A Peste em Família

A Peste em Família – Capítulo 01.

PRIMEIRO CAPÍTULO
A Peste em Família.

Uma obra de: Marcelo Jr M e Silva.

Em casa de Eduardo. Gabinete de estudo.

CENA I
Carlotinha, Henriqueta

Carlotinha — Mano, mano! (Voltando-se para a porta) Não te disse? Saiu!
(Acenando) Vem, psiu, vem!
Henriqueta — Não, ele pode zangar-se quando souber.
Carlotinha — Quem vai contar-lhe? Demais, que tem isso? Os homens não dizem que as moças são curiosas?
Henriqueta — Mas, Carlotinha, não é bonito uma moça entrar no quarto de um moço solteiro.
Carlotinha — Sozinha, sim; mas com a irmã não faz mal.
Henriqueta — Sempre faz.
Carlotinha — Ora! Estavas morrendo de vontade.
Henriqueta — Eu não; tu é que me chamaste.
Carlotinha — Porque me fazias tantas perguntinhas, que logo percebi o que havia aqui dentro. (No coração)
Henriqueta — Carlotinha!…
Carlotinha — Está bom, não te zangues.
Henriqueta — Não; mas tenslembrançass
Carlotinha — Que parecem esquecimentos, não é? Esquecia-me que não gostas que adivinhem os teus segredos.
Henriqueta — Não os tenho.
Carlotinha — Anda lá!… Oh! Meu Deus! Que desordem! Aquele moleque não arranja o quarto do senhor; depois mano vem e fica maçado. Henriqueta — Vamos nós arranjá-lo?
Carlotinha — Está dito; ele nunca teve criadas desta ordem.
Henriqueta (a meia voz) — Porque não quis!
Carlotinha — Que dizes?… Cá está uma gravata.
Henriqueta — Um par de luvas.
Carlotinha — As botinas em cima da cadeira.
Henriqueta — Os livros no chão.
Carlotinha — Ah! Agora pode-se ver!
Henriqueta — Não abrimos a janela?
Carlotinha — É verdade. (Abre)
Henriqueta — Daqui vê-se a minha casa; olha!
Carlotinha — Pois agora é que sabes? Nunca viste mano Eduardo nesta janela? Henriqueta — Não; nunca.
Carlotinha — Fala a verdade, Henriqueta!
Henriqueta — Já te disse que não: se vi, não me lembra. Há tanto tempo que esta janela não se abre!
Carlotinha — Bravo! Depois não digas que são lembranças minhas.
Henriqueta — O que? O que disse eu?
Carlotinha — Nada; traíste o teu segredo, minha amiguinha. Se tu sabes que esta janela não se abre, é porque todos os dias olhas para ela.
Henriqueta — Pois não…
Carlotinha — Para que procuras esconder uma coisa que teus olhos estão dizendo? Tu choras!… Por quê? É pelo que eu disse? Perdoa, não falo mais em semelhante coisa.
Henriqueta — Sim; eu te peço, Carlotinha. Se soubesses o que eu sofro…
Carlotinha — Como! Meu irmão é tão indigno de ti, Henriqueta, que te ofendes com um simples gracejo a seu respeito?
Henriqueta — Eu é que não sou digna dele; não mereço, nem mesmo por tua causa, uma palavra de amizade!
Carlotinha — Que dizes! Mano Eduardo te trata mal?
Henriqueta — Mal, não; mas com indiferença, com uma frieza!… Às vezes nem me olha.
Carlotinha — Mas antes, quando nos visitavas mais a miúdo, e passavas dia conosco, ele brincava tanto contigo!
Henriqueta — Sim; porém, um dia, tu não reparaste, talvez; eu me lembro… Ainda me dói! Um dia vim passar a tarde contigo, e durante todo o tempo que estive aqui ele não me deu uma palavra.
Carlotinha — Distração! Não foi de propósito.
Henriqueta — Oh! Foi! Desde então essa janela nunca mais se abriu. Agora posso dizer-te tudo… Eu o via do meu quarto a todas as horas do dia; de manhã, apenas acordava, já ele estava; antes de jantar, quando ele chegava, eu o esperava; e à tarde, ao escurecer.
Carlotinha — E nunca me disseste nada!
Henriqueta — Tinha vergonha. Hoje mesmo se não adivinhasses, se eu não me traísse.
Carlotinha — Deixa estar que hei de perguntar-lhe a razão disto.
Henriqueta — Eu te suplico! Não lhe digas nada. Para quê? Sofri dois meses, sofri como tu não fazes idéia. Uns versos sobretudo que ele me mandou fizeram-me chorar uma noite inteira.
Carlotinha — Mas por isso mesmo! Não quero que ele te faça chorar. Hei de obrigálo a ser para ti o mesmo que era.
Henriqueta — Agora… É impossível!
Carlotinha — Por quê?
Henriqueta — Não tenho coragem de dizer; e, entretanto, vim hoje só para dar-te parte e para… Despedir-me desta casa.
Carlotinha — Vais fazer alguma viagem?
Henriqueta — Não, mas vou… (Ouve-se subir a escada) Carlotinha — É ele! É mano!
Henriqueta — Ah! Meu Deus!
Carlotinha — Depressa! Corre!…

CENA II
Eduardo, Carlotinha

Eduardo — Pedro!… Moleque!… O brejeiro anda passeando, naturalmente! Pedro! Carlotinha (entrando) — O que quer, mano? Pedro saiu.
Eduardo — Onde foi?
Carlotinha — Não sei.
Eduardo — Por que o deixaste sair?
Carlotinha — Ora! Há quem possa com aquele seu moleque? É um azougue; nem à mamãe tem respeito.
Eduardo — Realmente é insuportável; já não o posso aturar.

CENA III
Os mesmos, Pedro

Pedro — Senhor chamou?
Eduardo — Onde andava?
Pedro — Fui ali na loja da esquina.
Eduardo — Fazer o quê? Quem lhe mandou lá?
Carlotinha — Foi vadiar; é só o que ele faz.
Pedro — Não, nhanhã; fui comprar soldadinho de chumbo.
Eduardo — Ah! O senhor ainda brinca com soldados de chumbo… Corra, vá chamar-me um tílburi na praça; já, de um pulo.
Pedro — Sim, senhor.

CENA IV
Eduardo, Carlotinha

Carlotinha — Onde vai, mano?
Eduardo — Vou ao Catete ver um doente; volto já.
Carlotinha — Eu queria falar-lhe.
Eduardo — Quando voltar, menina.
Carlotinha — E por que não agora?
Eduardo — Tenho pressa, não posso esperar. Queres ir hoje ao Teatro Lírico? Carlotinha — Não, não estou disposta.
Eduardo — Pois representa-se uma ópera bonita. (Enche a carteira de charutos) Canta a Charton. Há muito tempo que não vamos ao teatro.
Carlotinha — É verdade; mas quem nos acompanha é você, e seus trabalhos, sua vida ocupada… Depois, mano, noto que anda triste.
Eduardo — Triste? Não, é meu gênio; sou naturalmente seco; gosto pouco de divertimentos.

— Mas houve um tempo em que não era assim; brincávamos,
passávamos as noites a tocar piano e a conversar; você, Henriqueta e eu. Lembrase?
Eduardo — Se me lembro!… Estava formando há pouco, não tinha clínica. Hoje falta-me o tempo para as distrações.

 

**** Continua no próximo capitulo.

Dia 17 de Maio de 2017.

 

3 thoughts on “A Peste em Família – Capítulo 01.

  • Um capítulo desprezível! Diálogos rasos e inconsistentes, personagens mau-elaborados e uma trama bem esquisita. O que se conclui aqui é a total falta de pretensão na hora de elaborar uma história, é o famoso caso da encheção de linguiça. A melhor coisa é ver a ignorancia do autor dessa trama, simplesmente não sabe tratar bem um dos únicos leitores dessa droga que não pode ser comparada à uma web-novela. Reveja seus conceitos, querido, o mundo virtual é muito mais árduo do que se parece.
    Beijos estrelados <3

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