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Jovens Tardes

Capítulo 1 – Jovens Tardes

 

Roteiro de telenovela Brasileira       Capítulo 001

Personagens deste Capítulo:

Ância
Bela
Carmita
Desiree
Fufu
Hamilton
Helena
Igor
Marechal
Melione
Milú
Tomázia

 

Participações Especiais:
Padre
Fotógrafo
Senhora
Antônio

Cena 1: Igreja/ Exterior/ dia
Câmera vai descendo do alto do céu até chegar à porta da Igreja com uma marcha fúnebre ao fundo. Aparece o letreiro com: “Pedrosa, Março de 1983”
Corta para:
Cena 2: Igreja/ Interior/ dia.
Marechal está próximo ao altar, vestido de noivo, inquieto, olhando o relógio a toda hora.
Padre – Eu acho que já estamos muito atrasados para a cerimônia meu jovem.
Marechal – Calma padre, calma. Ela deve estar chegando, afinal noivas sempre se atrasam.
Padre- Mais dez minutos hein. Nem mais nem menos.
Cenas desconectas dos convidados:
Passa por vários convidados, com destaque para: Igor Ceregí e sua esposa Carmita sentados a frente. Logo mais atrás está Tomázia muito triste, com umas amigas, que estão conversando muito. Helena está ao fundo da igreja. Fufu chega apressada e se senta ao lado do sobrinho.
Fufu – Pelo que vejo não perdi nada ainda.
Igor – Pois é titia, estamos a mais de meia hora e nada da noiva chegar.
Fufu – Será que ela vem?
Igor – É ambiciosa, garanto que vem pela conta bancária.
Fufu abre seu leque e começa a se abanar.

Cena corta para:
Cena 3: Exterior, dia, Igreja.
Uma limusine branca para em frente à porta da igreja. Gregório e Ância que estão do lado de fora entram, sendo seguidos por Melione.

Cena 4: Interior, dia, Igreja.
Começa a tocar a marcha nupcial, todos se levantam, exceto Dona Milú, Desiree e Hamilton, que estão nos últimos bancos. Marechal se alegra e o padre fica em sua posição.

Bela entra na igreja de calça jeans e camiseta. Todos olham espantados. Ela caminha normalmente até o meio da igreja, para e olha para o coral.

Bela (ao coral) – Podem parar com a palhaçada, eu não quero música nenhuma.
Marechal – Mas Bela, esse não é o vestido caríssimo que eu paguei.
Bela – Pode ficar tranquilo, a loja vai devolver seu dinheiro todinho, até os centavos.
Marechal – Eu não estou entendendo nada e mesmo assim não estou gostando.
Bela – Deixa que eu explico. Eu recebi uma proposta muito boa para ser modelo, para fotografar e desfilar para as maiores marcas e nos maiores centros de moda do mundo.
Marechal- Mas mulher minha nunca vai ser modelo. Essa profissão promiscua não combina com uma Kalil.
Bela – É por isto que eu estou aqui, com você, (rodopiando), ou melhor, com vocês para dizer que eu não vou mais casar.

Todos ficam surpresos.
 Cenas desconectas dos convidados:
Igor olha para Carmita que olha para ele novamente, que olha para Fufu.

Fufu – Que bafo. Eu sempre sonhei em ir num casamento que acontecesse isso.
Carmita – Eu jurava que a Bela fosse extorquir até o último tostão do Marechal.

Corta novamente para Marechal e Bela:
Marechal visivelmente abalado.
Marechal – Só pode ser pegadinha, só pode ser.
Bela – Não é eu vou te explicar que não é.
Marechal (gritando): Me explica, explica muito bem, porque eu ainda não entendi.
Bela – Eu vou atrás do meu sonho Marechal, eu quero ser modelo, ser independente.
Marechal – Mas comigo você iria ter conforto, dinheiro, vida boa e mansa.
Bela – Eu seria prisioneira dos seus caprichos. Eu quero o que é meu.
Padre – Podem parar com essa lavação de roupa suja aqui na minha diocese, podem parar. Se não vai haver casamento, então podem parar com o circo e seguirem o seu caminho.

Marechal olha fixamente para Bela com os olhos cheios de lágrimas.

Marechal – Pode ter certeza, Bela Acioli, eu vou me vingar de você pela vergonha que me fez passar no dia de hoje. Eu juro.

Corta para Tomázia saindo da igreja.

Bela – Eu entendo que esteja magoado comigo, mas eu vou atrás da minha realização, Marechal. Eu não sei se você sabe, mas eu ainda quero ser feliz, o que ao seu lado eu não seria.

Bela sai da igreja e deixa Marechal com os olhos cheios de ódio e todos os convidados chocados e olhando para Marechal.

Cena 5: Exterior, dia, Igreja.
Bela sai da igreja e Tomázia para na sua frente.

Bela – Veio me dar os parabéns?
Tomázia – Você foi muito cruel com ele. Por que não disse antes? Esperou armar esse circo todo. É bem a sua cara Bela Acioli.
Bela – Taí, esse seu lado masoquista eu não conhecia. Eu jurava que você fosse passar o dia de hoje se debulhando em lágrimas, na sua casa é claro, porque em qualquer outro lugar estariam falando do meu casamento.
Tomázia – Você é mesmo muito idiota. Eu gosto sim do Marechal, sempre gostei. E daí?
Bela – E daí que ele agora é todo seu, todinho. Faça bom proveito do que eu não quero mais. O caminho tá livre segunda opção.
Tomázia – Veja lá como fala comigo.
Bela – Segunda opção, premio de consolação. Mais o que? Deixa eu ver, deixa eu ver… Ah sim, isso se ele te quiser. Sem sal como você é, eu mesma duvido muito.

Tomázia dá um tapa na cara de Bela.
Tomázia – Agora sai daqui. Some. Já que fez o Marechal infeliz, vai embora atrás do seu destino, e ele não é aqui.
Bela anda depressa, entra na limusine e vai embora.
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1º INTERVALO

Cena 6. Exterior, dia, Casa de Igor Ceregí.
Mostrando a piscina da mansão e diálogo da cena posterior.

Marechal – Eu jamais pensaria isso dela. Ela fez um grande estrago na minha reputação. Como é que eu vou assumir a IMPÉRIUM?
Fufu – Eu fiquei chocadérrima. Jamais pensei que um casamento da família Kalil fosse dar errado. Um vexame mesmo.

Cena 7.Interior,dia,Casa de Igor Ceregí.
Igor está preparando algumas doses de uísque na cristaleira. Marechal está sentando em uma poltrona, totalmente arrasado e com a gravata muito frouxa. Fufu e Carmita estão em outra poltrona.

Marechal – Foi um vexame e tanto Fufu. Eu queria apenas ter uma família, assim como o Igor e a Carmita estão começando agora.
Carmita – Eu nunca gostei da Bela, sempre achei muito interesseira, sei lá. Eu prefiro a Tomázia. Ela sim te ama.

Marechal olha para Carmita surpreso.

Igor (entregando um copo de uísque) – Toma, bebe que passa meu amigo.

Marechal toma a bebida de uma só vez.

Marechal (a Carmita) – Amanhã eu vou dar um jantar na minha casa.
Igor – Não é prudente Marechal.
Marechal – Como eu ia dizendo, amanhã eu vou oferecer um jantar na minha casa, só para vocês. Peço encarecidamente que você, Carmita, leve a Tomázia. Eu quero conhecê-la melhor.
Carmita – Pode deixar Marechal, eu vou chamá-la.
Marechal – Eu mereço alguém me ame.
Fufu – Mas você nem sabe quem é essa garota direito.
Carmita – Mas é para isso que serve o jantar, para conhecer.
Marechal – E ninguém tá dizendo que eu vou namorar, e até, até casar. Eu vou apenas conhecer, conhecer Fufu. Nada melhor que um bom papo pra tentar amenizar o que essa demônia me fez.
Igor – Não sei, continuo achando a ideia louca. A Carmita como sempre inventando moda.
Carmita – Ih, antes que sobre pra mim, tô partindo nessa. Vou tomar um banho e descansar, isso sim.

Carmita se levanta e sai da sala acompanhada de Fufu.

Marechal – Acho que você estressou sua esposa Igor.
Igor – A Carmita inventa cada uma. Ela quer te apresentar uma mulher de classe social bem inferior a nossa. Sem nenhum requinte ou berço. Ela só pode estar ficando louca.
Marechal – Eu quero conhecê-la, me dá licença. O que adiantou eu querer uma granfina, uma lady? Olha no que deu.
Igor – Bom, eu não vou ficar discutindo isso com você. Você é seu próprio guia.

Marechal termina de tomar seu uísque.

Cena 7.Exterior, dia, Rio de Janeiro, Cristo Redentor.

Takes do Cristo Redentor feitas por helicóptero. Imagem de vários turistas subindo ao topo e alguns aos pés da estátua. Diálogo segue junto com as imagens.

Fotógrafo (off) – Agora faz carão. (Pausa) Isso, vira de bruços.
CAM focaliza em Bela posando para as lentes do fotógrafo, que não para de gesticular as poses que deseja. Junto deles estão alguns ajudantes e curiosos.
Bela – Ai me dá uma pausa.
Fotógrafo – Quinze minutos de descanso. Alguém trás uma água para Bela Acioli aqui, por favor.

Bela se senta em um banco, afastada de todos.

Bela (pra si) – Ai que calor infernal esse Rio de Janeiro tem. Assim vai acabar com a minha pele.

Nesse instante, aparece uma sobra por trás de Bela, é Helena, sua melhor amiga.

Helena – Então você decididamente roubou o meu lugar?
Bela (assustada) – Helena?
Helena – Surpresa em me ver? Esperava que eu fizesse o que? Que esperasse você voltar rica?
Bela – Eu só achei que tinha mais talento que você.
Helena (gritando) – Mas a vaga era minha, minha. Você sabe o quanto eu lutei pra ser modelo, o quanto eu gastei no maldito book fotográfico. E o que vai ser de mim agora?
Bela – O problema é seu. Eu fui esperta e acabei garantindo o que era meu. Você não tem talento.

Helena começa a enforcar Bela. Diálogo segue junto com a ação.

Helena – Eu vou te matar seu Judas.
Bela – Me larga, ou eu te mato.
Helena – Mata nada, você é fraca.
Bela – Então vai, me mata. Só assim você termina os seus lamentáveis dias numa cadeia.
Helena larga o pescoço de Bela.

Bela – Ué, desistiu? É bundona mesmo.
Helena – Você roubou o que era meu, era pra eu estar fotografando aqui.
Bela – O seu máximo seria isso: fotografar aqui, nessa cidade chinfrim. Mas eu não, vou muito mais além. Amanhã mesmo estou embarcando para Milão, assinarei meu primeiro grande contrato.
Helena – Eu que te dei abrigo quando sua mãe te colocou pra fora de casa. Eu te arrumei o primeiro emprego e fui eu quem te apresentou o Marechal.
Bela – Emprego de balconista em lanchonete e o Marechal, querendo ou não, já me conhecia sim. Você não fez nada de demais.
Helena – Pode ter certeza, Bela Acioli, eu vou me vingar pela sujeira que fez comigo. Traidora. Eu juro.

Helena vira de costas e vai saindo.

Bela – Helena, espera.

Helena para e vira-se para Bela.

Bela – Eu tenho que te agradecer.
Helena – Ah é? Lembrou do quanto te ajudei e o quanto você foi cachorra comigo?
Bela – Eu tenho que te agradecer por ser uma pessoa tão burra. Por ter acreditado em mim todos esses anos. Foram dez anos eu tendo que aturar uma pessoa tão infeliz, tão idiota. Agora, eu quero que você vá pro inferno, eu não preciso mais de você.
Helena – Você me usou né?
Bela (sorrindo) – Usei. Agora Vá se lixar.

Helena olha Bela com cara de ódio.

Cena 8.Exterior, dia, Milão, jardim.
Um grande jardim está totalmente enfeitado e com várias celebridades chegando. CAM passa pelas celebridades sendo fotografadas e entrevistadas por dezenas de jornalistas.
Uma música de desfile começa.
CAM focaliza na passarela e nas pessoas sentadas a volta.
Algumas modelos começam a desfilar e entre elas, Bela Acioli, que para na ponta da passarela e é bombardeada por flashes.
Cena 9. Exterior, dia, Estados Unidos, Banca de Revistas.
Várias pessoas passando por uma movimentada avenida, eis que uma senhora para na banca de revistas.

Senhora (apontando p/ a revista desejada) – Magazine, please.
O rapaz então retira a revista de moda e entrega a mulher, com Bela Acioli estampada na capa.

Senhora – Thank you. That is Bella.

Cena 10. Interior, dia, São Paulo, Grupo Cavalcanti, Escritório da Presidência.

Estão sentados na sala da presidência: Antônio Cavalcanti, Bela, Advogado de Bela e alguns figurantes, representando: Executivos da moda, advogado da empresa e anunciantes.

Antônio – Eu mandei te chamar aqui Bela, por que sabemos o sucesso que você é no exterior e gostaríamos que fizesse propaganda da nossa empresa, já que ela é no ramo da moda.
Bela – Por mim não há problema nenhum. Faço de bom gosto Sr. Cavalcanti.
Antônio – ótimo. Eu já negociei os valores com seu empresário e mandei o contrato semana passada para seu advogado ler e ver se está tudo certo.
Bela – Mas tem um pequeno problema. Eu não gostei do valor, achei baixo demais pra um grupo como o do senhor.
Antônio – Baixo? Foi um valor bem razoável. Dificilmente conseguirá emplacar uma campanha publicitária desse porte, agora aproveita a oferta garota.
Bela (rude) – Ou me dá o que eu tô pedindo, ou nada feito. A decisão é somente sua, ou vai ou racha?

2º INTERVALO
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Cena 11. Interior, dia, São Paulo, Grupo Cavalcanti, Escritório da Presidência.

Continuação da cena anterior com os mesmos personagens.

Bela – E então Sr. Cavalcanti é pegar ou largar. O que acha?
Antônio – Acho que a gente pode conversar melhor, a gente pode ver o que fazer e…/
Bela – Não. Ou é o que estou pedindo ou nada. Eu não vou ficar discutindo com você Antônio Cavalcanti. Passar bem.
Bela se levanta e vai saindo.
Antônio (gritando) – Eu pago o que você quer. Senta aí que vou redigir essa porcaria de contrato.
Bela sorri e fica de frente para Antônio.

Bela – Redija o contrato com o valor que eu quero, aí eu penso se assino. Manda pro meu advogado.
Bela sai.
Antônio (P/ todos) – Reunião encerrada. Podem sair.
Todos saem.
Antônio – Eu vou me vingar dessa cretina. Bela Acioli vai ter o que merece.
CAM focaliza rosto de Antônio com raiva.
Corta para:
Cena 11. Exterior, dia/noite Pedrosa.
Imagens de vários pontos da cidade anoitecendo e amanhecendo várias vezes.
Corta para:
Cena12. Exterior,dia, Mansão de Marechal, JARDIM.
Marechal está sentado lendo jornal, enquanto Tomázia toma sol.

Marechal – O Laerte já está bem grandinho, tô pensando em levá-lo para ver como a redação da revista funciona.
Tomázia – Eu só espero que você não o force a nada.
Marechal – Aprenda uma coisa Tomázia: aqui em casa eu decido o que cada um faz, onde cada um anda. Eu levarei o Laerte para ir se acostumando com o futuro dele.
Tomázia – Você sempre se achando Deus, uma hora a casa cai.
Marechal – Eu não vou discutir com você, meu dia tá ótimo demais pra ficar cheio de bobagens. Agora se me der licença, eu vou entrar, pegar minha pasta e ir pra IMPÉRIUM.
Tomázia – Como sempre, você foge de uma briga.

Marechal olha Tomázia fixamente, se levanta e sai deixando o jornal na poltrona.
Tomázia olha para o jornal e vê a foto de Bela Acioli.

Tomázia (lendo o jornal)- “A modelo mais famosa do Brasil no mundo da moda, Bela Acioli, desiste da carreira e volta para sua cidade natal, onde lançará sua própria grife de roupas, sapatos e bolsas.”

Tomázia começa a chorar e a empregada vê e a socorre.

Santa – O que tá havendo dona Tomázia?
Tomázia (chorando/soluçando) – Meu pesadelo tá de volta Santa. Aquele demônio voltou pra infernizar meu casamento. É por isso que ele… É por isso, eu tinha certeza que essa felicidade não era à toa. Tinha algo nele que tava diferente, agora sei o motivo, é ela.
Corta para:
Cena 13. Interior, dia, Casa de Carmita, SALA.
Carmita está ao telefone com Tomázia e Fufu está sentada ao seu lado tomando champanhe.

Carmita (ao telefone) – Não é possível!(pausa) Essa mulher de novo?(PAUSA)Eu ficarei atenta sim, agora se acalma hein. Beijos e até logo.

Carmita desliga o telefone e se levanta do sofá.
Fufu – O que houve com a Tomázia?
Carmita – Você vai cair dura quando souber menina, a Bela Acioli tá voltando pra cá e dessa vez é pra ficar.
Fufu – Ela tá com medo de perder o Marechal?
Carmita – Tá sim, depois de anos de casamento, até eu ficaria balançada. A gente sabe que ela sempre foi o amor da vida dele.
Fufu – A Tomázia tem que se garantir. Depois daquela vergonha na igreja, eu duvideodó que Marechal caia na lábia daquela vadia.
Carmita – Eu não teria tanta certeza. Bela Acioli é uma mulher perigosa, vingativa. Só a morte pra ela deixar todo mundo em paz, só isso.

Congela a imagem em Fufu olhando assustada para Carmita.

FIM DO CAPÍTULO!

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