Jardim Brasil

Jardim Brasil [ep. 12]: Marcas de Espinhos

 

 

MARGARIDA – MARCELO JUNIOR MAIA E SILVA

 “Marcas de Espinhos”

Margarida sempre foi bem elogiada no trabalho de auxiliar de limpeza numa clínica de estética do bairro de Santo Amaro, na cidade de São Paulo, atividade que executa com as amigas Regina e Bá

Bá –  E aí Marga, como está com os problemas em sua casa?

Margarida – Do mesmo jeito… Até pior. Eu só queria paz, mas o infeliz cismou que ficará em casa.

Regina – Olha minha amiga, vou ser bem sincera, homem igual seu marido não presta. Se eu fosse você teria matado esse desgraçado ou iria na polícia.  Que vida de cão é essa? E você aceita um traste desse…

Margarida – Às vezes são as escolhas a fazer. Hoje devo arcar com as consequências.  Mas esquece o Dário meninas,  vamos limpar, vamos trabalhar,  afinal acordamos as quatro da manhã pra isso.

Bá – Juro que não quero me meter em sua vida, mas toma cuidado minha amiga. É conselho de amiga. É de coração mesmo.

Margarida – Eu entendo vocês, mas meu marido está melhorando. Ele até foi atrás de emprego hoje meninas. Acredito no Dário! Tudo vai mudar.

Regina – Deus lhe ouça!

Margarida – Vai sim. Eu tenho fé.

Bá – Desculpa o comentário mulher, mas fé é pouco quando se trata daquele safado covarde.

Regina – Eu sou obrigada a concordar, você está errada, mas se prefere assim.

Margarida – Gente… Não é questão de preferência.

Bá – Amiga, é isso que não entendemos. Qual é o seu problema, o que te prende a esse marginal, o cara é doente.

Regina – Isso não pode ser amor. Ele é doente, você sabe disso.

Margarida – Ele jurou que iria atrás de um bom emprego hoje.

Regina – E você acreditou?

Bá – E vai acreditar até quando? Porque sabemos que esse safado suga seu dinheiro pra usar drogas e se esfregar com meia dúzia de vadias por ai. Toma seu rumo.

Margarida – Amigas, sei que vocês querem me ajudar, eu aceito, toda ajuda será bem vinda.  Porém vocês estão colocando pressão.  Então vamos esquecer meu marido, esquece o Dário.

Bá – Ok amiga.  Perdão.

Regina – Vamos esquecer ele.

 

Horas depois…

As três mulheres estão se ajeitando para voltar a suas casas, sabem que irão pegar ônibus e trem, mas a alegria prevalece.

Dentro do trem cheio, às 20h, uma intensa falação. As amigas conversam, até que Regina começa a se sentir assediada e comenta.

Regina – sussurrando – Marga, tem um rapaz atrás se esfregando em mim.

Margarida – Saí daí. Não deixa ele se esfregar. – respondeu.

Bá –  O que está havendo? Estão. Só nos comentários. Divide comigo!

Regina – assustada e furiosa – Não há nada. Esquece.

Margarida – Jamais! Vou falar Bá,  o rapaz que está atrás dela, está se esfregando nela.

Bá – Oi? – reação instantânea –  Ele ficou louco. – Começa a gritar dentro do trem – Tarado,  tem um safado se esfregando em minha amiga. Socorro.

Todos dentro do trem se assustaram,  mas logo começou uma gritaria, os rapazes que naquele vagão estavam foram para cima do homem que estava iniciando um estupro em Regina. Começou um bate boca seguido de socos e pontapés.

Ao chegar em casa Margarida, sentou-se no sofá,  pediu a deus um resto de noite em paz. Percebeu que seus filhos não estavam em casa,  porém não se assustou pois Dário também não estava, então imaginou que estariam todos juntos,  ou até mesmo comemorando o emprego novo de seu atual marido, quando seu celular toca.

Margarida atende e coloca no viva voz.

Margarida – Alô? Oi Regina! Como você está?

Regina – Eu estou bem sim. E você como está? Já chegou em casa?

Regina – Olha pra ser bem sincera, me sinto ferida, mas foi feito a justiça. Aquele lixo pagou com sua atitude, levou uma surra, jamais ira se esquecer.

Margarida – Esse mundo está perdido, o rapaz é novinho e fez isso com você.

Regina – Pois é, tenho idade para ser a mãe daquele bostinha. Mas falando em perdido, acabei de ver Dário passando por aqui acompanhado com um rapaz e duas moças. Sinceramente eu nunca as vi.

Margarida – Mas ele está com meus filhos. Ou não?

Regina – Não.

Margarida – Onde você viu o Dário?

Regina – Sentido a última rua amiga.  Não quero levar fama de fofoqueira, mas ele parecia bêbado.

Margarida – Obrigado pela notícia, vou atrás  desse traste.

Regina – Vá com deus – Qualquer coisa, me liga. Ok?

Margarida – Beleza. Beijos até amanhã. – Desliga o telefone.

 

Margarida sai no portão,  e pensa muito antes de ir atrás de Dário,  pois sabe que pode encontra-lo bêbado em qualquer bar do bairro, mesmo contra sua opinião decide ir atrás pois sabe que apesar se tudo, ele continua sendo seu marido.

Então Margarida saiu atrás de Dário,  começou a passar nos bateres do bairro,  alguns já fechados devido o horário,  cansada do dia que passou. Lembra que havia um bar em que seu marido frequentava quando a conheceu,  o famoso bar da Loira, um bar conhecido no bairro como risca faca. Naquele momento Margarida, pensou em desistir. Mas o que lhe deu forças foi os filhos, pois não sabiam aonde eles estavam e queria descobrir. Continuou a andar nas ruas desertas do bairro, mesmo sabendo o perigo que estava correndo.

Margarida – Meu deus que perigo, sozinha na rua essas horas. – falando sozinha.

Margarida continuou a andar, porém rápido,  ansiosa e com medo, estava havendo ondas de assaltos no bairro,  isso deixava os moradores em alerta.

Mas nada iria fazer com que Margarida desistisse, nem a forte chuva que começou a cair.

Entrando em um beco, uma rua estreita,  longa, ela começa a correr, pois a fama do bairro estava assustadora, e sabia que ali sairia na rua do famoso bar, e realmente saiu. Enfrente ao bar Margarida vê Jão, amigo de Dário.

 

Margarida – ofegante e raivosa – Jão,  cadê Dário?

Jão – bêbado e alterado – Ele tava aqui agorinha. Mas vem aqui mulher bora tuma uma cá gente.

Margarida, observa a situação do rapaz, que não conseguia fixar em pé, mas estava com o copo na mão.

Margarida-  Ele está lá dentro?

Jão-  Ele quem ? – sorrindo.

Margarida-  O seu amiguinho Jão,  o Dário.  E meus filhos voce viu.

Jão – Ahhh, o Dário,  ele passou aqui mulher, tava com sua rabudas. Pedi uma, mas ele disse assim. Não,  são minhas.

Margarida – Safado, e pra onde esse trate foi Jão,  diz logo rapaz.

Jão – Pergunta lá pra Loira, ela sempre sabe de tudo. E se quiser beber uma tamo ai viu flor.

Margarida – nervosa – Me respeita rapaz, se acha que sou essas vagabundas. Me respeita.

Jão – Vagabunda? – começa a rir alto – Se é chifruda isso sim.

Todos na roda onde Jão está começam a rir de Margarida, que adentra o bar furiosa.

 

Margarida-  no balcão do bar – Loira, cadê meu marido.

Loira – Olha quem apareceu. Como vai barraqueira?

Margarida-  Loira, por favor,  cadê meu marido, meus filhos.

Loira – O vagabundo do Dário está aqui no bar, agora seus filhos gata você que tem que saber né.

Margarida – Cadê o traste do Dário?

Loira – Traste pra você né,  porque aqui no bar a coisa é boa quando Dário chega.

Margarida – Você é safada igual aquele vagabundo,  tudo da mesma raça. Por isso são tão amigos.

Loira – Saiu de casa pra me ofender gata? Odeio você sua recalcada.

Margarida – Eu odeio voce também,  isso é mais que declarado, se quiser posso ate anunciar, mas hoje só quero saber da minha família.

Loira – rindo alto – Família.? Isso incluí o Dário?  Ele não era um traste a minutos atrás.  […] Não entendi agora.

Margarida – Você é burra? Fala logo e para de me enrolar.

Loira – Gata, o amigo dele está lá fora, você já perguntou pra ele? Porque comigo sua cota de ofensas já deu. […] Pergunte a ele, ou a qualquer outro cachaceiro, mas de mim só queria sua distância. Suma daqui gata, antes que saio de trás desse balcão e quebre sua cara sofrida.

Margarida – Você realmente não vê meu sofrimento,  meu desespero de mãe,  eu só quero saber, onde está meus filhos. – vira- se e sai andando.

Andando para o outro salão do bar, entra Margarida, que avista mas um amigo de Dário,  desta vez o Tom.

Tom – E aí Margarida,  veio pro forró hoje.

Margarida – pelo amor de deus, ne ajude Tom.

Tom – O que foi dessa vez? Foi com Dário?

Margarida – Aquele lixo sumiu, e esta com meus filhos. Por favor diz onde ele esta. – começa a chorar.-  estou desesperada.

Tom – Olha Margarida,  eu não vou mentir, eu vi o Dário.  Porém ele não está com seus filhos, olha ele ali no cantinho do salão.  – apontando o dedo.

Margarida – Obrigada, agora eu me viro.

Nervosa Margarida,  anda em direção a Dário,  que está dançando com duas moças, e sorridente. Ao chegar próximo aos três Margarida as empurram.

Dário.-  Se é louca.

Margarida – Eu louca?  Você não viu nada.

Dário – Meu, se ta acabando com minha diversão.

Margarida – Que tipo de diversão é essa? Se esfregando com duas safadas. Voce não tem vergonha na cara não?

Dário – Você quem deveria ter vergonha na sua cara de pau. Até agora não entendi o que voce está fazendo aqui. Veio me infernizar. […] Ou veio ver se eu tava te traindo.

Margarida – Você. Esta bêbado,  olha sua situação.  Te dei dinheiro pra voce procurar emprego.

Dário – Pra que emprego? Se você. Me sustenta. – rindo alto.

Margarida – Realmente, você é um desgraçado, vagabundo.

Dário – Sou mesmo mulher, vagabundo com orgulho, e elas também,  duas vagabundas. Gostosas, não igual a você,  feia, acabada. Monstra.

Margarida – Cala sua boca seu lixo. Tenho nojo de você. – chorando.

Dário – Nojo eu tenho de você. Sua fedida. – sorrindo.

Margarida – continua chorando – Cadê meu filhos?

Dário – Aquelas prestes, aquelas coisas. Vou lá saber, os filhos são seus, eu não sei e nem quero saber nunca deles.

Margarida – Meu deus, para de ser doente Dário,  meus filhos sumiram, se entendeu meu. Você está sendo desumano comigo.

Dário-  Só vi sua filha hoje,  depois fui pra rua beber. […] Ta satisfeita? Agora some daqui.

Margarida – Vamos embora comigo Dário! ?

Dário – Jamais,  ficar em casa vendo voce reclamar, e ficar falando asneiras, prefiro ficar aqui cercado de gente do bom.

Margarida – De prostitutas né .

Dário – Meu, dane-se o que elas são,  pelo menos me dão atenção,  e outra em casa não tem pinga,  não tem breja, não tem mulher gostosa, vou embora pra que? Em meu responde? Pra que se quer que eu vá embora,  pra vê sua cara feia?

Todos ao redor começam a ver a briga no salão que chama a atenção do Dj, que continua a música mesmo assim.

Dário – Meu caí fora.

Margarida – Gritando-  Onde está meus filhos?

Dario – Nervoso pega nos braços de Margarida-  Eu não sei daquelas pestes meu, para de me encher o saco sua infeliz. Vai embora some daqui.

Margarida – assustada com a atitude de Dário – Seu vagabundo.

Dj – se irrita, abaixa o som e diz no microfone – Aí Casal, vão resolver a treta de vocês lá fora beleza. Aqui o ambiente e familiar.

Todos no salão dão risada da brincadeira do Dj.

Dário-  Viu Margarida, some daqui, você ta pesando na festa. Vaza beleza, vaza.

Loira – entrando no salão – Aí gata.

Margarida.-  vira-se – Está falando comigo cafetona.

Loira – Contigo mesmo sua vadia barraqueira, ce quer causar no meu bar, quer acabar com a alegria da noite.

Margarida – Você chama esse antro de bar? Isso na minha terra se chama puteiro. Só quero saber dos meus filhos.

Loira – sorrindo – Puteiro. […] Gata, vou te mostrar onde estão seus filhos.

Loira parte para cima de Margarida, disposta a brigar.

Margarida – Quer me bater? Vem sua vagabunda,  vou ter o gosto de enfriar a mão na sua cara, da mesma forma que fiz a onze anos atrás.

Loira – Eu vou arrebentar a sua cara sua paraibana maldita.

As duas se pegam na porrada no meio do salão,  Loira começa batendo em Margarida, após os primeiros tapas e puxões de cabelo, Margarida revida. Todos no salão observam, inclusive Dário,  que nada faz e fica de braços cruzados.

Margarida,  da um tranco no cabelo de Loira, que cai no chão e grita.

Margarida-  Agora voce vai sentir o peso da mão da paraibana aqui, vai ver que mulher e arretada sua cafetona maldita. Exploradora. Vagabunda. – dá vários tapas na cara da Loira.

Todos gritando, como se estivessem vendo uma luta de mma feminina.

 

Dário – Corre para tirar Margarida de cima de loira, pois não acredita que sua amiga está apanhando de sua esposa – Porra Margarida, olha o que você tá fazendo meu. – separa as duas.

Margarida – Ela vem me tirando,  rindo de mim e voce fica do lado dessa bruxa, essa cafetina maldita, merece cadeia. Só vim atrás dos meus filhos, e você seu traste. Essa fulana vêm me gongar, ela acha que eu sou puta igual a ela, não sou não Dário,  você sabe disso. Eu to cansada nessa mulher, de você achando que sou otária.  Mas eu não sou. Não nasci pra apanhar. E nem vou apanhar atoa.

Dário – Meu se é doente, você fez merda. Foi bater logo na Loira meu.

Margarida – Eu quero que ela e você morram. Vão pro inferno de mãos dadas. Que vocês se explodam, seu vermes. Nojo dos dois. Principalmente de você,  desempregado e sustentado pela mulher, que já ganha uma miséria e você me suga o dinheiro pra pagar cerveja pra puta. Retardado, seu  doente infame.

As meninas que estavam juntas ao Dário começam a reclamar de Margarida. A mesma não deixa barato.

Margarida – Bando de raparigas,  suas putas. Respeitem o homem é casado sua vacas. Safadas.

Dário – Cala boca Margarida. – Pega nos braços de Margarida e arrasta ela para o lado de fora do bar.

Margarida – Dário,  eu larguei minha vida pra ficar contigo, meu ex marido. Joguei tudo pro alto para ficar ao seu lado. Quando eu te conheci voce era um bom homem.

Dário – Isso mesmo fia, eu era um bom homem. Cansei de ser tratado igual um lixo.

Margarida – Eu sempre te dei uma boa vida. Sempre foi tratado a pão de ló Dário.

Dário-  Você mete o louco. Some daqui.

Margarida – Cadê os meus filhos.

Dário-  Eu não sei, não quero saber. Quero que vocês moram, vão pro inferno sua chata.

Margarida – Começa a chorar e cospe em Dário,  em seu rosto. Seu bosta.

Dário-  Fecha a mão e diz – Você vai se arrepender.

Dário, dá um soco na cara de Margarida, que imediatamente cai no chão, desmaiada. Mesmo assim ele continua a bater nela, dando chutes nas pernas, cuspindo no corpo, pegou Margarida pelos cabelos e arrastou até a outra valeta do outro lado da rua e disse.

Dário – Aqui é o seu lugar sua chata. Vai ficar ai na vala.

Todos saíram para fora do bar, e assistiram as agressões,  houve até filmagens. A coisa foi bárbara,  algumas pessoas indignadas com o acontecido reagiram.

Tom – Você é doente Cabra, bateu na mulher e jogou na vala. Chamem a polícia ai por favor.

Dário – Vai chamar nada beleza, se não o próximo será você.

Tom – O dia que você encostar em mim eu mato você.  Eu queimo você,  seu bosta.

Dário-  Você é um frouxo. Uma merda igual essa chata. Vocês se merecem.

Loira – toda machucada aparece na calçada e diz – Corre Dário,  chamaram a polícia,  suma logo se não o bicho vai pegar pra você.

Dário.-  assustado – Povo maldito.  – sai correndo pela viela.

Loira – Bem feito pra essa maldita.

Barulho de sirene da Polícia se aproximando. E chegando mais perto, até que três carros da polícia da cidade de São Paulo chega. Todos os policiais saem do carro. Tom imediatamente vai ao encontro dos polícias.

Tom – Senhor,  há uma moça li na vala do outro lado. O marido dela a espancou agora mesmo. Ela está desacordada. Já ligamos para o samu também.  Pelo amor de deus. Nos ajude.

Policial – Vamos sargentos, vão ate o lugar indicado.  Verifiquem o que o senhor aqui está informando.

Loira – Você é mo X9 meu. Metendo o louco, dedurando o parceiro.

Policial – Olha para cara de Loira e diz – Porque ele é um X9?

Loira – assustada – Por nada senhor.

Policial – gritando – Homens, revistem todos, tudo.  Quero todos os vídeos sobre a agressão.  O autor será enquadrado na Lei Maria da Penha.

Loira – E eu senhor, fico como, to aqui toda arrebentada.

Policial – O que houve com a senhora.?

Loira – Foi aquela mulher retardada que me agrediu. Estou arrebentada ta vendo.

Policial-  Olha, se a senhora estiver realmente viva e você quiser abrir um B.O contra ela, fique a vontade,  mas todos serão chamados a depor, caso algo me leve ao motivo da agressão e voce tiver qualquer ligamento você também será presa.

Loira – Mas eu não fiz nada eu fui agredida você não esta vendo.

Sargento – Senhor há um corpo aqui no chão. Vítima machucada.

Policial – saca a arma e grita – Quero todos no muro agora, mãos pra cima pernas aberta. Sargento Vitor, revistar os rapazes, capo Julia as moças.

Tom – Senhor, eu sei quem fez isso com a Senhora Margarida.

Policial – Você será conduzido até a delegacia,  onde prestará m depoimento. Ok?.

Tom – Ok.

Policial-  Gritando – Pra vocês.  […] Fim de festa.

A SAMU chega e os médicos começam a prestar socorro a  Margarida.

 

20 Horas depois.

Após as 20h passadas, o filho de Margarida o Caik, fica ao lado da mãe no quarto. Assustado com todos os acontecimentos, chora ao ver sua mãe machucada.

 

Caik – Oh minha mãe. Que roubada você se meteu. Eu disse pra senhora, que aquele cara não valia nada,  mas não nos deu ouvido. Foi movida por um amor arrebatador. E hoje estamos aqui.

Margarida,  entubada, com diversos aparelhos passou com algumas cirurgias. Ao ouvir a voz de seu filho Caik, começou a se mexer. No desespero Caik grita.

Caik – Enfermeiras, por favor.

Entra a Enfermeira responsável pelo quarto.

Enfermeira – O que houve senhor?

Caik – Apavorado-  Minha mãe está se mexendo muito, o que esta acontecendo com ela pelo amor de deus.

Enfermeira – Ela está assim meu querido, porque o sedativo está acabando o efeito. Por isso ela ficará assim. Ate voltar e acordar.

Margarida – acorda – Caik? Meu filho, é voce ?

Caik – ajoelha-se sobre a maca chorando.-  Minha mãe,  você esta bem? Você está viva senhor. Obrigado.

Margarida – Sussurrando – O que houve meu filho. Sinto muita dor de cabeça.

Caik –Mãe, evita falar. Fica quieta. Por favor, é para o deu bem.

Enfermeira – Senhora, por favor, siga o pedido do seu filho.  É para seu bem.

Margarida – Só queria entender o que está acontecendo. – chorando – Estou toda dolorida.

Caik – chorando – Assim que a senhora melhorar iremos te contar o que houve.

Margarida – Onde vocês estavam ontem. Rodei tudo atrás de vocês.  Aí que dor. – incomodada.

Caik-  Triste ao ver sua mãe nesse estados, pega em sua mão e fica observando o que aconteceu e o que pode fazer por ela. Mas naquele momento, nada passava em sua cabeça além do ódio que estava alimentando por Dário. Para não magoar sua mãe que estava debilitada, decidiu sair do quarto e ir atrás do médico. – Mãe, fique aqui quieta viu. Eu já volto. Eu amo você.  – saiu do quarto.

Margarida-  Enfermeira,  porque estou aqui?  Fui atropelada é isso? […] Eu não consigo lembrar de nada. Apenas as fortes dores.

Enfermeira – Senhora,  infelizmente eu não sei lhe informar. Fui designada para cuidar da senhora pois era um caso delicado. Mas o que de fato houve somente o delegado poderá esclarecer.

Margarida – chorando – Pelo menos me diz o hospital que estou?

Enfermeira – Você está no hospital municipal de Tatuapé.

Margarida – E algo grave enfermeira?

Enfermeira – Não,  apenas hematomas e feridas. Logo irão sumir.

Enquanto isso, Caik foi a procura do médico,  por ser um hospital público,  não era tão fácil achar um médico livre. Por sorte Caik, encontrou o doutor Marcos, já conhecido da família e que estava cuidando do caso de sua mãe.  Não titubeou em perguntar sobre a sua mãe,  e pediu ajuda.

Caik – Licença doutor, posso entrar?

  1. Marcos – Claro que sim, por favor, entre.

Caik – Doutor, por favor me ajude.

  1. Marcos – O que houve rapaz? Em que posso ajudar.?

Caik – Doutor,  minha mãe foi espancada pelo lixo do marido dela. Isso está doendo muito. Quero saber o que houve com ela. Ficará com sequelas?

  1. Marcos – A sua mãe é a paciente Margarida que deu entrada na madrugada?

Caik – chorando – Sim doutor. Eu estou péssimo com isso. Odiava aquele homem doutor. Agora quero esganar aquele desgraçado.

  1. Marcos – Olha vou ser claro e sincero, OK. Sua mãe sofreu lesões leves. Nada que faça quebrar ossos ou membros. Graças a deus ela esta bem. O que há. Nos relatos foi a barbaridade do cara em puxar os cabelos delas. Por esse motivo ela sentirá dores de cabeça ou ate mesmo cefaleia. Mas não ira ao óbito graças a deus. Agora minha opinião a família e dar conforto e carinho a ela. E ajude-a, denuncie esse homem. Pois ninguém é obrigado a passar por isso.

Caik – Doutor, obrigado mesmo de coração,  fico feliz em saber essas notícias. E quarto a ninha irmã a Lina, ela esta bem? Ontem foi o pior dia de minha vida, minha mãe espancada. – chorando – minha irmã,  foi quase estuprada pelo vagabundo do Dário.  Graças a deus eu cheguei na hora. Foi deus. Ele estava pelado em cima dela, fala coisas nojentas. Eu tenho vontade de matar esse desgraçado.

  1. Marcos – Senhor Caik, vou ligar para doutora Dina, ela e a nossa psicologia. Acredito que desabar será ótimo para você. Vejo que está em turbulência. Um momento. Disca no telefone – Oi Dina, tudo bem doutora? […] Pode vir na minha sala. Preciso de você urgente. O caso e grave. Ok. Obrigado. – ela vinrá Caik. Desabafe com ela Ok. Não guarde nada, ela está aqui para lhe ajudar.

Caik – Obrigado doutor. De verdade. – estende a mão para o doutor Marcos.

  1. Marcos – Pega na mão de Caik e diz – Fica a vontade com a doutora ok. Vou no quarto cuidar de sua mãe agora.

Caik – Deus lhe pague. De coração.

  1. Marcos – Amém. – levanta e sai da sala. Minutos depois entra a doutora Dina.
  2. Dina – Licença.

Caik – Oi doutora, toda.

  1. Dina – Doutor Marcos me disse que é grave o caso. Quer compartilhar. Ficará tudo entre agente Ok. Irei guardar os segredos , e se possível siga meus conselhos. Quero sempre o bem. Desabafe querido. Mas antes, quero pedir que sente aqui na minha frente Ok.

Caik – Ok. – pega a cadeira e leva para ficar frente a frente com a doutora. – Pronto.

  1. Dina – Sinta- se a vontade para ne contar tudo. Tentar não esconder nada. Já sei sobre sua mãe. Também fui designada a cuidar do caso dela. Seja sensato e tente aliviar suas frustrações.

Caik – Bom, meus pais se separaram eu tinha quatro anos, hoje minha mãe tem trinta e nove anos, eu nasci minha mãe  tinha quinze anos, hoje estou aos meus vinte e quatro anos. Meu pai morreu,  um mês após a separação.  Eu mal entendia. Três meses depois, minha mãe apareceu com esse maldito do Dário,  atual marido dela. Meus irmãos também já são de maior. Meu essa cara fez a desgraça na vida de minha mãe.  Ela comeu o pão que o diabo amassou. Me lembro que no começo, tudo era flores. Ele cuidava da gente, brincava e respeitava. Via sempre as brigas, principalmente por já ser crescido entendia tudo.  Me sentia péssimo, mas não podia correr. Infelizmente a coisa só piorou. Aos meus seis anos de idade, levei uma surra da minha mãe. Por culpa daquele infeliz maldito, chegou bêbado e saiu quebrando as coisas, – começa a chorar – Eu disse pra minha mãe que não tinha sido eu, mas ela não acreditou. Eu era apenas uma criança, ela preferiu acreditar no animal do Marido do que em mim. Após a surra eu deitei, fui chorar sozinho, peguei no sono, e acordei com o Dário, se esfregando em mim. Me assustei, nunca tinha passado por isso. Mas ele me ameaçou também. Disse que se eu falasse algo iria me matar. Fiquei mal, calado e triste. Até um dia na mesa do jantar minha mãe perguntou o que havia comigo, porque eu sempre fui falante,  do nada fiquei quieto. Ele me olhava com uma cara, eu via a desgraça no olhar dele. Aquilo me machucava, só queria ter uma infância de paz. Até um dia minha mãe me obrigar a tomar banho com ele. Ele me machucou.  Me estuprou no banho. Eu tinha nove anos.  A partir daquele dia meu mundo caiu, sabia que era algo errado. Mas novamente me calei doutora. Passaram-se anos, aos meus dezesseis anos ocorreu novamente, porém foi uma brutalidade. Ele já sabia que eu iria reagir, pois tenho ódio dele, é um lixo de pessoa. Ele esperou eu dormir,  me amarrou e fez aquele ato sujo, me violentou de novo, eu me debati muito, gritava e chorava. Pedia perdão a deus. Mas o animal fez todo o ato macabro dele. Assim que ele me largou tive nojo, vontade de dar um tiro na cara desse vagabundo.  Eu contei pra minha mãe,  fui honesto. Estava chorando muito, me senti mal. Fomos ao médico, fiz diversos exames. E foi constatado o estupro e colhido o sémen. Ali eu cai em um buraco sem saída,  era vergonha, angústia,  medo. Sabia que tava tudo errado. Em casa todos do bairro soube da crueldade dele. Queria lixar esse vagabundo na praça,  mas veio embora pra São Paulo.  Quando soubemos foi a glória.  Meses depois, minha mãe veio atrás desse maldito. Novamente a vida estava me jogando no passado. Já estava grande. Não queria ver minha mãe sofrer. Mas ela optou por isso.  Ela sempre ligava e falava o que estava acontecendo. Por mais que doía ver e ouvir aquilo eu ficava feliz por ela. Um dia via skype, ela mostrou as agressões.  Naquele momento larguei tudo e fui com meus irmãos pra São Paulo, jamais iria deixar ela sofre. Por mais errada que ela esteja, é minha mãe.  Fomos bem acolhidos, ela já trabalhava,  conquistou sua casa.  Eu e meus irmãos,  alugamos uma casa simples no bairro ao lado. Sem o lixo do Dário saber. Aquela ferida ainda não havia cicatrizado.  Mas por minha mãe fiz isso e não me arrependo, pois ela também precisava da gente. Me casei e hoje tenho um filho lindo, o Lucas. Ontem fui visitar a minha mãe,  e por uma fração de segundos vi Dário,  pelado tentando estupra minha irmã Lina. O ódio foi tão grande que não cabia em mim. Dei uma cadeirada naquele desgraçado.  Mas ele consegui fugir. Trouxe minha irmã para o hospital,  e lógico que trouxe meus irmãos,  ate receber uma ligação do Tom, amigo de minha mãe,  que esteve com ela no momento de horror, e me disse o que houve. Eu tenho ódio dele. Já não é nojo, raiva,  já virou vingança. Peço perdão a deus pelas minhas palavras, porque ele sabe que não sou assim. Mas se eu pudesse mataria esse vagabundo. Ele destruiu minha vida, minha família.  Ainda tenho pesadelos com ele, com o que fez comigo. Foi deus quem me colocou ali na casa da minha mãe,  se não o pior podia ter acontecido.

  1. Dina – E agora, sente aliviado? Melhor agora? Porque você colocou tudo para fora.

Caik – Obrigado por me ouvir. Eu sempre carrego essa cruz comigo. Isso me faz sofrer. Principalmente pelo que vi ontem. Me dói tocar nesse assunto, é como se tivesse tirando do meu peito o meu bem maior. E hoje minha mãe passando por isso. Ela não precisava, aquele bar onde tudo aconteceu é ilegal, ali é um antro de prostitutas. Só queria paz, e justiça.

Enquanto Caik, continuava a desabafar com a Psicóloga,  sua mãe Margarida, falava com o Doutor Marcos e delegado.

Margarida – Doutor,  o que aconteceu comigo? Não consigo lembrar.

  1. Marcos – Bom, o seu caso foi bastante delicado viu. Acho que o senhor delegado consegue explicar melhor.

Margarida – Porque de tanto mistério? Só quero entender o que houve. Até onde lembro, estava atrás dos meus filhos.

Delegado Pestana – Boa tarde Senhora Margarida, dou o delegado Pestana, irei cuidar do seu caso, Ok? Espero que você entenda que só queremos o seu bem. Sou advogado e digno com a sociedade. O que houve contigo foi uma brutalidade sem tamanho. Represento a delegacia da Mulher, você não se lembra dos fatos, mais foram apreendidos alguns celulares que comprovam o crime. A senhora foi espancada pelo senhor Dário Bezerra, que hoje se encontra foragido. Quer abrir um boletim pela agressão. ?

Margarida – Como assim boletim? – assustada – Não,  eu não quero.

Entra Caik.

Caik – Quer sim, queremos.  Ela não tem forças para sozinha dizer sim. Mas ela quer sim, chega desse sofrimento, essa angústia.  Vai levar isso até quando mãe?  Você já faz parte das estatísticas, caí. Na realidade mundo real. Mãe o Dário, não presta, você sabe o que ele fez comigo. Mesmo assim você optou em largar os filhos pra correr atrás desse marginal.  Isso não cai ficar assim. Chega desse sofrimento.

Margarida – chorando – Não é tão fácil assim.

Caik – É fácil sim.

Delegado Pastana-  Desculpa me envolver, mas seu filho tem a razão senhora. Isso pôde ocorrer novamente você não concorda.

Caik – Ela te medo de separar e ele fazer algo pior.

Delegado Pestana – Jamais iriamos permitir isso. Hoje ele está foragido, mas será enquadrado na lei Maria da penha.  Queremos esse marginal na cadeia.

Caik – Ela sabe que ele não presta. O que não consigo entender e porque ele fez isso, com essa brutalidade. Isso foi errado. Qual o sentido de agredir uma pessoa dessa forma.

Margarida – Me lembro pouco daquela noite.

Caik – As Imagens de celulares dizem tudo mãe.

  1. Marcos – Bom gente, não vamos forçar a paciente. Ela ainda encontra-se em um momento delicado.

Delegado Pestana – Sim, entendo. Assim que estiver melhor, irei colher seu depoimento.

Caik – Delegado, fica por favor. O que eu tenho a falar e importante, assim minha mãe. Ouve também

  1. Marcos – Eu devo fixar também?

Caik – Sim, por favor doutor. Você viu nosso desespero ontem.

Margarida – Como assim? […] Onde vocês estavam ontem?

Caik – Aqui, no hospital. Estamos desde ontem, quando o lixo do seu marido, que você acha ele um santo, tentou estuprar sua filha. Aquele pervertido. Ele é um animal.  Eu odeio aquele merda.

Margarida – Caik, o que você está falando é muito sério.  Para de graça.

Caik – Chorando, mostrando desespero – Mãe,  abra seu olho. Sua filha está sedada, em estado de choque. E você quer defender aquele marginal. Fala pra ela doutor, voce também delegado.

  1. Marcos – O que seu filho está falando de fato é verdade.

Margarida – É. Verdade delegado.?

Delegado Pestana – Sim, já abrimos um boletim de ocorrência.

Margarida – Meu deus, cadê a Lina? Eu quero ver minha filha pela misericórdia de deus. – se desespera e chora.

  1. Marcos – Sua filha está . Base de sedativos, acredito que só amanhã tiraremos dela.

Caik – Agora voce acredita no meu marido perfeito.

Margarida – Só queria paz. Agora quero justiça.

Caik – Faz logo esse boletim Mãe. Vamos acabar com essa aflição.

Delegado Pestana – Faça isso.

Margarida – Vocês estão falando sério sobre minha filha?

Caik – Porque você acha que sumimos ontem? Aquele crápula estava possuído.  Ele iria fazer alguma merda, e séria com agente mãe. Pela misericórdia,  denuncie ele.

Margarida – Eu quero ver minha filha. Por favor,  deixe-me ir. Eu sou mãe,  preciso reparar meus erros. Por favor me ajude.

Caik – Primeiro passo,  denuncia o Dário.  O delegado esta predisposto a colher o depoimento aqui mesmo mãe,  não deixando isso passar em branco. Coloca a boca no mundo, em horas ele cometeu dois crimes, não pode deixar um vagabundo desse nas ruas.

Delegado Pestana – A cúmplice de Dário,  já esta presa.  A dona do bar que você brigou.

Margarida – Quero ver esse maldito queimar nos inferno, eu larguei meus filhos, minha vida para ficar com ele. Olha a merda que esse desgraçado faz. Meus filhos, ele e doente. Tenho nojo dele.

  1. Marcos – Entendemos o seu rancor. No hospital há uma ala de mulheres agredidas fisicamente ou de estupros. O assuntos sempre são voltados para a volta da mulher a vida. Paras ruas, ao trabalho. Será fundamental para vocês senhora Margarida. Não seja uma estatística pro resto de sua vida. Faça diferente, não se cale diante do problema. Esse grupo estará hoje em reunião no último andar. Após o delegado colher as informações necessárias venho lhe buscar para participar da reunião 156 – Denuncie – Lei Maria da penha está ao seu lado mulher. Nome dado ao grupo.

Margarida – De coração, muito obrigado pelo apoio de vocês,  nesse pior momento de minha vida.

Caik – Vamos te ajudar mãe,  só queremos justiça.

Margarida – Pode ter certeza que será feita. No que depender de mim.

Delegado Pestana – Isso aí,  não deixa a peteca cair. Denuncie sempre.

Caik e o Doutor Marcos, saem do quarto, enquanto o Delegado Pestana, colhe o depoimento de Margarida, para dar continuidade no processo de prisão de Dário.

Horas depois,  o doutor Marcos volta ao quarto para buscar Margarida, para sua primeira visita ao grupo de apoio.

  1. Marcos – Vamos a sua primeira reunião Margarida?

Margarida – Vamos. Estou ansiosa.

  1. Marcos – Apenas para ressaltar, você ouvira tudo no grupo ok. Não se apavore ou chore para não mostrar fraqueza. Seja forte.

Com auxílio dos enfermeiros de plantão,  Margarida, e posta em uma cadeira de rodas. Em seguida o doutor Marcos, conduz a paciente até a sala de reuniões – 156.

Adentrando a sala,  Margarida,  olha atentamente a cada vítima de agressão e estupro, com um sentimento péssimo,  a angústia ia tomando conta do seu peito,  aquilo foi dando um aperto, a vontade de chorar crescendo, e o médico disse.

  1. Marcos – Boa sorte.

Coordenadora do Grupo – Boa noite meninas, a primeira coisa que eu quero pedir a vocês é uma salva de palmas. – todas começam a bater palmas, durante um minuto. – Vamos começar os depoimentos? […] Hoje temos aqui conosco três estatísticas, ou seja, três mulheres guerreiras que foram covardemente espancadas pelos seus malditos companheiros. Meninas fiquem em paz. Hoje a justiça será  feita. Vamos juntas fazer justiça.

Todas gritam juntas – Justiça.  – batem palmas.

Coordenadora do Grupo – Bom meninas, hoje iremos ouvir a novata Margarida, que passou por uma péssima situação.  Além de agredida foi humilhada em público.  Há vídeos dela na internet, o agressor esta sumido. Deixou poucos rastros. O que eu sempre falo aqui é da covardia, e a brutalidade das pessoas. Um copo de pinga ou uma merda de um cigarro de maconha faz com que os companheiros cheguem a esse extremo. Recebam Margarida, nome de flor, mas passou por um mar de espinhos. – Todas aplaudem.

Margarida – Obrigada pelo carinho. Como vocês podem ver eu fui espancada meninas, uma brutalidade. Estou sem muitos fios de cabelos, pois o covarde me arrastou pela rua como se fosse um saco velho de lixo. Sem pudor, não pensou que séria uma vítima. Ainda pra acabar com minha vida, o maldito tentou estuprar minha filha. O amor virou ódio.  Só quero justiça. Dei a vida por ele , larguei meus filhos, meu mundo, minha terra. Fiz a pior besteira da vida. Hoje assim como vocês também sou uma estatística. E quero justiça, do governo ou de deus.

Todas gritam juntas – Justiça.

Coordenadora do grupo-  Estaremos sempre ao lado de vocês. 156 – Lei Maria da Penha ao seu lado.

Margarida continua a falar em off, detalha até onde se lembra e como foi seu dia. Fala também sobre as orientações das amigas, pois sempre deixava bem claro sobre o perfil de Dário.

Dário,  continuo desaparecido, nada soube do mesmo, e foram-se passando os dias até a alta de Lina e Margarida.

Ao chegar em casa Margarida e Lina, são bem recebidas e com festa. Havia de tudo um pouco na mesa. Até comida da terrinha como dizia Margarida.  Foi uma tarde de comemorações e alegria. Ao anoitecer, seu filho leva a mãe até o quarto. Ao entrar Margarida se depara com coisas de Dário, jogadas no chão.  Nervosa ela diz.

Margarida – Vamos pegar as coisas desse lixo, levar pro quintal e colocar fogo.

Caik –  assuntado com a atitude da mãe pergunta.- Mãe,  você tem certeza.

Margarida – Ou eu queimo as roupas ou queimo ele.

Caik – Calma mãe!  Não faça nada de errado, deixa na mão da justiça.

Margarida – O que irei fazer meu filho. Justiça.

Margarida e Caik, pegaram tudo que pertence ao Dário e levaram para o quintal. Caik, jogou álcool nos pertences. Margarida,  acendeu um fósforo e disse.

Margarida – Começou minha doce vingança,  a toda desgraça que você me causou Dário.  – Joga o fósforo e imediatamente o fogo começa.

Os dois dão risadas bem alto, os três filhos de Margarida, observam a queima dos pertences.

No dia seguinte, todos saem para trabalhar, ficando em casa apenas Caik e sua mãe Margarida.

Caik – Mãe,  vou na padaria tá.  A senhora quer algo?

Margarida – Gritando – Quero não meu filho. Vá com deus, e não demore.

Caik – Tá bom. – abre a porta e sai. Vai até a padaria.

Inquieta Margarida,  vai até a cozinha para lavar louça, ao chegar na cozinha ela organiza a mesa, e coloca água no bule, com maior disposição e poucas dores. Vira-se de costa e começa a escutar cachorros latindo alto. Mas Margarida não tinha nenhum animal, então ficou tranquilo e continuou a lavar a louça. Quando se deu conta e virou deu de cara com Dário,  sujo, com um péssimo cheio e drogado. Assustada Margarida pergunta.

Margarida – O que você está fazendo aqui seu lixo.

Dário – Sentiu saudades esposa. Vim terminar o serviço que comecei,  só esperei o merda do seu filho sair e vim te dar um abraço. Está feliz? […] Espero que sim. Trouxe uma lembrança. – tira uma faca da cintura.

Margarida – Se você chegar perto de mim seu retardado eu te mato.

Dário, começou a andar, dando passadas curtas e sorrindo. Olhando atentamente para cara de Margarida.  Drogado e sujo com uma faca velha em mãos.

Dário-  Chegou sua hora.

Margarida – Voce é doente. Eu tenho ódio de você seu merda. Se você chegar perto eu juro que grito.

Dário, continuou a se aproximar de Margarida. Ao notar ela não pensa duas vezes, pega o bule de água fervendo e joga no rosto de Dário, que se ajusta e joga a faca no chão e começa a gritar.

Dário – Gritando-  Sua louca, olha o que voce fez. Doente, meu olho porra.

Margarida – revoltada com salgue nos olhos pega a cadeira da cozinha e bate nas costa de Dário,  imediatamente ele vai ao chão – Sou louca mesmo. Voce vai ver até aonde minha loucura vai.

Margarida,  pega o álcool,  e joga no corpo de Dário,  e nos moveis da cozinha. Correndo ate a porta e fazendo o rastro de álcool. Voltou e pegou sua bolsa e diz.

Margarida – Minha justiça será melhor do que a Lei Maria da penha. Queima no inferno desgraça. Fico sem nada, mas quero te ver na cova. – joga o fósforo.

 

O fogo começa a se alastrar. Tudo começa a pegar fogo. O corpo de Dário, começa a ser carbonizado.

 

Caik – Chega correndo no portão desesperado com os comentários dos vizinhos – Mãe,  o que houve? A casa está pegando fogo mãe.

Margarida – Agora serei livre e feliz. Serei a flor mais bela do Jardim Brasil. A justiça está sendo feita. – Sorrindo.

É confirmada a morte de Dário após o incêndio.

Margarida,  vive em paz e feliz.

 

 

Próximo episódio: Açucena se dedica ao máximo e idolatra seu casamento com Ricardo. Apesar de sua dedicação intensa, ela percebe que o marido está distante e descobre uma traição. Sua decisão por poupar o filho de cinco anos do drama da separação, vai lhe trazer algumas surpresas.
Autor: Danillo Teixeira
Data de publicação: 20 de março

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