Agridoce

Capítulo 17 – Agridøcє

Agridøcє

Abri a porta do carro dos meus pais, no mesmo momento em que Ally abria a porta do outro lado para sair. Por causa da sua semana em casa, ela passaria dois dias no Campus fazendo as provas que tinha perdido.

— Venho te buscar na terça de noite, ok? — Papai falou pela décima vez.

— Ok, pai. — Ally bufou, se debruçou na janela e pegou sua bolsa.

— Lembra das regras?

— Sem bebidas, festas, cigarros, drogas ou qualquer derivado de qualquer uma dessas coisas. Vou te ligar de manhã e de noite para a mamãe.

— Isso! — Ele ligou o carro. — Não esqueça de ligar ás 16:00 para sua psicóloga na segunda.

— Tá, pai. Tá. — Ally saiu batendo o pé.

Papai saiu com o carro do estacionamento do Campus e acelerou.

— Como foram às provas, Wen? — Mamãe se virou um pouco no banco para me encarar.

— Acho que fui bem! Pelo menos, estudei bastante pra que isso acontecesse.

— Você me dá tanto orgulho! — Mamãe sussurrou, emotiva.

— Pelo menos uma das duas tinha que dar. — Papai sussurrou.

— Que horror, Antony! Ally me da muito orgulho, também!

— Me diga, Penny, que parte te da mais orgulho? As drogas, as festas, a bebida ou o acidente?

Mamãe abriu a boca para responder, mas fechou-a, se virou para frente e cruzou os braços emburrada. Eles nunca haviam discutido na minha frente ou na de Ally, aquela situação me deixou sem graça.

— Hm… Rylan vai passar alguns dias lá em casa, semana que vem. Espero que não tenha problema. — Sussurrei depois de uma longa hora sem que ninguém falasse nada.

— Que ótimo, querida! Eu adorei ele! Sabe, você teve sorte, bom, eu acho. Por que na Universidade tem muitos meninos babacas, e você achou um namorado perfeito! Isso não é bom? Bom, eu acho. — Mamãe tagarelou, se virando novamente para trás.

— Acho que sim. — Dei de ombros.

— E você já conheceu a família dele?

— Não.

— Por quê?

— Não sei bem… — dei de ombros novamente — Acho que ainda não estou preparada. Não sei se vai dar certo, sabe? Pode ser que daqui a uma semana ele me ligue e diga que arrumou uma namorada que saiba namorar de verdade.

— Wen… — mamãe esticou o braço e alisou minha perna. — Isso é passado, você mudou, não tem por que se sentir assim. Duvido que Rylan faça isso, ele me pareceu realmente uma ótima pessoa!

— Eu sei. — passei a mão por cima da dela. — Mas ainda não estou pronta.

— Tá certo! Você tem que fazer as coisas quando estiver preparada. — Ela se virou para frente, mordendo o lábio inferior, eu tinha essa mania dela, quando queria perguntar algo, mas estava sem graça, mordia o lábio inferior.

— Pare de morder o lábio e diga o que você quer dizer.

— Deixa para lá, é bobagem querida.

— Diga, mãe. — Arrastei o corpo um pouco pro lado, ficando no meio dos dois bancos da frente.

— Você ainda é virgem, Wen? — Papai que até o momento estava quieto, arregalou os olhos e me encarou pelo retrovisor, meu estômago gelou. Se ela tivesse feito essa pergunta há umas 5 horas atrás, eu poderia dizer que sim com toda a certeza do mundo. Mas agora, eu gelei. Odiava mentir para os meus pais.

— Que pergunta idiota, mãe! — Revirei os olhos.

— É, eu sei. — Ela abaixou os ombros envergonhada. — É que, ô Deus! Acho que ainda não estou preparada para isso, ainda lembro quando Ally nos contou, meu Deus!

— Wendy não é assim! — Papai murmurou, me olhando pelo retrovisor, e eu tentei sorrir para ele.

— Sei disso. — Mamãe sorriu.

E o gelo no meu estômago virou um aperto no coração. Era a primeira vez que mentia para os meus pais, mas se eu não estava pronta para conhecer os pais de Rylan, quem diria dizer para o meus pais que eu tinha perdido a virgindade ainda naquele dia, com um garoto que eu achava que eu amava, porem não o suficiente para achar que duraria o bastante para que fosse preciso eu conhecer os pais dele.

Quando finalmente chegamos em casa, corri para o meu quarto e me joguei na cama. Estava cansada, a noite já caia longa e serena lá fora e enquanto eu olhava pela janela cai em um sono longo e desconfortável, acordando no dia seguinte antes do clarear do dia.

Caminhei para o banheiro meio sonolenta e tomei um longo banho relaxante, desci para a cozinha e decidi preparar o café da manhã. Ovos mexidos, waffles do tipo já-vem-preparado-só-esquentar, bacon e suco de laranja. Estava colocando tudo na mesa, quando mamãe e papai desceram ainda de pijama.

— Caiu da cama, querida? — Papai perguntou dando um beijo em minha testa.

— O cheiro está maravilhoso! — Mamãe passou por mim e se sentou.

Comemos em silêncio, em uma tensão constrangedora, ou talvez fosse só meu consciente me punindo por ter mentido para os meus pais.  Afinal, pra que eu precisava esconder isso deles? Se Ally foi capaz de contar, eu também era. Mas eu não era igual à Ally, não era capaz das mesmas coisas que ela. E a única coisa em que eu era melhor que Ally, era ser uma boa filha, eu não podia tirar isso de mim mesma.

Capítulo 18 – 05/02

Stephanie

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