O Escuro [2ª Temporada]

“O Escuro” 1° Capitulo ( Segunda temporada)

Você já acordou querendo ser outra pessoa? Eu já. Todos os dias quando acordo, imagino como seria ser outra pessoa.

Como isso não é possível, Leticia, Lays e eu resolvemos fugir um pouco da nossa realidade. Fomos acampar sentir um pouco a natureza e esquecer os problemas.

Quando chegamos ao acampamento já era fim de tarde, estávamos montando as barracas, quando um carro com o som alto parou próximo a nossas barracas.

Ficamos-nos ali paradas, até que Léo e Mike saíram do carro gritando:

-Chegamos!

Irritada eu perguntei:

-Qual das duas os chamou?

Leticia responde:

-Não fui eu!

Olho para Lays e falo:

-Nós não combinamos que seria só a gente?

Sem graça, Lays diz:

-Sim, mas…

-Mas o que?

-Você tem que entender que eu não vivo sem testosterona.

-Ah, cala a boca!!

Enquanto eles arrumavam o acampamento, eu fui dar uma volta. À medida que a noite caia, o céu ficava mais estrelado.

Quando voltei pra o acampamento, Leticia, Lays, Mike e Léo estavam com a fogueira acessa. Todos cantavam e riam.

Eu os invejo, pois queria estar lá com eles, mas não consigo. Ainda é difícil encarar o Léo, pois ele me lembra do Arddhu. Então, fiquei sozinha sentada de longe.

Foi quando Léo se aproximou e disse:

– Eu posso sentar com você?

Sem saber direito como agir, eu disse:

– Sim!

– Por que você não gosta de mim?

Sem jeito, eu respondo:

– Não é que eu não goste de você, é…

– O que é então?

-Você me lembra do Arddhu.

Olhando para o chão Léo diz:

– Então é isso?

-Sim, ainda não consigo separar sua imagem da dele.

Léo levantou e disse:

-Vamos combinar uma coisa?

-O que?

-Vamos fingir que nos conhecemos agora?

Rindo respondo:

-Ok!

– Eu sei que não será fácil, mas quero ser seu amigo. E para provar isso, eu trouxe um presente.

– Um presente?

-Sim!

Ele me deu um pacote, eu abri e disse:

– Um apanhador de sonhos?

– Sim, o Mike me disse que você tem uns sonhos ruins.

-Verdade!

– Então, geralmente são colocados onde a luz bate pela manhã, em frente à janela. Os índios nos ensinam que os sonhos passam pelo furo no centro e os maus sonhos ficam presos na teia e se dissipam á luz do amanhecer.

Rindo respondo:

– No xamanismo evoca-se a essência espiritual da Aranha para compreender melhor a “A teia da Vida”, evocando criatividade e imaginação. Inspira a visão e o poder para trazer nossos sonhos até a realidade. Obtendo independência e coragem, para rompermos com armadilhas.

– Você gostou do presente?

-Sim!

Foi quando Mike de longe grita:

– Desculpa atrapalhar os pombinhos.

Léo sem graça me olhava e eu fui logo dizendo:

– Que pombinhos?

Rindo Mike responde:

– É que vocês dois foram sentar juntinhos e bem longe de nós. -Pensei que estava rolando algo a mais.

– Que algo a mais?

– Um homem e uma mulher no escuro juntinho. Entende?

-Não!

Todos começaram a rir, e eu falei:

– Vocês tema cabeça muito fértil.

Todos nós sentamos envolta da fogueira, Mike disse:

– Dizem que há uns 900 anos aqui era uma tribo indígena.

Curiosa Lays pergunta:

– Cadê os índios?

– Houve um massacre aqui.

Leticia com espanto diz:

– Como assim?!!

-O homem branco queria a terra, e os índios não queriam sair. Então, eles lutaram até a morte.

Léo com tom de suspense diz:

– Muitos dizem que já viram os fantasmas de índios mortos. E que muitos que aqui acampam foram assombrados.

Com espanto falo:

– Que? Com tanto lugar para acampar, vinhemos parar em um acampamento fantasma.

Foi quando a Lua foi coberta por nuvens negras e um vento forte começou. Olhando para o céu, Mike diz:

-Acho que vai chover pessoal, é melhor irmos dormir.

Então fomos todos dormir,não sei como explicar, mas tinha uma sensação esquisita no ar.

Como não conseguia dormir, resolvi ir me sentar perto da fogueira. Quando sai da barraca, tinha um velho Xamã em pé perto da fogueira.

Caminhei até a fogueira e ele me olhou e disse:

– Se você trabalhar com forças boas, será guiado na direção certa e terá harmonia com a natureza. Mas se for na direção oposta, isso lhe causará dor e sofrimento.

Eu não sabia o que falar, foi quando o velho Xamã apontando para o apanhador de sonhos, disse:

– Use-o para assegurar bons sonhos e também para trazer visões.

Ele virou-se para a Lua e levantou as mãos em direção a ela. Foi quando uma grande luz cobriu o velho xamã. Seus olhos brilhavam, ele veio até mim e colocou em meu pescoço um colar.

Eu lhe perguntei:

-Que pedra é essa?

– É a pedra da Lua.

– È um amuleto?

-Sim, não ande sem ele.

Enquanto eu observava a pedra da Lua, o velho Xamã dizia:

– Você tem o poder do Lobo.

Sem entender, pergunto:

-Como assim?

– Você inteligente como o Lobo, tem a sabedoria e o dom da cura. E compartilha sua energia com todos.

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– O Lobo é o meu animal de poder, não é?

– Sim, a energia desse animal nos ensina a buscar nossa verdadeira matilha, nosso clã, família. Escolher um companheiro que possa acompanhar esse nosso ciclo. Mas também importa acima de tudo, em poder isolar-se de forma que possa escutar a voz interior. Podendo ser um isolamento em algum lugar de poder, para buscar ensinamentos sagrados nos quais acredita.

– Você acha que estou no caminho certo?

– Isso é um grande mistério que só o criador do universo sabe.

-Entendo…

– Não esqueça que para ensinar você tem que sair para aprender.

Foi quando o velho Xamã sumiu. Eu não sei bem o que ele quis me dizer.

Quando Jota surgi e diz:

– Agora entendo porque você tem um caráter individualista.

– Porque está falando isso?

– O Lobo não é individualista e solitário?

-Sim.

-Mas sabe o que eu mais gosto no Lobo?

– O que?

– Quando um Lobo encontra um parceiro, geralmente é para a vida inteira. Isso não é lindo?

Indo para minha barraca digo:

– Boa noite Jota!!!

Rindo , Jota diz:

– Insensível!!

Quando o dia amanheceu, fomos fazer uma trilha e encontramos uma cachoeira. Era um cenário lindo, paz e tranquilidade, tudo que eu estava procurando.

Enquanto todos nadavam e se divertiam, eu me sentei em uma pedra para ler.

Mas não consegui ler por muito tempo, pois me sentia observada. E isso estava me incomodando. Então fui até perto de umas árvores e vi um vulto.

Quando me aproximei, ele correu para dentro da mata, eu fui atrás. Mas não o encontrei. Foi quando uma voz sinistra diz:

– Vi quando o cordeiro abriu o sexto selo e sobrevivi um grande terremoto. O Sol se tornou negro, a Lua toda como sangue, as estrelas caíram do céu espalhadas pela terra. E isso será o apocalipse.

Sem entender nda e sem ver o dono da voz, eu pergunto:

– Quem é você? Quem é?

Foi quando, de repente, um sujeito usando uma túnica preta com capuz surgiu na minha frente e disse:

– Você já me esqueceu?

Naquela hora um pavor me dominou e nuvens negras cobriram o céu. O dia virou noite, o vento forte balança as folhas das árvores.

Eu não queria demonstrar medo, mas era difícil esconder o pavor que estava sentindo. O ser assustador veio em minha direção e colocou suas mãos em meu rosto e disse:

– Sentiu minha falta?

Com a voz tremula, eu pergunto:

– Arddhu?

Rindo, o ser diz:

 

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-Sabia que você não iria me esquecer tão rápido.

-Não poder ser!!

– Quando é que você vai entender que eu faço parte do seu destino?

Me afastando, eu digo:

– Nunca!!!

Comecei a correr e Arddhu ficou dizendo:

– Você pode correr, mas nossos destinos então ligados.

Corri sem direção, até que encontrei uma clareira na mata. Parei e sentei um pouco, o velho Xamã apareceu e disse:

– Onde está a pedra da Lua?

Sem entender, eu digo:

– Ficou no acampamento.

Irritado o velho Xamã diz:

– Eu disse para você não tirar do pescoço.

Inttrigada eu pergunto:

– Você sabia que o Arddhu viria atrás de mim de novo?

O velho Xamã ficou calado por um tempo, até que disse:

-Na Lua cheia do sétimo mês lunar os portões do Inferno iram se abrir e os mortos serão libertados.

Sem entender eu falo:

– Não entendo…

– Isso não é brincadeira, quando acontecer todos teremos que lutar para sobreviver.

– Desculpa, mas ainda não entendi.

– Há 900 anos eu consegui impedir, agora é sua vez.

– Minhas irmãs e eu já lutamos com Arddhu uma vez. Lutaremos com ele novamente se preciso.

O velho Xamã abaixou a cabeça e disse:

– E quem disse que ele será o seu inimigo?

Sem entender nada, eu digo:

– Não é o Arddhu? Então que é?

– O ser humano é capaz de tudo para conseguir o que quer. E quando não consegue, ele recorre a feitiçaria.

– De quem você está falando?

– Vai chegar o momento em que terás que esquecer seu coração e fazer o que é preciso.

– Do que você está falando?

– Cuidado!! Não confie em ninguém.

O velho Xamã sumiu, e eu fiquei no meio da mata sozinha. A noite já havia caído.

Eu não sabia voltar para o acampamento, então resolvi passar a noite ali. O céu estava lindo, era noite de Lua cheia. Lágrimas corriam pelo meu rosto.

Foi quando uma voz disse:

– A Lua sempre exerceu um enorme fascínio sobre a humanidade.

Assustada respondo:

– Jota?

– Sim!! Sabia que Deusas de grande importância foram personificadas pela Lua?

– O que tenho com isso?

– todos temos um grau de instabilidade da Lua.

Fiquei ali parada olhando a Lua, até que Jota disse:

– Você está bem?

– Não!!

– Depois de tudo que você passou, ainda é difícil de você entender não é?

– Eu queria ser normal.

– Porque você não se convence que é especial?

Rindo eu falo:

-Especial?

– Sim!!

– Como posso ser especial, se minha vida é um inferno?

Irritado Jota diz:

– Você não sabe o que é o inferno, se soubesse não diria isso.

Chorando pergunto:

– Você sabia que o Arddhu estava nos rodeando?

– Sim.

– E porque não falou nada?

– Você é minha amiga, mas não posso trair meu pai.

Rindo pergunto:

-Deus?

-Sim.

– E onde é que ele está?

– Deus está em tudo e em todos os lugares.

Debochando respondo:

– Está bem!!! Eu já sei de tudo isso.

Foi quando Jota vem até minha direção, coloca a mão em meu ombro e diz:

-Tenha fé.

-Estou tentando, mas está difícil.

Jota me abraçou e uma grande luz branca nos envolveu, e quando percebi já estava perto do acampamento.

Quando eles me viram, correram em minha direção. Mike perguntou:

– Onde você estava?

Confusa respondi:

– Eu me perdi.

Preocupado Léo pergunta:

-Você esta bem?

– Sim. Acho que sim…

Minhas irmãs me olhavam como se soubessem que eu escondia algo. Percebendo que minhas irmãs iriam querer saber de tudo, eu vou logo falando:

– Vamos dormir, pois amanhã pegamos a estrada cedo.

Todos fomos dormir, já eu não me lembro que horas peguei no sono. O dia amanheceu, eu fui a primeira acordar.

Sentei e fiquei olhando o céu. Até que Léo apareceu do meu lado com uma flor na mão dizendo:

– Bom dia !!

-Bom dia!!

– Acordou cedo ou não conseguiu dormir?

Rindo respondo:

– Um pouco dos dois.

Foi quando Léo me deu a flor dizendo:

– Você é linda!!

Sem graça respondo:

-Obrigada!!

Levantei e quando dei um passo, Léo me segurou pela braço e disse:

– Até quando você vai fugir de mim?

Gaguejando respondo:

– Eu não estou fugindo.

– Não?!

– Claro que não!!

– Então olha nos meus olhos e diz que não sente nada por mim.

Nervosa e confusa .Desvio o olhar e falo:

– Você é meu amigo.

-Eu não estou falando disso e você sabe.

– Eu não sei do que você esta falando.

– Olhe nos meus olhos.

Quando olhei em seus olhos, meu coração acelerou. O mundo inteiro silenciou. O único som que existia era as batidas de nossos corações. Tudo estava tão perfeito, que me entreguei ao momento.

O Sol tocando a pele de Léo, a luz refletida em seus olhos claros e sua boca avermelhada. Era difícil esconder o desejo que sentia. Seus lábios estavam próximos aos meus, quando Mike aparece e diz:

– Eu detesto atrapalhar o clima de romance, mas temos que ir.

Sai e fui ao encontro de minhas irmãs, que esperavam no carro.

Ao entrar no carro, Lays com um sorriso irônico diz:

– O que está rolando entre você e o Léo?

– Nada!!

– Tem certeza?

– Tenho sim!

Rindo Lays diz:

– Se você ficar dando mole, a Letícia passa na sua frente.

– A Leticia está interessada no Léo?

Irritada Leticia diz:

– É melhor parar de dizer besteiras Lays. E você dirigir Leila. Fomos a viagem inteira em silêncio.

Joana D'arc

Joana D'arc nasceu em 6 de março de 1.986,na cidade de São paulo. Logo mudou-se para a cidade de Embu das Artes onde reside até hoje. Sua atividade literária começou aos 23 anos,quando publicou seu primeiro livro “Amor ou Obsessão”. Depois disso não parou mais. Suas outras obras são: Prima Facie, Arddhu e a maldição das Scarlett ( este é vendi do apenas pela AMAZON), Solitude ,Ilusão,Carpe Diem, Na estrada da vida, Poesias ,Sob o Luar, Reflexos e Anjo da Lua.Todos publicados pelos sites AGBOOK e Clube de Autores. Foi indicada duas vezes ao Prêmio Shorty Awards e ficou no top 100 do Prêmio Top Blog 2011,2012 e 2013 .E participou do 2°, 3° e 4° Prêmio Clube de autores de Literatura Contemporânea. Ficou em 4° no Prêmio OuroNet 2012.É colunista do Portal Entrementes e da versão impressa também.

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