Jardim Brasil

Jardim Brasil [ep. 16]: Mais que a mim

 

 

AMARÍLIS – WESLEY ALCÂNTARA

 “Mais que a mim”

FADE IN

** FLASH-FORWARD **

CENA 01. ESTRADA DE TERRA. EXT. DIA.

Legenda: Nova Aliança – 2017.

Uma perseguição desenfreada entre uma camionete prata e, mais atrás, um carro modelo Eco Sport branco. Sonoplastia de ação. A medida que os carros vão avançando a estrada, a poeira sobe, fazendo uma extensa cortina alaranjada.

Corta para o Eco Sport. No volante, Amarílis (bonita, olhos verdes, cabelos loiros, magra, estatura mediana). Semblante de ódio. Pisa com toda a força no acelerador. A camionete freia bruscamente e para próxima a um desfiladeiro. Em seguida, o Eco Sport para também.

Vicente (alto, moreno, cabelos lisos em um corte repicado moderno, barba cerrada, trajando terno e gravata) desce da camionete com um semblante desesperador.

VICENTE (gritando) – Pra quê tudo isso, Amarílis?

Amarílis desce do carro com uma pistola nas mãos.

AMARÍLIS – Tudo isso é porque eu te amo, Vicente. Não dá pra viver sem você.

VICENTE – Mas eu não te amo mais. Quero ser feliz com a…/

AMARÍLIS (por cima) – Não fala o nome dessa maldita. Foi ela que destruiu o nosso casamento. Mas ela não vai roubar você de mim. (gritando) Entendeu? Você é meu.

Close no olhar diabólico de Amarílis.

VICENTE – Põe uma coisa nessa sua cabeça doente, Amarílis: eu nunca mais vou ficar com você. Não te amo mais.

AMARÍLIS – Sem você, eu prefiro me matar.

Amarílis aponta a arma pra si e começa a dar risadas.

AMARÍLIS – Ou eu posso te matar também.

Amarílis aponta a arma para a direção de Vicente. CLOSES alternados em Vicente, desesperado e Amarílis, transtornada. Clima de tensão.

FADE TO BLACK.

Alguns segundos de silêncio, até que ouvimos um tiro.

** FIM DO FLASH-FORWARD **

FADE IN

CENA 02. FLORICULTURA. FACHADA. EXT. DIA.

CAM abre na fachada da floricultura, com a imagem de uma enorme rosa vermelha e um letreiro em madeira com os dizeres: JARDIM BRASIL. Fluxo normal de pessoas entrando e saindo do local.

CENA 03. FLORICULTURA. INT. DIA.

Amarílis está atendendo uma cliente, quando Vera (morena, baixa, magra, cabelos pretos) entra no local.

AMARÍLIS (a cliente) – A senhora fez uma ótima compra. Orquídeas sempre iluminam a casa e são sinônimo de longevidade.

Amarílis entra uma orquídea rosa para a cliente, que sai. Vera se aproxima.

VERA – Tá tão animada, assim que gosto de você. Tá cuidando da Jardim Brasil como nunca, hein.

AMARÍLIS – Hoje eu vou preparar um jantar muito romântico para o Vicente. É nosso aniversário de casamento. 15 anos. Bodas de cristal.

Vera fica séria.

VERA – Não acredito que você continua com essa insistência chata em tentar reatar esse casamento.

AMARÍLIS – O Vicente é o amor da minha vida, Vera. E aquela lambisgóia da Ana Izabel roubou ele de mim. Mas hoje eu reconquisto o meu marido.

VERA – E o que você vai fazer pra ele ir até a sua casa?

AMARÍLIS – É segredo, amiga.

VERA – Você tá ficando doente.

AMARÍLIS – Quando a gente quer muito uma coisa, até o universo conspira a nosso favor. É hoje que meu casamento volta pros trilhos.

Em Amarílis, muito confiante.

CENA 03. STOCK-SHOTS. EXT. DIA-NOITE.

SONOPLASTIA (Jeito de Mato – Paula Fernandes). Takes rápidos e pontuados mostrando os pontos turísticos de Belo Horizonte, mostrando o sol se pondo e a noite chegando, com uma bela lua cheia. Último take na fachada de um grandioso prédio, todo em mármore negro.

Música cessa.

CENA 04. AP. AMARÍLIS. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

Cobertura de alto padrão. Ambiente amplo, móveis e paredes em cores sóbrias. Tudo muito luxuoso.

Amarílis está terminando de ajeitar a mesa com velas decorativas e um balde de gelo com um champanhe dentro e duas taças de cristal. Ela está com um belíssimo vestido longo vermelho e um colar de rubi. A campainha toca. Amarílis liga o som numa música romântica, diminui a iluminação e acende as velas. A campainha toca novamente e ela atende.

Vicente entra, olha tudo ao redor com estranhamento.

VICENTE – O que tá acontecendo aqui?

Amarílis fecha a porta e sorri para ele.

VICENTE – Você disse que iria assinar o divórcio. Que era pra eu passar aqui pra pegar a papelada. Cadê?

AMARÍLIS – Você sabe que dia é hoje?

VICENTE – Sem enrolação, Amarílis. Anda logo e me dá o divórcio.

AMARÍLIS – Hoje nós fazemos quinze anos de casado, meu amor. Quero que você comemore comigo.

VICENTE – Nós estamos separados já faz mais de seis meses, Amarílis. Eu só quero o papel do divórcio.

Amarílis serve as duas taças de champanhe.

VICENTE – Eu não acredito que você armou esse circo todo na intenção de tentar reatar algo.

Amarílis tenta entregar uma taça para Vicente, que rejeita.

AMARÍLIS – Champanhe francês. Comprei pra essa ocasião.

VICENTE – Quero que você e esse seu champanhe francês vão para o inferno. Não acredito que você me atraiu até aqui pra isso. Não acredito.

Amarílis toma as duas taças de champanhe rapidamente.

AMARÍLIS – Eu tô aqui todinha pra você. Pronta pra te amar e ser amada. Mandei preparar aquele cordeiro assado que você ama. Vai recusar?

VICENTE – Eu vou embora. Já vi que é tudo mentira. A minha esposa está em casa me esperando.

Amarílis olha fixamente nos olhos de Vicente e deixa escorrer uma lágrima.

AMARÍLIS – A sua mulher sou eu, Vicente. Casamos no civil e no religioso. Você sabe que somos casados.

VICENTE – Eu quero o divórcio para poder me casar com a Ana Izabel.

AMARÍLIS – Isso eu nunca vou te dar. Nunca mesmo.

VICENTE – A Ana é a minha esposa e mesmo que você não aceite, mesmo que faça barraco, que minta, que viva fazendo chantagem barata, só tenho uma coisa a dizer: Nós estamos bem pra caralho.

Vicente vai saindo. Amarílis vai atrás.

AMARÍLIS – Vicente, volta aqui agora! Você não vai voltar pra casa daquela destruidora de lares.

CORTA PARA: HALL DO PRÉDIO.

Vicente aperta o botão do elevador.

AMARÍLIS – Aquela vadia destruiu o nosso casamento. A gente era tão feliz.

VICENTE – Feliz? Quando? Como? Você sempre foi muito ciumenta. Criou situações para destruir amizades minhas, me fez perder muitos empregos, me afastou da minha família. Você é ardilosa, Amarílis.

AMARÍLIS – Eu quis te proteger. Quem ama protege.

VICENTE – Você abortou o nosso filho.

AMARÍLIS – Abortei mesmo e abortaria quantas vezes mais fosse possível. Imagina só, ter que dividir a sua atenção, o seu amor, o seu carinho.

VICENTE – Você não é gente. Ainda bem que eu conheci uma mulher de verdade, que me ama, que me completa, que me respeita e, o melhor: vai me dar um filho.

Amarílis fica surpresa.

AMARÍLIS – Filho? Você tá dizendo que…/

VICENTE (por cima) – A Ana Izabel tá grávida de um filho meu. E estamos felizes. Felizes como nunca tivemos antes.

A porta do elevador se abre, Vicente entra. A porta de fecha. Amarílis se escora na parede, em choque.

AMARÍLIS – Eu não posso acreditar que aquela macaca tá grávida. Eu preciso fazer alguma coisa e rápido.

CENA 05. FLORICULTURA. INT. DIA.

Vera está podando algumas plantas, quando Amarílis entra.

VERA – Minha amiga, a noite deve ter sido boa mesmo. Até perdeu a hora.

AMARÍLIS – Você sabia que o Vicente engravidou a Ana Izabel?

Vera fica surpresa.

VERA – Não sabia. Mas deixa isso pra lá, Amarílis. Deixa os dois viverem o romance deles em paz.

AMARÍLIS – Ela mexeu com o homem errado. Aquela macaca vai ter o que merece.

VERA – O que você tá pensando em fazer?

AMARÍLIS – Eu vou acabar com essa felicidade deles e vai ser agora.

VERA (preocupada) – Amarílis, pelo amor de Deus, não faça nada que você vá se arrepender depois.

Amarílis deposita a bolsa no balcão.

AMARÍLIS – Eu vou até o depósito pegar umas ferramentas.

Amarílis sai. O celular começa a tocar. Vera vasculha a bolsa, encontra o celular e atende.

VERA (cel.) – Alô!

HOMEM (V.O) – Dona Amarílis?

Vera fica um tempo em silêncio.

HOMEM (V.O) – Dona Amarílis? É a senhora?

VERA (cel.) – Sou eu mesma, pois não.

HOMEM (V.O) – Aqui é o coveiro. Tô ligando pra avisar que a cruz grande já tá pronta. Também trouxe a gasolina que a senhora pediu. Deve ser um ritual macabro, hein.

VERA (cel./ voz trêmula) – Obrigada!

Vera desliga o celular e o coloca dentro da bolsa.

VERA – O que eu faço, meu Deus?

Nesse instante, Amarílis aparece.

AMARÍLIS – Meu celular tocou? Tô esperando uma ligação importante.

VERA – Não tocou não.

AMARÍLIS – Que cara de assustada é essa, Vera? Parece que viu um fantasma.

VERA – Fiquei um pouco tonta. Deve ser fome, não comi nada hoje.

AMARÍLIS – Eu tô saindo. Vou dar um ultimato na macaca da Ana Izabel, mas o Caio tá lá dentro. Deixa a floricultura na mão dele e vá almoçar.

VERA – Tá bem.

Amarílis sai. Vera sai apressada.

CENA 06. STOCK-SHOTS. EXT. DIA.

Sonoplastia: música de suspense. Imagens rápidas de alguns pontos de Belo Horizonte.

CENA 07. RUA. EXT. DIA.

Música de suspense continua. Amarílis para seu carro em frente a uma casa simples, numa rua sem movimento. Ela retira uma arma do porta-luvas e fica alisando-a. Ela olha no relógio.

AMARÍLIS – Tá quase na hora dessa macaca voltar para o supermercado.

CENA 08. RESTAURANTE. INT. DIA.

Vicente está almoçando, quando Vera entra apressada e vai até a mesa dele.

VICENTE – Vera, que isso? Parece que você saiu de uma maratona.

VERA – Eu rodei metade dessa zona oeste pra te achar, Vicente.

VICENTE – Se for por capricho da sua patroa, vai logo tirando o cavalinho da…/

VERA – A Ana Izabel… Ela corre risco de vida.

VICENTE – Como assim?

VERA – Amarílis saiu da floricultura prometendo se vingar dela. Além do mais, um coveiro ligou e disse que a cruz tá pronta. Uma história muito estranha.

Vicente fica desesperado.

VICENTE – Qual cemitério?

VERA – Não sei. Mas deve ser o do centro.

VICENTE – O do centro é muito cheio, tem velório lá a todo instante.

VERA – Então só pode ser o abandonado lá perto da olaria da serrinha.

VICENTE – Vou pra lá agora.

VERA – Espera, vou com você.

Vicente e Vera saem apressados.

CENA 09. RUA. EXT. DIA.

Ana Izabel (alta, negra, bonita, corpão, cabelos longos e cacheados) sai da casa e começa a caminhar pela calçada. Amarílis vem por trás dela e dá uma coronhada na nuca dela, que desmaia.

AMARÍLIS – Sua vida acabou, macaca.

Amarílis sai puxando Ana Izabel e a coloca deitada no banco de trás do carro. Em seguida , ela assume a direção e sai em disparada.

CENA 10. CAMIONETE. INT. DIA.

Vicente dirige apressadamente. Vera ao seu lado, localizando o GPS.

VICENTE (em desespero) – Conseguiu ver qual o trajeto mais próximo pra chegar até lá?

VERA – Pela serrinha do mato, mas é muito deserto.

VICENTE – Não temos tempo a perder, Vera. Vou por lá mesmo.

Vicente continua a dirigir.

CENA 11. CEMITÉRIO. INT. DIA.

Local ermo, cheio de mato e lápides antigas caindo aos pedaços. Bem no centro, há uma cruz grande de madeira.

Amarílis entra e se encontra com um homem (alto, forte, mau encarado).

AMARÍLIS – A encomenda tá lá no carro. Coloca ela amarrada nessa cruz.

HOMEM – Sim, senhora!

O homem sai. Amarílis olha tudo ao redor.

CENA 12. CAMIONETE. INT. DIA.

Vicente dirige por uma rua deserta, quando ouve um barulho de estouro e o carro começa a derrapar.

VERA – O que é isso?

VICENTE – O pneu furou.

VERA – Ah não, e agora?

VICENTE – Vou trocar o mais rápido possível.

 

 

CENA 13. CEMITÉRIO. INT. DIA.

Ana Izabel está desacordada e amarrada na cruz. O homem se aproxima de Amarílis.

HOMEM – Pronto, dona. Meu serviço tá feito!

Amarílis abre a bolsa e retira um maço de dinheiro e o dá ao homem.

AMARÍLIS – Agora pode ir embora. E finja que nunca me viu.

O homem sai. Ana Izabel vai acordando, ainda meio zonza.

AMARÍLIS – Acorda, macaca.

Ana Izabel tenta se mexer, mas não consegue.

ANA IZABEL – O que tá acontecendo aqui?

AMARÍLIS – A pretinha tá no lugar onde nunca deveria ter saído: o tronco. A sua sorte é que não vou te dar chibatadas.

ANA IZABEL – Você é louca.

AMARÍLIS – Louca tá você que seduziu o meu marido. Tirou ele de dentro da minha casa.

ANA IZABEL – O que você vai fazer comigo?

AMARÍLIS – É verdade que você tá grávida?

Ana Izabel tenta se soltar, mas não consegue.

AMARÍLIS – Fala! Você tá grávida do Vicente?

ANA IZABEL – E que diferença isso faz na sua vida? O Vicente não te quer mais. Deixa a gente em paz.

AMARÍLIS – Eu não sei se ele te contou, querida Ana. Há uns quatro anos atrás, eu me descuidei e acabei engravidando. Sabe o que fiz? Um aborto. Fiz sem dó.

ANA IZABEL – Você é louca.

AMARÍLIS – Eu jamais iria deixar alguém ser o centro das atenções do meu marido, se não fosse eu. Do mesmo modo que eu matei essa criança que vivia dentro de mim, eu vou matar essa que vive dentro de você também. Aliás, vou matar vocês dois. Uma morte lenta e sacrificante.

Ana Izabel se desespera e começa a chorar.

AMARÍLIS – Você vai aprender do pior jeito a não levar pra casa o que não lhe pertence.

Amarílis pega um galão de gasolina e começa a espalhar por todo o mato ao redor da cruz onde está Ana Izabel. Em seguida, ela risca um fósforo e joga e joga no chão, o fogo rapidamente se alastra.

Tensão no ar. Ana Izabel tenta se soltar, a medida que o fogo aumenta.

AMARÍLIS – Queima, macaca!

VICENTE (entrando) – Se depender de mim, não vai queimar porra nenhuma.

Amarílis olha assustada. Vicente entra e vai apagando o fogo com seu paletó.

AMARÍLIS – Como você chegou aqui?

VERA (entrando) – Eu descobri os seus planos.

Amarílis vai até Vera e lhe dá um tapa no rosto.

AMARÍLIS – Traíra.

Vicente retira Ana Izabel da cruz e lhe dá um beijo acalorado. Amarílis vê tudo e retira sua pistola da bolsa e dá um tiro pro alto. Todos se assustam.

AMARÍLIS – Não adiantou você bancar o super herói, Vicente. Eu vou matar essa macaca e esse projeto de crioulo que tá nas entranhas dela.

Vicente se aproxima de Amarílis.

VICENTE – Seu problema não é com a Ana Izabel, seu problema é comigo. Você tem que resolver essa história comigo, não acha?

AMARÍLIS – Mas é aquela macaca que atrapalha tudo o tempo todo, meu amor.

Ana Izabel e Vera saem, entram num táxi que está na saída.

VICENTE – Venha, Amarílis, vamos embora.

Vicente se abraça a Amarílis e vai saindo do cemitério. Ao chegar ao portão, ele a empurra no chão, entra na camionete e sai. Amarílis se levanta entra em seu carro e sai em disparada.

CENA 14. ESTRADA DE TERRA. EXT. DIA.

Uma perseguição desenfreada entre a camionete e, mais atrás, O CARRO DE Amarílis. Sonoplastia de ação. A medida que os carros vão avançando a estrada, a poeira sobe, fazendo uma extensa cortina alaranjada.

A camionete freia bruscamente e para próxima a um desfiladeiro. Em seguida, o Eco Sport para também.

Vicente desce da camionete com um semblante desesperador.

VICENTE (gritando) – Pra quê tudo isso, Amarílis?

Amarílis desce do carro com uma pistola nas mãos.

AMARÍLIS – Tudo isso é porque eu te amo, Vicente. Não dá pra viver sem você.

VICENTE – Mas eu não te amo mais. Quero ser feliz com a…/

AMARÍLIS (por cima) – Não fala o nome dessa maldita. Foi ela que destruiu o nosso casamento. Mas ela não vai roubar você de mim. (gritando) Entendeu? Você é meu.

Close no olhar diabólico de Amarílis.

VICENTE – Põe uma coisa nessa sua cabeça doente, Amarílis: eu nunca mais vou ficar com você. Não te amo mais.

AMARÍLIS – Sem você, eu prefiro me matar.

Amarílis aponta a arma pra si e começa a dar risadas.

AMARÍLIS – Ou eu posso te matar também.

Amarílis aponta a arma para a direção de Vicente. CLOSES alternados em Vicente, desesperado e Amarílis, transtornada. Clima de tensão.

AMARÍLIS (mímica) – Eu te amo!

Amarílis atira em Vicente e acerta seu lado esquerdo do peito.

EM SLOW: Vicente cai de joelhos e olha para Amarílis, que chora. Em seguida, ele cai no chão, morto, com os olhos arregalados. Ela solta arma e se joga por cima do corpo dele, em desespero.

AMARÍLIS (balançando o corpo de Vicente) – Amor, acorda, por favor!

Duas viaturas da polícia chegam. Um policial aborda Amarílis.

POLICIAL – Dona Amarílis Amaral, a senhora está presa pelo homicídio doloso de Vicente Sobral e tentativa de homicídio de Ana Izabel Silva.

Amarílis se levanta e começa a rir.

AMARÍLIS – Eu vou, mas faço questão das algemas.

CENA 15. PRESÍDIO FEMININO. GALERIA DE CELAS. INT. DIA.

Amarílis está algemada e com uniforme laranja, passando por um corredor, sendo guiada por uma agente carcerária. As presas gritam, batem nas grades, enquanto Amarílis passa, expressão firme, sem olhar para os lados. Até que para numa cela vazia, a agente a empurra para dentro.

AGENTE – Aí será seu próximo lar durante uns bons anos.

Close em Amarílis, caída no chão da cela.

CENA 16. STOCK-SHOTS. EXT. DIA-NOITE-DIA.

Sonoplastia (Mais que a mim – Maria Gadú e Ana Carolina).

Transposição do dia para a noite e a noite para o dia várias vezes, sempre mostrando os principais pontos turísticos de Belo Horizonte.

Legenda: ANOS DEPOIS…

CENA 17. PRESÍDIO FEMININO. GALERIA. INT. DIA.

Os portões se abrem e Amarílis sai, com uma rosa nas mãos e uma pequena mochila nas costas. Ela vai olhando tudo em volta, em seu rosto o semblante de tristeza. Uma lágrima escorre de seus olhos. Ela vai passando pelo corredor.

MULHER (off) – A liberdade cantou, minha flor! Vai recomeçar sua vida!

CENA 18. PRESÍDIO. RUA. EXT. DIA.

O portão se abre, Amarílis sai e começa a chorar ao ver Vera do lado de fora. Ela corre e a abraça, as duas emocionadas.

VERA – O mundo te espera, Amarílis.

AMARÍLIS – Eu sou uma pessoa má.

VERA – Você não é má, só está perdida. Mas ainda há tempo… Não desista de você.

AMARÍLIS – Eu preciso me cuidar, Vera.

Close em Amarílis, cabisbaixa.

CENA 19. PRAÇA. EXT. DIA.

O céu alaranjado, mostrando o fim da tarde, sol se pondo.

Um menino (oito anos, moreno, cabelos cacheados e volumosos, sorriso fato) brinca em meio a outras crianças.

Ana Izabel, o vê ao longe, sorri e admira a diversão por um instante.

ANA IZABEL – Vicente, meu filho, venha tomar banho.

Ele sorri, corre para ela e lhe dá um abraço.

CENA 20. GRUPO MADA. SALA DE REUNIÃO. INT. NOITE.

Várias mulheres estão sentadas em cadeiras, num semicírculo. Vera e Amarílis chegam a porta de entrada.

VERA – Tem certeza que está preparada?

AMARÍLIS – Eu não pude me ajudar, não consegui ouvir minha razão e paguei um preço muito caro por isso. Hoje eu quero ser ouvida, quero ouvir e ser flor no caminho que um dia foi tanto espinho.

Vera sorri. Amarílis entra, senta em uma cadeira. Olha para todas em volta.

AMARÍLIS – Meu nome é Amarílis e a minha história começa…

Amarílis vai falando.

Sonoplastia (Dois Rios – Skank e Nando Reis).

 

Este foi o último episódio de uma série de 16 episódios do projeto Jardim Brasil.

 

Sobre Jardim Brasil
Jardim Brasil é a terceira web coletiva do Séries de Web. Depois de Ilusões (2014) e Sete Pecados (2016), o site reuniu vários autores para expressar a personalidade e as características das mulheres brasileiras, sob sua visão, em situações diversas. A web estreia no dia 30 de janeiro e apresentará em cada capítulo uma história diferente que trará a mulher protagonista com o nome de uma das mais variadas espécies de flores e seus conflitos e postura diante das suas realidades. Acompanhe todas as informações aqui.

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