A Cor do Pecado

A Cor do Pecado – Capítulo 6

‘’O que será ser só?

Quando outro dia amanhecer?

Será recomeçar?

Será ser livre sem querer?’’        (Chico Buarque)

 

CENA 01. Vale do Sol. Casa de Quitéria. Cozinha. Interior. Dia.

Dona Quitéria faz um café da manhã para discutir sobre as prostitutas de Vale do Sol.

Todas estão na reunião das mulheres conservadoras de Vale do Sol, porém, em vez de discutir o assunto principal, estão brigando por comida, numa grande barulheira.

Simone dá um ponto final nisso, dizendo: — Parem! Minhas senhoras.

A mesma continua dizendo: — Parece que vocês nunca viram comida. Vimos até aqui para discutir um assunto, e até agora não discutimos, só vocês brigando por comida. Que coisa mais feia! Se vocês são tão conservadoras e respeitáveis, se comportem como manda os padrões.

Elza: — Concordo plenamente com você, Simone.

  1. Quitéria: — Isso mesmo! Temos que pôr um fim naquelas quengas e é pra já. A minha ideia é criar um conselho para impedí- las de circular pela cidade, entrar na igreja, nos comércios, pois isso é uma afronta a moral e aos bons costumes.

Andreia: — É assim que se fala, Dona Quitéria. Temos que combatê- las.

Todas: — É isso aí. É isso aí.

Simone mais uma vez acalma as mulheres: — Calma gente! Também não é assim que devemos fazer. Vamos com calma. Elas são gente como a gente.

 

CENA 02. Vale do Sol. Casa de Ângelo. Quarto de Marcos. Interior. Dia.

Melissa escuta Samuel falando para Marcos sobre Cecília.

Samuel: — Sabe Marcos? Fiquei encantado pela aquela tua irmã. Mesmo ela sendo o que ela é, teria coragem de terminar meu noivado com a Melissa e me casar com ela.

Marcos: — Já falei pra você, Samuel. Ela não se apaixona por homem nenhum. Ela quer mais é curtir a vida, e dar conselhos às suas garotas.

Samuel: — Mas será que ela ainda não se apaixonou porque ainda não descobriu o verdadeiro amor?

Marcos: — Isso eu não saberei lhe responder.

Melissa escuta tudo e chora.
CENA 03. Vale do Sol. Casa de Teodoro Fonseca. Sala. Interior. Dia.

Coronel Teodoro Fonseca conversa com Lorena e Fábio sobre o casamento.

Teodoro Fonseca: — E o casório de vocês? Sai quando?

Lorena: — Pai. Ainda não sabemos quando será. Estamos dando um tempo. Calma!

Fábio: — Por mim seria hoje mesmo.

Teodoro Fonseca: — Escutou o rapaz Lorena?

Lorena: — Sim, mas é porque não estou preparada agora.

Teodoro Fonseca leva Fábio até a cozinha e conversa com ele.

Teodoro Fonseca: — Ela é assim mesmo. Temos que compreender ela. Pode demorar, mas que vai sair vai.

Fábio: — Eu lhe compreendo, Coronel.

 

CENA 04. Vale do Sol. Casa de Ângelo. Exterior. Frente da casa. Dia.

Olívia beija George do portão e seu pai vê a cena.

Olívia: — Ainda ficaremos juntos sim amor.

George: — Prometo que serei o homem da tua vida. Não te farei sofrer. Só te darei momentos de alegria.

Os dois se beijam.

Ângelo chega com toda a sua fúria e diz: — Mas que palhaçada é essa aqui em frente a minha casa? E com minha filha.

George: Desculpe senhor. Aconteceu.

Ângelo: — Aconteceu nada. Passe pra dentro, sua imunda, desgraçada. E quanto a você: a próxima vez que chegar perto de minha filha: não responderei por mim

 

CENA 05. Vale do Sol. A Cor do Pecado. Quarto de Cecília. Interior. Dia.

Natália fala para Cecília o nome do menino que ela queria saber.

Natália entra no quarto, e Cecília fala: — E aí? Descobriu o nome dele?

Natália: — Sim, senhora.

Cecília: — Qual é?

Natália: — Samuel. Noivo da Melissa Mendes, filha do Coronel Cássio Mendes.

Natália retira- se do quarto e Cecília fala sozinha: — Mas não pode ser. Aquele homem ser noivo de uma coisa daquelas. Não estou acreditando. Agora lutarei para tê- lo do meu lado, saber que ele é noivo da Melissa, me motivou mais ainda.

 

CENA 06. Vale do Sol. Casa de Ângelo. Quarto de Olívia. Interior. Dia.

Ângelo tem conversa com Janaína e Olívia.

Ângelo: — Sem enrolações. Vamos ao que interessa.

Janaína: — Não pegue pesado Ângelo, por favor.

Ângelo fala irritado: — Eu sei bem o que fazer. Deixe- me e escute- me.

Ângelo: — Já flagrei a Olívia um monte de vezes com esse garoto, e agora tirei minhas próprias conclusões: estão em um relacionamento escondido.

Olívia: — Não é pai. Ali foi só um beijo.

Ângelo: — Cale a boca. Já decidi o que farei com você.

Janaína: — O que você vai fazer com ela?

Ângelo: — Eu a internarei no convento aqui da cidade.

 

‘’Um amor proibido

Que de todos escondemos

É só a gente que sente

E por este que sofremos’’.            (Ducarmo de Assis)

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