Batalha Espiritual

Batalha Espiritual – Capítulo 11

Esmirna

Serena estava na casa, com Ophir e seus companheiros. No total, eles eram seis. Todas as perguntas feitas em relação ao seu mestre eram respondidas com grande sabedoria.

– Então quer dizer que aquele que me apareceu não era apenas o espírito, mas o próprio Micael vivo? – Ophir questionou.

– Sim! – a jovem respondeu com um leve sorriso no rosto.

– Formidável! – impressionou-se.

– Querem saber? Não acredito nestas baboseiras. Se este tal rei realmente está vivo, por que não se revelou a nós outros? – Silver, reclamou. Era um homem barbudo, alto e forte.

– Tu não tens fé. Por qual razão Micael apareceria para ti? – outro convidado enfrentou-o.

– Acalmem-se. Meu noivo é rei de palavra. Ele prometeu levar consigo todo aquele que for fiel. Todos aqui sabem o que ele fez por nós. Mesmo tendo poder para acabar com tudo, Micael entrou nos conflitos de sua própria obra só para morrer ali e por alguém mudar o fim! Ele tinha autoridade suficiente para vir, por que não teria para voltar? Era um homem comum, assim como vocês. Contudo, também era Deus. E isso vai além da compreensão de qualquer um aqui. Não há como duvidar da existência e permanência dele… Ele quem vos criara, caso não recordais!

– Serena, me impressionas a cada argumento! Eu quero fazer aquela coisa que disseste! – um rapaz, aparentemente de tom afeminado entusiasmou-se.

– Batizar-se? Certamente! Vamos neste mesmo instante!

O número de apresentados às mensagens do livro crescia mais e mais. Lucian estava desgostoso desses resultados. A ordem para matar todo e qualquer que se convertesse foi inevitavelmente imposta. Era bem simples de se reconhecer quem era fiel ou não, porque, os fiéis eram literalmente forçados a dar sua vida em nome de Micael. Serena fora perseguida. Os dias espiritualmente ensolarados tornaram-se dias tempestuosos e turbulentos. Entretanto, a potestade permanecia junto à sua amada, apesar de invisível.

O trabalho missionário fazia com que a jovem necessitasse se esconder em lugares que não eram dignos de tal princesa. Quanto mais seguidores morriam, mais surgiam, como se o seu sangue derramado na terra fosse semente. Os que sofreram, foram humilhados, encarcerados e assassinados pela verdade tiveram a plena certeza de que passaram toda aquela dor e mutilação pela causa correta.

Draco caminhava impacientemente de um lado para o outro em seu reino. Seus pensamentos estavam conturbados. No princípio, a tática de expor mentiras aos humanos caminhava bem, todavia, começou a tornar-se muito conhecida e óbvia. Os declínios escancarados eram fáceis de discernir, até mesmo as mentes fracas dos humanos ridículos seriam capazes de afastarem-se com o mínimo de aviso prévio. Isso o perturbava.

– O que há de errado, querido? – Francine tentou perguntar.

– Calada! Não se intrometa nos meus assuntos. Alguém como tu não seria capaz de resolvê-los.

– Aparentas tão inquieto… Não existe absolutamente nada que eu possa fazer por ti?

– Queres mesmo saber?… Sim, na verdade tem sim! Tenho refletido muito… Um pouco de mentira na verdade pode fazer um estrago maior do que rebeldia explícita… Por que não vais visitar tua irmã? Aposto que ela sente tua falta.

– Aquela plebeia imunda?! Por qual razão eu faria uma coisa dessas?! Além de tudo, meu senhor, ela te odeia. Já eu, sou apaixonada por tudo que vem de ti!

– Tu farás porque estou te dando uma ordem. Irás converter-se às palavras proferidas por ela. Semearás contenda entre os serventes de Micael. Se possível, separe-os.

– Mas serei condenada à morte caso me infiltre assim!

– Permaneça tranquila. Eu retirarei o decreto para que tu sigas as palavras de Serena, conforme mais for conveniente para ti. Tente semear incerteza na mente de todos. Faça as modificações necessárias e não exagere.

– Está bem… Farei conforme a tua palavra… – estava confusa com o pedido, mas captara-o e o obedeceu. A ordem era simples: Confunda os crentes de maneira que eles ataquem uns aos outros. Seria fácil, já que convivera com demônios traiçoeiros durante todo esse tempo.

O dia seguinte chegou e não demorou muito para que Francine fosse praticamente despejada do castelo para cumprir sua missão às pressas. Deveria levar o aviso de que os seguidores de Micael não mais seriam caçados e deveria convencer a outra princesa de que amava ao mesmo senhor que ela. Mas, no caminho até o antigo paradeiro de Serena (que seria onde a dama encontraria in formações), ela quis aproveitar o mínimo de toda aquela fama que alcançara no vilarejo. Um último luxo antes de ser santificada.

– Vejam! É Francine, nossa segunda deusa! Saldemo-na! – três barcos estavam retornando de viagens com seus marinheiros cansados, mas não demoraram a atender ao anúncio de companheiro. Todos gritavam em glória da moça que estava vulgarmente vestida com roupas curtas cobertas por véus e uma manta, fazendo poses chamativas, exibindo-se de uma maneira que ela julgava ser sensual, mas, na verdade, era apenas decadente. Até os sons das gaivotas que ali passavam pareciam estar em sintonia com as exultações.

– O que vieste fazer aqui, nossa ninfa? – um dos comerciantes foi até sua rainha, reverenciando-se.

– Quero anunciar que eu e Draco decidimos nos compadecer dos crentes ordinários. Desejamos fazer um trato com eles. Alguém sabe onde a líder deles está? – ela perguntou aos homens que por ali andavam. – Vamos, eu vim em paz! Não machucaremos os traidores. Na realidade, queremos fazer acordos! Alguém é capaz de levar-me até sua líder? – os senhores começaram a se entreolhar, mas o silêncio permaneceu. – Eu saberei recompensar muito bem o homem que levar-me até Serena. – insinuou-se, tirando a manta. Muitos homens presentes começaram a digladiar pela instigante proposta.

Talvez você esteja com nojo dela… Ou não. Contudo, isso não fará muita diferença. O importante é saber que Serena, enquanto descansava sorrateiramente no fundo de um bar, acabara de receber uma mensagem, dizendo que sua irmã a esperava lá fora e que a mesma viera com intuito pacífico.

–Ao sair do local, a jovem encontra Francine rodeada de gente. Era, de fato, célebre.

– Que tenho eu contigo? – a caçula permitiu que toda a angústia da morte de seus devotos tomasse seu coração.

– Desejo ir até um lugar mais reservado… Importa-se? – fez com que seus admiradores se afastassem. Serena assentiu e levou-a até a casa de Ophir.

– Eu quero estar ao seu lado novamente, minha irmã. Quero me converter, assim como os outros! O que preciso para ser salva?

– Creia em Micael…

– Já creio. E agora? O que faço?

– Sigas as leis dele por amor.

– Só isso?

– Só isso… Tu já conheces as vontades de Micael acerca de nossos comportamentos, sempre conheceu. Acho que podes ir embora agora…

– Calma! Preciso de reconciliação!

– Caso pare de fazer emboscadas para meu povo, perdoar-te-ei.

– Não apenas juro parar de fazer emboscadas, serei uma de vós! Peço-te que assine um trato.

– Qual seria o… – antes de terminar a pergunta, Francine apresentou um documento e uma pena. – Queres apagar a segunda lei de Micael, modificar a quarta e separar a última?! Recuso-me!

– Terás proteção em troca! Admita, é um bom acordo.

– Talvez para ti, mas considero-o horrível.

– O que tem de errado em anular o segundo? Já não está incluído no primeiro? E, o que tem de escandaloso em guardar um dia que não seja o Sábado? Não devemos dedicar todos os dias a Micael? E o décimo só será separado para o número ser mantido! Temos respeito pelas leis, não faríamos nada para prejudicá-las.

– Desculpe intrometer-me na conversa e estar ouvindo-a sem autorização, mas eu concordo com a prostituta aí. – Ophir adentrou a sala.

– A quem estás chamando de prostituta? Sou tua rainha! – Francine indignou-se.

– Pelos boatos sobre ti, supus que ambos títulos fossem sinônimos. Enfim… Serena, o castelo de Draco parará de nos perseguir e, mais que isso, nos apoiará! Certamente é irrecusável. – a sugestão parecia ter agradado e muito seus ouvidos.

– Não, não é. Tanto que acabei de recusar.

– Ande, não seja autoritária, pense no povo pelo menos uma vez! – o de bigode ralo insistia.

– Estou recusando exatamente pelo bem do povo!

– Sei… Mentira! Tudo mentira! Tu te consideras como autoridade máxima! Pois saiba que a autoridade máxima é teu noivo e não tu! Creio que Micael não queira ver o povo sofrer deste jeito. Estou cansado de ficar sentado te ouvindo e obedecendo calado. Formarei minha própria congregação junto a Francine e Lucian. Quem quiser que me acompanhe! Ah, e podes ficar com a casa. Percebo agora que esta é uma porta de oportunidades que Micael abriu para mim. Não tenho dúvida de que minhas majestades tratar-me-ão como o verdadeiro nobre que sou e aos meus parceiros de igual forma! Passes bem, porque cansei de precisar sussurrar para cantar um louvores e ser fadado a omitir minha adoração!

“Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.”
Apocalipse 2:10

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