Ajuste de Contas

Ajuste de Contas – Capítulo XVIII

Kadu: É isso que desejo pra você: felicidade. Você não merece sofrer Guilherme, você é um cara tão bom, tão íntegro, tão generoso…

Guilherme: Ei Kadu, relaxa não é pra tanto. Você está excessivamente preocupado. Estou percebendo alguma coisa. Diz a verdade: está sabendo algo que eu não saiba?

Kadu diz devagar, pensando em como contar a verdade: Eu não sei como te falar, não sei como começar… Eu to numa situação muito desconfortável… uma situação que nunca pensei em passar… Guilherme, é que…

Nesse momento, Vanessa entra na sala, resultando em um silêncio e uma troca de olhares constrangedores.

Vanessa, constrangida: Desculpe entrar sem bater. Não sabia que estava com visita!

Guilherme: Oi minha querida, entra. Minhas consultas de hoje acabaram. Eu e Kadu estávamos aqui batendo um papo. Sente-se!

Kadu diz, perdido: Vanessa, não é porque chegou, mas eu já estava de saída.

Vanessa: Atrapalhei alguma coisa?

Kadu: Não, claro que não. Fica a vontade! Guilherme, nos falamos depois.

 

Kadu sai da sala e encosta-se na parede externa, totalmente desconcertado.

 

Vanessa: O que estava acontecendo? Vocês estavam tensos demais.

Guilherme: Meus pais estão passando por um problema conjugal. O primeiro da vida deles. Minha mãe cismou que meu pai está escondendo algo. Algo que nem ele sabe o que é. Está uma situação bem complicada. Minha mãe acha que ele deve encontrar o erro dele e admitir.

Vanessa aliviada: Era apenas isso? Não que seja um assunto importante, mas pela cara de vocês, parecia algo pior. Mas enfim, acha que seus pais vão superar esse problema?

Guilherme: Eu não sei. Mas espero que sim.

 

Vera: Me trouxe no nosso restaurante favorito.

Afonso: Sim. Pra saber se dessa forma conseguimos resolver nosso problema.

Vera: Que problema Afonso?

Afonso: Você sabe que existe um problema Vera.  Qual problema eu não sei, mas sei que existe. Foi justamente por isso que te trouxe aqui. Quero saber o que está acontecendo. De verdade, me conta porque está fria, porque está distante?  Você disse que estou escondendo algo de você. Eu sinceramente não sei, não imagino o que possa ser.

Vera: Afonso, pelo menos uma coisa você esconde de mim. Está tão difícil de perceber isso porque você não imaginava que um dia eu pudesse descobrir. Escondeu tão bem, disfarçou tão bem, que nem passa pela sua cabeça que poderia vazar.

Afonso se lembra de seu assunto confidencial com Janete, e teme que esse possa ser o segredo descoberto por Vera.

Afonso, disfarçando: Minha querida, realmente não sei o que é. Mas quero te pedir: vamos botar uma pedra nesse assunto. Vamos reviver nosso casamento. Vamos ser felizes novamente.

Vera: Sim, vamos ser felizes novamente. Mas talvez, separados. Estou sem fome. Bom apetite!

Vera levanta-se da mesa e sai do restaurante.

Afonso prefere não aprofundar-se no assunto, sabendo do que pode se tratar.

 

Bia: Por favor André, seja rápido.

André: Bia, você não deve acreditar em nenhuma palavra que sai da boca do meu irmão. Ele não é uma pessoa confiável. Ele é frustrado, desiludido, não tem perspectiva de vida. Ele é infeliz e quer ver as outras pessoas também infelizes.  E pra falar a verdade, fiquei um pouco decepcionado de você acreditar em qualquer coisa que alguém te fala. Não pode assim! Temos um relacionamento, e precisamos confiar um no outro.

Bia, fragilizada: Ai André, sabe que sou muito insegura. Você é um menino tão lindo, tão sociável, expansível, que acabo ficando com dúvida se você realmente sente algo por mim. Eu não me enquadro nos padrões de moda. Não tenho uma cintura fina com glúteos e seios grandes. Eu… sei lá, acho que você pode estar comigo apenas como um passa tempo.

André: Não diga isso minha princesa. Estou contigo porque gosto de você. Jamais te usaria apenas como passa tempo. Eu quero que você seja mais confiante, que acredite em mim, que tenha certeza que meus sentimentos por você são verdadeiros. O relacionamento é entre mim e você, a opinião dos outros não importa.

André dá um beijo em Bia, e em seguida, a conforta com um abraço.

André: Bom, agora que já resolvemos esse mal entendido, eu preciso ir pra casa, me entender com o meu irmão.

Bia: Não faça nenhuma besteira André. Você mesmo disse que o Leo é apenas um homem frustrado. Leve isso em consideração.

André: Sim, fica tranquila. Já me acostumei com as loucuras deles.

 

Kadu: Fiquei sabendo do problema que o Leo te arranjou. Se resolveu com a Bia?

André: Sim, acabei de resolver. Aquele idiota só faz besteira! Como pode aquele otário ser meu irmão cara? Ou eu ou ele é adotado, nós tão temos o mesmo sangue, não é possível.

Kadu: Seu irmão é meio estranho mesmo cara, não sei o que se passa pela cabeça dele.

André: Vento! É a única coisa que circula por lá. Mas enfim, hora de comemorar o problema.

Kadu: Comemorar o problema?

André: Sim, eu tenho uma despedida de solteiro para ir agora.

Kadu: Por isso que tá todo arrumadinho né safado?! Mas cara, e a Bia? Toma jeito André, isso que você tá fazendo não é certo.

André: Relaxa meu amigo, está tudo sobre controle. Ela não vai descobrir nada. E eu vou me comportar, eu juro.

Kadu, após suspirar fundo: Você não é mais nenhuma criança André. Só tenha responsabilidade de assumir seus atos.

André: Cara! Você está falando igual ao Guilherme!

Bia observa a conversa de longe, e segue André até o destino dele.

De longe, ela o vê entrar numa casa, e aguarda o movimento do lado de fora.

Após chegar um carro, ela vê um bolo gigante de plástico sair de dentro dele.

Logo em seguida, se decepciona ao avistar uma linda garota vestida de coelho entrar no bolo.

Já ciente que se tratava de uma despedida de solteiro, ela corre até a porta e tenta negociar com o rapaz que organizava a surpresa.

 

Rapaz: Entrar no bolo? Não gata, nada disso! Acho que a rapaziada vai gostar mais da coelhinha.

Bia, após revirar os olhos: Não tenho dúvida disso, mas eu posso te recompensar de uma boa forma.

Bia oferece um bolinho de notas de cinquenta reais, fazendo com que o rapaz arregale os olhos.

Rapaz, após pegar as notas: Tá bom, se é tão importante assim pra você, vai lá. Mas vai ter que substituir essa coelhinha à altura hein!

Bia: Pode deixar, mesmo pesando um pouquinho a mais que ela, acho que os meninos vão gostar.

 

O rapaz leva o bolo pra dentro da sala e anuncia para cerca de vinte meninos que estavam presentes:

Rapaz: Rapaziada, a nossa gatinha chegou!

André se paralisa e fica perplexo ao ver Bia de braços cruzados sair de dentro do bolo.

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