Puro Veneno: uma potencial boa história

Puro Veneno é a primeira história do João Santos (@joao-santos-2) para o Séries de Web e conta com a colaboração do Airton Régis. É a primeira vez também que realizamos a avaliação de maneira compartilhada, ou seja, o público leitor da web também ajudou nesta avaliação final. Dividimos a avaliação em cinco partes para que possamos julgar todos os elementos importantes na construção de uma boa história: sinopse, ortografia, concordância e revisão, narrativa, personagens e pontualidade e organização.

“Achei Puro Veneno uma web muito boa e as histórias estão excelentes”
Failon Teixeira @failon

“Considerando todo o texto lido posso dizer que em questão ortografia, ele é ótimo, mas não existe realmente sinestesia, que é a coisa principal para transmitir ao leitor um entendimento da história, bem como o local, os gestos, e tudo mais que seja de interesse do leitor”
Gabriel Fonseca @gabriel-vargas

Começamos pela sinopse que é o mais eficiente meio de divulgação de uma história. Sempre a encaramos como aquele resumão que diz quase tudo, pelo menos o suficiente para que possamos parar e dar uma chance à história. A web do João Santos apresenta um texto muito longo e que acaba por não ser objetivo na introdução à história.

Não encontramos no texto muitos erros na ortografia, emprego correto das palavras ou “bagunças” que atrapalhem o entendimento da história. Este é um ponto alto da trama, pois demonstra que os autores tiveram bastante cuidado para evitar este erros.

Falando da narrativa, esta é a parte mais essencial da história. Aqui é possível avaliar como foi conduzida a história, a técnica de narração, coesão e coerência e até mesmo a construção dos diálogos. Ao meu ver, uma das partes mais comprometidas da história que conta com algumas cenas patéticas, clichês, alguns momentos de didatismo e diálogos artificiais. Há na história cenas constrangedoras e que acontecem numa velocidade que acaba causando espanto por causa das suas construções que não estão ancoradas em acontecimentos concretos. Listo abaixo alguns exemplos destes pontos levantados.

DIEGO: Nesse cao você não poderia reagir. Ele estava armado. Mas faça um registro de boletim de ocorrência. A polícia deve prendê–lo antes que ele faça mais vítimas!
[Diálogo do capítulo 6]

Logo no primeiro capítulo, sem conhecer a Bárbara, o Marcos (dono da Revista Luxique) fala para ela ao lhe conceder o emprego: “Só de ver esse sorriso lindo no seu rosto eu já fico feliz”.
[Diálogo do capítulo 1]

BÁRBARA (no tel.): Oi mãe! A senhora não vai acreditar no que eu acabei de descobrir.
CARMEN (no tel.): O que minha filha? Parece que você está animada.
[Diálogo do capítulo 2]

Dora cumpre o combinado e vai se encontrar com Estefânia. Ela vê uma mulher de costas para ela. Esta mulher é Estefânia.
[Diálogo do capítulo 3]

A quantidade de personagens e núcleos de história chega a ser absurdamente entediante. Quando você acha que já conseguiu processar na mente todos os núcleos, a cada capítulo surge mais um e em sua maioria com acontecimentos irrelevantes para o desenvolvimento da trama. Cito por exemplo o capítulo capítulo 11 quando surge mais personagens numa história que já deve ter sido contabilizado uns 20 até então. Neste tipo de narrativa, o leitor não possui o recurso visual para ajudar na memorização dos personagens, portanto, cada um que aparece precisa ser associado a algum acontecimento e estes precisam ser relevantes. Ter muitos personagens obriga o leitor a ter que reler, às vezes, uma cena inteira para saber quem falou o que, quem é quem na “cesta básica”.

A personagem que na sinopse parecia ser a mais conflituosa da história, a antagonista Estefânia, surge para deixar as coisas ainda mais confusas, sendo apenas mais uma personagem. Ela veio à cidade para se vingar por algum motivo da Dora, mas pasmem: não existia um plano de vingança. Ela simplesmente conversa com um comparsa e diz: “eu absolutamente não sei. Preciso pensar em algo”. Todas as boas revenges são planejadas e o interesse geralmente está acima de conseguir dinheiro, no entanto, o resultado do despreparo da Estefânia é um plano de sequestro amador que culmina com a seguinte fala: “A Débora sempre sai do trabalho com um dos carros da família. Quando ela ir pro estacionamento, os seus capangas saem do carro em que nós estamos e sequestram a Débora! Aí, a gente telefona para a Dora e pede uma boa quantia em dinheiro”.

Deixei para falar por último da nossa protagonista, a Bárbara. Ela é, certamente, a mais dissimulada de todas as personagens da web – ou pelo menos o desenvolvimento dos capítulos deu a entender isso. Enquanto a sinopse tenta convencer de uma moça batalhadora, meiga e bastante compromissada, suas atitudes ao longo dos capítulos demostram uma personalidade contrária. Elenco os motivos que levam a entender isso da seguinte forma: ela está sempre chegando atrasada aos compromissos, mesmo aqueles que significam as suas mais profundas ambições; em uma das cenas, demonstra certo pudor ao aceitar um convite do namorado da sua arquirrival para dançar; na cena seguinte já está se dirigindo à balada com ele; numa cena vai ao hospital dizer à sua inimiga que não tem nada com o namorado dela; na cena final do mesmo capítulo está aos beijos com o namorado dela. Entendam que não critico a atitude da personagem porque é até natural para alguns tipos de perfis, mas não é nenhum pouco coerente com a garota rotulada na sinopse, talvez por isso o erro dos autores e a minha frustração com a protagonista da história.

Puro Veneno não chega a ser uma web incrível do ponto de vista técnico, mas reúne um roteiro com boas histórias e que foram até bem conduzidas pelos autores.

Confira o detalhe das notas atribuídas

*Esta crítica foi realizada com base na leitura dos 16 primeiros capítulos da web.

Dominus Santiago

Recifense. Fundador e administrador do Séries de Web, possuo uma paixão pela leitura e tenho orgulho de ter iniciado este site para que mais e mais pessoas demonstrem seu talento na escrita.

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