Capítulo 19 – Três Jogadas

Três Jogadas.

Capítulo 19.

“O perdão é um catalisador que cria a ambiência necessária para uma nova partida, para um reinício.”

Martin Luther King

Cena 1. Rio de Janeiro – Catete / Apt. da Branca / Noite

Continuação imediata da cena anterior.

A mulher toma um chá enquanto lê umas revistas. A campainha toca. Ela se levanta, ajeita seu vestido e vai atender a porta. É Stacy. As duas se encaram por um tempo. Foca na imagem de Branca, surpresa com a presença da menina.

Branca surpresa: Stacy! Aconteceu alguma coisa?

Stacy: Será que eu posso entrar? Eu estou precisando conversar com alguém.

Corte descontínuo.

Stacy bebendo água: Quando eu mais precisei dele, ele me fez isso. Eu nunca fui tão machucada em toda minha vida. – ela começa a chorar. – Perdi minha avó. Fui rejeitada pela minha mãe e agora abandonada pelo namorado. – ela se levanta. – Qual a razão de todo sofrimento assim? Tem dias que eu penso em desistir de tudo… Desistir da vida!

Paralelo à cena…

Gustavo e Amanda chegam à casa de Stênio. O jovem passa apressado para o seu quarto. Ele tranca a porta. Os dois se beijam até cair na cama.

No apartamento de Branca…

Branca sorri: Sofrimento passa. Todo mundo sofre de qualquer maneira. Ninguém nasce isento de sofrer. Desistir não. Desistir não tem volta. Você precisa encarar a realidade de cabeça erguida e acreditar mais em você.

Stacy chorando: Eu tento acreditar que tudo na vida é passageiro, até o sofrimento. Mas tudo o que eu faço, mesmo estando certo, vai me machucar de certa forma. Parece que tudo o que eu faço se transforma em uma arma que é colocada em minhas mãos e essa minha própria arma me faz de refém e só falta o disparo para o sofrimento se agravar ainda mais. Tudo o que eu faço me faz sofrer.

No apartamento de Stênio… Quarto do Gustavo.

Gustavo e Amanda transam calmamente. Os dois trocam beijos e carícias e a troca de calor entre os dois é imensa. Amanda arranha as costas de Gustavo. Os dois sorriem entre os beijos.

No apartamento de Branca…

Branca abraça a menina: Isso vai passar. Como eu disse, todo o sofrimento é passageiro. – ela alisa o rosto da menina. – Mas você não veio aqui só pra isso. Ou veio?

Stacy se afasta um pouco: Não. – ela abaixa a cabeça. – Eu quero pedir o endereço da Adriana. – ela ergue a cabeça. – Eu não deixei ela se explicar e ela tem esse direito. Eu preciso conversar com ela!

Branca sorri radiante.

No apartamento de Stênio… Quarto do Gustavo.

Amanda dorme com a cabeça no peitoral de Gustavo. Esse está acordado, mexendo no cabelo de Amanda. Ele está pensativo.

Cena 2. Rio de Janeiro – Delegacia / Sala da Simone / Noite

Clarice começa a contar uma versão de um suposto assalto. Durante o depoimento, a delegada faz algumas perguntas e a mulher, atentamente, responde todas. Seguindo um roteiro que criou juntamente com Alice, a delegada parece acreditar na história. Ao fim do depoimento…

Simone se levanta furiosa: Vocês estão de brincadeira com a minha cara?

Clarice sorrindo: E por que estaríamos? Não entendi a pergunta.

Simone furiosa: Primeiro vocês duas quase se matam. Uma tenta incriminar a outra e conta um depoimento como se a outra fosse à culpada. Depois quase se matam lá fora e agora contam o mesmo depoimento? – ela se senta. – Eu não estou aqui pra brincadeira mulher. EU QUERO SABER DA VERDADE!

Clarice cínica: Eu já disse a verdade. Essa é a verdade. A Alice acabou tocando na arma sem querer e eu aproveitei para tirar a foto na malícia. Ela não atirou no Sérgio e muito menos eu.

As duas se encaram por um tempo. Corte descontínuo.

Sérgio entra: Mandou me chamar delegada.

Simone se ajeita na cadeira: Senta. – ela aponta para a cadeira e Sérgio se senta. – Pode começar.

Sérgio não entende e ri: Começar o quê?

Simone rápida: A contar a verdade sobre o que aconteceu.

Sérgio sorri: Eu quero tirar a queixa sobre o que aconteceu.

Simone sem paciência: Como é que é?

Sérgio se levanta: Isso mesmo que a senhora entendeu. Entendeu bem. Eu não quero continuar mais com a queixa. Eu estou retirando a queixa. Essa investigação acontece há um bom tempo e nada se resolveu. Portanto, chega.

Simone se levanta furiosa demais: Sai da minha sala. Saia da minha sala agora!

Sérgio sai apressado. Alice e Clarice lhe esperam do lado de fora.

Sérgio sorri: Tudo resolvido. Já tirei a queixa. Agora a gente pode ir?

Do lado de fora…

Júlia e Luigi descem do carro apressados. Clarice e Alice saem da delegacia sorrindo e conversando.

Luigi as surpreende: O que está acontecendo aqui? – elas viram-se e as duas se assustam. – Vocês já se conhecem?!

As duas se entreolham sem reação.

No dia seguinte…

Cena 3. Rio de Janeiro – Lagoa / Apt. da Alice / Dia

Alice toma café sentada à mesa. Sérgio está em pé servindo a patroa.

Alice o olha: Você sabe que ainda tem que ficar de repouso. Não sei o que faz trabalhando. Senta para tomar café comigo.

Sérgio sentando: Tudo bem. – mantém um silêncio. – O que você e a outra conversaram dentro da sala da delegada? Como você conseguiu convencer a patética a mentir sobre o que aconteceu.

Alice terminando o café: Ela sabe que se tivesse dito a verdade as coisas só iriam piorar. Ela não é burra não Sérgio. Pelo contrário, ela é muito inteligente.

Sérgio: Mais do que eu pensava. A madame já contou o que quer com ela?

Alice sorrindo: Claro que não. Nem sou louca de fazer isso. Ela faz de tudo para manter o segredo dela. E eu vou usar bem isso, principalmente para conseguir o que quero. Só que ela mexeu com a pessoa errada. Eu bem que avisei que se ela mostrasse aquela foto que eu iria declarar guerra contra ela. Ela não quis me escutar. Agora terá que aguentar as consequências. Eu vou pegar tudo de volta, sem precisar machucar ninguém. Ela vai me devolver tudo.

Sérgio ri: E você acha mesmo que ela vai te devolver tudo? Assim? De mãos beijadas por que você fez um ato de livrar a cara dela da cadeia?

Alice determinada: Aí eu vou ter que apelar: Se não for por bem, será por mal! Mas ela vai ter que me devolver tudo, Sérgio. Eu tenho sede de destruir essa mulher. Ela destruiu a minha vida e você sabe disso. Acabou com meu sonho de ser uma modelo famosa. Tive que dá um golpe para conseguir em reerguer. Mas eu vou acabar com ela… Ah se vou!

Sérgio toma café: E como pretende fazer isso?

Alice pensativa: Atacando. – ela desvia o olhar para o mordomo. – Ter a Clarice a meu favor foi a melhor coisa que eu fiz. Eu tenho que manter sempre meus amigos pertos de mim, mas meus inimigos mais perto ainda. Isso é só o começo do inferno que acontecerá na vida dela. Eu vou deixar ela na lama. – ela foca o olhar em um quadro com chamas. – Me aguarde Clarice!

Cena 4. Rio de Janeiro – Sulacap / Cemitério Jardim da Saudade / Dia

Branca, Tóta, Fernanda e Stacy levam flores até a cova de Marta. Eles se ajoelham e colocam as flores. Stacy está bastante emocionada. Branca e Tóta vão para um canto, um pouco longe dali.

Tóta tira os óculos: O que aconteceu pra Adriana nem aparecer por aqui? Você falou que hoje completaria 1 semana do acontecido?

Branca sussurrando: Falei. Você acha que não? – ela olha para trás para saber se Stacy se aproxima. – Mas vê se ela apareceu por aqui. Coisa nenhuma. Ontem ela deu a desculpa dizendo que a Stacy falou horrores pra ela.

Tóta indignado: Ela sempre arruma uma desculpa para tudo. Falta de consideração! Era só ela se manter distante da menina.

Branca tira os óculos e guarda na bolsa: Ontem ela me pediu o endereço da Adriana. Falou que a Adriana tinha o direito de falar o que aconteceu. De se explicar. Deus queira que haja uma aproximação entre elas.

Tóta: Eu só estou um pouco confuso com essa história. A Adriana disse que a gente só sabe parte da história. Que outra parte é essa? Você sabe de alguma coisa?

Branca ajeita a bolsa: Não sei de nada. – ela olha para trás e vê que Stacy vem em sua direção. – Eu sempre desconfiei dessa história toda. História de que abandonou a menina por que ela ia lembrar o cara que lhe abandonou. Burra foi a Marta de ter acreditado. Pois eu não acredito. Essa história vai muito além, Tóta. Muito além!

Stacy se aproxima: Será que a gente pode ir? Eu não queria mais ficar aqui. – Fernanda abraça a menina.

Branca faz que sim. Eles saem.

Cena 5. Rio de Janeiro – Urca / Apt. da Eliane / Dia

Eliane e Tiago tomam café juntos.

Eliane sorrindo: Nem acredito que daqui a duas semanas iremos renovar nossas alianças para sempre.

Tiago repara a mão de Eliane: Você guardou a aliança nova?

Eliane “esconde” a mão: Guardei. Algum problema?

Tiago termina o café: Não. Nenhum problema. Eu vou ficar usando a antiga. – ele mostra. – Essa nova aliança só iremos usar a partir do dia da renovação. – ele se levanta apressado. – Preciso ir trabalhar. – ele pega a pasta e dá um beijo em Eliane. – Até mais!

Tiago sai. Eliane termina o café, sozinha. Ela vai até o quarto e pega o notebook.

Eliane digitando: Fertilização in vitro.

Eliane começa a procurar sobre a fertilização.

Paralelo à cena…

Jordan está na sala de Tiago, revisando alguns papéis. Tiago chega.

Tiago sorrindo: Já está trabalhando? Chegou cedo hoje pelo jeito.

Jordan guarda alguns papéis: Cheguei junto com o segurança. Precisava revisar alguns papeis. Muita coisa. – ele olha no relógio. – Pelo visto você se atrasou hoje. Aconteceu alguma coisa?

Tiago se senta: Tive que bancar o bom marido e tomar café com a Eliane. Por falar nela, já marcamos a data da renovação de votos. Daqui a duas semanas. Espero contar com você.

Jordan sorri: Claro que irei. Sua secretária veio aqui na sala. Ela achou até que era você. Ele veio toda fogosa na sala. Saiu entrando. Tem respeito mais não? – ele continua mexendo nos papéis.

Tiago assustado: A Vanessa?

Jordan organizando os papéis: A própria. Você tinha que vê. Saiu entrando. Quando ela percebeu que não era você, saiu rapidinho.

Tiago pigarra: É com ela que eu tenho um caso.

Jordan ergue a cabeça: O quê?! – ele fica perplexo. – Você é maluco Tiago? Como você consegue trair a Eliane? Eu achei que você tivesse parado com essa safadeza.

Tiago sussurrando: Fala baixo! Eu não consigo. Mas a Vanessa é só diversão. Só pra sexo! Eliane sim é a mulher ideal pra mim.

Jordan furioso: Se fosse ideal você não faria isso. Decepcionado com você Tiago!

Ele sai apressado da sala, furioso. Na recepção…

Leila desliga o telefone: Senhor Jordan! – o homem para. – Tem um rapaz querendo subir para falar com o senhor. O nome dele é Leandro. Deixo subir?

Jordan: Pode mandar ir pra sala de reunião Leila. Ele sai ainda apressado.

Na sala de reunião…

Leandro entra. Jordan está a sua espera.

Jordan sorrindo: Meu caro amigo! Achei que já tinha se esquecido do nosso almoço. Tanto tempo que não nos falamos.

Leandro sorri: Não esqueci não. – eles se cumprimentam. – Na verdade eu vim aqui bem rápido pra falar sobre o almoço. Que tal no final de semana?

Jordan: Pode ser. Eu só preciso do seu endereço. Tem como me passar?

Leandro: Claro. Eu tenho um cartão de visita que tem o endereço do meu prédio e meu número. Caso você não encontre, só me ligar.

Ele tira a carteira do bolso e tira o papel. Na hora de tirar o papel, ele acaba mexendo na identidade de Luana, que fica bem na ponta.

Leandro entrega o cartão: Aqui. O endereço é esse. – ele sorri. – Mas agora tenho que ir. Tenho que resolver vários problemas ainda lá em casa. Aconteceu uma coisa chata. Enfim. Então tudo certo para o final de semana?

Jordan sorri: Tudo certíssimo!

Os dois se cumprimentam de novo. E nessa hora, a identidade acaba caindo. Nenhum dos dois percebe. Leandro ainda pisa em cima, o que esconde a identidade.

Leandro guarda a carteira: Vou ficar te esperando!

Leandro sai. Jordan se senta. Mas logo percebe a identidade.

Jordan apressado: Droga. O Leandro deixou a identidade dele cair. – ele pega a identidade. – O que é isso?! É a identidade da Luana! – ele vira a identidade. – Luana Diniz. – ele fica nervoso. – Não pode ser…

Cena 6. Rio de Janeiro – Lagoa / Apt. da Alice / Dia

A campainha toca. Gioconda vai atender. Ao perceber que é Petrônio, a empregada tenta fechar a porta.

Petrônio empurrando a porta: Cadê a Alice? Ela já se encontra em casa?

Gioconda tentando fechar a porta: Não acredito que você voltou! Saia já daqui antes que eu chame os seguranças.

Petrônio consegue abrir a porta e sai invadindo a casa: EU SÓ SAIO DAQUI DEPOIS DE FALAR COM A ALICE. CADÊ ELAAA!

Alice chega: Meu Deus que palhaçada é essa? Será que nem a essa hora do dia eu tenho paz? – ela olha para o homem. – Petrônio?! O que você está fazendo dentro da minha casa? SAIA JÁ DAQUI! FOI POR SUA CAUSA QUE EU FUI PRESA. SAIA DAQUI AGORA SEU DESGRAÇADO!

Petrônio nervoso: NÃO! ANTES, DEIXA EU TE FALAR QUEM EU REALMENTE SOU!

Um silêncio predomina. Sérgio chega e fica escondido atrás da parede, observando tudo.

Cena 7. Rio de Janeiro – Catete / Apt. da Adriana / Dia

Adriana estuda alguns processos. A campainha toca.

Adriana vai até a porta: Aposto que deve ser a Fernanda pra falar horrores que eu nem fui ao cemitério. – ela abre a porta. – Filha!

Stacy ergue a cabeça: Não me chama de filha! – as duas se encaram por um tempo. – Não vai me deixar entrar?

Stacy entra. Adriana tranca a porta.

Adriana calma: Você deve ter me cobrado por que eu nem fui ao cemitério. Mas eu realmente não tinha condições de ir. Você me disse coisas horrorosas.

Stacy larga a bolsa: Sobre isso eu dispenso comentários. Eu vim aqui te dá à última chance de falar a verdade e me contar tudo. O motivo que te fez me abandonar.

Adriana se ajoelha: Eu nunca te abandonei. Eu rezava por você todos os dias. Ainda rezo. Deixei você nas mãos de uma mulher maravilhosa que cuidou de você.

Stacy puxa Adriana: Para de teatro. Se eu estivesse afim de espetáculos iria para um teatro ou quem sabe para um circo. Eu vim aqui te dá a ÚLTIMA CHANCE de contar tudo. Ou conta agora ou não me procura… NUNCA MAIS!

Adriana se levanta. Disposta a contar tudo. Foca na imagem de Adriana e Stacy frente a frente.

Fim do Capítulo 19!