Beira Mar

Beira-Mar: Capítulo 5

Beira-Mar.

Capitulo 05.

O médico chega.

Ivan: Doutor, graças a Deus, e aí, o que aconteceu?

Médico: Eu tenho boas e más noticias.

Ivan: Qual é a boa noticia?

Médico: Que a Marta já está bem, consciente, apesar de ela ter caido da escada, o tiro foi no braço e ela teve só algumas lesões minimas e em breve acordará e o Carlos se recuperando, um dos tiros dele foi de raspão e o outro no torax, mas ainda dormindo.

Ivan: E a má noticia?

Médico: A Izabel, o tiro dela foi bem no coração- Ele inclina a cabeça, faz uma pausa, respira fundo e continua- Eu sinto muito, tentamos de tudo…mas a Izabel morreu.

Ivan fica paralizado, Marco não esconde seus sentimentos.

Ivan: Não! Não pode ser, deve ter algum jeito de fazer ela voltar, vocês não tentaram direito!

Médico: Eu sei como é dificil aceitar, mas é verdade…eu sinto muito, ela mandou dizer aos filhos que amava eles muito, e que nunca se afastassem um do outro, bom, eu vou indo, lamento mesmo- E sai.

Ivan se curva para Marco: Como eu vou dar uma noticia dessas para as crianças, Marco? Como?

No orfanato, já começa a escurecer mas os três ainda estão no mesmo sofá, refletindo, rezando, sem falar quase nada, engolindo em seco, na cozinha Telma serve o jantar para os outros orfãos.

Lorena: Será que eles não estão com fome?

Telma: Não falaram nada, eu vou perguntar.

Ulisses: Aqueles três são mudos, tia Telma?

Telma: Claro que não, eles estão passando por uma situação dificil, e vieram pra cá.

Lorena: Eu acho que eles precisam de alguém pra conversar, vou lá.

Telma: Não, eu sei que você é assistente social e tudo mas deixa comigo, eu sei o que falar- Ela sai da mesa e deixa todos comendo.

Artur está com o pensamento longe, André está também e Sofia mais ainda, lembrando se da relação que tinha com o irmão, é o que a machuca mais, saber que o irmão, em que tanto acreditava, foi capaz daquilo,seu irmão, que deveria ser seu herói, os três já estão com os rostos inchados de tanto chorarem, lagrimas de dor e agonia, a espera de uma resposta, o telefone toca, Telma que ia falar com eles se dirige ao aparelho.

Telma: Alô? Oi, Ivan.

Ivan: Telma, disfarça, e não faça nenhuma expressão- As crianças se aproximam de Telma- A Izabel faleceu.

Telma deixa o telefone cair ao ouvir aquilo.

Artur: O que aconteceu? O que o Ivan disse?

Lorena: Tudo bem aí, Telma?

Telma, aflita: Não foi nada, ele falou que os médicos ainda não conseguiram uma resposta, é isso- Diz ela nervosa.

André: Você tá mentindo- Ele começa a socar a mulher- Fala logo o que aconteceu! Diz!

Telma: Me solta, criança, me larga.

Artur: Chega de chilique, André. Deixa ela falar.

Telma: É..eu…Crianças, eu preciso que sejam fortes.
Assim que diz isso as lagrimas começam a brotar nos olhos de Artur e André, eles já sabem o que ela vai dizer.

Telma: A mãe de vocês…ela não resistiu, ela…morreu.

André fica tremulo, cai no chão e bate os punhos forte no piso: NÃO! NÃO PODE SER! Ela não ia nos abandonar nunca! É mentira!- Mas ele não está agressivo, e sim mais fragil do que nunca.

Artur: Por favor, fala que não é verdade, por favor- Ele fecha os olhos na esperança de que tudo passe- Por favor, dona- Tapa os ouvidos e acaba caindo de joelhos no chão, ao lado do irmão, os dois se abraçam.

Telma está sem saber o que fazer, Lorena assiste a cena mais triste que já viu em sua voda, e Sofia fica muda e quieta.

Telma: Mas agora ela está em um lugar melhor…ela…

André: NÃO! MÃE, VOLTA! VOLTA!EU NÃO SOU NADA SEM VOCÊ VOLTA! ME DESCULPA POR ALGUMA TRISTEZA QUE EU TE CAUSEI, ME DESCULPA POR TUDO MAS VOLTA!- Ele grita para o alto, como se ela fosse ressurgir.

Artur: E agora? O que vai ser da nossa vida? Eu quero morrer.Morrer e ir pra onde minha mãe está, eu não sou nada sem ela, nada!

Telma: Não fala isso, Artur.

Lorena: Crianças, eu sei que é dificil e…

André: Ninguém sabe! Ninguém sabe de nada! Eu odeio vocês, odeio!

Telma continua sem reação.

Próximo dali, Pedro vai buscar sua filha na escola.

Amanda, surpresa: Papai? Você nunca veio me buscar!

Pedro: Que foi, não posso mais fazer companhia pra minha filha?

Amanda: Pode…

Pedro: Então entra no carro, vamos pra casa mas antes eu vou passar na pizzaria pra comprar aquela pizza que você adora.

Amanda: Eba.

Pedro: E as crises respiratórias? Teve alguma?

Amanda põe o cinto: Tive duas, uma no intervalo e uma na aula de história, mas passou, graças a Deus como diz a mamãe.

Pedro: Eu preciso chamar o doutor Rubem, faz dias que ele não te examina- Ele liga o carro.

Amanda: Já disse que estou bem, não gosto de médico.

Fica um longo silêncio por um tempo, até que Amanda respira fundo: Pai, posso te fazer uma pergunta?

Pedro: Pode, filha, o quê?

Amanda: Por quê você não me ama?

Pedro fica surpreso: Como assim? É claro que te amo, Amanda, eu sou teu pai.

Amanda: Mas você nunca demonstrou que me ama, você só briga comigo.

Pedro: Mas filha eu brigo, reclamo pro seu bem, porque eu te amo.

Amanda: E porque você nunca me beijou?

Pedro: Filha…cada um tem sua forma de demonstrar o amor….

Amanda: Mas você nunca demonstrou comigo, pai! Você não me ama porque eu sou doente?

Pedro: Filha, eu te amo da maneira que você é, que coisa!

Amanda: Se eu fosse normal você me amaria mais, eu não queria ter nascido doente, porque isso tinha que acontecer?

Pedro: Filha, você não tem culpa de ter nascido doente, mas já que nasceu, deve encarar isso de maneira leve.

Amanda começa a ter uma crise respiratória: Pai…não to conseguindo…respirar.

Pedro: Chegamos na pizzaria, eu liguei antes então a pizza deve estar pronta, eu aproveito e pego uma água pra você- Ele vai saindo quando Amanda o para.

Amanda: Prova que me ama mesmo, me dá um beijo.

Pedro: Para de ser boba, filha, eu te amo se duvidar mais do que sua mãe.

Amanda: Então me dá um beijo na testa, vai doer?

Pedro beija rapidamente a filha: Satisfeita? Volto já- Ele sai do carro.

Amanda fica sorrindo, nunca tinha recebido tal demonstração de amor, mas não consegue respirar direito, mas isso não importa pra ela que está feliz demais, mas logo Amanda fecha os olhos, e se vai.
Fim do capitulo 05.

Victor Morais

Escrevi as webs novelas Beira-Mar e Filho Amado que foram publicadas no portal. Atualmente escrevo " Ser Humano", que se passa nos anos 80 e trata da relação complicada entre mãe e filha. Drama, emoções, cotidiano, conflitos familiares...Esse é o meu estilo.

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