Batalha Espiritual

Batalha Espiritual – Capítulo 1

Sublevação

Existiam duas forças: o bem e o mal. Sem começo e nem fim… Muito além de qualquer compreensão que haja na mente de nós, humanos. O bem era, é e será o próprio Deus. Mas, para variar, vamos chamar esse Deus de Micael. Para poder tirar a imagem de um ser distante e rigoroso que provavelmente fora inventada…

De tudo Micael sabia… Inclusive das desgraças que poderiam vir, caso as loucuras de sua mente viessem a tornarem-se fatos. Seus planos e o porvir já estavam arquivados em seus pensamentos. Tudo estaria estrategicamente montado… Dificuldades e sofrimento viriam… Porém, tudo seria suportado. Afinal, seria por amor. Porque era em você que ele pensava.

Talvez você não esteja entendendo muito bem o que quero dizer, mas logo os detalhes se mostrarão mais claros.

Como é de se esperar de uma divina providência, Micael começou a fazer boas obras. Apenas com suas palavras, tudo era formado. Primeiro… Uma sociedade. Decerto, magnífica. Cheia de paz, harmonia, alegria, canções… Pode parecer entediante para nós uma vida eterna e completamente feliz… Mas, na realidade, é apenas porque não fomos agraciados com esse privilégio… ainda.

Tiremos o paradigma de que o Céu é um local completamente branco, com nuvens, e anjos loiros de olhos claros com auréolas. Até porque, não é do céu que vemos que estamos falando. Imagine a maior variedade possível de pessoas de bom porte e aladas, vivendo num esplendoroso reino, usando cores além de azul e branco.

Essa sociedade era mais bela do que qualquer coisa que encontremos nos nossos dias. Organizada, com leis. Tudo estava sob controle. Os anjos viviam tranquilos, adorando a Micael, que, apesar de ter razões para ser um líder extremamente fútil e caprichoso, era amável e carismático. Em troca de tudo o que fez por suas criaturas, pedia nada mais do que amor. Recebia, e ficava contente com isso.

De todos os anjos, tinha um que era o mais bonito, o mais poderoso e inteligente: Lucian. Acima dele, encontrava-se somente o seu próprio líder. Era o querubim guardião, o regente do coro celestial. Um dia, entretanto, ele parou para apreciar sua própria imagem no reflexo das correntezas dos rios cristalinos que percorriam o lugar.

Percebeu todas as joias preciosas que adornavam suas vestes e as feições de seu rosto… Sorriu, arrogantemente. Era óbvio que estava satisfeito com o que via. Logo, não estava satisfeito com seu posto. Teve ambição. Achou que merecia muito mais. Sendo tão admirável… Por que precisava viver à sombra de Micael? Por que não podia ser adorado? Por que não poderia ser maior que seu criador? As respostas, para nós, que olhamos tais acontecimentos como terceira pessoa, parecem ser evidentes… Mas a beleza e sabedoria de Lucian não permitiam que as enxergasse. Ele optou por ignorá-las.

Tendo conhecimento da soberba que nasceu no coração de seu anjo, Micael tornou a ele, humildemente, para conversar:

– Que é isso que tens feito?

– Não fiz nada, meu senhor. – o querubim procurou disfarçar que não ocorrera nada de diferente dentro do seu íntimo.

– Lucian… Por que tem buscado orgulho pra colocar em seu coração? Já não te dei tudo? Caso fosse menosprezado em minha corte, teria motivo para essa insatisfação…

A bondade e paciência do criador irritavam gradativamente a criatura, e seu desagrado se ampliava. Ele simplesmente não queria dar ouvidos aos conselhos do líder.

Micael foi paciente e tornaram-se incontáveis as vezes que ofereceu perdão ao jovem anjo… Era enorme o caos que seria evitado, caso as palavras do fundador da sociedade fossem atendidas. Mas ele dava liberdade a cada um de seus seres criados… Não se agradava em submissão forçada. Ele era tão dócil que todos optavam por servi-lo… Exceto Lucian, agora.

O regente do coro celestial passou, então, a espalhar boatos pelas habitações. As especulações chegaram a todos os cantos e elas eram sobre Micael…

– Ele não quer que ninguém se oponha! É um tirano! Acabará com o primeiro que tentar ir contra o que ele pensa que é certo. – Lucian dizia para um pequeno grupo de anjos que se uniam secretamente para escutar aos avisos.

– Como você tem certeza? – um deles questionou.

– Por que achas que ninguém se revoltou ainda? Estão todos com medo! Mas, se nos unirmos, poderemos acabar com a opressão. – respondeu o futuro revolucionário.

A própria potestade tolerou tais difamações. A única coisa que fazia era chamar a atenção de Lucian particularmente, para que se arrependesse… Mas não adiantava. Micael, em todo o seu altruísmo e generosidade, não iria forçar nenhum de seus anjos a obedecê-lo e amá-lo. Permitiu que a enganação maquinada fosse exposta por si mesma.

Em um desses dias, o querubim guardião convencera um terço dos anjos a lutarem pelo suposto ideal de liberdade. Houve uma batalha entre os seres imortais. Lucian e seus soldados contra os que não cederam às mentiras e induções do próprio.

Não era surpresa que ninguém seria páreo para a deidade. Aquela rebelião sem fundamento precisava ter um fim, porque era do conhecimento de Micael que aqueles “ideais” desejados seriam os causadores de muita dor e sofrimento num futuro não tão distante.

Lucian fora expulso, junto aos seus anjos, que optaram por permanecer contra seu senhor.

“Eu fiz de você um anjo protetor, com as asas abertas. Você vivia no meu monte santo e andava pelo meio de pedras brilhantes. A sua conduta foi perfeita desde o dia em que foi criado, até que você começou a fazer o mal.”

Ezequiel 28:14-15

10 thoughts on “Batalha Espiritual – Capítulo 1

  • CAPÍTULO BEM EXPLÍCITO .ESCRITA IMPECAVÉL .CONDUÇÃO DO TEMA BEM DIRIGIDA .CRITICA DE 0 A10 .NOTA:8,4

  • capítulo exelente cboa escrita só não achei justo trocar o nome de DEUS por Micael ,poderia ter colocado outro nome como por exemplo JÉOVA OU YAVEHN OU ENTÃO ADONAY QUE SÃO NOMES VERDADEIRAMENTE ATRIBUÍDO AO SENOR DEUS DOS CÉUS . Mas fora isso essa web vai ser sucesso

    • Miguel não passa de um título do divino Jesus e “Micael” tem o mesmo significado de “Miguel”, que é o seguinte desafio: “Quem é como Deus?” (porque sabemos que ninguém é). Fiz apenas um personagem para todas as pessoas da trindade. Eu preferi não usar nenhum nome diretamente, porque os nomes conhecidos às vezes carregam consigo os preconceitos (como a ideia de Deus Pai como tirano, por exemplo). Nunca sinta-se desconfortável em dar sugestões ou questionar algo do texto! Muitíssimo obrigada!

  • Oi Gabriele, apesar do assunto não ser dos meus preferidos, eu gostei do capítulo um e do que esse texto ainda pode oferecer. Você escreve bem. Parabéns!

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