Para Todo o Sempre

Capítulo 14 – Para Todo o Sempre

 

CENA 1. QUARTO DE ODETE. INT. DIA

Continuação imediata da cena do capítulo anterior, com Maria encontrando o tesouro de Odete.

MARIA – Eu sabia! Desde que vi Odete com aquele rubi, desconfiei que ela escondia isso.

FLASHBACK

Maria era uma pré-adolescente. Odete era vários anos mais nova do que atualmente. Maria tinha batido na porta para chamar Alexandre pra brincar no riacho, mas ninguém atendera. Ela resolveu entrar. Parecia que ninguém estava em casa. Ela estava enganada. Odete estava em seu quarto, com um rubi enorme nas mãos, chorando muito.

Maria não entendeu direito o que via, por que Odete estava chorando? Mais que isso: por que Odete, uma camponesa, tinha uma pedra preciosa daquele tamanho?

FIM DO FLASHBACK

MARIA – Preciso ter calma, não posso me precipitar. Tenho que ter tudo planejado e o primeiro passo é me casar com Alexandre… bem, eu mereço um casamento do mesmo nível daquela ridícula princesa. Pra isso, acho que minha sogra amada não vai se importar se eu pegar um rubizinho, não é mesmo?

Maria abre o baú e pega o grande rubi que havia visto anos atrás.

 

CENA 2. CASTELO. QUARTO DE HÓSPEDES. DIA

Odete chega para visitar o filho. Ela estava extremamente desconfortável de estar naquele castelo.

ODETE – Tenho que te tirar daqui o mais rápido possível.

ALEXANDRE – Eu preciso me recuperar completamente.

ODETE – Se você soubesse…

ALEXANDRE – (corta) Soubesse? Soubesse o quê?

ODETE – (atordoada) De nada, meu filho, de nada.

Nesse momento Alfredo chega com o lanche.

ALFREDO – Boa tarde, senhora, aqui está… aaahhhh

Quando Alfredo vê Odete, deixa cair a bandeja com o lanche no chão. Ele olha para a mãe de Alexandre como se ela fosse um monstro.

Daniela escutara o barulho e foi ver o que aconteceu.

DANIELA – Alfredo, o que foi isso?

ALFREDO – Eu… eu… (começa a chorar falsamente) eu sou mesmo um completo imbecil. Não sei nem servir um lanche corretamente.

DANIELA – Ei, ei! Não precisa de tudo isso não. Ou!

Alfredo chora copiosamente.

DANIELA – Para com isso… para… PARA! (dá um tapa na cara de Alfredo)

Alfredo se acalma. E sai correndo.

Alexandre ri dessa situação toda.

ALEXANDRE – O que foi isso?

DANIELA – (rindo) Ele é louco, se você for ficar mesmo mais tempo aqui vai ver que isso é loucura leve perto do que ele e Alice fazem.

ALEXANDRE – Deus me livre, oras.

Alexandre e Daniela começam uma conversa boa e leve. Odete ficou muito calada desde o encontro com Alfredo. Assim, nem percebeu quando Alexandre a chamou.

ALEXANDRE – Hahaha, era assim mesmo, não era mamãe… mamãe… mamãe!

ODETE – (acordando dos pensamentos) Oi? Desculpe, meu filho eu…

ALEXANDRE – A senhora está bem?

ODETE – É… claro! O que você perguntou mesmo?

ALEXANDRE – Estava falando pra Daniela que…

ODETE – (corta) Por favor, meu filho, Vossa Alteza, ela é uma princesa.

DANIELA – Ora, por favor, eu não sou melhor que ninguém. Não precisa desse formalismo todo.

ALEXANDRE – Eu estava falando pra Daniela daquela vez que estava no alto daquela árvore perto de casa quando fui atacado por um enxame de abelhas…

Alexandre e Daniela continuam compartilhando histórias de infância, com uma química incrível. Odete continuava desconfortável, mas estava disfarçando.

 

CENA 3. QUARTO DE CARLOTA E ROGÉRIO. INT. DIA

Carlota e Rogério conversavam.

ROGÉRIO – Não estou gostando nada desse plebeuzinho hospedado aqui no castelo.

CARLOTA – O que tem? Se esse rei gosta de se misturar com a pobreza, isso não é problema nosso.

ROGÉRIO – Mas você não está vendo a princesa toda preocupada com a saúde dele? Toda hora vejo ela entrando no quarto dele pra ver como está.

CARLOTA – Então você precisa cortejá-la com mais… vontade.

ROGÉRIO – Eu não sei mais o que fazer, não estou acostumado a ser esnobado. Nem tenho paciência para isso.

CARLOTA – Mas é bom você ter, viu. Não vim de Paris pra esse fim de mundo para ir embora sem conseguir nada. Temos que mudar de estratégia. Precisamos que você fique sozinho com Daniela.

ROGÉRIO – É capaz dela me escalpelar.

CARLOTA – E pra quê você tem esse charme irresistível, Rogério? Só para ficar com todas as empregadas do nosso castelo.

ROGÉRIO – É mesmo, sou irresistível. Não vou deixar uma princesa caipira do leste europeu me esnobar.

CARLOTA – É assim que se fala!

ROGÉRIO – Já até sei o que fazer pra deixar ela louquinha por mim.

 

CENA 4. CASA DE RAMIRO. DIA

Maria foi correndo contar a novidade para seu parceiro de crimes.

RAMIRO – Achou? Não é possível! Depois de tanta procura.

MARIA – Agora preciso tocar a segunda parte do plano.

RAMIRO – O mais rápido possível! Alexandre vai… Maria? Maria?

Maria estava desmaiada.

Demorou alguns minutos para voltar ao normal.

RAMIRO – Você está bem?

MARIA – (radiante) Estou ótima, estou mais que bem!

Ramiro não entende nada.

RAMIRO – Você estava desmaiada há poucos minutos, como pode estar ótima?

MARIA – Não percebe, isso só quer dizer que…

RAMIRO – Não! Isso é perfeito.

MARIA – Vou contar para Alexandre neste momento!

 

CENA 5. CASTELO. DIA

Augusto estava no escritório analisando algumas decisões tomadas pelo Conselho dos Anciãos. Estava indignado.

AUGUSTO – Isso não é possível! O Conselho quer aumentar mais ainda o imposto sobre o trigo. Os camponeses não estão podendo mais comprar trigo com fartura e o desgraçado do Armando ainda quer penalizar mais?! Não posso deixar isso acontecer.

Vendo outra decisão.

AUGUSTO – (ri) Não estou acreditando. Armando quer que aumentemos mais as cadeiras no Conselho? Isso já é demais.

Neste momento chega o mensageiro.

MENSAGEIRO – (com a voz empostada) Majestade, estou trazendo uma mensagem do presidente do Conselho dos Anciãos. “Eu…”

AUGUSTO – (corta) Ótimo! Precisava mesmo falar com aquele ordinário. Anote a mensagem. Vamos!

MENSAGEIRO – (assustado) Oh, sim, claro.

AUGUSTO – Coloque desse jeito: “Ordinário, não vou deixar você oprimir mais ainda o povo de Veseli. Sou o rei desse reino e não vou deixar a palavra de um imbecil como você impor a pobreza a nosso povo. Eu exijo uma reunião com todo o Conselho amanhã pela manhã!”

MENSAGEIRO – Bem… isso…

AUGUSTO – Anotou o que mandei?

MENSAGEIRO – Sim…

AUGUSTO – Então ótimo. Pode ir que eu sei ler o recado do Armando, ok?

O mensageiro vai embora e Augusto lê a mensagem de Armando.

AUGUSTO – “Majestade e família, nós, do Conselho dos Anciãos de Veseli, viemos por meio desta convidar a família real para participar da sessão solene de ‘coroação’ de Daniela Crawsky no trono de Veseli. Muita coisa acontecerá, temos certeza disso. Amanhã pela manhã. Contamos com a presença de todos.” Isso é muito estranho. Por que coroação está entre aspas? E por que esse convite não veio para Daniela? Não sei não hein, isso está…

Um barulho realmente alto interrompeu os pensamentos do rei. Um guarda vai até Augusto informar o que está acontecendo?

GUARDA – Majestade, tem uma mulher, que parece camponesa, querendo entrar na ponte da área do castelo.

AUGUSTO – Quem é?

GUARDA – Ela está dizendo que é esposa do hóspede do castelo.

AUGUSTO – Esposa do príncipe Rogério.

GUARDA – (com desdém) Acredito que não, majestade? Mais provável que seja do hóspede camponês que está no castelo.

AUGUSTO – Deixe-me ver o que ocorre lá.

Ele vai até a ponte sobre o rio que rodeia a área nobre do reino. Maria está aos berros.

MARIA – (gritando) DESÇAM A PONTE!!! EU QUERO ENTRAR!

AUGUSTO – (da torre de vigilância) Boa noite. O que quer, senhora?

MARIA – Eu quero falar com meu marido!

AUGUSTO – E quem é seu marido?

MARIA – Alexandre. Seu hóspede.

AUGUSTO – Que eu saiba o senhor Alexandre não tem esposa.

MARIA – Ele é meu noivo, quase marido. Aliás o que eu vou contar será importante pra gente.

AUGUSTO – Bem… pode entrar, então. Pode descer a ponte, guardas.

Os guardas descem a ponte e Maria entra.

Maria fica maravilhada com o luxo do castelo. Ela observa cada detalhe, cada móvel, cada quadro na parede e pensa em como aquilo tudo poderia ser seu. Entra no quarto de Alexandre e vê ele e Daniela conversando. Fica com ciúmes.

MARIA – (falsa) Alteza! É uma honra estar diante da princesa de Veseli.

DANIELA – Não precisa ser falsa comigo. Eu sei que me odeia.

MARIA – Eu vim conversar com meu noivo. Posso ficar a sós com ele?

DANIELA – (irônica) Claro.

Antes que Daniela saia, para provocá-la, Maria beija Alexandre com vigor.

ALEXANDRE – Não precisava disso, Maria.

MARIA – Claro que precisava. Eu não vou deixar aquela sirigaita roubar você de mim. Preciso colocar as coisas no lugar.

ALEXANDRE – Ok. Mas por que veio me visitar agora, e não junto com minha mãe?

MARIA – Queria ter um momento a sós com você, meu bem. E também porque passei mal.

ALEXANDRE – O quê? Quando foi isso?

MARIA – Uma indisposição. Mas isso me deixou imensamente feliz.

ALEXANDRE – Como uma indisposição deixa alguém feliz?

MARIA – É exatamente por isso que vim aqui. Tenho uma notícia que vai inundar a nossa relação de felicidade. Alexandre, eu estou grávida!

Foco na cara de surpresa de Alexandre, e de Daniela, que estava escutando atrás da porta.

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