu?! – ela pergunta zonza.

Luigi fica encantado pela beleza da menina e alisa o rosto de Júlia. Ele a beija e ela corresponde. Alice observa tudo de longe, radiante.

Cena 2. Rio de Janeiro – Catete / Casa da Branca / Noite

Fernanda: Você ainda não me respondeu Drica. Você quer que eu te leve lá?

Adriana se levanta: Nanda, não complica as coisas, por favor. Esse reencontro vai me fazer voltar ao passado. E eu não sei se farei bem.

Fernanda: Para de querer envolver uma coisa na outra. Você acha que conseguiria levar uma mentira por muito tempo?

Adriana: Vou levar pelo tempo que for necessário. As imagens do passado me remetem a uma lembrança péssima.

Fernanda direta: Lembrança essa do tipo de largar uma filha? Uma não… Duas!

Adriana se estressa: PARA DE FICAR ME JULGANDO. Eu sei que o que eu fiz foi horrível, mas eu não tinha condições. Toda vez que eu olhasse para aquela criança eu lembraria o pai dela.

Fernanda: A sua primeira filha não tem culpa do seu casamento fracassado. A segunda não tem culpa de você ser tão idiota a ponto de voltar com o homem que te traiu e quando descobriu a segunda gravidez te largou… de novo.

Adriana: É que não foi você que sentiu na pele a dor de ser traída.

Fernanda: Fernanda, sentir na pele uma vez até vai. AGORA SENTIR DUAS… E PELO MESMO HOMEM?

Adriana: Todo mundo merece uma segunda chance. – ela se senta.

Fernanda: Inclusive você, sua filha e sua mãe. Por favor, deixa eu te levar até ela.

Adriana, bufando: Tá bom, Adriana. Você venceu. Eu aceito ir.

Fernanda sorri.

Cena 3. Rio de Janeiro – Gávea / Salão de Festa de Luxo Topázio / Noite

Luíza se aproxima de Alice, que está sentada.

Luíza, se sentando: Posso?

Alice sem paciência: Já sentou. Fala logo o que quer.

Luíza, sorrindo: Eu queria te fazer um pedido.

Alice: Já fez quando pediu pra sentar. Faça o outro.

Luíza: Eu queria pedir para ser sua assistente. Eu entendo um pouco de moda. Eu fiz curso, vários até. E eu sou muito sua fã, meu sonho trabalhar ao seu lado.

Alice se levanta: Então vai ficar só no sonho querida. Olha pra você e olha pra mim. Acha mesmo que eu escolheria uma vagabunda qualquer para ser minha assistente? Eu não sei nem como você conseguiu o convite para festa. Acho que você não notou que nessa festa só tem gente rica. Cai fora antes que fique feio para você. – ela pega sua bolsa. – Com licença.

Luíza continua ali furiosa, chorando.

Na casa de Gisele…

Luíza chega em casa furiosa, batendo a porta. Gisele está sentada no sofá, vendo televisão.

Gisele: Garota, tua mãe não te deu educação não? Sair entrando assim.

Luíza, tacando o sapato longe: No caso minha mãe é você. Quer que eu seja sincera sobre a pergunta?

Gisele se senta: Não. Melhor ficar quieta. A festa já acabou? Eu esperava mais de uma festa de ricos.

Luíza: Não. Eu que saí antes da hora. Eu nunca fui humilhada em toda minha vida, mãe.

Gisele: Humilhada? Do que você está falando Luíza.

Luíza, furiosa: A sua amiguinha, Alice. Ela me humilhou mãe. Até de vagabunda me chamou. Esse seu plano de vingança não vai dá certo. Chega. Eu não quero mais.

Gisele segura Luíza pelos braços: GAROTA EU NÃO PAGUEI ANOS DE CURSO DE MODA PRA VOCÊ FAZER ISSO.

Luíza se solta: Eu que não vou sofrer humilhações pra te agradar, pra te vingar, não vou mesmo.

Gisele furiosa: VOCÊ VAI CONTINUAR SIM. VAI SOFRER O QUE FOR PRECISO. EU SÓ TE DEIXO SAIR DESSE PLANO QUANDO EU ACABAR COM A ALICE. EU FUI CLARA OU PRECISAREI DESENHAR?

Luíza fica sem resposta.

Cena 4. Rio de Janeiro – Laranjeiras / Apt. da Marta / Noite

Stacy, ao telefone: Tá bom, meu amor. Daqui a pouco chego aí.

Stacy desliga o telefone e vai até a sala, onde está Marta lendo.

Stacy: Vó, eu vou dormir hoje na casa do Gu. Ok?

Marta se levanta: Não! Você ia dormir. Hoje você dorme em casa.

Stacy, sem entender: Quê isso, avó? Você nunca foi de me prender, agora resolveu fazer isso?

Marta: Está tarde. Eu não vou deixar você ir a essa hora pra casa do Gustavo.

Stacy, furiosa: E você vai me impedir? Ah, mas não vai mesmo. Eu vou sim.

Marta se irritando: Stacy garota, eu posso está velha, mas não estou acabada. Você ultimamente tem me tirado do sério e eu não vou poupar porrada pra fazer você agir feito gente. Não ouse me desafiar, garota.

Stacy, assustada: Acho que você está vendo muita novela, parece uma vilã falando. Eu vou pegar minhas coisas. Até amanhã.

Marta furiosa: Stacy, eu já disse você fica! – ela segura Stacy. – EU NÃO VOU DEIXAR VOCÊ IR. NÃO VOU.

Stacy, com a voz embargada: Me solta, você está me machucando. – Marta não solta. – ME SOLTA SUA VELHA! – ela empurra Marta, que cai no sofá. – EU ESTOU FARTA DE VOCÊ. VOCÊ NÃO MANDA EM MIM. SÓ É MINHA AVÓ. APENAS ISSO! EU VOU SIM PRA CASA DO GUSTAVO E NÃO VAI SER UMA VELHA QUE VAI ME IMPEDIR.

Marta se levanta e começa a passar mal.

Marta, colocando a mão no peito: STACY ME AJUDA. EU ESTOU PASSANDO MAL.

Ela começa a sentir fortes pontadas no coração e cai desmaiada. Stacy olha a cena e não demonstra nenhuma reação.

 No dia seguinte…

Cena 4. Rio de Janeiro – Leme / Apt. Da Clarice / Manhã

Júlia desce a escada do apartamento e a campainha toca. Ela vai atender.

Júlia abre a porta: Você. – ela sorri. – Você não é o garoto lá da festa? Deixa eu lembrar seu nome… Ah, Luigi. Lembrei!

Luigi, rindo: E o seu é Júlia, né? Jamais vou esquecer.

Júlia, sem graça: Assim eu fico convencida. Como você descobriu onde eu moro?

Luigi: Sua prima. Paloma, né? Eu a deixei em casa ontem. Ela ficou te procurando igual uma louca na festa. Você saiu sem avisar.

Júlia: Ah, ela me disse. Eu estava passando muito mal e ela tinha dando uns perdidos na festa.

Luigi, sorrindo: E você agora está melhor?

Júlia: Sim. Estou. Foi só um mal-estar. Acho que foi um DRY MARTINI que uma mulher lá me ofereceu. Eu não sou acostumada a beber.

Luigi estranha.

FLASHBACK/POUCO ANTES DA FESTA

Alice, conferindo: Eu estou sentindo falta do DRY MARTINI. Ninguém da revista gosta, apenas eu. Eu paguei horrores para ter isso na festa. E agora, cadê?

Luigi se aproxima: Você e sua mania de beber DRY MARTINI. Isso ainda vai te fazer mal.

Alice, sorrindo: Que nada, meu filho. Eu pedi pouco. Eles nem vão oferecer durante a festa. É só para mim mesmo. A bebida oficial da festa é vinho. Foi o que ganhou durante a votação.

FIM DO FLASHBACK

Luigi, cismado: Mas eles não estavam oferecendo Dry Martini na festa. Como é essa mulher que te ofereceu?

Júlia: Loira, tem os olhos claros e é baixa. Enfim, acho que foi isso que me causou mal estar. Eu não sou de beber.

Luigi ainda estranhando: Já que você está melhor. Aceita sair comigo?

Júlia, sorrindo: E por que eu negaria? Eu preciso te agradecer também por ter cuidado de mim quando eu passei mal.

Luigi e Júlia se encaram, sorrindo.

Cena 6. Rio de Janeiro – Lagoa / Apt. Da Alice / Manhã

Alice e Sérgio terminam de brindar. Eles riem.

Alice, rindo: Finalmente o banana do meu filho se interessou por aquela songa-monga da Júlia. Agora é só esperar a idiota engravidar e eu realizo a minha tão esperada vingança. Passei anos arquitetando tudo, nada pode sair do controle.

Sérgio: Só eu sei o quanto você planejou. E tudo está saindo conforme planejado. A hora do acerto de contas está chegando.

Alice, pensativa: E vai ser tiro para todo o lado, Sérgio. Eu vou destruir a Clarice, antes que ela me destrua. É a lei da vida. – ela pega a bolsa. – Agora eu vou trabalhar. – ela vai saindo. – ALGUÉM TEM QUE TRABALHAR NESSA CASA, SEU MORDOMO FOLGADO! – grita.

Alice sai e Sérgio continua bebendo.

Sérgio grita: GIOCONDAAAAAAAAAAAA! – a empregada vem correndo.

Gioconda: Minha Nossa Santinha dos Empregados, o que foi que aconteceu?

Sérgio estica os pés e liga a televisão: Me serve! Estou faminto. Aproveita e coloca o ar no máximo, estou morrendo horrores de calor!

Gioconda pega a garrafa de champanhe: Ah, está com calor? SE REFRESCA ENTÃO! – ela derruba tudo em Sérgio.

Sérgio pula do sofá: AH FILHOTE DE CRUZ CREDO. EU NÃO SEI NADAAAAR!

Gioconda larga a garrafa: Que PIRANHA evoluída! – ela vai e dá meia volta. – E LIMPA ESSA SUJEIRADA. SEU PORCO!

Sérgio todo molhado: Você me paga. Filhote de cruz credo!

Sérgio pega um pano e seca o sofá.

Cena 7. Rio de Janeiro – Laranjeiras / Clínica Santo André / Manhã

O médico entra com os exames de Marta. Essa está sentada no consultório, ao lado de Stacy.

Stacy, aflita: E então doutor, o que a minha avó tem?

Matheus se sentando: Eu não trago boas notícias. Eu preciso te contar algo de uma forma calma, mas eu não consigo ter essa tranquilidade toda quando se trata de algo sério. Então eu vou ser bem direto e peço que você não se assuste.

Marta, nervosa: Você está me deixando ainda mais doutor. O que foi? Minha arritmia cardíaca piorou?

Matheus direto: Você está com um tumor. Um tumor cardíaco. Suas chances de se curar são mínimas, Marta. Eu sinto muito.

Stacy começa a chorar e abraça a avó. Foca na imagem das duas.

 Cena 8. Rio de Janeiro – Gávea / Revista Luz / Manhã

Renato espera na sala de reunião. Melissa entra.

Melissa, sorrindo: Bom dia! O senhor que é o Dr. Renato?

Renato, sorrindo: Isso mesmo. Você deve ser a serviçal, não é mesmo? Me traz um café por favor. Ah, e avisa o Tiago que eu já cheguei.

Melissa, sorrindo: Não! Eu sou Melissa. Presidente do setor de produção de moda. Eu vou participar da reunião. – ela se senta. – Está incomodado?

Renato, sem entender: Não, de maneira alguma. É que eu/ – ele é interrompido.

Melissa: É que você achou que eu fosse à empregada… por ser negra. Além de ignorante é racista. Mas fica calmo, eu já estou acostumada.

Renato, tentando se explicar: Não, não pense o pior de mim. Eu não sou racista, de maneira alguma.

Melissa: Ninguém olharia para uma mulher negra e pediria ela um copo de café, sem ao menos entender ou saber qual a função dela aqui. Além de racista é machista, que acredita que lugar de mulher é na cozinha. Você é a pior raça masculina que existe!

Renato se levanta: Ou, você já está me ofendendo. Em momento algum eu te ofendi.

Melissa se levanta: ME OFENDEU SIM. ME OFENDEU QUANDO ME TRATOU FEITO UMA SERVIÇAL!

Renato: E você está sendo preconceituosa. Qual o problema de uma serviçal? É um trabalho tão digno quanto o seu.

Melissa: Eu não teria problema nenhum em ser uma serviçal. Teria maior orgulho do meu trabalho. Como você disse, é tão digno como qualquer outro. O problema é que você foi racista em seu comentário. Mas fica tranquilo, já estou acostumada a lidar com gente ignorante e babaca.

Tiago entra na hora e percebe o clima pesado.

Tiago, entreolhando os dois: Atrapalho alguma coisa?

Cena 9. Rio de Janeiro – Lagoa / Apt. Da Alice / Manhã

Luigi chega em casa e vai direto ao quarto de Alice.

Luigi, abrindo a porta: Mãe tem um tempinho para mim? – ele olha ao redor do quarto e percebe que não tem ninguém. – Será que ela foi trabalhar? Nossa, que milagre.

Ele vai ao canto da cama e percebe uma caixa de fotos.

Luigi, pega a caixa: Uma caixa. De que será? – ele abre. – De fotos. É bem a cara da minha mãe guardar fotos de antigamente. Ainda separou por ano. Retrospectiva? – ele ri. – Um álbum de 1982, deve ter foto dela grávida, foi o ano que eu nasci, vamos vê.

Ele começa a procurar foto de Alice e em nenhuma dela a mulher aparece com barriga grande, por conta da gravidez. Ele passa as fotos bem rápidas e fica sem entender.

Luigi, sem entender: Que palhaçada é essa? 1982 foi o ano em que eu nasci e não tem uma foto da minha mãe grávida.

 Foca em Luigi, sem entender nada.

Fim do Capítulo 2!

Gabriel Adams

O que é necessário para Ser Humano? Quais são as atitudes que devemos tomar em situações difíceis sem que possamos ferir ou machucar alguém? Será que Ser Humano é ser cruel? Ou é errar, acertar, errar tentando acertar...Afinal, o que é ser humano? Dia 23 de fevereiro, às 20hrs, estréia a web-novela SER HUMANO.

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2 thoughts on “Capítulo 2 – Três Jogadas

  • Começando o comentário pela Adriana, essa é outra que tem uma história bastante intrigante… já quero saber do que se trata!!
    Além de ter uma neta mal criada Marta ainda descobre uma coisa dessas, que baque!!
    Alice está radiante com a história que acabara de promover: entre Júlia e Luigi. Mas se ela pensa que o filho dela é bobo… a megera está bastante enganada!! O que será que tem por trás dessa história, hein? 😯 ótimo capítulo.

    • É uma história longa que vai render muitoooos segredos e mistérios. Stacy nem é tão ruim assim, tadinha. Hahahaha
      Exatamente! Luigi não tem nada de bobo e ingênuo e pode dá uma rasteira em Alice. Uma baita história! Hahaha
      Obrigado. E obrigado por comentar, Rodrigo!!

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