Sublime

Capítulo 10 Sublime

CAPITULO: 10

 

 

 

Aquele manhã parecia a mais impetuosa de todas que haviam vivido, a família Dalcin estava preparada para depor contra Clara, que aguardava seu julgamento, como ela entraria no recinto, chorando? Todos se questionavam.

Sentado pouco mais afastado encontrava-se Renan, como havia se entregue teria sua pena reduzida, mas não teria julgamento, pois o mesmo já havia se considerado culpado de tudo.

Alice estava nervosa com ocorrido, sentada ao lado de Ellen, demonstrava uma segurança aparente, era o bastante para dar o consolo que a amiga precisava, porém parecia ser a mais atingida com todos aqueles acontecimentos recentes.

 

Alice cochicha para Ellen — Sua mãe vira ao julgamento?

 

Ellen — Na verdade não, ela voltou ontem para casa, e não seria bom que testemunhasse isso, além disso já foi muito difícil fazer com que ela compreenda tudo o que aconteceu na nossa família recentemente.

 

Juiz — Ordem! O julgamento se inicia.  Que entre a acusada!

 

Nesse momento, algemada, com um horrível uniforme cinza claro utilizado pelas detêntas, Clara entra ao recinto, surpreendendo a todos, pois esboçava o mesmo sorriso sínico que já conheciam.

 

Danilo comenta — Veja como é sínica, exige um julgamento para tentar se libertar, mas ainda sim vem com um sorriso falso desse!

 

Catarina completa — O juiz irá perceber, dessa vez Clara não se safará!

 

Clara se senta no banco dos réus e encara a todos como se estivesse quase liberta.

Levantando uma das mãos enquanto a outra repousava sobre uma bíblia, como de costume se inicia o julgamento.

 

Juiz — Senhorita Clara Dalcin, jura falar a verdade, somente a verdade, nada mais que a verdade em nome de Deus?

 

Clara — Juro.

 

Inicia-se então com a parte acusadora apontando a Clara as provas contra a sua inocência.

 

Advogado de acusação — Teria como negar senhorita Clara, que arquitetou o sequestro de sua irmã Ellen Dalcin, além de como vemos no vídeo usado como prova, a sua confissão do assassinato de seu pai Heitor Dalcin, e especialmente, deseja negar que compareceu até a residência Dalcin com uma arma em punho a fim de usá-la contra sua família? Irá negar toda essas provas apresentadas senhorita?

 

Clara responde seriamente — Não!  (formando um pequeno alvoroço no tribunal, devido o espanto de todos com sua resposta).

 

Juiz — Ordem!  A senhorita não nega as acusações? Então para que exigiu um julgamento?

 

Clara cinicamente — Quero dizer que confesso ter cometido todos os crimes aqui apresentados, e gostaria que constasse que se houvesse outra oportunidade não hesitaria em fazer tudo de novo! Não me arrependo de nada. (E olhando para Ellen completa).  Quero que saibam que vou sair da prisão, e esse dia não tardará muito.

 

Já não havia mais o que fazer, com o julgamento anulado devido a confissão de Clara, o que restava no momento era apenas dar-lhes a pena.

 

Juiz — Renan, por se declarar culpado, impedir um homicídio e ser causador da prisão de Clara Dalcin, mas tendo participação nos crimes da mesma, inclusive no sequestro de Ellen Dalcin, sua pena será reduzida para dez anos de prisão.

Juiz — Já Clara Dalcin, por se declarar culpada de todos os seus crimes, mas não pelos mesmo motivos do senhor Renan, pretendendo apenas tripudiar sobre sua família, demonstrando não se arrepender de nada, será sentenciada á vinte e dois anos de reclusão.

 

Ao ouvir a batida Ellen sente como se uma flecha atravessasse seu coração, por mais que Clara merecesse era sua irmã, e Ellen ainda tinha muito amor pela mesma.

Clara era levada pelos policiais, seria transferida naquele mesmo dia para uma penitenciaria.

Ellen não resiste, então invade o corredor por onde Clara estava passando, precisa ouvir claramente tudo o que a irmã tem a dizer.

 

Ellen segurando Clara pelo braço — Clara, não basta tudo o que aconteceu? Nunca vou compreender esse seu jeito de ser e esse desejo de vingança que a tanto tempo vive em seu coração!

 

Clara afronta — Tudo o que eu queria que você soubesse já disse, não há mais nada agora, mas como já sabe e reforço, não me arrependo de nada, e sairei daquela cadeia o mais rápido possível, e nesse dia é bom que todos vocês estejam preparados.  Ah, é claro, aproveite ao máximo o tempo que tem com Danilo, pode ser o último.

 

Ellen então fica ali, para no local sem nenhuma ação, por mais que no fundo soubesse que seriam essas as palavras de sua irmã, as atitudes de Clara sempre a acabavam surpreendendo.

Ao ver Renan se aproximando Ellen imediatamente lembra da carta que havia recebido, e em todas as que antecederam aquela. Será que foi mesmo ele quem havia escrito?

 

Ellen intervém outra vez — Renan, posso falar com você um instante?

 

Renan sem encará-la — O que deseja Ellen.

 

Ellen — É verdade o que disse, que se arrependeu de tudo, principalmente de se aliar a Clara em seus planos?

 

Renan — Sim Ellen, não digo que ainda não sinta nada por Clara, mas percebi que ela estava fazendo muito mal a todos nós, não poderia deixar isso tomar conta de todos, seria demais.

 

Ellen — Renan, desculpe ser direta assim, sabe que sou muito agradecida a você pelo que fez, mas tem algo que preciso muito saber. Quero que me diga a verdade.

 

Renan — O que é?

 

Ellen — Por um acaso você me mandou uma carta anônima, alertando em entrelinhas que você e Clara iriam em casa naquela noite, mais precisamente era você que me mandou aquelas mensagens esse tempo todo?

 

Renan — Sabe que agora eu não teria mais motivo nenhum para mentir Ellen, então pode confiar em mim quando digo que não fui eu quem lhe mandou nenhuma dessas mensagem, e tenho quase a certeza de que Clara também não as mandou. Na verdade até ela mesma sempre esteve curiosa para saber quem era essa pessoa.

 

Ellen um pouco desapontada — Obrigada mesmo assim Renan, obrigada por tudo mesmo.

 

Alice se aproxima ao ver Renan se afastar — Então, foi ele?

 

Ellen encara Renan deixando a sala — Não, e sei que ele não estava mentindo, não foi ele, e não sei se um dia vou descobrir.

 

Enquanto isso, Clara imediatamente ao sair daquele recinto estava se dirigindo para o presidio feminino da cidade vizinha de Maresia.

Andando no camburão Clara olhava pela janela do mesmo, observava a paisagem e repetia para si mesma. Não pense que essa será a última vez que vê o mundo aqui fora, você é muito mais forte do que pensa e vai vencer esse obstáculo, vou precisar usar a melhor arma que tenho para sair daqui, a minha beleza!  Repete mentalmente para si mesma.

Após poucas horas de viagem, Clara chega a penitenciara, já se encontrava com o mesmo uniforme cinza claro, idêntico ao das demais detêntas.

No local, durante o dia trabalhavam quatro carcereiras, e a noite, para vistoriar as celas havia apenas um carcereiro, Vicente era ele, um homem de belo porte, olhos castanhos e profundos, cabelos negros, uma rapaz encantador, capaz de fazer qualquer mulher se apaixonar imediatamente, desde que essa mulher não tenha um coração rígido como uma pedra.

Clara estava sendo conduzida por uma das carcereiras para dentro do presidio, ela iria mostrar onde a mesma ficaria. Para a sorte de Clara, Vicente Não havia voltado para casa de manhã, assim que acabou seu turno, ele ainda estava no presidio, então ao entrar acompanhada da carcereira Clara tropeça no homem que a segura para que não caia no chão, os dois param, seus olhares se encontram por um breve momento, o veneno de Clara era rápido e letal, mal sabia ele que a partir daquele momento não a tiraria de sua cabeça.

 

Clara se mostrando inocente e gentil — Me desculpe, deveria olhar por onde ando.

 

Vicente sem tirar os olhos da moça — A culpa foi minha.

 

Carcereira puxa Clara pelo braço — Chega de conversa, vamos logo não tenho o dia todo!

 

Chegando até a cela, a mulher abre a grade e empurra Clara para dentro.

 

Carcereira — Ficará aqui princesinha, acho que não é o palácio que está acostumada, mas teve sorte, por enquanto não vai dividir a suíte com ninguém, será a única da cela! Passar bem.

 

O local parecia sujo, exalando um certo odor, e não havia o mínimo conforto, principalmente para alguém que estava acostumada ao melhor.

Clara senta-se na “cama” que havia no local, por muito tempo permanece ali, imóvel, resistindo a tudo, inclusive a comida que passam para ela em um prato amarelado pelo tempo. Logo já faziam horas que estava ali, e podia ver por uma pequena janela com grades que ficava fora de sua cela, que o dia havia chegado ao fim, então finalmente a noite havia caído e já estava na hora da troca de carcereiros.

 

Carcereira — Que bom que chegou Vicente, “tô” louca pra chegar em casa, tomar um bom banho e dormir!

 

Vicente — Tudo bem, vai descansar, daqui eu assumo.

 

Logo que a mulher sai pela porta, Vicente vai até as celas para fazer a vistoria de sempre, porém aquele dia havia se adiantado, ele não percebia, até o momento, mas queria ver Clara mais uma vez.

Passando de cela em cela, observa algumas prisioneiras dormindo, outras ainda acordadas sempre com aquele mesmo olhar mórbido de quem já havia perdido as esperanças a muito tempo.

Finalmente chega a cela daquela que tanto aguardava, fica paralisado na frente do local. Clara estava deitada, mas acordada, sente que alguém a observa e olha assustada, ao ver que se tratava de Vicente, o carcereiro com quem havia trombado ao entrar na prisão, ela imediatamente levanta fingindo um sorriso sem graça diz:

Clara — Desculpe, não vi que o senhor estava ai.

 

Vicente sorri — Senhor? Pode me chamar pelo nome. Você como se chama?

 

Clara — Clara, Clara Dalcin.

 

Ao ouvir o nome Vicente logo percebe de quem se trata.

 

Vicente se desanima — Ah, sim, soube do seu caso.  Porque confessou tudo aquilo, nem mesmo tentou se livrar a culpa.

 

Clara deixando uma pequena lágrima rolar — Tem coisas na vida pelas quais não valem a pena lutar!

 

Vicente a encara dos pés à cabeça — Quem te vê assim pensa que não teve nada a ver com tudo aquilo

 

Clara com voz doce e suave — Isso não tem importância, não quero mais falar sobre nada.

 

Vicente sorri para ela, então lentamente se vira para ir embora, porém Clara ainda lhe pede para que volte.

 

Vicente — Quer alguma coisa?

 

Clara com olhar ingênuo — Se não for pedir muito, gostaria de saber se pode me arranjar uma bíblia, pelo menos pelo tempo que vou ficar aqui, que será muito!  É que a minha não pude trazer até aqui, por favor poderia conseguir?

 

Vicente se surpreende — Só um momento. (Responde ele indo até seu gabinete).

 

Vicente abre sua gaveta e pega uma pequena bíblia, sua particular. Não parecia ser do tipo religioso, mas era, e realmente o fato de Clara demonstrar esse mesmo gosto fez com que ele sentisse uma certa atração que fosse além de algo físico.

 

Vicente entrega — Toma, tenho essa, é minha, mas pode ficar!

 

Clara o encara fixamente — Obrigada! Você não sabe o quanto isso significa pra mim, de verdade.

 

Vicente sorri — Vou deixar você descansar um pouco, ler também, boa noite.

 

Ao ver que ele havia ido embora, Clara sorri cinicamente, joga a bíblia na cama e se deita pensando:

 

Clara — Não vai demorar muito para que eu sai daqui, e será Vicente a minha chave de liberdade.

 

Finalmente aquele noite assim como todas as demais passam, e um novo dia cheio de boas promessas nasce. A família Dalcin acorda com uma estranha leveza e bem estar, apesar de Clara estar onde estava.

Fernanda parecia radiante na mesa do café, como se nunca estivesse em um sanatório antes, era evidente que a mesma não poderia ouvir o nome de Luna ou do doutor Miguel, mas estava muito bem recuperada, e desejaria ver a filha na prisão, assim que tomasse coragem.

Catarina e Carlos estavam muito felizes em seu casamento, inclusive com Maria crescendo saudável a cada dia, ninguém os vendo daquela maneira poderiam imaginar que a pouco tempo atrás Catarina havia tido uma doença maligna, da qual agora estava completamente curada.

Quanto a Danilo e Ellen, estavam muito bem e felizes em seu namoro, ele era tudo para ela e vice e versa. Jamais poderia imaginar a vida de um sem o outro, com certeza se Ellen o perdesse mais uma vez não resistiria como antes, e Danilo menos ainda.

Logo após o café Danilo levanta-se e tira um pequeno embrulho de seu bolso, pequeno porém com extrema beleza que chamou a atenção de todos. Danilo abre e revela uma bela caixinha aveludada na cor azul marinho, para portar joias. Assim como a família Dalcin, a família de Danilo também era de muitas posses, e evidentemente ele era herdeiro de uma grande fortuna, e não seria a primeira joia que compraria para Ellen, afinal era a mulher de sua vida, mas aquela havia algo de especial.

 

Danilo — Bem, pedi a atenção de todos, porque acho que também é uma decisão que envolve toda a família, especialmente você Ellen!

 

Danilo abre a caixa, mostrando um belo anel de brilhante.

 

Danilo sorri para Ellen — Acho que está mais do que na hora de pedir isso! Ellen, quer casar comigo?

 

Ellen se emociona — Eu nem sei o que dizer!

 

Fala Ellen surpreendida pela felicidade, e por ser pega de surpresa. Ao ver o anel que já estava em seu dedo, ao lado do anel que foi responsável pela separação dela e Danilo naquele incêndio, Ellen responde.

 

Ellen — Com você serei a mulher mais feliz do mundo. É claro que aceito me casar com você! (Então o abraça e o beija).

 

Realmente a felicidade naquela casa começará a retornar. Com o casamento de Ellen e Danilo tudo entraria nos trilhos novamente, e todos, especialmente Fernanda sentiriam se realizados e não mais sozinhos.

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