Sombras do Passado – Capítulo 2
Capítulo 2: Estava tudo bem! Tudo normal. Estava!!!
“Você somente descobre que é forte, quando “ser forte” é a sua única escolha”!
Mesmo chocada, eu resolvi ir à escola. Precisava conversar com os meus amigos.
Se eu pudesse interrogaria cada pessoa dessa cidade. Mas não posso.
Sei que amo essa cidade, mas sei também que a policia daqui é horrível. Sem falar que eles não vão considerar a Daiana como desaparecida por enquanto.
Eles nunca vão achar a Daiana. Eles nunca fazem nada direito. Mas eu não os culpo, essa cidade é tão pacata que quando acontece algo grave é muito mais fácil abafar o assunto do que dar a devida importância.
Chegando à escola, meus amigos estavam no portão. Quando eles me viram, vieram até mim.
– Oi Alicia! _ a Karina veio me cumprimentar, com os olhos cheios d’água.
Todos eles já estavam sabendo.
– Oi gente! Eu estou tão abalada. Eu queria poder resolver isso. A gente podia investigar por conta própria. Sei lá. _ eu disse mesmo sabendo que aquilo soava meio idiota.
– Amiga, eu sei que você está abalada, todos nós estamos. Mas acho que o pai da Daiana ainda não foi na delegacia, e quando for, com certeza por enquanto eles vão considerar que ela possa ter fugido ou saído com algum garoto. Além disso, não podemos tentar fazer justiça com as próprias mãos. Vocês não acham? _ a Karina disse.
– Karina e seus dramas. Nós não vamos matar ninguém, só vamos tentar descobrir alguma coisa! _ disse o Pedro.
– Pedro, eu não estou fazendo drama. Eu só estou sendo realista. Nós somos apenas um bando de adolescentes, não podemos fazer nada. _ Karina respondeu.
– Vocês querem me fazer o favor de parar de discutir? A Daiana é nossa amiga e está desaparecida. Eu sei que ela está correndo perigo. _ eu disse.
– Ok! Vamos fazer o seguinte, vamos esperar notícias da polícia, talvez dessa vez eles resolvam trabalhar de verdade, e dependendo de como essa história se desenrolar nós iremos ou não interferir! _ Rodrigo sugeriu.
– Tudo bem, Rodrigo, você tem razão. _ tive que concordar com ele!
O sinal tocou e, nós entramos na sala. Eu nem sei como foi a aula. Todo mundo já sabia sobre o sumiço da Daiana, e as especulações sobre o que havia acontecido eram umas piores que as outras. Minha cabeça girava. Eu não parava de imaginar o que poderia ter acontecido. Meus amigos e eu estávamos em choque. Passamos o intervalo todo sem dizer uma palavra e, nas outras aulas foi a mesma coisa. Logo o sino tocou e, finalmente fomos pra casa.
Quando eu cheguei em casa, minha mãe estava terminando o almoço.
– Oi mamãe! _ lhe dei um beijo no rosto.
– Oi querida! Como você está? _ ela disse, claramente preocupada.
– Estou triste, mas estou bem. Eu vou subir e tomar um banho.
– Não demore o almoço já está quase pronto.
– Está bem!
Eu subi pro meu quarto e fui procurar uma roupa. Peguei uma calça jeans bem justa no corpo, minha blusa preta de ombro caído, uma troca de roupa íntima e, fui para o banheiro. Terminei o meu banho, vesti roupa e, passei o meu perfume predileto.
Então eu desci pra almoçar.
…
Os dias foram se passando, as aulas acabaram e nem sinal da Daiana. Todos nós estávamos mais que desanimados e, muito tristes.
A Daiana sempre foi minha amiga. Ela me faz tanta falta. O Rodrigo tem me ajudado muito a passar por tudo isso. Ele geralmente é o machista do grupo, sempre acha que eu não consigo resolver meus problemas sozinha, e me protege demais. Quando estou perto dele sinto que não sirvo para nada, pois ele sempre toma a frente de tudo e resolve as coisas por mim, mas ultimamente eu estou gostando disso. Não quero mesmo fazer nada, nem tomar nenhuma atitude, estou quase parada no tempo. Quero minha amiga de volta. Mais do que isso, estou sentindo um desejo de me vingar de qualquer um que tenha feito alguma coisa ruim com ela.
Agora eu estou em meu quarto, deitada em minha cama, tentando entender o que aconteceu. Mergulhada em meus pensamentos, tão distraída, quase não percebo o momento em que minha mãe bate na porta do meu quarto e entra.
– Filha, o pai da Daiana ligou! _ ela me diz.
– Sério? E o que ele disse? _ uma pontada de esperança surge no fundo do meu coração.
Minha mãe respirou fundo, ela estava querendo me dar uma notícia nada agradável.
– Ele disse que encontraram o corpo da Daiana. _ ela disse.
Minhas esperanças caem por terra. Se encontraram o corpo dela, então a Daiana está morta.