O Jogo da Vida

1º Capitulo de O JOGO DA VIDA

O JOGO DA VIDA

Capitulo 1

Rio de Janeiro; 1997

A agressão psicológica, física e ou mental, são uns dos piores e mais cruéis atos que possam ser cometidos pelos seres humanos, seja a pessoas ou ate mesmo animais. Essas agressões vêm continuamente crescendo ao longo dos anos no meio familiar onde vivem crianças e que é a maioria dos alvos. Miguel desde os dois anos cresce em um ambiente familiar tomado pela raiva, por que desde a morte de sua mãe, é criado por sua tia Cristina e seu pai Antonio.

Cena 1

Casa de Cristina

Cristina: Miguel? Onde você está garotinho? A hora que eu lhe encontrar, eu juro que não vai sobrar um fio de cabelo na sua cabeça!

Miguel: Eu estou aqui!

Cristina: Eu queria saber por que você se escondeu?

Miguel: Ai, ai… Minha cabeça!

Cristina: Responde! A hora que seu pai chegar, vamos ter uma conversinha! Agora você vai para seu quarto, aproveita e leva o vinagre o sal e uma bacia de água, não vai perguntar para que? Mas eu digo fazer a sua salmoura. Anda moleque!

Antonio: O que está acontecendo aqui?

Cristina: O que sempre acontece! Aquele seu filho mal educado, escondeu o controle da televisão e eu não acho mais.

Antonio: É este?

Cristina: É sim meu amor! Como você sabia que estava ali?

Antonio: Porque fui eu quem o guardou.

Cristina: Eu desconfiei disso. Não acredito na capacidade de seu filho, nem para esconder um controle.

Antonio: Já fez a comida? To morrendo de fome!

Cristina: É claro meu amor! Já ta prontinha, vem jantar. Depois vamos assistir a um filme.

 

Cena 2

Cozinha

Cristina: Miguel!

Miguel: O que foi?

Cristina: Não foi já vai ir, por aquela janela se não lavar bem lavada essa louça!

Miguel: Tudo bem eu lavo.

Cristina: Mas você é muito abusado mesmo moleque!

Antonio: Meu Deus do céu! Será que você não pode fazer nada sem retrucar a sua tia garoto? Será que você tem que apanhar sempre para fazer as coisas?

Miguel: Mas eu não…

Antonio: Cala a boca, não me responda! E lava essa louça bem quietinho! Ligeiro!

Cristina: Isso amor, mostra quem manda! Vai indo arrumando as coisas lá na sala para nós assistir o filme.

Antonio: Estou indo meu amor!

Cristina: Você viu não é garotinho? Seu pai está ó, comendo na minha mão, e então o senhorzinho me obedeça, por que se não (Faz um sinal no pescoço).

Miguel: Vocês acham que por eu ter 10 anos não entendo nada e não sei me defender, pelo contrário, eu sei muito mais do que vocês!

Cristina: Olha o fedelho resolveu falar, escuta aqui (Cristina pega no braço de Miguel), quem manda nessa casa sou eu, se cuida em, ou vai ter o mesmo fim que sua mãe.

Miguel: Me larga, eu não tenho medo de você, e nem daquele homem que se diz meu pai!

Cristina: A cala a boca vagabundo e lava tudo isso sem nem um piu! Ou eu volto aqui e corto seu pescoço.

Cena 3

Sala

Cristina: Olha aquilo!

Antonio: Olha você aqui!

 

Cristina: Estou olhando.

Miguel: Pai?

Antonio: O que foi Miguel?

Miguel: Estou com fome!

Antonio: Se vira você não é quadrado. Coma o resto daquela comida!

Miguel: Mas não sobrou!

Cristina: Eu dei para o cachorro, vai lá e come com ele!

Miguel: Vai você! Os únicos cachorros que eu conheço aqui são vocês dois e mais ninguém!

Cristina: O que é isso? Em? Mal educado!

Antonio: Eu já vou resolver isso! Vai para seu quarto… Está esperando que leve você a chinelada? Vá!

Cristina: Isso. Mostra para ele quem é quem aqui dentro!

Cena 4

Quarto de Cristina

Cristina: Eu não estou mais aguentando este seu filho!

Antonio: Calma meu amor, eu também às vezes penso isso?

Cristina: Mas é que você é pai e eu acho que apesar de tudo, como pai você tem que mostrar algum sentimento.

Antonio: Na verdade sempre tive duvidas!

Cristina: Do que?

Antonio: Se o Miguel é ou não meu filho!

Cristina: A é, então quer dizer que aquela vagabunda gostava de pular a cerca?

Cena de Flashback

Briga entre Antonio e Vená

Vená: Você é um idiota!

Antonio: Idiota é você que nunca enxergou o que estava acontecendo com nosso casamento.

Vená: Você quem me traiu a vida interia que estivemos juntos, eu queria que você morresse!

Antonio: A é? E eu, queria o que? Em? (Vai aproximando Vená de uma janela)

Vená: Você esta louco, na verdade é louco, tão louco que não consegue enxergar que!

Antonio: Que o que, vadia…

Cena 5

Quarto de Cristina

Cristina: Antonio? Ei acorda pra vida! O que foi? Teve alguma lembrança?

Antonio: Não é que me deu uma dor de cabeça, acho que devemos dormir agora, o dia foi longo e cansativo, vendi apenas 2 apartamentos hoje.

Cristina: Pode dormir, eu vou lá me baixo tomar um ar e já volto!

Cena 6

Mesa de café/Manhã/Casa de Cristina

Cristina: Bom dia amor!

Antonio: Bom dia meu anjo!

Cristina: E você garoto? Não tem língua não? A me esqueci, não tem respeito!

Miguel: Já esta na hora de eu ir para a escola, o senhor vai me levar?

Antonio: É…

Cristina: É claro que não, você tem que aprender a se virar sozinho!

Miguel: Mas é que já vai começar a chover!

Cristina: E daí? Você tem pernas, braços, pés e mãos, pode bem pegar um guarda-chuva e ir, afinal a escola não fica tão longe daqui não, um pouco é preguiça!

Cena 7

Miguel indo para escola

Miguel: Droga vai começar a chover e esse guarda-chuva não quer abrir, não, por favor, não chova droga!

Cena 8

Meio dia/Miguel volta da escola

Cristina: O que aconteceu garoto? Se molhou foi!

Miguel: Tudo culpa sua!

Cristina: Sério? Que injustiça menino, fico ate magoada. Fique sabendo que vai ter que lavar esta roupa, por que se depender de mim elas irão ficar lá no canto. E só para avisar seu pai só vai vir à noite hoje e já almocei, se quiser vai ter que fazer almoço!

Miguel: Eu não preciso que faça a minha comida, eu sei fazer!

Cristina: Que bom, e já aproveita e lava aquela louça porque eu não estou afim.

Cena 9

Miguel lavando a louça

Cristina: Isso ai, lava, bem lavadinho, se não depois vai lamber.

Miguel: Chega, eu cansei, porque não pega e lava a senhora esta louça?

Cristina: Que isso? Ta querendo apanha mal educado?

Miguel: Eu te odeio, eu quero que você se exploda e mora!

Cristina: Me faz ate rir sabia, mas pare de me cansar ou eu te jogo pela aquela janela.

Miguel: (Ameaça de jogar os pratos no chão);

Cristina: Não! Nem pense nisso, ou vai se ver comigo! (O menino deixa cair um prato de porcelana), não meu ultimo prato de porcelana que eu ganhei da minha mãe!

Miguel: Eu acho que caiu!

Cristina: Ah! Mas eu te mato! Volta aqui ordinário! Não adianta fugir. Se ela pensa que vai ficar assim, esta muito enganado. (Cristina começa a quebrar tudo);

Cena 10

Noite/Antonio Volta para casa

Antonio: O que é isso? O que aconteceu aqui? Cristina? Ouve um assalto?

Cristina: Não! Foi ele, o Miguel quebrou tudo saiu correndo e voltou só agora!

Miguel: O que? Mas eu não!

Antonio: Chega menino, você já aprontou de mais por hoje, agora vai apanhar, vai para o sue quarto, anda!

 

Cena 11

Antonio e Cristina conversam no quarto/Miguel ouve tudo

Cristina: Eu nunca vi o Miguel como estava hoje!

Antonio: Calma meu anjo, agora já esta tudo bem, e não se preocupe com o que foi quebrado porque no final do mês vai entrar uma grana mais do que boa, hoje eu consegui vender 5 imóveis.

Cristina: Que bom!

Antonio: Só isso que você me diz? Poxa, eu venho e falo com tanto carinho e você me diz só isso? O que foi o que esta pensando?

Cristina: Eu estou tendo algumas ideias, mas…

Antonio: Mas o que? Fala, eu gosto das suas ideias!

Cristina: Sei lá, mas às vezes eu penso nisso e sinto medo de mim mesmas sabe?Mas eu não aguento mais seu filho!

Antonio: E você acha que eu aguento? Mas não podemos fazer nada a respeito!

Cristina: Deixa-me fazer umas perguntas, os avós maternos dele, são vivos?

Antonio: Não são mais, na verdade as únicas pessoas que podem ficar com ele somos nós, a única tia por parte de mãe dele já morreu também.

Cristina: E seus pais também não são mais vivos, pelo que eu sei também seus irmãos não gostam muito de você.

Antonio: Sim. Mas afinal, o que estava pensando?

Cristina: Se acontecesse alguma coisa com ele ninguém iria suspeitar!

Antonio: Esta querendo insinuar o que?

Cristina: Escuta, olha bem dentro dos meus olhos e relaxa, se nós déssemos um sumiço no Miguel, ninguém suspeitaria, lá na escola poderíamos inventar alguma desculpa, e depois com o dinheiro que temos no banco e se vendermos a casa podemos ir embora do Brasil!

Antonio: Eu não sei se teria coragem de fazer isso com ele! Meu filho!

Cristina: Você nunca me deu uma prova de amor, às vezes acho que nem me ama de verdade como diz!

Antonio: Mas é claro que eu te amo, mais do que tudo!

Cristina: Mas então, encare isso como uma prova de amor, e também você nem sabe se ele é seu filho!

Antonio: Tudo bem, eu juro que penso!

Cristina: Pensa com carinho e em mim.

Cena 12

Miguel: Meu Deus, eles vão me matar, eu tenho que fugir (Miguel corre e pega sua mochila, coloca roupas e foge).

Cena 13

Miguel: Prefiro passar frio a morrer dentro daquela casa com aqueles dois monstros.

Lurdene: Ei menino? Você está perdido?

Miguel: Fugi de casa!

Lurdene: E acha que trocando a caminha por uma laje de rua vai ser melhor?  Venha aqui, vamos conversar. Está com fome?

Miguel: Nem jantei!

Lurdene: Então fugiu não faz muito tempo?

Miguel: Não!

Lurdene: Como é o seu nome moleque?

Miguel: Miguel e o seu?

Lurdene: Lurdene me considere sua amiga.

Miguel: Estou com sono, posso me deitar aqui?

Lurdene: É claro!

Miguel: (Fala para si próprio) Eu juro que eles nunca mais irão me ver e eu prometo me vingar.

Cena 14

Lurdene fala ao celular

Lurdene: Zé? Alo? Zé? É a Lurdene, eu tenho um garoto pro senhor, é, deve ter uns 10 anos, fugiu de casa! Vai passar aqui amanhã de manhã então? Tudo bem!

 

Cena 15

Cristina descobre que Miguel fugiu

Cristina: Antonio!

Antonio: É ladrão? O que foi?

Cristina: Aquele pestinha do seu filho sumiu desapareceu, eu não o encontro em nem um lugar, ele deve ter escutado a nossa conversa!

Antonio: Espere a mochila dele não esta aqui mesmo, aquela camiseta xadrez e aquela calça não estão aqui, nem algumas outras roupas. Ele fugiu!

Cristina: Parece que não precisamos fazer o serviço com nossas mãos, agora é só esperar para ver se ele não aprece e irmos ate a policia.

Cena 16

Manhã/ Zé conversa com Miguel

 

José: Cadê o garoto?

Lurdene: É aquele ali ó!

José: Se ele ir comigo u lhe pago um bom dinheiro. Ei menino? Venha aqui!

Miguel: O que foi senhor?

José: Como é seu nome?

Miguel: Miguel!

José: Prazer, Zé. Que tal irmos até aquela lanchonete conversar melhor? Eu aposto que não comeu nada ainda, sua cara não me engana! Venha!

Cena 17

Lanchonete

José: Então quer dizer que fugiu de casa?

Miguel: Como o senhor sabe? Foi àquela mulher quem falou, não foi? Quem é o senhor?

José: Calma, eu sou dono de uma casa de acolhimento, eu ajudo crianças de rua, foi a Lurdene sim quem me ligou, mas ela estava preocupada! Eu só quero ajudar!

Miguel: Tem certeza?

José: Hora garoto. Afinal, quer ir comigo ou não, lá é muito lindo, tem um campo enorme para jogar bola, tem uma casa maior ainda.

Miguel: Tem cozinha?

José: Tem muitas cozinhas, você gosta de cozinhar?

Miguel: Sim.

José: Então esta de sorte, porque temos um chefe de cozinha que da aula de culinária lá. Então, vamos?

Miguel: Só espera eu pegar minhas roupas!

José: Não precisa, vai ganhar tudo novo lá.

Miguel: Espera então eu ir ao banheiro!

José: É claro. Ruan? Paga para a Lurdene, o garoto vai comigo e já manda arrumar um quarto para o nosso novo inquilino, espero que goste de trabalhar.

 

 

 

 

 

 

 

 

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